The Beggining
Balançava meu corpo conforme a música, com as mãos de Jered em minha cintura, ele seguia meus movimentos, me fazendo sentir seu membro em minha bunda, já dando seus sinais de vida. Virei pra ele e envolvi meus braços ao redor de seu pescoço, o puxando para um beijo.
Seus lábios logo dominaram os meus, mas logo fomos interrompidos, para nossa frustração.
— Vamos casalzinho, vamos lá pra fora. — falava Scarlett, nos empurrando para fora da mansão — Vai dar meia noite, não podemos perder os fogos. Todos para fora, vamos. — ela gritou, fazendo todos seguirem para área da piscina.
— Vamos lá, contagem regressiva. Dez, nove, oito... — ela começou a gritar, fazendo um coro de vozes se expandirem, acompanhando.
Era a virada do ano, e estava na casa de minha amiga Scarlett para uma mega festa de réveillon. Logo Tris e Becca — também minhas amigas — se juntaram a mim e a Jered, olhando para o céu e esperando ansiosas para a contagem regressiva chegar ao final.
— Sete, seis, cinco, quarto, três, dois, um. Feliz ano novo. — gritou Scarlett levantando sua taça de champanhe, enquanto os fogos iluminavam o céu.
Olhei para Jered e ele sorriu, me puxando para um beijo. Depois abracei Tris e Becca, e nós três abraçamos Scarlett juntas. As quarto amigas inseparáveis.
— Estou contente por estarmos aqui, e triste que esse foi nosso último ano na escola e agora vamos nos separar. — falou Scarlett iniciando seu discurso. — Mas vamos ser sempre as populares da escola. — falou levantando sua taça e rimos.
Scarlett sempre foi popular, desejada pelos garotos e invejada por outras garotas, chamar atenção era o seu lema. Quando entrei no primeiro ano, logo as conheci, e logo comecei a participar do seu grupinho dos populares.
— Hey, querida. — Jered apareceu por trás, me envolvendo em seus braços. — Vem comigo. — dei um rápido aceno para elas e o acompanhei.
Passamos por todos dentro da mansão — a qual eu nunca poderia ter condições para morar um dia — e seguimos para as escadas, chegando ao segundo andar e indo para um quarto.
— Scarlett sabe que estamos em um dos quartos da casa dela? Ela pode não gostar. — comentei um pouco nervosa, porque sabia onde ele queria chegar com aquilo.
— Fica tranquila, querida, falei com ela mais cedo, ela liberou. — falou se aproximando dominando meus lábios. Senti suas mãos descendo pelo meu braço e indo para minha cintura, apertando e me puxando para perto.
Estávamos juntos há três meses, e várias vezes ele já tentou me levar pra cama. Eu ainda não me sentia pronta para isso. Estávamos juntos há tão pouco tempo, tínhamos tanto para nos conhecermos, mas Jered nunca dispensava uma forma de tentar.
Ele começou a me conduzir em direção à cama, me jogando na mesma. Ele deitou seu corpo sobre o meu, sem botar todo o peso, e beijou delicadamente meu pescoço.
— Jered... Espere. — falei o afastando.
— O que foi querida? É ano novo, vida nova, costumes novos, você vai gostar. — ele se aproximou de novo, beijando meu corpo e tentou abaixar a alça do meu vestido.
— Não! — falei subindo minha alça de novo — É sério Jered, eu ainda não to pronta.
— Porra, Kelsey. — ele explodiu — Já tentei várias vezes, e você nunca está pronta, quer saber, to de saco cheio de você. — falou se levantando, indo em direção a porta.
— Espera, porque está fazendo isso? Não é pra tanto.
Ele parou e me encarou.
— Não é pra tanto? Você nunca cede, to de saco cheio de você e das suas frescuras, sendo que lá em baixo, o que mais deve é ter putinha querendo ser fodida, não vou perder mais meu tempo com você. — falou saindo e batendo a porta.
O que aconteceu aqui? Ele era sempre tão paciente, sempre me entendia, e agora só porque eu neguei — de novo — ele ficou irritadinho?
Calma, Kelsey. Deve ser a bebida, ele bebeu demais e acabou se estressando atoa. Não, não era isso, ele estava em sã consciência, ele não estava bêbado e nem alegre, ele estava normal.
Não é possível que todo esse tempo ele só quisesse me comer.
Saí do quarto bufando de raiva, e voltei pra festa, encontrei Tris e Becca conversando e fui até elas explodindo de raiva.
— Nossa. O que te deixou assim? — perguntou Becca, notando o estado que eu estava.
— Jered. Acreditam que ele me deu um fora porque não transei com ele? — elas se entreolharam. — O que foi? Tem alguma coisa que eu não sei? — quando Tris abriu a boca pra responder, meu celular começou a tocar. – Esperem só um momento. – peguei meu celular e virei de costas para elas, vendo no visor do celular o nome da minha mãe. Bufei antes de atender.
— O que foi, mãe? Feliz ano novo pra você também. — falei revirando os olhos, eu falei que ligaria pra ela depois.
— Não é isso, filha. É que estou me sentindo muito mal, tem como você voltar pra casa agora?
— Mãe, deu meia noite agora, ainda nem aproveitei o resto da noite, não deve ser sua pressão? Já tomou o remédio?
— Sim, já tomei e mesmo assim parece que eu só piorei, por favor, volta pra casa?
Bufei.
— Ok mãe, daqui a pouco chego ai. — desliguei meu celular e lembrei que tinha vindo com Jered, em seu carro, fiquei com mais raiva ainda. — Meninas, vocês... — quando me virei, elas não estavam mais lá.
Bufei mais ainda de raiva e fui procurar Scarlett, que dançava loucamente na pista de dança, balançando seus fios loiros.
— Scarlett! — gritei, mas ela não me ouviu e continuou dançando — Scarlett! — gritei mais alto, fazendo seus olhos grudarem em mim. Ela sorriu e começou a me puxar, para dançar. —
Não, eu não posso dançar, preciso ir embora.
— O que? — ela gritou, devido ao som alto — Por quê? A festa ta só começando.
— Eu sei, mas minha mãe me ligou, ela está se sentindo mal, eu vim com Jered, mas brigamos. Longa história, explico depois. — falei já a interrompendo quando ela pensou em abrir a boca para perguntar — Poderia me emprestar um de seus motoristas?
— Claro. Deixa comigo. — ela me puxou, me levando pra garagem. — Bolton, leve minha amiga para sua casa. — ela ordenou ao seu motorista. — Amanhã dou uma passadinha lá, ok? — assenti e a abracei.
Entrei no carro, uma SUV preta e logo Bolton me levou para minha casa. Assim que cheguei, olhei para o apartamento que eu morava. Com certeza não chega nem aos pés da mansão que Scarlett mora.
Subi as escadas, já que não tínhamos elevador e era um mísero apartamento de três andares. Girei a chave na fechadura e abri a porta, vendo que a casa estava em um completo silêncio.
— Mãe? — fechei a porta e entrei, tirando meus sapatos e os colocando no canto da porta. — Mãe? Cheguei. — deixei as chaves na mesinha próxima do sofá, e fui para cozinha. — Mãe? Você está aonde? — olhei ao redor da cozinha, e vi o pote de remédio dela jogado em cima da mesa, com vários comprimidos esparramados. Achei aquilo estranho e fui para o seu quarto. — Mãe? Você está bem? — entrei em seu quarto e ela não estava lá. Olhei para a porta do banheiro, e tinha uma luz passando pela fresta da porta. — Mãe, não me ouviu chamar? — falei entrando e comecei a gritar. — Mãe? Mãe? Você está bem? — ela estava jogada no chão, abaixei e a coloquei em meu colo, tentando reanimá-la — Mãe? O que está acontecendo? Acorda. — eu gritava entre soluços, com lágrimas escorrendo pelo meu rosto. — Por favor, mãe, acorda. — gritei de novo, balançando-a e nada.
Ads by CloudScoutAd Options
Deitei-a em sua cama e a cobri, e fui correndo pegar meu celular. Não tínhamos família, meu pai vivia no Canadá e eu mal tinha contato com ele, e essa situação era de emergência, alguém tinha que me ajudar agora.
Olhei minha lista telefônica e achei "Jered Grey". Sabia que ele estava bolado comigo, mas até alguns minutos atrás ele era meu namorado, ele teria que me ajudar. Botei para discar, e na quinta chamada ele atendeu.
— Eu sabia. Pensou direito, querida?
— Jered, eu preciso da sua ajuda — falei desesperada — Tem como você vir aqui pra casa? Minha mãe, ela está desmaiada, ela não me responde e não acorda...
—Espera Kelsey, uma coisa de cada vez, o que você quer que eu faça? Tenho cara de médico agora?
— Porque você está fazendo isso? Eu estou precisando de você, da sua ajuda, a minha mãe...
— Kelsey, não estamos mais juntos, resolva seus problemas. — e a ligação foi finalizada.
Fiquei completamente em choque, paralisada olhando pro meu celular. Não acreditava que todos nossos momentos juntos não significaram nada pra ele. Não era possível que eu estivesse com um monstro todo esse tempo.
Enxuguei minhas lágrimas e reprimi a dor, tinha coisas maiores para me preocupar.
Liguei para Scarlett, ela teria que me ajudar.
— Hey, e ai? Já ta sentindo saudades? Foi alarme falso? Quer voltar? Mando o motorista te buscar de novo.
— Não, Scarlett, me ajuda, eu cheguei aqui a minha mãe estava desmaiada.
— O que? – ela gritou, parecia não ter ouvido.
— Minha mãe está desmaiada, eu preciso da sua ajuda.
— Desmaiada? Que isso gente, espera ai. Ai Jhon, espera. – escutei algumas risadinhas — Foi mal, pode falar, Kells.
— Esquece. – desliguei o celular.
Seria perda de tempo falar com Scarlett em plena festa de réveillon.
Peguei meu celular e liguei para emergência, foi minha última opção. Enquanto eu esperava eles chegarem, fiquei tentando reanimar minha mãe. Ela estava pálida e gelada, isso estava me preocupando. Tentava ver os batimentos, mas eu não conseguia fazer isso, e podia jurar que ela não estava respirando.
Logo a ambulância chegou, abri a porta desesperadamente.
— Onde ela está? — perguntou um homem grande e barbudo.
— No quarto, siga esse corredor, primeiro quarto à direita. — assim eles fizeram e pediram para eu permanecer na sala.
Fiquei sentada aguardando e eles estavam demorando demais. Logo o mesmo homem apareceu, vindo até mim.
— Olá, boa noite, meu nome é Ben, e o seu?
—Kelsey, Kelsey Jenner.
—Então, Kelsey. Você tem mais algum parente?
— Só vive eu e minha mãe, bom, tem o meu pai, mas ele mora no Canadá.
— Você poderia entrar em contato com ele?
— Por quê?
+++
Depois de descobrir que minha mãe estava morta, estava terminando minha noite de ano novo em uma delegacia. Estava sentada na sala de espera, chorando, enquanto todos ao meu redor tentavam me acalmar e ter notícias de meu pai. Eles fizeram várias ligações, mas ele não tinha respondido nenhuma.
Eu sabia que isso iria acontecer, ele provavelmente estava em algum puteiro comemorando a virada do ano. E tudo que eu mais queria era que ele não atendesse, eu não queria morar com ele, eu não queria ir pro Canadá e viver uma vida de merda mais do que eu já vivia aqui em Los Angeles.
Meu pai era um Gangster, coisa que obviamente eu não informei aos policiais. Mas como sou menor de idade, o pessoal da emergência ligou para a polícia e me deixou nas mãos deles. Agora eu não tinha escolha, eles teriam que entrar em contato com meu outro responsável, e eu teria que morar com ele.
Eu mal via meu pai, a vida de merda que ele levava foi o motivo de minha mãe ter se separado dele antes mesmo de eu nascer. Ele preferiu perder minha mãe e a mim do que largar a vida do crime. E eu também o odiava por isso.
Meu pai faz tudo errado, é um pobre coitado, miserável, não tem nem onde cair morto, sempre envolvido com merdas de tráfico no Canadá, com brigas de rua... Eu realmente não sabia como ele ainda não tinha sido preso. Ou morto.
A única coisa que ele fez nessa vida que realmente prestou foi ele ter gozado na vagina da minha mãe, nada mais.
— Parece que hoje vai ser difícil entrar em contato com ele. — avisou o policial Mike, que estava sendo bem prestativo comigo — Você vai pra casa, a policial Sarah vai estar lá com você.
— Eu posso ficar sozinha, tenho dezessete anos. — exclamei baixo. Ele riu.
— Sei que pode. Você já é uma moça, mas foi muita coisa pra você. Quando amanhecer, eu vou estar lá, para lhe dar mais informações, tudo bem?
— E o motivo da morte dela?
— Tudo comprova que foi uma parada cardíaca, ela tinha algum problema de saúde?
— Tinha pressão alta.
— Já estão analisando o motivo da morte, mas creio que foi isso mesmo, eu sinto muito por sua perda.
Assenti de cabeça baixa, e as lágrimas voltaram de novo.
Ads by CloudScoutAd Options
Se eu soubesse, teria no mesmo instante ido pra casa, não teria perdido tempo falando com ela pelo telefone, teria logo desligado e ido correndo pra lá. Solucei ao me lembrar da nossa última conversa, e ela ainda me disse que não estava bem, porque não deixei de ser teimosa e desliguei logo o celular e fui correndo pra casa?
A policial Sarah me levou para casa, e ficou comigo até amanhecer. Ela estava sendo bem prestativa. Logo no dia seguinte, como prometido, o policial Mike estava lá.
— Trouxe uma boa notícia, conseguimos nessa manhã falar com seu pai — que bosta — ele ficou chocado com tudo e quer que você ligue pra ele imediatamente.
Revirei os olhos por pensamento, para Mike não desconfiar de alguma coisa, e peguei meu celular, discando o número de meu pai.
Fui para meu quarto assim que ele atendeu.
— Filha? Você está bem, Kelsey?
Suspirei ao ouvir aquela voz de novo, imagine ouvir todos os dias?
— Estou. Eles que estão fazendo drama com isso, posso ficar sozinha.
— Não, não pode. Você só tem dezessete anos, você vai vir morar comigo.
— Eu não quero ir, quero ficar em Los Angeles. – insisti, essa era minha vida, eu que tinha que decidir como quero vivê-la.
— Você é menor de idade, não tem que querer.
— Mas esse ano já faço dezoito, então não tem problema.
— Você faz dezoito daqui a onze meses, falta muito até lá, não pode ficar sozinha, é menor de idade, você vai vir morar comigo, pelo menos até completar dezoito.
— Eu sou americana, já pensou nisso? Como vou conseguir um visto assim, pra morar no país? Sem estudar ou trabalhar? E não adianta falar que vai arranjar trabalho pra mim, não vou fazer qualquer merda.
— Eu também era americano e consegui, sua mãe também, ou se esqueceu que ela morava no Canadá antes de me abandonar? — como eu fiquei em silêncio, ele prosseguiu — Agora me escuta, Kelsey, isso já está resolvido.
— Como assim?
— Os policiais conseguiram um visto provisório, só venha pra cá, o resto é com o seu papai aqui.
Senti repulsa ao ouvi-lo falar assim.
Desliguei o celular bufando de raiva. Eu teria que ir para o Canadá, não teria escolha, ele ainda podia mandar em mim.
Fui para a sala, encontrando os dois policiais a minha espera.
— Vou ter que ir pro Canadá. — falei suspirando pesadamente — Só gostaria de ir pelo menos ao enterro de minha mãe.
— Não se preocupe, já cuidamos disso, hoje é o enterro, esteja pronta às duas horas, ás cinco é seu voo para o Canadá.
— Mais já? Pensei que teria pelo menos hoje.
— Não, não temos tempo, você é menor de idade e precisa ficar com seu pai, não tem como ficarmos cuidando de você, e o visto é provisório, em menos de dez dias você irá precisar de outro visto.
— Meu pai falou que isso é com ele, então... — dei de ombros.
Já poderia imaginar o que meu pai iria aprontar, com certeza iria subornar para conseguir com que eu ficasse no país.
Só tive tempo de arrumar as coisas essenciais em minha mala, com a ajuda de Sarah, tomar um banho e colocar uma roupa que seria apropriada pro enterro e pra viagem.
Escolhi uma calça jeans, uma blusa preta de manga e um tênis All Star. Foi o melhor que consegui.
Tive mal tempo para aceitar a morte de minha mãe, e já estava tendo minha vida virada de cabeça pra baixo. Eu enfrentaria a amostra do inferno indo morar com o meu pai.
Quando estava ajudando Sarah a levar as malas pro carro de polícia — já que ela me levaria ao enterro e ao aeroporto, porque eles cuidaram de tudo pra mim — Scarlett apareceu com seu conversível vermelho.
— Hey? — ela olhou para o carro, para as malas, para policial e para mim. — o que houve?
— Vou deixar vocês duas a sós e pegar o restante das coisas. — falou Sarah voltando pro apartamento.
— Lembra ontem a noite que eu te liguei e falei que minha mãe havia desmaiado? — perguntei, fazendo Scarlett ficar pensativa.
— Me lembro vagamente de alguma coisa assim.
— É claro, estava ocupada demais curtindo sua festinha e recebendo uns amassos com Jhon. — falei batendo a porta do carro.
— Hey, calma ai, o que foi que eu te fiz?
— Quando eu precisei de você, você não me ajudou, nem se importou pelo o que eu estava falando, nem me ligou de volta, minha mãe está morta, Scarlett. — gritei as palavras.
Ela arregalou os olhos, pelo menos parecia assustada com a revelação.
— Ai meu Deus. — ela botou a mão no peito — Eu sinto muito, Kells, não sabia que a situação estava tão ruim assim.
— Não precisa sentir pena, e não me chame mais assim, estou indo embora mesmo.
— Porque não ligou pro seu namoradinho? Era com ele que você deveria estar nervosa, e não comigo.
— Eu liguei, e sim, também estou nervosa com ele, ninguém se importou com nada.
— Quer saber? — ela se aproximou, me encarando — Você deveria beijar meus pés, porque fui eu que te fiz à popular, sem mim, você seria nada. — ela cuspiu as palavras — Acha mesmo que todo mundo gosta de você? Jered, Tris, Becca? E os outros? Ninguém se importava com você, fui eu que fiz quem você é, Jered nunca olharia pra você se você não pertencesse ao meu grupo. — ela se virou e seguiu em direção ao seu conversível.
Sabe quando você leva um tapa na cara e fica completamente em choque? Eu estava assim naquele momento.
— E outra coisinha? — ela parou no meio do caminho, me olhando — Todas as vezes que você deixava Jered de pau duro e o dispensava, era pra minha casa que ele corria, porque pelo menos eu, o satisfazia. — deu uma piscadela e entrou em seu carro, rindo da minha cara.
— Sua vagabunda! — gritei, indo em direção ao carro, mas ela já tinha dado partida.
Consegui bater na capota do carro, mas foi em vão, ela saiu cantando pneu. — Sua puta, é isso que você é. — gritei para o carro que estava desaparecendo no horizonte, quando Sarah voltou.
— Ei? O que está acontecendo?
— Nada, vamos embora, preciso ir embora. — falei entrando no carro.
Parece que tudo que eu vivi foi uma mentira nesses três anos. As amigas que eu achava que tinha, na verdade, nem ligavam pra mim. Jered só queria me levar pra cama pra se gabar pros amigos depois. Scarlett era a puta das mais putas que já conheci na vida, como eu tive coragem de chamá-la de melhor amiga?
Chorando mais uma vez, seguimos para o cemitério. Toda minha vida tinha desmoronado. Não tinha amigos, namorado, ninguém para me apoiar.
Estava apenas eu, sozinha, com uma policial que acabei de conhecer que estava sendo mais minha amiga do que aquelas três putas juntas.
— Está pronta, Kelsey? — perguntou Sarah, quando meu tempo já tinha acabado, e precisávamos ir ao aeroporto.
Assenti e coloquei uma rosa em cima do túmulo, dando um último adeus à minha mãe.
Elisabeth Helen
1975 - 2014
Mãe amada e dedicada.
Uma onda de lágrimas me dominou, foi como se eu tivesse perdido o controle sobre mim mesma. Como se agora a fixa tivesse caído. Eu perdi minha mãe, a única coisa nessa vida que eu me importava, que eu amava e que se importava comigo. Eu não tinha mais nada, não tinha mais ninguém em quem me apoiar. Como eu seguiria em frente?
Seguimos para o aeroporto, e Sarah cuidou de tudo por mim.
— Seu portão de embarque é aquele. — ela apontou e eu segui com o olhar — Assim que chamar é só você ir.
— Ok, obrigada Sarah, de verdade.
Ela sorriu.
— Não se preocupe. As coisas estão ruins agora, tudo vai melhorar.
Se você conhecesse meu pai, não teria tanta certeza disso.
— Obrigada. — a abracei.
— Hey. — escutei uma voz masculina atrás de mim, sorri achando ser Jered, mais dei de cara com Mike. — Vim lhe desejar boa viagem e uma boa mudança de vida.
— Obrigada Mike. — o abracei e peguei minha bolsa.
— Obrigada pela ajuda.
— Seu pai estará lhe aguardando no aeroporto. — avisou Mike.
— Ok, obrigada mais uma vez. — fui em direção ao portão de embarque, assim que ouvi meu voo sendo anunciado.
+++
Assim que botei meus pés no aeroporto de Toronto, olhei ao redor, para ver se o encontrava. Não o via á mais de quatro anos, mas acho que ele deveria estar a mesma coisa de antes.
Logo avistei um homem com cabelo penteado pra trás, com uma camiseta super broxante, balançando os braços pra mim. Meu pai.
Fui até ele, que me olhou de cima até em baixo.
— Quase não te reconheci. Está enorme, Kelsey. — ele me abraçou.
— Deve ser porque tenho dezessete anos, e da última vez que me viu eu tinha treze? — falei sendo irônica, ele apenas riu.
— Sempre com o mesmo humor. Agora vamos, tenho negócios para resolver.
Eu iria fazer uma piadinha, dizendo "Que negócio? Matar alguém?", mas preferi ficar quieta. Entramos em sua Fiat velha e do tempo do ronca, e fomos o caminho em silêncio, escutando barulhos estranhos no motor. Lá vai eu ser mais pobre do que já era.
— Então... — ele limpou a garganta — Temos uns assuntos sérios pra tratar.
— Que tipo de assunto? — perguntei séria, mantendo minha atenção na janela.
— Você está com o visto provisório, de dez dias, você precisa do visto de um ano, isso eu vou arranjar. Mas para permanecer no país por tempo indeterminado, como é o seu caso, você precisa da nacionalidade canadense.
— E como eu consigo isso? — falei olhando pra ele.
— Ai que a situação muda. — ele fez uma pausa, e isso estava me deixando com medo do que poderia vir — Para conseguir isso do jeito mais fácil, você precisa se casar com um canadense.
— O que? Isso é loucura, claro, é óbvio que tem outra opção, não é? — perguntei sorrindo, e como ele não respondeu, meu sorriso desapareceu. — Espera ai, eu vou ter que me casar? Não é assim, como vou conhecer alguém em tão pouco tempo, me apaixonar e me casar?
— Não precisa conhecer, nem se apaixonar, só casar.
— Como assim? — perguntei incrédula.
— Já arranjei alguém que aceitou se casar com você.
— O QUE? — gritei — Como você ousa fazer isso? Está louco? Eu nem o conheço.
Legal. Meu pai estava conseguindo me fazer odiá-lo mais do que eu já odiava.
— Vai conhecê-lo, e é só por um ano, até conseguir o visto.
— Isso é loucura, você está me entregando nas mãos de um homem desconhecido. — cheguei a me arrepiar em imaginar um velho como ele tocando em mim.
— Não se preocupe, você vai gostar. — ele riu pelo nariz — Todas gostam, ele é novo, têm vinte aninhos, todo galã, todas morrem de amores por ele.
— Nossa, que ótimo. — falei com deboche, tudo que eu menos precisava agora era de um segundo Jered.
— Seu nome é Justin. — ainda por cima com a letra "J" de Jered, piorou ainda mais a situação. — E ele é um dos maiores mafiosos do Canadá, então cuidado com o cara.
— Puxa. Perfeito. — ironizei, batendo palmas pra ele — Vai me botar nas mãos de um criminoso? Ele pode fazer o que quiser comigo, você é louco? Que tipo de pai é você? — porque na verdade, ele até pode ser o meu pai de sangue, mas nunca foi meu pai de verdade.
— Não se preocupe, já cuidei disso também. Ele não tem permissão para tocar em você.
O encarei, e ficamos em silêncio por um tempo.
— Não tem? E quem te garante que ele vai cumprir isso?
— Eu, eu garanto, fique tranquila, dessas paradas eu resolvo.
— E porque ele topou te ajudar?
— Vamos dizer que vamos fazer uma parceria ai, mas disso você não precisa saber.
Bufei. Já sabia que tipo de parceria seria. Com certeza é algo envolvido com tráfico, e eu sou só um boneco marionete no meio disso tudo.
— Eu não tenho opção?
— Não.
— É só por um ano mesmo? Depois vou poder me separar dessa coisa? — perguntei e ele riu.
— Vai sim, tem um contrato e tudo, que vocês vão assinar amanhã.
Senti meu corpo enrijecer.
— E quando vamos nos casar?
— Em menos de uma semana.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro