Capítulo VIII
"Não há segredos que o tempo não revele."
- Jean Racine
O mistério sobre Londres instigava cada vez mais a detetive. Ela fez proveito do seu dia de folga para passar a manhã pesquisando sobre vampiros. Quanto mais buscava em sites na internet, mais tinha certeza que a cidade era amaldiçoada por essas criaturas. Todas as informações batiam com as lendas contava pela bibliotecária naquele dia, o que fazia um leve calafrio percorrer por seu corpo. As figuras de seres com dentes afiados e olhos vermelhos eram frequentes no computador de Alexandra, conforme ela pesquisava.
Ao final da tarde, a jovem jogou o corpo sobre a cadeira olhando para o teto. Seus olhos ardiam por passar horas na frente da tela, além de fazer diversas anotações. A maioria das informações colhidas sobre vampiros em Londres levava a um único ponto: finis exolvuntur.
— Isso é latim. — murmurava pensativa. — Só pode significar que se trata de alguma ordem ou grupo antigo porque, no passado, o latim era comumente utilizado como código.
Ao pesquisar mais à fundo, descobriu o significado "O fim do ciclo". Infelizmente, não houve nada mais a ser descoberto. Alexandra entrou em todos os sites possíveis mas a maioria não passava de blogs de fanáticos por Crepúsculo, Diários de um Vampiro ou Monster High; nada produtivo para uma mulher que precisava de informações essenciais para solucionar misteriosos assassinatos.
Como se trata de uma raça antiga, os registros mais confiáveis são aqueles da biblioteca. Talvez eu devesse voltar lá amanhã, pensava largando a caneta, sentindo os dedos doerem.
O seu telefone treme sobre a mesa, aparecendo o nome da amiga de Alexandra.
— Olá, Nat.
— Como assim "Olá, Nat"? Sabe por quantos dias esperei uma ligação sua?! Eu pensei que tivesse morrido.
— Eu investigo assassinatos, Natália, não sou vítima deles. Saiba diferenciar.
— Que seja! Quais são as novidades aí?
— Solucionei o assassinato de um empresário rico e de uma garotinha estrangulada.
— Cruzes! Como consegue falar tão naturalmente sobre isso?
— É meu trabalho, Nat. Se eu me deixar levar pelas emoções, estarei no fundo do poço.
O longo silêncio do outro lado da chamada era um sinal de que Natália pensava com cuidado nas palavras da amiga. Alexandra tinha o seu lado sentimental mas sabia ocultá-lo muito bem para evitar desgaste mental. Por isso, era considerava uma pessoa "sem coração" no ensino médio. As pessoas afastavam-se dela pela ausência de emoção em seu semblante, exceto Natália. Ela é uma enfermeira que conheceu a detetive quando ficou de plantão no mesmo dia que Alexandra teve um "pequeno" surto. Naquela época, os seus remédios ainda eram de extrema importância.
— Você tem razão, amiga. Pelo visto está de folga hoje, o que tem feito?
— Pesquisando sobre vampiros.
— Se queria ver o filme Crepúsculo, eu tenho no meu pen...
— Não é isso, Nat. — cortava-a segurando a risada. — Outra vítima apareceu com a misteriosa marca de mordidas. Eu posso estar ficando louca novamente ou há vampiros de verdade nessa cidade.
E mais alguns segundos de silêncio, outro sinal que a mulher do outro lado levava à sério esse assunto.
— Toma cuidado, Alex. Eu não sei o que está acontecendo aí, mas não é nada bom.
— Você acha que são reais?
— Eu sou uma pessoa muito crente do misticismo, diferente de você. Então, sim. Minha avó já morou em Londres e, uma vez, ela disse que viu dois olhos vermelhos a fitando na escuridão de uma beco. Poderia ter sido apenas impressão sua ou alguma lâmpada, mas esses olhos eram tão vermelhos quanto as chamas do inferno, segundo ela. Eles se aproximaram lentamente mas recuaram quando um carro parou ao lado da minha avó, era o marido dela oferecendo uma carona.
Alexandra sentiu um estranho arrepio a atingir, encolhendo-se na cadeira com o celular no viva voz.
— Obrigada pela história, mas eu sei me cuidar. Vampiro ou não, eu ainda tenho a minha arma e as técnicas de autodefesa.
— Tudo inútil, Alex. Nunca viu os filmes de vampiros? Essas desgraças não morrem fácil. Estou te dizendo, é melhor você tomar o dobro de cuidado e nada de sair sozinha pela noite.
— Eu preciso andar com alho? — dizia ironicamente. — Menos, Nat.
— Que alho o que?! Você não tem nenhum crucifixo? A maioria das lendas dizem que eles possuem aversão por objetos sagrados.
— Tudo bem, irei procurar.
— Se quiser, eu te mando um dos meus.
— Não precisa, devo ter algum largado por aí.
Então, as duas conversaram por um bom tempo para matar a saudade. Natália era a única pessoa que Alexandra sentia um singelo afeto, além de conseguir abrir seu coração na maior parte dos assuntos. Infelizmente, sua amiga não tinha conhecimento das "desavenças" da detetive com Deus.
Ao final da chamada, Alexandra decidiu tomar um banho. A água escorria por seu corpo, relaxando os músculos conforme as gotas tocavam sua pele alva. Erguendo a cabeça, fechava os olhos e deixava a mente pregar uma peça, fazendo-a lembrar do seu passado onde era apenas uma criança inocente.
A mulher ajeitava o coque enquanto digitava algo em seu computador, até que um raio corta os céus daquela escura noite junto com a forte chuva. O seu susto foi devido à pequena figura aproximando-se do centro da sala, a garotinha a fitava assustada apertando o ursinho de pelúcia contra o peito. Os olhos negros e marejados fitando a mulher com o mesmo olhar, mas ainda era muito jovem, possuindo apenas oito anos.
— M-Mãe...
— Está com medo da tempestade, Ali?
A pequena Alexandra geralmente temia as tempestades por causa do barulho mas, desta vez, a sua preocupação ia além de um fenômeno da natureza. Então, a pequena negava com a cabeça sendo erguida pela mãe até seu colo, onde afundava o rosto em seu peito aspirando o aroma doce.
— Não, tinha uma criatura me encarando da janela.
— Criatura?
— Sim, ele possuía olhos vermelhos e dentes afiados. Será que virá buscar minha alma?
— De forma alguma, a mamãe não permitirá. Tem rezado?
— Todos os dias.
— Hum... Eu sei de uma forma de te deixar protegida.
Ela tirava o seu crucifixo de prata, usado como colar, e o colocava ao redor do pescoço da garotinha. Alexandra tocava o objeto com a ponta dos dedos, erguendo o olhar para a mulher com um semblante mais calmo. Estar perto da sua mãe e usar um objeto sagrado acalmou seu coração eufórico.
— Prontinho, agora nenhuma criatura irá te machucar. — dizia depositando um beijo na testa dela. — E eu também irei te proteger.
— Obrigada, mamãe!
O reflexo de Alexandra no espelho mostrava como as noites mal dormidas a fizeram mal, porque as olheiras abaixo dos olhos eram evidentes. A mulher passou os cremes necessários para reduzir as marcas de sua insônia e caminhou em direção ao quarto com a toalha ao redor do corpo. Ao chegar em sua mesinha, abriu a gaveta e pegou o crucifixo. Ele permanecia intacto, mesmo sendo largado em um canto qualquer.
Alexandra o fitava com desdém, xingando mentalmente o objeto que não cumpriu sua função: proteger a família dela. No fundo, sabia que procurava apenas algo para culpar; mas também se via incapaz de aceitar a presença de algo divino em sua vida. Por isso, jogou o crucifixo de volta à gaveta e tratou de procurar algo para vestir. Como de costume, usou uma calça e camisa de manga comprida por causa do frio, em seguida colocou um sobretudo bege e o seu típico cachecol vermelho.
Ela estava decidida a sair, beber alguma coisa até esquecer as memórias que a machucavam.
Contudo, escutou o som de algo caindo e abriu a porta do seu apartamento, encontrando algumas caixas largadas no chão. Tentando pegá-las, um rapaz de cabelos loiros e cacheados abaixava-se com certa dificuldade. Então, Alexandra o ajudava pegando as caixas que faltavam e os olhares se cruzam. Os olhos verdes dele a analisavam com delicadeza antes de um sorriso gentil aparecer, expondo os dentes brancos e alinhados.
O rapaz abria cuidadosamente a porta do seu apartamento, depositando as caixas nela e Alexandra as colocava perto das demais.
— Obrigado, senhorita. Eu sou novo aqui e acabei chegando tarde demais para receber ajuda. Prazer, Gabriel.
Esticava a mão sem tirar o sorriso dos lábios. Ele usava uma camisa branca colada ao corpo definido e uma calça jeans escura. Os sutis cachos dourados de seu cabelo o faziam ter uma aparência angelical, além de possuir ternura em seu olhar.
— Prazer, Alexandra Knight. — responde apertando sua mão. — Precisa de ajuda em algo? Eu sei bem como é ser nova na cidade.
— Que bom que não sou o único nessa situação. Então, gostaria de me acompanhar para um café? Não conheço as cafeterias da região.
Eu preferia tomar algo mais forte, pensava.
— Claro! Eu já pretendia sair, de qualquer jeito.
Os dois saem pelas ruas iluminadas de Londres, alguns carros e pessoas passavam pela região. A brisa gélida demarcava o início daquela madrugada, sendo acompanhada pelo cântico das corujas. A cafeteria estava pouco movimentada devido ao horário, a detetive e o loiro sentam-se ao lado da vidraça onde tinha uma vista privilegiada da cidade. Um dos pontos no rapaz que chamou sua atenção foi o crucifixo prata entorno do pescoço, exposto por causa dos botões abertos da camisa.
— Gostando da cidade, Alexandra?
— Não tive muito tempo para apreciar, mas sim.
— Trabalho?
— Exatamente.
— Posso saber com o que a senhorita trabalha?
— Na delegacia regional, eu sou a detetive de lá.
— Que incrível! Eu não sei muito sobre detetives, meu único conhecimento veio de Sherlock Holmes.
Alexandra segurou em seu íntimo a vontade de lançar um palavrão, forçando um sorriso enquanto analisava o seu cardápio.
— Eu fui transferida da minha cidade natal para cá devido à mortes estranhas.
— Com marcas de mordidas? — ele questiona deixando-a surpresa. — Eu vi os noticiários e devo admitir que fiquei um pouco assustado. Sinto-me em uma história de...
—... vampiros, não é?
— Isso mesmo!
— Acredita nessas coisas, Gabriel?
— Sim. Afinal, onde há o bem também há o mal. Nesse mundo, as duas forças andam entre os humanos, fazendo-os tomarem decisões erradas ou seguirem pelo caminho da dor.
— Já vi que é uma pessoa bem crente. — dizia desviando o olhar para o crucifixo no peito dele. — Mas eu acho que o bem no mundo morreu há muito tempo.
— Ateia?
— Sim.
— Posso saber o porquê?
— Por que tanta curiosidade? — franze o cenho confusa, focando nos olhos verdes do rapaz enquanto entregava o cardápio ao garçom, após fazer o seu pedido. — Acho que minha falta de "espiritualidade" não é um bom assunto.
— Estamos no meio da madrugada tomando café enquanto há algo misterioso matando pessoas na cidade. Eu acredito que qualquer ajuda será proveitosa. É estranho, não sei explicar mas eu sinto como se você já tivesse vivido uma fase de espiritualidade mas algo a fez perdê-la. Então, Alexandra Knight, o que sugou a sua fé?
Ela mordeu fraco o interior das bochechas, abaixando o olhar para as mãos repousadas sobre a mesa. Desde que havia sido expulsa do convento, uma série de atos preconceituosos se sucederam em sua vida porque carregava um penoso estereótipo. A sua amiga, Natália, é a única pessoa, além das freiras daquele local, que sabem da sua triste escolha em uma determinada noite. Apesar dos boatos terem circulado pela cidade, nenhum deles era totalmente verídico.
Eram meras especulações que, segundo a concepção da detetive, não passavam de uma mentira disfarçada de "fofoca".
— Não querendo ser rude, mas já sendo, isso não é da sua conta, Gabriel.
Outra pessoa demonstraria incômodo mas Gabriel sorriu genuinamente, apoiando uma mão sobre a mão da mulher, rendendo uma exclamação surpresa por parte dela.
— Eu te entendo mas, senhorita, saiba que estou aqui para o que precisar. Mesmo acabando de nos conhecer, sinto uma estranha conexão com você.
De fato, ela compartilhava dessa mesma conexão porque o toque sutil de Gabriel trazia paz. Se ele pudesse ter algum poder, com certeza seria acalmar os corações inquietos. Seus olhos verdes cintilavam, refletindo a iluminação local enquanto a pele branca possuía leves sardas na região das bochechas. Alexandra questionou-se interiormente se o loiro não seria algum modelo, porque beleza tinha de sobra. Contudo, não era uma mulher de se intrometer na vida alheia.
— Obrigada.
Ele recolhia a mão vendo o seu sutil sorriso, dando-se por satisfeito por arrancar essa expressão dela.
— Voltando ao assunto sobre os homicídios, senhorita Alexandra, vampiros não são os únicos seres a causarem marcas no pescoço.
— Que outra criatura seria capaz de uma atrocidade dessas?
— Demônios.
Se acreditar em vampiros era o grande desafio na vida de detetive, aceitar a existência de demônios era impossível. Ela jogava a cabeça para trás, rindo de forma escandalosa e ignorando os olhares reprovadores em sua direção. Gabriel piscava confuso, inclinando levemente a cabeça para o lado. Mesmo fazendo pouco caso da sua suposição, ele divertia-se com a reação da mulher.
— Demônios? Sério? E daqui a pouco dirá que as mortes em alto mar são ocasionadas por sereias.
— Oh, já quer avançar para esse assunto? — ele questiona demonstrando certo interesse, mas desanima ao notar o sarcasmo no comentário de Alexandra. — Ah... Tudo é possível.
— Eu preciso continuar com os pés no chão e dar um passo de cada vez.
— Se assim desejar. Então, tem algum suspeito em mente?
— Não é como se eu pudesse sair apontando para alguém e dizer que ele chupa pescoços para sobreviver. — Alexandra interrompia a fala quando o garçom coloca as xícaras de café na mesa, fitando os dois assustado com a conversa. Quando a detetive o encarava seriamente, ele dá meia volta e sai o mais rápido possível. — A sociedade não está pronta, caso exista.
— Mas, ainda assim, deve haver alguém com o comportamento suspeito.
No pouco tempo em que Alexandra estava em Londres, apenas um nome vinha em sua mente.
— Harrisson Thomas.
— O empresário?
— Sim, você o conhece?
— Eu vejo muito o noticiário, então conheço pessoas famosas.
— Interessante, nem sabia que o desgraçado é tão conhecido assim.
— Você falou que suspeita dele, por que?
Geralmente, ela não contava sobre suas suspeitas até que obtivesse a completa certeza; mas duvidava muito que o jovem novo na cidade iria espalhar algo banal como essa informação.
— Quando o conheci, ele só saía à noite e também nunca o vi comer uma vez sequer na delegacia.
— Na delegacia?
— Sim, ele é meu assistente. — comenta após um longo suspiro. — O Harrisson possui bons reflexos e uma habilidade incrível de manipular as pessoas.
Gabriel bebia sutilmente o café com os olhos verdes focados nela.
— Que curioso.
— Eu pesquisei um pouco sobre ele mas não encontrei nenhuma informação relevante, como se o seu passado não existisse.
— Não é o suficiente para acusar alguém de vampirismo, sabia?
— Claro que sei. — resmunga bebendo o café. — Mas é só uma especulação idiota mesmo.
— Eu li que vampiros vivem por muito tempo. Se você pesquisou sobre esse tal Harrisson na internet, provavelmente não encontrará nada.
— O que está propondo?
— Que você deveria procurar em livros antigos. Há quanto tempo ele está na cidade?
— Muito mais do que nós dois, eu suponho.
— Então, procure algo relacionado ao seu nome na biblioteca da cidade.
Uma risada escapava dos lábios rosados da detetive.
— Acha mesmo que vou encontrar um registro de cem anos sobre um homem de trinta?
— Nunca se sabe. Eu posso te ajudar, se quiser.
— O que ganharia com isso?
— Eu escrevo artigos sobre misticismo e essa é a primeira vez que estou tão perto de comprovar os meus longos anos de estudos.
Alexandra ponderou cuidadosamente as palavras, bebericando o café enquanto analisava a situação. Ela nunca se envolveu com nada oculto mas aceitar a existência de vampiros provaria para si mesma que não estava louca. Havia uma pesada bagagem de rancor no coração da mulher, ocasionado por julgamentos cruéis quando era uma criança. Ninguém acreditou na pequena naquela época, nem ela deu um pouco de crédito aos próprios olhos. Então, investigar à fundo essas criaturas da noite daria um ponto final ao resquício de dúvida em sua mente conturbada.
— Tudo bem, vamos nessa!
Gabriel sorria mais abertamente, voltando a beber o café com maior ânimo do que antes. Afinal, gostaria de vê-la acreditar no oculto e, principalmente, renovar a sua fé.
xxx
O carro de Harrisson estacionava na frente de uma mansão no bairro nobre de Londres. Estar naquele lugar o trazia péssimas lembranças, mesmo tendo saído oficialmente de lá há poucos meses. Para ele, viver em um apartamento na cobertura era bem melhor do que estar trancado numa mansão empoeirada.
O homem batia pela terceira vez a porta, mostrando inquietude na batida de seus pés. Do outro lado, uma jovem o recepcionava abrindo um sorriso gentil. As madeixas loiras de seu cabelo fugiam graciosamente do coque, tocando a região dos ombros finos combinando com sua pele pálida.
— Harry!
Ela pulava nos braços do rapaz e ele a pegou assustado, porque não estava acostumado com atos de afeto.
— Cely, quanto tempo!
Jocelyn Morgans tinha lindos olhos verdes e cabelo loiro, além de um corpo repleto de curvas acentuadas por seu curto vestido vermelho. Como de costume, os lábios e olhos marcados por cores fortes. Por ser baixinha, precisava ficar na ponta dos pés para alcançar o rosto de Harrisson e tentou miseravelmente beijá-lo. Ele a afastou com um delicado toque nos ombros, adentrando a mansão.
— Os outros estão fora?
— O que veio fazer aqui? — dizia fechando a porta e apoiando as mãos na cintura fina. — Você deixou de manter contato com a gente e aparece do nada, agindo normalmente.
— E como eu deveria agir?
— Com um pouco mais de respeito. — uma voz estridente soava do topo da escadaria de madeira.
O homem alto com porte atlético descia ajeitando os botões do seu terno preto. Seus olhos verdes analisavam Harrisson com seriedade. O cabelo castanho claro na altura das suas orelhas balançavam sutilmente a cada passo dado. A barba grossa e bem cuidada dava um aspecto mais "formal" à ele.
— Olá, Brandon.
Brandon Morgans apenas suspirava, desviando o olhar para sua irmã.
— Joy, o que ele faz aqui?
A loira dá nos ombros fazendo careta.
— Eu fui convocado. — Harrisson dizia impaciente. — Algo aconteceu com alguém aqui?
— Não. — responde Brandon de forma curta e seca. — Foi o Sebastian?
— Sim.
— Então, vamos todos para o mesmo lugar.
— Espera, ninguém saiu hoje à noite?
— Não, Thomas. Tem algo errado na cidade e o Sebastian descobriu, proibindo a gente de perambular de noite.
— Por que?
— Porque é perigoso.
Bradon gesticulava com desdém para que o seguisse, andando até uma pequena porta debaixo escada do salão principal. Esse era um caminho conhecido por todos os moradores da mansão, pois dava acesso a uma sala secreta onde ocorriam as reuniões. Após chegaram no local, se deparam com a típica mesa oval preta e velas iluminando o local. Na mesa, talharam uma lua minguante.
Alguns membros dessa sociedade secreta estavam em seus respectivos lugares. Diferente do que viam em filmes, ninguém usava uma capa preta, os homens ali vestiam um terno simples e as duas únicas mulheres usavam um vestido de gala. Uma das exigências do líder, Sebastian Hughes, era ver todos os membros vestidos adequadamente para uma reunião à altura.
Sebastian aparentava ter mais de sessenta anos, usava seu típico terno branco e o cabelo grisalho jogado para trás. A barba rala tinha alguns fios brancos, misturando-se perfeitamente com os pretos. Seus olhos vermelhos pairam sobre o "convidado" que, na verdade, é um membro antigo e o único que não morava na mansão.
— Olá, mest-...
— Não temos tempo para isso, Thomas. Peço, apenas, que sente e escute.
— Como quiser.
Tomava o seu lugar ao lado de Jocelyn como de costume e mantinha uma postura mais séria, diferente do seu lado extrovertido o qual mostrava exclusivamente para a detetive.
— Vocês devem se perguntar porque foram convocados. — Sebastian começava a falar. — Um membro da Lua Nova está aqui.
Todos se espantam e os sussurros já começam, mas o líder pigarreia alto conseguindo o silêncio de todos. Porém, a tensão continua evidente.
— Na verdade, eu gostaria de que fosse apenas um mensageiro da Lua Nova, mas estamos lidando com o líder deles.
— Só pode estar de brincadeira. — um homem exclama indignado. — O que nós fizemos, desta vez? Estamos cumprindo com o acordo.
— De fato, a nossa sociedade está, mas há vários como nós em Londres.
— Eu já suspeitava. — comenta Harrisson atraindo toda a atenção para si. — Há vampiros atacando a cidade, vampiros que não consegue controlar a sede de sangue e estão propositalmente deixando rastros.
— Como sabe disso, Harry? — questiona Jocelyn confusa.
— Estou trabalhando temporariamente na delegacia e já peguei dois casos relacionados à vampiros.
— Que maluquice! — grita Brandon. — Quem são esses imprudentes? Diga-me o nome e eu mesmo acabarei com eles!
— Não sejamos idiotas. — adverte Sebastian. — Não foram vampiros, pelo menos, agindo de acordo com sua vontade.
— Como assim?
— Há algum ser atraindo o caos para cá e esse ser é responsável pela presença do líder da Lua Nova em Londres.
— Ou seja, estamos com os inimigos dobrados. — resmunga um dos membros. — Claramente, estão armando para nós! Mas por que?
— Uma guerra, talvez. — outro especula.
— Não adianta ficarem eufóricos agora. — dizia Sebastian seriamente, ficando de pé enquanto apoiava ambas as mãos na mesa. — A Lua Nova não iria interferir diretamente se fosse um simples inimigo e nenhum de nós possui poder, creio eu, para causar um tumulto entre eles.
— E quem poderia ser?
— Um membro da Lua Negra.
Se antes havia murmúrios, agora o silêncio total reinava. Ninguém ousou fazer uma pergunta sequer, apenas mantiveram a cabeça baixa deixando que a preocupação se manifestasse. A Ordem deles agia conforme as regras, mas precisariam lidar com um grupo totalmente oposto.
— De qualquer forma... — Sebastian continuava a falar. — Precisamos estar atentos, pois o número de mortes irá aumentar drasticamente em Londres.
Harrisson suspirava pesadamente, passando a mão pelos fios macios de seu cabelo. A sua mente se preocupava com Alexandra, porque ela estava no fogo cruzado dessa possível guerra.
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