Por meu Filho - VI
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A brisa soprava fria pela planície, levantando poeira enquanto o grupo de indígenas se preparavam para guiar o rebanho de gado pelas imponentes montanhas que se erguiam ao longe, depois daquilo, estariam em casa. Os cavalos relinchavam com impaciência, a tensão no ar era palpável, mas também havia uma sensação de dever a ser cumprido.
O rebanho, se movia lentamente, seguindo o ritmo natural das trilhas e caminhos estreitos que serpenteavam pelas montanhas. As vozes dos indígenas ressoavam pelo ar, dando comandos suaves e precisos para direcionar o gado em uma única direção. Os cavaleiros mais hábeis arriscavam-se a beira da trilha, ajudando a corrigir o curso de algum animal desgarrado, mantendo o grupo coeso e organizado.
Elena olhou em volta preocupada, apesar de não entender muito sobre rebanhos, sabia que animais eram extremamente voláteis e assustados, se qualquer motivo os fizesse disparar por aquela subida ingrime, despencaram montanha abaixo e certamente levariam algumas vidas com eles. Porém o grande espírito pareceu dar-lhes uma travessia calma e segura.
Finalmente, alcançaram o topo da montanha, onde o horizonte se estendia em uma visão magnífica de vales e planícies infinitas. Alguns membros da tribo já aguardavam ali para ajudar na descida até a aldeia, trazendo alívio para a jornada tensa que haviam enfrentado.
No vale, foram recebidos com festa, sorrisos de alegria e alívio, dentro de algumas horas a fartura seria dívida e todos poderiam comer até sentirem-se saciados, algo que não aconteceu durante todo o inverno.
Depois de cumprimentar Wewomi com beijos na bochecha e ver a garotinha se enroscar ansiosa nos braços do pai, exausta e coberta de poeira, Elena seguiu em direção ao rio.
Gostava de banhar-se na parte alta, junto a cachoeira onde um pequeno lago de águas profundas se formavam e depois descia rigoroso pelas pedras. Contemplou -o com nostalgia e apesar de saber que a correnteza devia estar extremamente fria, não via a hora de adentrar a água, adorava a sensação de liberdade que ali desfrutava.
Com um leve sorriso no rosto, ela começa a desatar os laços do vestido e soltar os botões do espartilho, cada movimento, revelando um pouco mais de sua pele à medida que as roupas caem, formando uma pilha azul no chão. A qual ela olhou com certo pesar, a cor já um tanto suja do vestido caríssimo comprado com tanto carinho pela tia Augustine, a qual ela sequer se despediu. Doía não poder perdoá-la, apesar de entender que assim como ela, Augustine não teve muita escolha depois de Armand ter colocado os olhos nela e decidido que seria sua esposa. Porém seu tio era um marido exemplar e ela cresceu vendo um casamento recheado de amor e cuidado, cresceu ouvindo Augustine gabar-se do quão sortuda era em ter um marido como Armand e em ter encontrado a paixão dentro de um casamento, porque diabos ela teria feito algo que certamente partiria o coração dele em pedaços? E por mais que não nutrisse sentimentos de esposa por Andrew, Augustine não sabia disso e mesmo assim, entregou-se a ele sem medir as consequências.
Quando finalmente terminou de se despir, ela se aproxima da margem do rio. A água, refletindo sua imagem como um espelho, o sol que já caía no horizonte pincelando tons avermelhados ao azul já escurecido pelas sombras que anunciavam o fim do dia. Em seguida mergulhou, sentindo a sensação revigorante da água gelada em sua pele, emergindo sobre o manto azul, deixando o corpo boiar guiado pela correnteza leve.
Liberdade finalmente.
Liberdade, talvez fosse isso... Um lampejo de finalmente ter o poder sobre si, seu corpo, sobre um momento tão íntimo e tão condenado quando se é uma mulher. Por mais magoada que estivesse ao tomar as dores do amado tio para si, estava sendo hipócrita condenado Augustine, por uma vez na vida, sentir-se capaz de decidir por si mesma, sem amarras sociais e dogmas religiosos. Afinal, não fora o mesmo que fez quando decidiu deitar-se com Tokalah na primeira vez? Embora o carinho que sentisse por Andrew não chegasse nem perto do amor que imaginava existir entre os tios, ela havia feito o mesmo.
***
A movimentação na aldeia era intensa, os animais que seriam sacrificados foram separados e Tokalah supervisionava o grupo que abatia os animais ainda com certa estranheza. Em seu íntimo aquilo não parecia certo, a caça aos búfalos era parte de sua cultura. Matar aquele animal gigante e sagrado, com todas as dificuldades e riscos impregnados no ato, era um ritual de passagem capaz de transformar um menino em um homem. Dava um propósito aos jovens que desde muito cedo aprendiam a cavalgar, usar suas armas, ouvir conselhos e manter seu corpo forte e saudavel, para um dia serem dignos de sangrar um búfalo e assim conquistarem um lugar na aldeia, uma tepe, uma mulher que geraria suas sementes e seu lugar junto a grande mãe. Sem os búfalos, não havia propósito, sem propósito tudo o que aprenderam por séculos cavalgando por aquelas terras sagradas, não significaria nada.
Nuvem sentou-se ao lado dele também com os olhos firmes no gado e a mesma expressão de desdém.
一 Nosso povo está morrendo, assim como a Mulher Búfalo profetizou 一 disse Tokalah 一 mesmo com as barrigas cheias de comida, ainda estaremos morrendo.
一 Eu sei 一 responder o indígena mais velho com o mesmo pesar 一 Mesmo assim a grande mãe nos ensina a preservar a nossa vida, a lutar por ela, e enquanto houver um mandan resistindo com sua camisa de guerra e penas em seus cabelos, teremos cumprido nosso dever diante dela e do grande espírito. 一 Falou em tom amistoso. 一 Você tem resistido muito bem Tokalah, nem sempre concordo com suas decisões, mas tem sido um líder forte e nosso povo precisa disso agora, precisa se um líder que faça o que tem que ser feito, que mostre o caminho a eles com amor e firmeza e tem sido assim mesmo diante de tantas provações 一 Falou e Tokalah assentiu com a cabeça. 一 Mas, me preocupa a mulher branca 一 Ele fez uma breve pausa e Tokalah encarou-o com seriedade.一 Ela te torna fraco e confuso e você sabe disso. Sabe que esse ela estivesse aqui, não fqaria o que devia ter feito e fez, os chefes estariam em guerra e a fome e o homem branco seriam apenas mais um de nossos problemas. Eu sei que culpa não é dela, que ela tem bons sentimentos. Mas ela nunca vai entender ou aceitar, não foi assim que ela foi criada, ela não pertence a ele lugar e você sabe disso
一 Elena é minha mulher e o lugar dela é ao meu lado. Ter uma família na minha tepe, não me torna fraco, nunca me impediu de ser um manto justo, de ser um chefe honrado e leal, assim como não impediu meu pai.
一As mulheres de seu pai tinham tanto sangue mandan quanto ele. Ela é filha de um general branco e agora, todos sabem disso, quanto tempo vai levar até que outros te questionem e desafiem? Ou pior que ajam como serpentes? Como vai se concentrar em seus deveres se estiver o tempo todo preocupado com sua mulher e seu filho mestiço? Como vai ser quando ela estiver no campo com as outras e lembrarem que tiveram seus maridos e pais mortos pelo pai dela? Quando estiver longe e os homens que aqui ficarem pensarem em suas esposas e filhas violadas e assassinadas pelos Waikikis comandados pelo general? Como vai ser vendo seu mestiço crescendo entre os filhos deles, sabendo que ele também tem o sangue daqueles que nós sangram sem piedade? Você é um manto, conhece seu povo melhor que qualquer um, conhece as dores deles e sua ira.
一 Elena pode ser branca, mas tem o espírito da terra e todos verão isso como o meu clã viu. E sim, eu sou um manto, antes de ser um homem, mas ainda sou um homem e nada da mais propósito a um homem do que sua mulher e seus filhos. E eu sangrarei quantos garotos tiver que sangrar e farei tudo que tiver de fazer para ser o que um grande chefe deve ser para seu povo, porque sei que é assim que minha família estará segura. Então melhor parar com essas conversa Nuvem.
***
Elena mergulhou, afundando-se totalmente nas aguas calmas e quando emergiu viu Tokala agachado junto a margem examinando a pilha de roupas.
一 Vou fazer uma fogueira pra se aquecer. Lá embaixo perto das pedras, a água é mais quente nessa época do ano.一 Ele disse.
一 Gosto daqui, é silencioso e banhos comunitários é algo que eu ainda não consegui me acostumar 一 falou e ele sorriu com o canto dos lábios retirando com cuidado sua camisa de guerra e as calças de couro cru recheada de franjas, adentrando a água em seguida tremulando o corpo com o choque térmico.
一 Está congelando一 falou e ela se aproximou dele envolvendo os braços eu seu pescoço, beijando-a longamente em seguida.
一 Melhor?
一 Me desculpe... 一 ele sussurou envolvendo a cintura dela e trazendo-a para mais perto. 一 Não devia ter dito aquilo sobre o seu bebê, eu devia acalma-la e não a deixar mais preocupada ainda.
一 Meu bebê? 一 Elena arqueou a sobrancelha.
一Você o carregou dentro de si e o trouxe ao mundo, sentiu dor e sangrou por ele é a mãe e nada muda isso. Já eu, eu não cuidei dele, não ouvi seu choro, não pude lhe ensinar nada, não lhe dei um nome e nem sequer lhe contei uma história, ainda não sou o pai dele. 一 disse encarando-a com firmeza no olhar 一 Mas eu quero ser, assim como sou pra Wewomi e eu vou pega-lo de volta, Elena. Eu prometo, custe o que custar. Vou devolvê-lo a você e vou matar aquele Waikiki e eu juro pelos espíritos dos meus antepassados que eu cumprirei essa promessa. 一 disse sentindo ela envolver se ainda mais nele deixando os corpos colados , aninhando-se em seu peito. 一 Tem algo que eu preciso lhe contar, os ataques não são tudo que aconteceu....
一 Eu sei sobre os meninos 一 ela disse em tom baixo sem levantar a cabeça do peito dele que permanecia quente, mesmo envolto pelas águas geladas. 一 Enepay me contou, vem me evitando porque acha que eu não entendo. E está certo, a Elena que deixou esse vale, não entenderia, não aceitaria. Mas eu não sou mais ela 一 falou afastando-se um pouco para olhar para ele 一 Desde que eu peguei aquele menino, desde que senti o coraçãozinho dele bater, eu sei que morreria e mataria por ele sem pestanejar. E eu sei que você fez, não pra defender a sua posição ou mesmo a sua vida, fez pela de Enepay, pelo futuro de Wewomi, por mim e pelo seu filho. 一 falou acariciando a lateral do rosto dele 一 Eu não posso prometer que vou aceitar de visões como essa, mas eu sempre vou tentar entender seus motivos, Tokah. Nunca se envergonhe em dividir nada comigo. 一 finalizou e viu uma lágrima escorrer no rosto molhado do indígena
一 Eu te amo, minha Elêna. 一 disse levando os lábios aos dela com leveza 一 Mas você está fria como um corpo morto, melhor sairmos da água, antes que congele.
一 Você acabou com o romantismo, mas tem toda a razão... Estou congelando.
一 Me deixe aquecê-la, então. 一 falou puxando-a para um beijo profundo, içando as pernas dela sobre seus quadris e caminhando vagarosamente até a margem, onde deixaram a água entrelaçando seus corpos sobre a relva recém nascida.
Sob o céu estrelado, Elena sentiu a umidade quente da língua dele acalentar a pele fria de seu pescoço descendo suave e lentamente causando um arrepio prazeroso até se transformar em beijos delicados sob seus seios, aguçando seus sentidos.
Elena achava impressionante como mesmo depois de tudo os dois ainda se completavam, seu corpo miúdo e palido era completamente acolhido pelo de Tokalah e as mãos dele ainda se encaixavam perfeitamente na cintura delgada. A cada toque o indígena acertava o ritmo daquela conquista repleta de carícias delicadas e instigantes provocações , inebriando- a em meio daquele sensual jogo de sedução.
Já havia esquecido que estavam a mercê de qualquer olhar indiscreto quando os lábios dele alcançaram o intimo de seu corpo e já não conseguia controlar seus gemidos e desejos, sentido os dedos firmes dele brincarem com seus mamilos.
一 Venha, eu quero você... 一 Ela sussurou com a respiração entrecortada e viu-o fazer o caminho inverso subindo com a língua quente atravessando lentamente a sua
sua barriga, costelas seios, se apossando de seu pescoço dessa vez com mais intensidade. Na mesma medida, ela correspondia acariciando o corpo liso e quente do moreno e as curvas dos músculos que pareciam ter se tornado mais evidentes desde a última vez que estiveram juntos.
一 Pare de me torturar一 pediu com um sussurro ansioso buscando o volume irrijecido dele roçando contra seus quadris.
一 Ainda não 一 ele pausou a investida dela segurando seu punho e juntando-o ao outro com apenas uma das mãos elevando-a sobre a cabeça firmando-a contra ao chão com delicadeza.
一 Não, assim não 一 murmurou com certo desconforto.
一 Calma, eu não vou machucar você. 一 disse com a voz suave, beijando levemente seus lábios 一 eu jamais machucaria você 一 sussurou rente ao seu pescoço, deslizando suavemente a outra mão pelo corpo dela até chegar entre suas pernas. 一 Quero senti-la minha, completamente, quero que saiba que está segura, mesmo quando não puder usar a própria força. Eu vou parar, quando me disser pra parar, eu prometo. Falou voltando a beija-la dedilhando com calma e leveza a sua intimidade, fazendo-a estremecer em um prazer crescente ao ponto de esquecer completamente desconforto que a vulnerabilidade lhe causava. Quando ele a viu aumentar os gemidos o obrigou-se a cala-la com um beijo selvagem, se colocando entre suas pernas e penetrando-a de foma voraz. Estocando-a com firmeza enquanto contemplava o prazer brincar no rosto dela, finalmente libertando seus punhos permitindo -a explorar a curvatura de suas costas e nádegas enterrando as unhas em sua carne no mesmo ritmo que ele a possuía.
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Confessem tavam com saudades desses dois safandenhos...😏
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