Um dia para Celebrar
No acampamento Mandan os dias passaram de forma apreensiva. Durante a curta viagem de Tokalah, um pequeno embate entre os caçadores de seu clã com mineradores brancos causaram a morte de dois dos seus e de todos os cinco garimpeiros que tentavam fazer fortuna escavando as montanhas sagradas.
Embora não fosse a primeira vez que algo assim acontecia e os guerreiros tivessem sido cuidadosos em enterrar os corpos, cedo ou tarde a retaliação chegaria com força. O clã protegido no vale, não garantiria que seus caçadores fossem caçados e mortos ou que os fazendeiros e mineradores irritados dizimassem as mamadas de búfalos, condenando as dezenas de tribos da planície a fome durante os meses de inverno rigoroso.
Tokalah falou com os anciãos e os sete líderes de clãs Mandan, contou-lhes sobre o que vira no acampamento de Crazy horse e a sabedoria infinita de Touro Sentado.
Assim como os Mandan, os Sioux, Lakotas, Crows, Cheyennes e outras tribos acreditavam numa coexistência pacífica com os olhos d'água, mas antes eles precisavam sentir a força que as nações nativas. Saber que resistiram e defenderiam não só as terras que ocuparam por séculos, mas sua cultura e seu modo de vida, já que até agora nenhum acordo pacífico proposto parecia fazer mais do que subjulgar as tribos nativas as suas vontades e mesmo assim eram seguidamente quebrados pelos próprios homens brancos, que insistiam em invadir até mesmo as reservas demarcadas por eles.
No entanto, havia muito a ser feito antes que pudesse juntar-se aos seus irmãos na luta contra os waikiki. Diferente de outras tribos, os Mandan, evitaram por mais de um século o contato com o homem branco. Não sabiam sobre eles, sobre sua maneira de guerra ou mesmo sobre suas armas. Mesmo as recolhidas em embates isolados, eram deixadas para trás, a violência nunca esteve presente em sua cultura como acontecia com os Apaches e Crows. Mas agora os tempos mudaram. Lutar, tornou-se uma necessidade, aprender as táticas de guerra e manusear armas parecia algo imprescindível para a sobrevivência. E precisariam de muitas, centenas delas, para munir o seu e os outros clãs de sua nação.
Cavalo louco lhe cedeu algumas e explicou os caminhos para que pudessem armar toda a tribo, no entrando, entre as opções dadas pelo guerreiro Tokalah decidiu que a mais rápida e segura, seria saquear o arsenal da delegacia da pequena cidade de Charlottetown. Os rostos dos homens da tribo dividiram-se entre apreensivos e entusiasmados e embora a vingança não fosse um sentimento encorajado entre o clã, a maioria dos integrantes da tribo estavam fartos do horror que a cidade trouxe aos nativos da região.
Charlottetown emergia em meio ao deserto crescendo cada vez mais e atraindo a atenção de fazendeiros, garimpeiros e bandoleiros e isso significava morte, doenças e fome nas tribos da planície. Búfalo Branco foi o primeiro a levantar seu clã em favor de Tokalah, conhecido por seu nome de guerreiro, Lua Negra.
一 Lua negra tem razão, levaríamos meses, talvez anos para reunir as armas que precisamos se formos nos tornar saqueadores vis de estrada. E quando os waikiki perceberem o que estamos fazendo, enviaram uma forte retaliação.
一 Búfalo branco, assim como Lua Negra fala com o peso da dor. A grande mãe ensinou resiliência ao nosso povo. Há pessoas em Charlottetown, famílias e crianças inocentes.一 Maralah proclamou.
一 Não estou os levando a um massacre, as pessoas que vivem em Charlottetown não devem ser lastimadas, nosso objetivo são as armas e a pólvora, que usaremos para defender o nosso povo, nossas mulheres e crianças 一 Tokalah explicou.
Depois de fumarem juntos o tchanunpa decidiu-se que todo os clãs apoiariam Tokalah e o plano para Charlottetown iniciou-se naquela mesma noite.
Dias mais tarde, mais cinquenta guerreiros dos diversos clãs uniram-se a ele próximo ao rio. A noite já caía quando chegaram próximos a Charlottetown, deveria ser uma investida rápida e com o mínimo de combate possível. Embora a cidade fosse um tanto isolada, o forte Bennington ficava há algumas horas de cavalgada, enquanto a Lua Negra e seus guerreiros levariam no mínimo dois dias para chegar a segurança do vale.
Lua negra, montado em seu cavalo tomou a frente dos homens munidos de pinturas de guerra, machados, arcos e aljavas. Correu o olhar pelo grupo, pousando os olhos em Enepay mais ao fundo. Ele não deveria estar ali, ainda não tinha caçado seu primeiro búfalo, mas sabia que o menino não ficaria para trás em tal investida e era melhor mantê-lo perto de seus olhos.
一 Não peguem nada além do que viemos buscar, não empreguem mais violência do que a necessária para manter-se seguros ou manter a segurança de seus companheiros. Não invadam suas casas, não machuquem suas crianças ou toquem nas suas mulheres. A aqueles que resistirem e inevitavelmente tiverem de ser enviados a grande mãe, não retirem seus presentes nem seus escalpos, não há glória alguma na batalha de hoje.一 Terminou lua negra levantando seu arco ao céu.
一 Ouviram lua negra, 一 Búfalo branco gritou 一 aqueles que não seguirem as ordens serão punidos. E por mais que nossas perdas e tentações nos mandem fazê-los provar do que eles tem feito a nossa nação há anos, devemos escolher o caminho da sabedoria da grande mãe. A cidade nos proverá os meios para a nossa grande luta, isso e apenas isso.
Seguiram em direção a cidade com toda a velocidade a investida deu-se adentrando a rua principal assustando os poucos transeuntes que ainda circulavam ao cair da noite e estes buscaram abrigo nas portas mais próximas que se fechavam o mais rápido possível.
O ruflar de patas de cavalo era quase insurdecedor e a poeira que estes levantavam dificultava a respiração dos Mandam que seguiam em ritmo forte para a delegacia. Como era de se esperar, abrir caminho pela cidade não fora tranquilo, comerciantes e moradores muniran-se de rifles e com estes disparavam contra os grupo que retaliou com flechas.
Tokalah seguiu a frente com Enepay e mais alguns homens, porém quando chegaram em frente a delegacia, o xerife e seus homens já haviam tido tempo de se preparar e do alto do prédio da justiça, munidos de rifles de repetição, que permitia mais de vinte tiros sem a necessidade de recagar obrigaram o grupo a diapersar-se, buscando abrigo entre as casas da redondeza. Tokalah puxou Enepay ferido por um dos disparos e arrastou-o até a lateral de uma casa onde recostou-o a parede de madeira.
一 Fique firme, Enepay 一 falou pressionando o ferimento e o garoto respirou profundamente.一 Eu vou te tirar daqui.
一 Você tem que ir. 一Disse Enepay com dificuldade - se você não estiver a frente deles, vão recuar, essa investida precisa dar certo para que os outros clãs o sigam ao lado do Cavalo Louco. Você tem que ir.
一 Pressione isso, eu volto para te buscar 一 falou encostando a testa na do garoto por alguns segundos.
Tokalah tomou seu machado de guerra e deixou o beco com um grito de guerra que foi ouvido e repetido pelos guerreiros.
***
A noite começou a cair e os festejos se iniciaram em Fort Bennignton. A muito não se tinha tamanha festa, haviam músicos vindos de Charlotetonw, comida e bebida farta.
Elena estava graciosa em um vestido cor pérola, todo recoberto por uma delicada renda francesa que subia translúcida pelos ombros. Na cabeça, pequenas flores brancas adornavam uma tiara dourada que prendia um delicado véu branco purissimo. O vestido havia sido um dos últimos presentes de Augustine e serviu bem como vestido de noiva. Pois não haviam olhares além de admiração e inveja quando a jovem caminhou ao lado do general até seu noivo no altar mais cedo.
O capitão Norton, usava um Frock Coat* preto bem acinturado e de ombros largos, belas abotuadoras de prata cedidas pelo avó e um sorriso largo no rosto.
一 Coma mais, querida - Marilla disse 一servindo mais um pedaço de torta de maçã. 一 precisa ganhar corpo e criar boas ancas, pois quero ver muitos menininhos correndo pela casa. Disse a mulher e Elena voltou o olhar para o capitão.
一 Ora senhora Marilla, creio que ainda seja cedo para pensar nisso 一 respondeu a jovem voltando o olhar ao marido.
一 Certamente que queiram aproveitar a vida de casados, mas como conselho minha querida, traga logo um bebê a esse mundo. A vida de esposa de um militar pode ser solitária as vezes, uma criança para lhe fazer companhia ajudará muito em aplacar a saudade, quando Andrew estiver em campanha. E sem falar que a gravidez é algo imprescindível a uma mulher.
一 Com todo o respeito, Não penso assim senhora Marilla. 一 respondeu Elena secamente 一 sempre quis ter filhos, mas soube que há muitos órfãos aqui no oeste, muito mais do que em Londres. Dar um lar a uma criança, talvez seja algo muito mais imprescindível do que uma gestação. Muitas coisas podem dar errado numa gravidez 一 disse Elena e todos na mesa voltaram a atenção a ela.
一 Ah claro a gravidez é algo muitas vezes perigoso as mulheres, mas não é algo que devemos temer. E outra, os órfãos do oeste na maioria das vezes são bastardos ou mestiços nogentos. Talvez possam servir para o trabalho, mas jamais serão como um filho gerado em nosso ventre. Espero que dê muitos filhos e filhos homens de preferência, amo minhas filhas e por elas daria a vida, mas uma filha mulher é um trabalho que nunca acaba.
一 Bem eu espero ter acabado entregando a minha a seu filho 一 disse o general em tom zombeteiro arrancando alguns sorrisos.
一 Não temo a gravidez senhora Marilla, mas também não anseio. E sinceramente não acho que Andrew e eu devêssemos ter filhos. 一 Disse voltando o olhar ao avó aleijadode Andrew o qual Sarah ajudava a se alimentar e desta vez Andrew voltou-se a ela com um olhar inquisidor. 一 Costumava ajudar na clínica com meu tio, há algumas doenças hereditárias, que causam sérias deformidades, algumas atacam mulheres e outras os meninos. As mulheres gozam de perfeita saúde, mas são portadoras da doença que passam a seus filhos. Andrew me disse sobre a esposa perdeu dois meninos que nasceram muito doentes, a senhora é a única filha e com seu apreço pela maternidade eu duvido que Andrew tenha sido o único menino que gestou. 一 disse e a mulher arregalou os olhos.
一 Ora, está querendo dizer que minha família é amaldiçoada, porque meu pai possui uma pequena deformidade? 一Marilla disse como se já tivesse ouvido antes 一 Que tolice, Andrew nasceu forte como um touro assim como as minhas meninas, se meus netos não vingaram a culpa foi de Ana que era uma mulher fraca e doente. E realmente, espero que esse não seja o seu caso 一 disse a mulher alterada.
一 É melhor mudarmos de assunto. 一 Andrew interveio. 一 Com certeza minha esposa deve ter visto muitas coisas que a impressionaram na clínica de seu tio.一 Disse pousando a mão sobre a de Elena 一 e não era sua intenção ser ofensiva, não é mesmo querida?
一 De maneira alguma, mas é algo que...
一 Vamos dançar 一 Andrew levantou-se da mesa tomando a esposa por braço.
Andrew conduziu a noiva entre as pessoas a levando até a área central onde um grupo dançava uma música holandesa alegre. O capitão guiou a moça nos primeiros passos, mas depois de algum tempo ela já havia tomado o ritmo frenético da dança e da alegria exposta no rosto de todos. Depois de algumas músicas Andrew puxou-a para si beijando-lhe os lábios com volúpia provocando um 'Irra' no grupo de amigos que observava o jovem casal.
一 Deseja ir para nossa casa senhora Norton? 一 Ele perguntou ao findar o beijo.
Elena sentiu uma ansiedade tomar-lhe o peito, que a tornou incapaz de vocabular qualquer palavra, apenas gesticulou afirmativamente com a cabeça enquanto encarava os olhos de um azul profundo do capitão. Voltaram a dançar, confundindo-se entre a multidão e escapando da atenção de todos assim que puderam. Andrew a colocou sobre seu cavalo e seguiram até a sua casa. Desta vez, a casa estava limpa e haviam flores do campo dispostas em alguns jarros para recepcionar a noiva.
Elena sentia o coração palpitar, estava ansiosa e amedrontada. Por mais que a tia fosse uma mulher moderna, a noite de núpcias nunca fora um assunto o qual partilharam. Ele serviu um copo de vinho e lhe ofereceu outro o qual ela aceitou e bebeu de uma vez, tirando um sorriso disfarçado do marido.
一 Bom, sei que está casa não é grande e confortável como o casarão Bennignton, mas desde que Ana se foi, não achei necessário um lugar maior. No entanto se for da sua vontade, posso pedir novas acomodações e...
一 A casa é perfeita 一 ela o interrompeu 一 sempre morei em casas muito grandes, mas minhas melhores lembranças de infância foram na pequena casa de Davina, aos fundos da mansão dos meus tios 一 disse num tom nostálgico passando uma das mãos pela parede de madeira 一 Ela queria tanto me ver vestida de noiva ...一 disse com pesar e Andrew se aproximou enredando sua cintura com seus braços.
一Ela viu 一 disse e beijou-lhe o topo da cabeça 一 Deseja se deitar agora, minha senhora?
Andrew a conduziu ao pequeno quarto no fim do estreito corredor, um aposento simples como resto da casa, mas bem organizado e limpo. Haviam flores sobre o criado mudo e sob a cama, um belo jogo de lençóis brancos com um bordado delicado de flores o qual a Elena admirou por instantes.
一 Foi presente de Sarah, ela mesma bordou. Seu pai mandou algumas de suas coisas está tarde, estão no baú, mas reservei um espaço no armário, poderá organiza-las amanhã se quiser 一 Andrew disse enquanto retirava o casaco e o colocava no armário 一 Elena retirou o par de luvas, sentiu as mãos trêmulas e frias, esfregou uma na outra a fim de aquecelas e dissipar o nervosismo. De costas para o marido, sentiu o calor que emanava de Andrew quando este a envoveu por trás, num abraço carinhoso e a aspereza de sua barba riscou a pele do seu pescoço com um beijo demorado. Sentimentos estranhos a dominaram por inteiro, ao mesmo tempo que uma certa repulsa pulsava em sua mente, em seu corpo um calor irradiava, mais e mais, apreciando o carinho das mãos dele que não demoravam muito para desabotuar o vestido e fazê-lo descer pelos ombros deixando que apenas uma chemise* fina cubrindo sua pele. Andrew a levou até a cama onde retirou com ansiedade o resto do vestido, sem perceber o tremor assutado da jovem a sua frente.
Ele estava inebriado pelo seu cheiro e mesmo com a pouca luz dos lampiões, podia ver a forma de seus pequenos seios pressionando o linho, subindo e descendo numa respiração acelerada. Ele tirou sua camisa de algodão e deitou a noiva entre beijos e carícias sobre o lençol de algodão branco puríssimo.
一 Não precisa ter medo, precisamos consumar nosso casamento. É a senhora Norton agora, minha família e assim como prometi mais cedo no altar, eu cuidar e protegê - la pelo resto de minha vida. 一 ele disse de forma sussurrada tentando acalmar a jovem tremula. Voltou a beijá-la, sugando seus lábios e pescoço e despiu-a de suas peças íntimas, a fez explorar seu corpo o ajudando também com as suas roupas. Assim que Elena passou a corresponder instintivamente seus beijos e carícias a penetrou com com firmeza estancando seu gemido de dor com um beijo profundo em seus lábios. Em um reflexo tentou afasta-lo quando sentiu-o dentro dela, mas este segurou seus punhos contra o colchão estocando-a algumas vezer com força, até perceber o rosto contraído de dor e medo da esposa enquanto sua virgindade era lhe tirada.
一 Quer que eu pare? 一 ele sussurrou em seu ouvido roçando levemente seus lábios pelo macio de seu pescoço.
一 Eu... eu... Está me machucando 一 ela respondeu baixinho e ele acariciou seu rosto saindo de cima dela e deitando-se ao seu lado.
一 Me desculpe, as relações carnais tendem a ser dolorosas as donzelas no começo, serei mais cuidadoso da próxima vez. Eu ainda não posso dizer que a amo Elena, mas eu gosto de você, gosto de como é inteligente e um tanto independente , mas amo a sua coragem, que é grande o suficiente para defender o que quer e o que pensa, mas não ao ponto de se tornar inconsequente. Então, sei que vai chegar um dia em que eu vou dizer que a amo e será a verdade mais bonita que meus lábios já pronunciaram e meu maior medo... 一 ele virou-se para ela acariciando suavemente seu braço 一 é que ainda me olhe dessa forma. 一 Disse e a jovem semicerrou os olhos com estranheza 一como uma grande dúvida 一 ele completou 一 Foi um dia cheio, melhor irmos dormir.
Na manhã seguinte Andrew despertou com as batidas afoitas na porta, havia dispensado Shyann por uns dias, então, vestiu-se o mais rápido que pode a fim de não perturbar o sono da esposa. Um soldado contou-lhe que um mensageiro havia chegado de Charlote com a notícia de que um bando de peles vermelhas haviam saqueado a cidades e o General queria-o do seu lado para preparar a armada para um possível combate.
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