Night Life
Eu comecei a voltar atrás sobre o lance de "Não estar nervosa" assim que entrei nesse lugar. O ambiente todo fechado e escuro, apenas sendo iluminado pelas luzes que piscavam conforme a batida da música. Vários Polly Dance espalhados pelo local, com mulheres completamente nuas sobre eles.
Abri minha boca em um perfeito "O" ao ver tudo aquilo. Elas estavam nuas e se esfregando nos homens, ali mesmo, na frente de todos.
Outras estavam mais "comportadas", ainda com seus seios e sua intimidade tampada, mas que com certeza não estariam mais ao longo da noite.
— Que lugar é esse que você me trouxe? — gritei no ouvido de Justin, para que ele pudesse me ouvir.
— Uma boate de Stripper, o que tem demais nisso? — disse, como se fosse a coisa mais simples do mundo.
— Nunca estive em um lugar assim antes, isso é nojento, Justin.
— Isso é diversão, relaxa, você vai gostar. — então ele soltou minha mão e foi falar alguma coisa com Ryan. Caitlin se aproximou já balançando seu corpo conforme a música e com duas bebidas na mão.
— Servida? — ela levantou um copo, fiz que não com a cabeça e ela deu de ombros, bebericando um drink e depois o outro.
— Vocês costumam vir sempre nesses lugares?
— Sempre, vai se acostumando. — ela sorriu e voltou a dançar, até Justin chegar e cortar o seu barato.
— Tem uma parada ai acontecendo, preciso que todos vocês venham comigo. — ele disse para todos, menos para mim. — Kelsey, fique aqui, vou mandar Castiel ficar com você, já voltamos.
— Vai me deixar sozinha? — questionei, perturbada e bolada ao mesmo tempo.
— Qual a parte do "Vou chamar o Castiel" você não entendeu? — rebateu, já perdendo sua pouca paciência.
— Mas até ele chegar vou ficar sozinha, e tem um monte de homens nojentos aqui, fora que nem conheço o lugar...
— É só ficar aqui parada, porra, não tem nenhum mistério nisso, já voltamos. — então se virou saindo, sendo seguido pelos garotos e por Caitlin, que me lançou um olhar de desculpas.
Bufei de raiva e cruzei meus braços olhando ao redor. Havia alguns homens nojentos me fitando, como se estivessem me imaginando nua e de quatro, coisa que eu não duvidava muito.
Então as luzes que antes estavam piscando, se apagaram. As cortinas se abriram e duas loiras gostosas pra caralho entraram no palco, com suas roupas minúsculas exibindo o corpo perfeito.
Sentiria inveja se eu não soubesse que era linda e gostosa também.
As duas começaram com suas apresentações, elas realmente eram muito boas no que faziam. Elas giravam, empinavam a bunda, desciam e dançavam conforme a música, deixando qualquer marmanjo ali de pau duro em um estalo de dedos.
Assim que a apresentação acabou, o palco estava cheio de grana, fiquei chocada com o quanto essas mulheres deveriam faturar com apenas uma noite.
Agora sim senti uma pontinha de inveja, não pelo fato da forma como conseguiram o dinheiro, mas pelo fato de que eu queria ser tão sensual quanto elas.
Elas deixaram todos esses homens de quatro, eu adoraria deixar uma certa pessoa assim.
Então logo depois avistei uma das loiras que estava no palco até agora pouco indo pro bar. Olhei ao redor e nada de Castiel, e ela era a única mulher mais perto e que me pareceu mais confiável, então fui até o bar, me sentando ao seu lado.
Queria puxar assunto, mas não sabia o que falar.
Qual é a maneira certa de puxar assunto com uma stripper?
"E ai? Quantas vezes você já tirou a roupa hoje?", não, não seria nada legal perguntar isso.
— Vem cá, você tá perdida, né? — a bela Stripper perguntou, me fazendo olhar para ela assustada, não sabia que ela se quer havia me notado ali, e agora era tarde demais para correr e me esconder.
— Está tão na cara assim?
— Se não estivesse na cara eu não teria perguntado.
— Curta e grossa, já gostei de você... — pausei, confusa ao lembrar que não sabia o seu nome. — Qual seu nome, a propósito?
— Gabrielle Williams, você deve encontrar esse nome em dois túmulos por aí. E o seu?
— Torço para que seja apenas o seu senso de humor. — dei risada. — Kelsey, Kelsey Jenner.
Ela me cumprimentou com a cabeça, levantando levemente o seu copo.
— Meu senso de humor não é tão bom assim. — ela disse, revirando os olhos. — Mas e aí, o que uma menor de idade está fazendo em uma boate de strippers em Vegas?
Arregalei meus olhos, espantada.
— Como sabe que sou de menor? — entrei em pânico ao pensar que ela poderia acabar me dedurando e eu acabaria sendo expulsa da boate, o que resultaria em um Justin furioso no final da noite.
— Relaxa, se eu tivesse sido expulsa de todas as boates que na época eu era menor de vinte e um, não estaria aqui agora. — relaxei meus ombros, soltando um suspiro.
— Vi você no palco, quer dizer que faz isso a muito tempo?
— Pode se dizer que sim. — ela deu ombros, levando a bebida até a boca e dando mais alguns goles. — Um Sex On The Beach pra ela. Minha conta. — disse ao garçom.
O garçom rapidamente providenciou a bebida, colocando uma taça com um líquido vermelho e amarelo com bastante gelo em minha frente.
— Obrigada, Gabe... Posso te chamar assim? — perguntei olhando pra ela de rabo de olho enquanto bebericava a bebida. De bebidas eu conhecia, e muito bem.
As festas que Scarlett costumada dar sempre tinha as mais variadas bebidas.
— Até os que querem me matar me chamam assim, claro que pode.
Dei risada e bebi mais do meu Drink. Ela tinha um bom senso de humor, pelo menos eu esperava que realmente fosse apenas isso.
Olhei para baixo, notando algo em sua perna, pra ser mais clara: na cinta liga. Uma arma.
— Nunca viu uma arma, gata? — ela ironizou.
— Na verdade, ando vendo muito ultimamente. — me remexi desconfortável. Não queria que a nossa conversa levasse esse rumo, seja lá qual for a coisa que ela estivesse envolvida, só dizia respeito á ela, eu já estava envolvida demais nisso tudo. — Você aprendeu a dançar daquele jeito sozinha? — mudei de assunto, e como ela não é boba nem nada, ela notou a mudança repentina.
— No início, sim. — ela fez uma pausa, pude notar a diferença em sua voz. Dor? Talvez. Algo sobre isso que era dolorido demais em seu passado. — Quando você precisa sobreviver, Kelsey, você vai notar que tudo é uma questão de querer e poder. Se você precisa, você consegue. Simples assim.
Fiquei olhando para ela enquanto ela bebericava de novo o seu Drink quase acabado.
Tudo que eu estou aguentando e vivendo nesse momento com certeza vale muito sobre isso. Estar com Justin, nessa nova vida, não é uma questão de escolha, e sim ser necessário, ser o que eu preciso. Quando você está em um precipício, a melhor opção sempre vai ser a mais válida.
— Temos mais coisas em comum do que imagina. — sorri pra ela, o que fez ela retribuir o sorriso. Eu soube naquele momento que ela havia entendido que eu também estava no mesmo barco que ela. — Mas voltando ao assunto da dança, digamos que eu queira aprender... Você me ajudaria com isso?
— Claro, desde que você me fale por que precisa da minha ajuda.
Revirei os olhos e sorri envergonhada.
— Tem um filho da puta... — um sorriso convencido apareceu em seu rosto, com uma sobrancelha sendo arqueada. — E ele é bem convencido de si... — ela fez uma expressão irônica de que sabia do que eu estava falando, e eu não duvidava nada. — Eu só queria mostrar a ele que pelo menos por uma noite eu posso ter ele comendo em minhas mãos.
Seu rosto se encheu em determinação.
— Você encontrou a pessoa certa, então. — ela se levantou, encarando um homem do outro lado, que parecia estar fazendo sua proteção. Ela levantou dois dedos, num cumprimento, então voltou seu olhar para mim e eu havia entendido a deixa. Ela iria me levar para outro lugar.
Não que eu aconselhasse acompanhar uma loira desconhecida, muito menos armada, mas o que mais eu poderia perder?
Comecei a desviar dos corpos na multidão tentando alcançá-la e logo já caminhávamos por uma área mais tranquila, que tinha mais mesas e balcões. Assim que paramos em frente ao guarda, ele levantou uma sobrancelha para Gabe.
— Pode chamar o chefe, se quiser. — ela disse dando de ombros, e o guarda cruzou os braços. Eu estava parada ao seu lado, apenas observando. — Ou eu mesma chamo. Gwen Millar. — o guarda a fitou por um tempo.
— Nenhuma Gwen, muito menos Millar, trabalha aqui. — Gabe abriu um sorriso falso para ele.
— Gabrielle Williams. — os olhos do guarda endureceram. Com certeza ela não era apenas uma stripper qualquer, seu nome havia um peso ao ser pronunciado.
— E quem é essa garota com você, Srta. Williams? — os dois seguiram seus olhares para mim.
— Minha irmã mais nova, Ever Williams. Quero mostrar para ela o local.
Olhei para ela espantada — mas sem dar bandeira ao guarda de que essa história era mentira — e ao mesmo tempo queria rir daquela situação. Ele nos olhou de cima até em baixo, dando de ombros logo depois e puxando o trinco que abriu a porta. Acho que pela nossa aparência e por sermos loiras, ele considerou essa hipótese.
Fiquei chocada por realmente termos conseguido, fazendo Gabe levantar uma sobrancelha para mim enquanto caminhávamos em direção a uma porta com uma estrela dourada reluzente em baixo do nome dela: Gabrielle Williams.
Ela parou na porta de seu camarim com a mão no trinco e olhou para mim.
— O que acontecer dentro dessa sala, fica aqui. Estamos entendidas?
— Sim, senhora. — bati continência, igual um militar, sendo irônica, o que faz Gabe trincar o maxilar antes de me deixar entrar em seu camarim.
— Se você me chamar de senhora mais uma vez, você vai perder alguns dentes.
Eu ri, não me importando com a ameaça, mesmo sabendo que ela seria capaz de algo pior.
Quando entrei no camarim, fiquei maravilhada.
Chão de mármore pendendo entre o bege e dourado, paredes na mesma cor, mas um pouco mais escuras. Um sofá de couro, um balcão, uma penteadeira, um banheiro do caralho, uma mesinha de centro cercada por várias poltronas, sendo que na mesinha e em duas poltronas estavam cheias de coisas da Gabe espalhadas. Um notebook em cima do sofá, um frigobar, um espelho de corpo todo, um Polly Dance com uma poltrona virada pra ele, uma cama e em cima da penteadeira havia uma maleta prata lacrada, o que me deixou curiosa.
— O que tem dentro? — apontei para maleta prateada, com meu olhar curioso encontrando os de Gabe.
— Um milhão de dólares. — disse dando de ombros, como se fosse simples ter um milhão em sua penteadeira. Talvez pra ela fosse.
— Ok, Gabe, muito interessante seu camarim, e sua maleta um milhão. — sorri fraco — Mas podemos ir logo pra parte que você me ensina? Quando derem minha falta... Não vai ser legal.
Ela deu ombros.
— A noite é nossa, assim como a casa. Relaxa. — ela olhou para a porta rapidamente, indo até o notebook e abrindo ele, dando uma analisada em algumas coisas que eu não fazia ideia, depois ela se levantou do sofá, fechando a tela do notebook novamente e abrindo um sorriso. — O que acontece em Vegas, fica em Vegas, não é mesmo?
E o que aconteceu dentro daquele camarim, fica dentro dele.
— Se precisar de alguém pra se meter em problema, você tem meu número. — ela piscou para mim, parando do lado da porta.
— Se meter em problemas é comigo mesma. — devolvi a piscadela, abrindo um sorriso. — Tenho que ir, cuidado e ande pela sombra. — falei me virando e saindo do corredor, andando em direção da multidão.
POV. Justin
De paredes com molduras, bares chiques e boa iluminação, o ambiente mudou drasticamente para paredes escuras e ásperas, com um ar frio e pouca iluminação. Fomos levados até um calabouço, uma parte subterrânea da boate, onde de tudo (além lá em cima) acontecia.
— Bieber, estou tão feliz de vê-lo de novo. — Bruce disse sorrindo, com um charuto em sua mão, sentado em uma mesa com uma lâmpada em cima de suas cabeças com mais três homens ao redor, jogando Pôquer. Mas eu sabia que ele estava sendo falso. Nem eu e nem ele estávamos felizes de estar no mesmo ambiente.
A última vez que nos vimos foi no dia em que Mikael descobriu sobre o carregamento que eu iria roubar dele. Bruce e Mikael eram braço direito, melhores amigos, assim como eu e Ryan, o que tornava eu e Mikael mais parecidos do que eu gostaria.
— O que você quer, Bruce? Não deveria estar na festinha de Mikael?
— Deveria, mas Mikael sabe como eu sou, apareço um pouco por lá e depois venho curtir na minha própria área — ele tragou um pouco do charuto, soltando a fumaça logo depois. — E se você não sabe, essa festa de hoje que está rolando lá em cima foi eu que organizei.
— Nossa, que sorte a minha. — ironizei.
Acabei de roubar seu melhor amigo e agora estava em uma festa organizada pelo próprio.
Porque ironia é tudo.
— Quando soube pelos meus seguranças que Justin Bieber havia passado pelas portas da boate, eu não acreditei, tive que pedir para que eles lhe trouxessem para eu ver com os meus próprios olhos.
— Agora já me viu, continuo rico e sexy como sempre, satisfeito? Posso ir?
Ele riu, com seus amigos em volta o acompanhando.
— Mikael sempre me falou do seu senso de humor irônico, e ele estava certo, você é bom em ser irônico.
— Não que isso seja mentira. — dei de ombros — Mas é sério, Bruce, não temos nada o que resolver, pelo menos não agora, estou indo embora. — me virei para sair, com os caras e Caitlin prestes a me acompanhar se Bruce não tivesse interrompido a minha saída perfeita.
— Ainda não. — parei e me virei, encarando seus olhos. — Primeiro uma partida de Pôquer, se ganhar, pode ir, se não ganhar, vou querer alguma coisa sua em troca.
— Vai se foder, não tenho nada pra resolver com você, já disse.
— Vai se foder você, seu fedelho. — disse ríspido — Não tem escolha, é isso ou... — ele olhou para os seus seguranças que levantaram suas armas para nós.
Estávamos na desvantagem, mesmo que eu conseguisse acionar meus seguranças, eles poderiam não chegar a tempo. Fora que estávamos na boca do leão, qualquer disparo já estaríamos no saco.
— Tudo bem. — disse me sentando na cadeira vazia ao redor da mesa — E traga Whisky.
POV.Kelsey
Depois de alguns minutos perdida no meio da multidão, uma mão segurou em meu ombro, me fazendo virar e dar de cara com Castiel.
— Onde esteve? Justin me mandou para o local onde estava, perto do bar, mas quando cheguei lá você simplesmente tinha desaparecido.
A voz de Gabrielle ecoou em minha cabeça dizendo: "O que acontecer dentro dessa sala, fica aqui. Estamos entendidas?"
— Eu precisava de um banheiro, desculpe se ficou preocupado. — inventei a mais antiga das minhas desculpas, mas ele pareceu visivelmente aliviado, relaxando seu ombro e segurando minha mão, fazendo meu coração acelerar.
— Aconteceu alguma parada ai inesperada, Justin me pediu... — antes que ele terminasse, Justin apareceu andando de pressa, com seu cenho franzido, parecia preocupado. Notei logo atrás os garotos e Caitlin com a mesma expressão, olhando atentos para todos os lados. Algo errado havia acontecido.
— O que houve? — perguntei confusa.
— Precisamos sair daqui, agora. — Justin disse me puxando pelo braço com uma mão, e na outra ele tinha sua arma, que eu nem tinha notado.
— O que houve? — voltei a perguntar mas minha pergunta foi respondida quando um cara tentou atirar contra nós.
Justin me jogou no chão com ele se jogando junto. A música parou e todos ao redor começaram a gritar, correndo para todos os lados. Vi todos se jogarem no chão (os garotos, Caitlin...) e pegando suas armas. Justin derrubou uma mesa, fazendo ela de escudo e me deixou atrás dela. Castiel se aproximou e se jogou ao meu lado, pegando sua arma e fazendo minha proteção.
Sim. Havia alguma coisa muito errada acontecendo, agora o que exatamente eu não sabia, a única coisa que eu sabia era que tínhamos que dar os primeiros disparos e torcer para que nenhum nos atingisse de volta.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro