O inimigo do meu inimigo III
New Achota estava em alerta, a loteria georgiana já havia iniciado o sorteio cujo os vencedores eram premiados com fazendas que até agora, pertenciam aos indígenas das cinco tribos. Muitos já haviam sido expulsos de suas terras apenas com pertences pessoais, alguns estavam vendendo tudo que podiam para juntar algum dinheiro para ter com o que recomeçar nas novas terras, mas outros como Topanga e Nathan, permaneciam firmes, tocando os negócios e se preparando para uma possível resistência. Topanga, havia usado os agora escassos recursos da prefeitura para armar aqueles que decidiram resistir e lutar pelas suas terras, porém a cada dia que se passava suas dúvidas apenas aumentavam.
一Está bonito. 一Disse ele ao ver a esposa costurando um carregador de bebês.
一Achei que não iria saber lidar com peles tão grosseiras, mas parece que não me sai tão mal assim.一 falou observando o trabalho sob a cama ao receber um beijo carinhoso na bochecha.一 Falou com Jenna?
一Sim, ela pretende partir com o pai e os irmãos na próxima caravana. Dei parte de nossas economias a ela, achei que seria justo, será uma viagem longa e o pai dela não possui...
一Não precisa me dar explicações, ela já era sua esposa antes de eu chegar, tem deveres com ela e espero que façam uma viagem tranquila. 一 Disse Elise colocando a mão sobre o ventre que começava a dar os primeiros sinais da gestação. 一 Devíamos fazer o mesmo, Topanga. Assine o acordo, se insistir nessa loucura, você vai acabar morto. Eu já desisti do meu pai, ele não vai sossegar até que o matem, mas se você morrer como vamos ficar? Eu .. minhas irmãs e o seu filho? Isso claro se ele for forte o bastante pra se segurar em meu ventre enquanto somos arrastados pela cavalaria atravéz do deserto. 一 resmungou Elise e Topanga baixou o olhar.
一 Mesmo que eu quisesse, eu não posso Elise. Eu disse que ia ficar e muitos decidiram o mesmo por minha influência, mudar de ideia agora seria trair nosso povo e traição é o pior crime que um homem pode cometer. Eles me matariam e nosso filho seria marcado pra sempre como filho de um traidor, isso se o permitissem viver. Você conhece a lei, sabe disso. Mas eu conversei com seu pai, e eu entendo se quiser ir com a caravana, você e suas irmas, mandarei um capataz e alguns negros de confiança para que as protejam. 一 Falou pousando a mão sobre a dela que puxou irritada.
一Então sua honra vale mais que sua família, que seu filho que cresce dentro de mim?
一Do que está falando Elise? Só quero que fiquem seguros.
一Não, você sabe que vão lutar uma batalha perdida, que serão mortos ou presos e nós ficaremos sozinhos! Sabe que não há como vencer e prefere a morte do que ser visto como um traidor de algo que você mesmo não acredita mais.
一Elise... Não torne as coisas mais difícieis do que são.
一Eu estou tornando as coisas difíceis Topanga? Você jurou que me protegeria, eu acreditei em você! Eu me arrisquei por você, reneguei minha fé cristã por você, para que pudéssemos nos casar e agora você está me abandonando grávida para morrer como um herói? Quer que escrevam histórias sobre você? Que façam canções como fazem pra Cavalo Louco? Ele está preso Topanga e a mulher dele está sozinha a própria sorte, isso se não estiver presa servindo de puta para os Waikikis, foi pra isso que me fez sua esposa?
一 Elise se acalme, não é bom pro bebê.
一 Eu não vou ter esse bebe 一 falou juntando o carregador de cima da cama e lançando ao chão, amanhã mesmo resolverei isso, não vou ter um filho que nunca vai conhecer o rosto do pai porque ele escolheu abandona-lo.
一 Elise...一 Falou se aproximando tentando acalmar a esposa.
一 Não me toque, você não quer trair os Cheyennes, mas está traindo a sua esposa! Sua família! Mas eu não faria isso. Jurei que estaria do seu lado até a morte e assim eu estarei, vou ficar e vou tirar com você porquê eu cumpro as minhas promessas, Topanga .
***
Andrew passou a noite ao revirar-se na cama, a conversa com os generais o deixou perturbado. Por mais que entendesse todos os motivos estratégicos para tal manobra, sua consciência era incapaz de conceber aquela ideia de outra forma que não fosse uma vilania estrema. Uma batalha era uma batalha, por mais que nem sempre equilibrada ambos os lados tinham alguma chance, mas aquilo era extermínio. Sabia que não seria a primeira vez, os indígenas da costa americana foram praticamente erradicado com ações como aquelas e por mais que os anos de contato com o homem branco tivesse tornado os peles vermelhas um pouco mais resistentes, tribos como os Mandan ainda eram altamente suscetíveis a doenças como aquela. Sabia que em questão de semanas, metade da aldeia estaria morta, os mais fracos seriam os primeiros. Duzias, talvez centenas de crianças, bebês como seu pequeno Willian condenados a uma morte lenta e dolorosa.
Levantou-se percebendo que não conseguiria pregar os olhos, e serviu-se de uma dose de conhaque, bebendo-a de uma só vez.
一 Eu não posso... 一 Sussurou a si mesmo.
O plano dos generais era perfeito, os mandan dominavam a região e tinham olheiros observando as rotas, eles estavam famintos, seguidamente roubando mantimentos e carroças recheada de grãos, não passariam despercebidas. Seriam levadas pra dentro do vale e partilhadas junto com a varíola que se espalharia rapidamente e transformaria o vale em um cemitério em algumas semanas.
一 Deus, a ti entrego meu corpo e sangue, me diga o que eu devo fazer? Meu senhor bom Deus, me dê um sinal. Por favor me indique o caminho e eu seguirei sem questionar. 一 Orou sobre a pequena mesa de madeira rústica.
No dia seguinte acordou cedo, vestiu seu uniforme e lustrou as botas de couro negro, dirigindo se ao seu posto de comando quando viu um grupo de soldados cruzar os portões com um grupo de indígenas amarrados pelos pulsos esforçando-se para acompanhar o ritmo dos animais. Correu o olhar entre os rostos enquanto o grupo era posto lado a lado, conhecia bem os índios da região e aquelas vestimentas e adornos não faziam parte das culturas locais.
一 E estes aí? 一 perguntou ao se aproximar do oficial sem tirar os olhos do grupo.
一 São da caravana que fugiu. As ordens sai pra reintegrar os m nos hostis a próxima caravana, os outros serão julgados por seus crimes. 一 disse e Andrew assentiu com a cabeça se aproximando de um jovem com rosto pintado de branco e vermelho que o encarava com o olhar firme.
一 Qual seu nome? Conhece a minha língua? 一 Questionou e recebeu uma cusparada no rosto.
一 Waikiki nogento! Vocês são como os vermes, apodrecendo nossa terra com sua sujeira 一 falou e Andrew limpou o rosto com um lenço calmamente e voltou-se a ele
一 Vermes? Eu conheço um Crow de longe, vocês fedem mais do que qualquer outro indio pagão. A maioria de vocês tira da terra o que precisa, levanta acampamento e vai tirar só próximo lugar. Não cultivam, não constroem nada, vivem como animais, sem leis, entregues a prazeres mundanos, sem Deus.
一 Pode enfiar seu Deus no meio da sua bunda 一 retrucou o indígena que levou um soco que o fez cuspir sangue.
一 Nunca mais blasfeme com onome do senhor está me ouvido? 一 falou puxando os cabelos do homem para trás. Agora diga o seu nome seu pele vermelha imundo!
一 O mesmo da puta da sua mãe, Waikiki fedido! 一 retrucou e desta vez Andrew se afastou e correu novamente o olhar pelo grupo até pousar sobre uma jovem mulher a qual agarrou pelo pescoço e lançou aos pés do nativo, apontando sua arma para ela.一 Seu nome! Seu nome infeliz!
一 Cheveyo.
***
Elena soltou um suspiro apaixonado ao ver Tokala dançando. Os olhos negros profundos refletiam a força ancestral de seu povo, enquanto o rosto pintado com pigmentos naturais realçavam sua beleza.
Cada passo que ele dava era uma manifestação de conexão com a terra e os espíritos da natureza. Seu corpo esguio e musculoso se movia em perfeita harmonia com os ritmos dos tambores tribais. Em movimentos fluidos, as longas madeixas negras balançavam no ritmo da dança, criando um efeito hipnotizante, enquanto os membros de sua tribo observavam em reverência, reconhecendo nele não apenas um líder, mas também um guardião de suas tradições e cultura, um elo entre o homem e o mundo que não poderia ser visto ou tocado.
A dança, antes de uma grande partilha era uma celebração da vida, da terra e do espírito indomável de seu povo . E mesmo que dessa vez a caçada não tivesse sido gloriosa como era com os búfalos, Elena sabia o quão importante era aquele momento a eles. Ouviu os passos apressados de Lytonia em sua direção, tirando-a do vislumbre hipnotizante do corpo de Tokalah iluminado pela luz da fogueira reverenciando o grande espírito antes de findar a dança.
一Eu não quero confusão Lytonia. 一Disse ao ver a cara fechada da cunhada que estendeu uma cumbuca com um pedaço de carne a ela.
一 Comida. 一 Disse Lytonia ainda com o semblante fechado.
一 Não precisa ser gentil comigo porquê Tokalah mandou.
一 Até parece que ele manda em mim.一 Falou empurrando a cumbuca a Elena que pegou pra evitar que caísse e logo a cunhada sentou-se ao seu lado. É a primeira vez que ele dança em meses, perder o homem santo e .... Mansir 一falou com um suspiro triste 一 foi duro demais pra ele. E depois... o que ele teve de fazer... Você já deve saber.
一 É, eu sei, tem sido tempos sombrios pra todos.
一 Eu não vou mentir e dizer que estou feliz que está de volta, você é problema ambulante, mas devo ficar feliz por ele. É bom ter meu irmão de volta, nem que seja por uma noite. Então tenta não sumir de novo e .... Fica longe da kimimela.
一 Como ela está?
一 O primogênito dela sacrificou o marido e os dois filhos mais novos dela, como acha que ela está?
一 É foi uma pergunta idiota. Ela deve está péssima num luto sem fim.
一 Não, uma mulher da terra não fica de luto, ela fica furiosa, ela não vai fazer nada contra o Tokah ou Wewomi, eles tem o sangue dela e a mãe terra a amaldicoaria, seu espírito jamais encontraria com sua família, mas eu tenho tomado cuidado e você também deveria.一 falou se levantando 一 Coma antes que esfrie.
一 Vou levar um pedaço pra Enepay.
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