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Capítulo 23 | A fuga sob o Farol - Parte 2

O sujeito estava parado ao lado de Forley, na Central do Telégrafo, ditando-lhe as palavras que deveria codificar para a transmissão doméstica. Apesar de não precisar muita concentração, Forley não o encarava: havia bastado um rápido olhar para as excêntricas roupas e o cajado ornamentado para perceber que devia ser alguém importante. Ou o enviado de alguém importante. Essas pessoas costumavam ter exigências quanto ao trato. Às vezes, um olhar mal dirigido e fariam um escândalo desnecessário. O telegrafista não era do tipo que gostava de procurar problemas.

Se não me falha a memória, essa é para o receptor no Farol, pensou, enquanto fazia transformar palavra falada em impulso elétrico. O... Farol? Bom... De qualquer forma, não acho que ele vá me dizer, se eu perguntasse. Não é assunto meu.

– ... espero com urgência – concluiu o estranho.

O dedo de Forley martelou as últimas palavras no acionador da agulha. Soaram como apitos interrompidos, logo misturando-se ao mar de ruídos similares que o recinto produzia. Nos outros terminais, os seus colegas trabalhavam sem cessar.

– É só isso, senhor? Nenhum nome de remetente, ou indicação de direção?

– Apenas isso – O homem ergueu o cajado, ajeitando a cartola alaranjada sobre a cabeça. Olhou em volta. – Por Lenkin, nem em um dia como esse parece que os senhores têm descanso...

– Bem, as transmissões nunca param, não é? – constatou Forley, suspirando. Mas, verdade seja dita, eu gostaria de estar em casa com Wynn. Parece o dia perfeito para tirar uma folga.

– Tem razão.

O estranho deslizou a mão para o porta-moedas dentro do bolso, e lhe entregou dez florins.


Viesling estivera nas redondezas do anfiteatro onde acontecia o Concílio, saboreando o espeto de homeegi frito com calda doce, enquanto ouvia o discurso de alguém que parecia um cisionista fervoroso. Não sabia quem era aquele; a voz estava excessivamente dominada pelo tom metálico, a ponto de quase não parecer humana. Também estava longe demais para conseguir ver o centro do estrado. Bem, não fazia tanta questão, afinal. Chegara atrasado. Ficaria ali em volta apenas acompanhando os discursos de longe.

O sol da manhã se filtrava através das pequenas nervuras das folhas do seivaroxa, ao pé do qual o ex-apóstolo-pregador se sentou. Pensou que já devia estar perto da nona hora da manhã. Uma hora para o meio-dia. A Kalori pela qual andara naquela manhã, no caminho para a Praça dos Arcos, era muito diferente da Kalori de sempre: não se viam operários saindo de casa apressados, ruas lotadas deles, lojistas abrindo as portas dos seus estabelecimentos. Não... Por causa do decreto da paralisação, tivera a sensação de estar caminhando distante do tempo comum. Nada se via; nada acontecia. No fim, o único acontecimento era esse que observava.

Isso era... bom? Não sabia o que pensar a respeito.

Algum tempo depois, depois de darem a palavra a outro tal de Jarren, um papel amarelado foi surgindo entre a multidão. Veio parar em suas mãos. Pelo mesmo caminho, vieram uma pena e uma mulher com roupa de gala, que destoava totalmente do meio. Ela trazia um tinteiro consigo.

– Hmm, votação para a criação da junta? – perguntou Viesling, vendo a miríade de marquinhas de tinta no papel.

– Sim, senhor.

Viesling assentiu. Alguns dos sujeitos à sua volta se voltaram para vê-lo riscar a marquinha do voto, mas não lhes deu importância. Molhou a pena no tinteiro, e riscou do lado do não. O não tem larga vantagem, percebeu.

– Aqui está – disse, entregando de volta a pena e o papel à mulher, que desapareceu na selva de gente.

O ex-apóstolo-pregador continuou sentado sob a sombra da árvore, refletindo se as suas ações com o panfleto no dia anterior não haviam tido mesmo nenhum efeito, quando observou uma mudança nas proximidades. Entre queixas das pessoas próximas, um outro alguém se desprendeu da multidão. Um homem com uma cartola baixa e um broche vistoso na lapela do colete. Trazia consigo, enrolado, um papel não muito diferente do anterior.

Mais tarde, quando ponderasse a respeito, Viesling não entenderia como a sua mente havia chegado tão rápido àquela conclusão. No instante que o viu, o homem e o papel, sentiu a raiva efervescendo dentro de si. Era um sentimento anormal. Ergueu-se e foi até ele.

O estranho acenava para outros dois, que vinham contornando a multidão no anfiteatro. Parou ao vê-lo chegar. Nos olhos dele, viu a verdade,

– Isso que está segurando é o registro da votação, não é? – questionou Viesling.

O estranho olhou para os lados, sem dizer nada. Apesar da ligeira vantagem em altura que tinha, parecia amedrontado.

– Então é o registro! – Viesling franziu o cenho ainda mais, arrancando o papel das mãos dele. – Me dê isso aqui!

– Senhor, o que está fazendo? Isso não é...

– Fique calado, maldito desgraçado!

Um segundo foi o que bastou para que visse que aquele era, de fato, o papel das votações. Mas não era o mesmo que marcara: nesse, haviam muito mais votos para o sim, do que para o não.

Corrupção.

Um segundo foi tudo o que Viesling teve para vê-lo, porque os outros dois acabavam de chegar.


Jarren, o correspondente do arquiducado, ainda detinha a palavra no estrado central.

Mas... como o senhor espera que ele se defenda? – Havia confusão no olhar do senador Jorwell. – Pelo que sei, Kinsey está numa prisão especial, neste momento.

Ele está no Farol.

No Farol de Kalori?

Exato – confirmou J. – Até agora, era uma informação confidencial. Não era vantajoso que todos soubessem a exata localização de um preso político importante.

Por breves instantes, uma pausa carregada de nervosismo se alastrou entre os presentes.

Mas, então... qual o sentido de revelar isso agora? – questionou Jorwell, num tom mais agitado. – E aqui?

Porque haviam dezenas de milhares de pessoas reunidas, ouvindo-os. Em silêncio.

Peço que não tome o que eu digo como um espetáculo. Porque não é – J ficara mais sério. – Estamos aqui para tomar decisões e fazer escolhas, e para fazer isso o conhecimento é importante. Conhecimento de causa. Para tomar boas decisões, tudo precisa ser trazido à luz.

Não posso dizer que discordo. Mas creio não ter entendido o que o senhor quer dizer.

Quero dizer que ele está vindo, meu respeitável senador.

O olhar de Jarren se voltou para trás e, sem que se dessem conta disso, o da maioria dos ouvintes seguiu o dele. A cidade, que se elevava apoiada nas encostas da península, culminava naquele ponto que muitos tomavam como o seu cartão-postal. À distância, o Farol era pouco mais do que a ponta de uma agulha.

***

Haviam recomeçado a descer os degraus subterrâneos.

– Achei que... estivessem me sequestrando – murmurou Kinsey, num tom cansado.

– Não diga isso, Kin.

– Não faz diferença. A esta altura, seja lá o que quiserem de mim, não tenho forças para me opor.

Woffrey não respondeu. Kasern não podia dizer que sabia que tipo de relação tinham aqueles dois, mas sentia a tensão que pairava entre eles. E o que poderia dizer a respeito? Nas poucas ocasiões que tivera para conversar com Kinsey, o jovem nunca mencionara Tulling. Pouco também mencionara a respeito de si mesmo. Podia especular que uma fração, talvez, da amargura dele vinha do que acontecera ao Estigma, mas isso seria apenas o lógico. Como todos, ele tem seus problemas; é uma pena que a escala dos dele pareça ser tão grande.

Os dois agentes, por outro lado, seguiam à frente. Resmungando, sussurrando entre eles. Não estavam muito distantes, mas a escuridão parecia engolir o que diziam. Kasern pigarreou, pensando que tudo não poderia continuar como estava.

– Haett, Vertfor, vocês conheciam esse lugar?

– Tenho a impressão de que você não entende a situação em que estamos, Amarelo – A voz de Haett soava dura. – Estamos desobedecendo as ordens que recebemos há quatro meses. Tiramos um preso político da cela, e estamos fugindo com ele.

– Poderia ter me deixado levá-lo sozinho – disse Woffrey. – Não havia necessidade de virem também.

– Oh, sim, é verdade. Poderíamos ter deixado um desconhecido que diz ser Woffrey Tulling levar embora aquele a quem devíamos custodiar. Soa razoável.

Kasern riu.

– Isso já não é... o que estão fazendo?

– Não – disse Haett. – Pretendo reportar o novo paradeiro do pivete Grantham ao diretor assim que chegarmos ao nosso destino, seja lá qual for.

– Essa seria uma decisão pouco inteligente – constatou Woffrey. – Vim pelo exato motivo de que as transmissões estão sendo vigiadas. O que o faz pensar que, ao tentar contatar o seu diretor-geral, não estaremos revelando nosso paradeiro ao inimigo?

Inimigo? Que inimigo? Tudo isso foi você quem disse. Ainda estou pensando se não devo meter uma bala no meio de sua testa e levar o Grantham de volta.

– Por favor, não comecemos...

– Então fique quieto e tome a dianteira, desenraizado. Não quero ficar pensando em que momento vou cair no vazio por não saber onde piso.

O grupo parou um instante para se reorganizar com cuidado, dada a estreiteza do caminho. Woffrey assumiu a frente, seguido por Haett e por Vertfor, e finalmente por Kasern, que levava o objeto de toda a operação nas costas. Talvez seja melhor não tentar forçar nenhuma outra conversa entre esses dois, pensou o apóstolo-pregador. Tenho a impressão de que passariam cem anos e eles não teriam sequer começado a se dar bem. Suspirou. A situação estava tão confusa quanto poderia estar, mas era inútil complicá-la ainda mais. Inútil, quando o mais sábio era apenas aceitá-la como era e seguir em frente. Ensinamentos do Livro dos Anéis.

Os passos ecoavam pelas paredes do recinto, que já não eram mais pedra trabalhada como as paredes do Farol, mas rocha grosseiramente escavada. De vez em quando uma raiz surgia delas, obrigando-os a contorná-la com cuidado para não caírem dos degraus. Degraus de uma escadaria que parecia interminável. Quanto mais teriam descido? Kasern sentia o ar carregado de umidade, terra úmida e coisas mortas há muito. Mais do que preocupado, estava curioso. Por que havia algo assim abaixo do Farol? Aonde será que os levaria?

Kinsey se mexeu às suas costas.

– Está desconfortável? – perguntou Kasern, sem se voltar. As dificuldades do caminho o obrigavam a olhar para frente.

– Um pouco, mas não tem problema algum. Não há outra forma.

– Se quiser, posso levar você nos ombros. Para mim, não faz diferença.

– Agradeço a oferta, mas não – retrucou o jovem. – Já é... triste o bastante ser carregado como um inválido, assim.

– Você não é um inválido, meu rapaz. Apenas foi afetado pelo azar da situação.

– E o que muda? No fim, o resultado é o mesmo.

Kasern ficou em silêncio.

– Do que estava falando antes – retomou Kinsey –, não, esses dois provavelmente não conheciam esta saída, ou sequer imaginavam que existia. A maioria das pessoas a desconhece.

– Você já havia vindo por aqui, então?

– Vindo, não. Mas, teoricamente, conhecia a existência desses túneis. Aprendemos com os professores, digo. Como posso explicar... Antes, quando os primeiros colonizadores do Continente chegaram aqui, já encontraram esse Farol construído e abandonado. Abandonado séculos antes, na verdade. Esse é um dos mistérios dele. Outro é o Kell Vani murcho que ele esconde, sob a pedra. Os mistérios continuam, mas pelo menos, em trezentos anos, o mapeamos com certa eficácia. Ainda que o mapa não seja disponibilizado para todos.

– O Estigma, é claro, teria um desses mapas – constatou o apóstolo-pregador, ligando os pontos.

– Sim – Kinsey guardou silêncio durante alguns segundos. – Imagino que os Tulling e as outras famílias da Fenbram também tenham. Isso explicaria o porquê de Woffrey conhecer os túneis. Bom, isso também significa que, cedo ou tarde, o pai dele vai descobrir por onde saímos. Ao menos, temos vantagem de tempo, talvez.

Ele parece ter entendido bem rápido a situação, mesmo esse Woffrey não tendo explicado quase nada, pensou Kasern. O jovem é realmente inteligente. Espero que tenha razão...


Um homem e uma mulher surgiram à entrada do Farol, poucos minutos depois que o grupo de Woffrey adentrara as profundezas dos túneis subterrâneos. O homem, apesar dos cabelos loiros e lábios coloridos, era alto como um saik e tinha uma expressão entediada no rosto. A mulher tinha o rosto oculto por uma máscara de respiração, do estilo dos trabalhadores de gasodutos, e um chapéu pequeno. Ambos vestiam um conjunto escuro de fraque e calças de limofibra.

Não estamos abertos para visitação – murmurou Braw ao vê-los chegar, sentado num degrau à porta. Bocejou, alisando os cabelos curtos com os dedos. – Quem sabe, daqui a dois meses...

O homem alto olhou para a mulher ao lado dele.

Não viemos aqui a passeio – disse ela, mostrando o brasão de hélice da Fenbram. Apontou para o topo do Farol. – Assuntos importantes a tratar lá em cima. Esperamos ter a sua colaboração.

É o que ela diz – assentiu o companheiro dela.

Braw meneou as sobrancelhas, desconfiado.

E que assuntos seriam esses? Se me permite a pergunta, senhora. Não fui informado de nada.

É claro que não seria, já que foi uma ordem de última hora – Ela segurou o brasão diante de Braw. – Este é legítimo, como pode ver. Como eu disse, não viemos aqui a passeio. Podemos contar com a sua colaboração?

A senhora não respondeu a minha pergunta – constatou Braw. – Além do mais, esse tipo de passe não serve na nossa situação. Talvez, se estivéssemos nas alfândegas...

E o que serviria?

Um aval escrito e assinado pelo diretor-geral. É o único que serviria, senhora. Por enquanto, a ordem é de manter o acesso restrito.

A mulher inclinou a cabeça para trás, como se para observar o céu. Respirou fundo; o ruído arranhou a máscara de respiração. Parecia pensativa.

Eu disse que devíamos ter falsificado o aval, Seen – comentou o outro.

Antes que Braw conseguisse se recuperar do estranhamento ao ouvir isso, o homem alto puxou uma pistola-sopro de dentro do fraque e atirou na cabeça de Braw.

Um único tiro, quase inaudível.

A sua cabeça pendeu para trás, inerte.

A mulher empurrou o cadáver que agora obstruía a entrada, parecendo ignorar o sangue que começava a se acumular sobre a pedra. Empurrou a pesada porta de madeira, abrindo espaço para o companheiro passar.

Me avise quando tiver eliminado o alvo, Huri – disse ela. – Vou terminar aqui e subirei para limpar a sujeira lá em cima.

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