"𝓗á mais mistérios entre o céu e a terra, do que possa supor sua vã filosofia¹"... — recitou Bruno. — Mas a única coisa que eu gostaria de saber agora é onde está o documento "Q".

Três horas após iniciar a leitura, Bruno já passara da metade do manuscrito e a leitura, por outra, fazia-o ansiar pelo reencontro com o editor. Plugado em 220, supunha que não seria nada fácil desligar-se, mas o cansaço se fez mais forte, logo o requisitando ao sono reparador.

Deitou-se à meia-noite, colocando o despertador para tocar às seis. Quando enfim o relógio digital tocou, acomodou-se novamente na poltrona. O escritório que o aguardasse, manteria o celular desligado, até que findasse a leitura do manuscrito.

"Bruno, Bruno... Não se deixe envolver, Ravacini é tão somente um cliente, você tem que manter o equilíbrio e a razão", advertiu-se.

E pretendendo não deixar que a ansiedade e a emoção passassem a dirigir suas ações, resolveu primeiro preparar o desjejum: café, torradas e geleia de ameixa, seguidos de pão integral, queijo meia cura e presunto. Depois amassou uma banana, cobrindo-a com aveia em flocos e canela. Feito isso, disse a si próprio:

— Agora sim. Vamos lá!
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Nota:
¹Frase similar foi dita por Hamlet, o protagonista da peça teatral "Hamlet", de William Shakespeare. Ocorre no Ato I, Cena V.