Happy New Year
Girei a chave na ignição e saí da garagem com as grandes grades dos portões se abrindo permitindo a minha passagem. Era cedo, por volta das sete e pouca da manhã, não havia conseguido pregar o olho a noite inteira com pensamentos, pensamentos e mais pensamentos.
Faltavam sete dias para o ano novo e grandes escolham teriam que ser feitas.
Logo depois do ano novo a papelada do divórcio iria sair, sei que prometemos um ao outro de não assinar, mas era isso mesmo que eu queria?
Eu iria querer ter a vida que sempre odiei e que minha mãe sempre fugiu?
Qual era o propósito disso tudo? Nada fazia sentido, por que ficar presa a algo que eu sempre me mantive longe?
Justin. Ele era a resposta de tudo.
Estando ao lado dele era o que importava, seria por ele que eu iria fazer isso.
Virei na próxima esquina e de repente uma BMW preta apareceu atrás de mim, de forma agressiva e rápida. Achei suspeito, ninguém entraria atrás de você dessa forma ás sete e pouca da manhã, só se estivesse atrasado para o trabalho.
Virei em outra rua só para ter certeza do que eu estava suspeitando e o carro me acompanhou, virando logo atrás de mim.
Meu coração acelerou e minhas mãos começaram a soar frio.
Eu estava sendo seguida.
Tentei agir normalmente, a pior coisa é entrar em pânico e comecei a tentar pensar em algo.
O que eu iria fazer? Pensa Kelsey, pensa.
A única coisa que consegui pensar foi em acelerar, eu teria que correr ao máximo até despistá-lo ou pelo menos até eu encontrar um estabelecimento com muitas pessoas.
Então foi o que eu fiz, pisando fundo no acelerador e sentindo meu Audi flutuar no asfalto, segui em alta velocidade pelas ruas. Como eu suspeitava, a BMW também aumentou a velocidade. Virei na próxima esquina e pisei fundo, olhei pelo retrovisor e a BMW fez uma curva perfeita e pisou fundo em minha direção.
Seja quem fosse que estava atrás do volante, sabia muito bem manusear o carro.
Minhas pernas começaram a ficar bambas, eu estava tão nervosa, e se alguma coisa desse errado? E se ele conseguisse me pegar?
Olhei para o lado e vi minha bolsa em cima do banco de passageiro. Estiquei um braço e tentei abrir o zíper da bolsa para pegar meu celular, sem sucesso. Puxei a bolsa pro meu colo e voltei a atenção no transito que havia poucos carros e com o cotovelo do meu braço esquerdo, eu tentei apoiar a bolsa, com minha mão no volante para controlar o carro, e com a outra mão tentei mais uma vez puxar o zíper.
Dei uma última olhada pelo retrovisor vendo a grande BMW na minha cola, depois olhei para frente vendo que estava chegando no final da rua. Segurei rapidamente no guidão e virei com tudo pra esquerda, tentando virar na rua do lado, mas o carro derrapou e seguiu em direção ao poste.
Escutei um barulho estrondoso antes das minhas vistas escurecerem.
Abri meus olhos lentamente, os fechando logo depois por causa da forte claridade.
— Desculpe, assim está melhor? — escutei uma voz masculina que eu não reconhecia. Logo uma sombra cobriu os meus olhos, e assim eu consegui abrir meus olhos. Os abri lentamente, vendo uma grande sombra na minha frente, mas quando minha vista ficou mesmo turva consegui ver perfeitamente quem era.
Mikael Bakerville.
Ele estava ajoelhado no chão e curvado em cima de mim, para esconder a claridade do sol, facilitando eu poder abrir os meus olhos.
Um desespero tomou conta do meu corpo e tentei levantar, gemendo alto de dor logo depois. Coloquei minha mão sobre a cabeça onde latejava.
— Você bateu a cabeça, é melhor ficar quietinha.
— O que você quer? — revidei, ríspida.
— Não queria que nada disso tivesse acontecido.
— Ah é? Olha só, você já fez. — disse me referindo ao acidente.
— Você fez isso com sigo mesma, só queria bater um papo, conhecer melhor a Sra. Bieber.
— Pois a Sra. Bieber não está nem um pouco afim de te conhecer.
— Mas eu estou, e estou muito intrigado. — ele coçou seu queixo, me analisando.
— Intrigado com o que? Não tem nada aqui para ficar intrigado. — perguntei preocupada, seja lá o que for, conseguia sentir que não era coisa boa.
— Como você e o Bieber se conheceram?
— Porque quer saber?
— Só quero conhecer a você um pouco, já disse.
— Você não precisa me conhecer.
— Você não está facilitando, Jenner — senti suas palavras ríspidas. — Como se conheceram?
Fiquei sustentando seu olhar por um tempo até que resolvi contar a nossa história falsa.
— Nos conhecemos em uma das viagens de Justin, ele esperou eu terminar o ensino médico e me trouxe para o Canadá para viver com ele, e então nos casamos. — dei de ombros. Ele continuou parado me observando através dos seus óculos escuros, então de repente ele começou a gargalhar, gargalhar mesmo.
Fiquei sem reação, não sabia o que fazer ou o que falar.
— Você é uma otária mesmo, acha mesmo que eu iria cair nesse papinho de "Uma linda história de amor"? — ele riu mais um pouco e então tirou seus óculos escuros me fitando com seus olhos azuis. — Você é americana, não canadense, seu pai é um Gangster de merda, Parker Jenner... — ele se aproximou, encostando seu nariz no meu, fazendo meu coração disparar e um pânico me dominar. — E seria uma pena se eu te dissesse que esse casamento é por contrato. — então ele deu uma piscadela e se afastou, colocando de volta seus óculos escuros e se levantado, tirando a terra da calça Jeans.
Ele começou a caminhar em direção a sua BMW. Olhei para o lado e vi meu Audi destruído contra o poste. Mikael parou antes de entrar em seu carro e voltou a olhar pra mim.
— Gostei de levar esse papo com você, Kelsey, nos veremos em breve. — ele sorriu e então entrou em seu carro. Soltei o ar de alívio quando vi sua BMW virando na outra rua, desaparecendo.
Tentei me sentar, sentindo ainda algumas pontadas na cabeça, mas sabia que iria ficar bem. Fui engatinhando em direção ao carro e encontrei minha bolsa. Achei meu celular e o peguei, ligando rapidamente para Justin.
—Não está sentindo nada? — Justin perguntava pela milésima vez. Já estava deitada no sofá da sala, tomada banho e examinada pelo médico, mas Justin insistia em saber se eu estava sentindo alguma coisa.
— O remédio que o doutor indicou ajudou a aliviar a dor da cabeça, eu vou ficar bem. — ele pareceu aliviado mas continuava me encarando como se eu fosse gritar por socorro a qualquer momento.
— Você não podia ter saído sem proteção, Kelsey, sabe o perigo que correu? — Justin estava visivelmente nervoso, nem tanto pela situação em si, pelo fato de Mikael ter descoberto tudo, mas sim pelo fato de que eu poderia estar morta agora.
— Eu só precisava pensar um pouco, só isso.
— Então pensasse com seguranças armados do seu lado.
Revirei os olhos.
— Mikael está me irritando, eu mesma vou estourar a cabeça dele. — Caitlin disse, colocando sua arma na cintura e indo em direção a porta, mas Christian e Nolan a impediram no mesmo instante.
— Está louca? Vai fazer o que? Entrar no território dele e ser morta, que ideia brilhante, Caitlin. — Nolan ironizou, deixando Caitlin mais irritada ainda.
— Temos que acabar logo com esse filho da puta. Vamos ficar aqui de braços cruzados e esperar ele arruinar tudo? Está na cara que ele vai fazer de tudo para que descubram sobre Justin e Kelsey.
— O contrato já está acabando, ele não sabe exatamente o prazo, temos isso ainda ao nosso favor. — falei tentando aliviar a situação.
— Mas e se ele agir agora? — Caitlin insistiu.
— Eu acho que não, ele não tem provas o suficiente, deve estar querendo juntar todas as provas possíveis, isso foi apenas para botar terror. — disse Justin ,convicto do que dizia, afinal, ele tinha certeza de que conhecia bem Mikael.
— Então o que vamos fazer? — continuou Caitlin, puta da vida.
— Nada, Beadles. — Justin disse firme, olhando para ela de cara feia. — Por enquanto, nada. — Caitlin bufou e saiu da sala irritada, com todos se entreolhando.
Mas Justin estava certo, ele não tinha provas, e não tinha como invadir o território de Mikael e botar tudo a perder. Tudo tinha que ser muito bem calculado e planejado, um mínimo deslize e tudo estaria perdido.
Eu só esperava que ele não fizesse nada antes do contrato acabar.
O jatinho levantou voo.
Estávamos indo para Nova York, era lá que teríamos nossa comemoração hoje do ano novo. Mais um ano havia se passado, e olhando para trás eu conseguia ver todas as coisas que perdi e conquistei.
Terminei o ensino médio, perdi um namorado, me mudei para o Canadá, perdi todos os amigos, me casei, mudei minha vida completamente, perdi minha mãe, e ganhei Justin.
As coisas que conquistei valeram bem mais do que as coisas que perdi, tirando a morte de minha mãe, é claro.
Hoje completava um ano de sua morte. Exatamente um ano atrás eu estava entrando em casa depois de uma festa de réveillon e encontrando seu corpo no chão.
Virei minha cabeça em direção a janela, não queria que eles vissem que estava prestes a chorar.
— O que está acontecendo? — Justin perguntou, notando o meu estado, que ótimo.
— Você está estragando minha tentativa de fazer com que ninguém me visse assim. — olhei para ele com meus olhos cheios de lágrimas.
— Sinto muito por isso, mas eu já vi, então pode desembuchando. Não quer ir pra Nova York?
— Não é isso — balancei minha cabeça em descontentamento. — É que hoje minha mãe completa um ano que morreu.
Ele ficou um tempo parado me olhando, até que conseguiu dizer alguma coisa.
— Eu sinto muito, nem tinha me lembrado disso, essa viagem é uma estupidez...
— Não, não... — o interrompi rapidamente — Eu quero que esse ano novo seja melhor, por isso estou amando estar indo pra Nova York, nunca pensei que isso aconteceria, nunca pensei que estaria aqui nesse momento. Essa viagem vai ser ótimo, e eu quero que esse ano novo seja melhor.
Ele pareceu aliviado e sorriu, passando delicadamente seu dedo polegar na minha bochecha, limpando uma lágrima que caiu.
— E ele será.
Diferente da outra vez em que estivemos aqui, Justin não estava distribuindo regras, até porque, não estávamos aqui para roubar um banco em plena luz do dia, estávamos aqui para curtir uma noite de ano novo na Times Square.
Milhares de pessoas se reúnem para assistir a bola gigante cair do edifício One Times Square e, em seguida, comemorar alegremente quando a bola atinge seu ponto final, marcando a meia-noite.
Iríamos para lá perto da meia noite, apenas para assistir esse momento, depois iríamos terminar a nossa noite em uma das festas mais badaladas de Réveillon em Nova York, a TAO Uptown.
Chegamos ao Empire State e óbvio que Justin iria querer a cobertura, mais de noventa andares até chegar lá.
— Porque você tem que ser tão extravagante?
— Simples, se eu sou milionário eu tenho que ter o melhor.
Revirei os olhos e o elevador abriu no nosso andar. Não havia mais nada, apenas uma única grande porta dupla que dava acesso a nossa suíte.
Justin passou o cartão e a porta fez um barulho de BLIM e a abriu, passando na minha frente, porque cavalheirismo é algo que não existe em seu vocabulário. Depois que o concierge nos ajudou com as malas, ele se retirou, nos deixando naquela enorme suíte.
Olhei pela janela a vista privilegiada de se estar na cobertura da Empire State. O frio lá fora estava congelante, mas mesmo assim a cidade de Nova York continuava linda.
As horas se passaram e logo já estávamos nos arrumando para ir ao Times Square. Tudo que eu queria era que essa noite de ano novo superasse a noite de ano novo do ano passado, e eu iria fazer de tudo para que isso acontecesse.
Com nossos grandes casacos, botas, luvas e cachecóis, entramos na SUV preta alugada para ir ao Times Square. Chegando lá as ruas estavam lotadas, nem tinha como conseguir ver a bola gigante do edifício.
— Isso está lotado, nem tem como chegar perto. — balbuciei.
— Você acha que com o dinheiro que temos não vamos conseguir ver a bola chegando no topo do edifício? — disse Chaz rindo logo depois. — Contratamos pessoas para guardar os nossos lugares lá na frente.
— E a quanto tempo essas pessoas estão ai? — porque então não viemos direto para cá quando chegamos mais cedo?
— Estão ai cerca de dezoito horas.
— DEZOITO HORAS? — esbravejei assustada. Essas pessoas estão guardando os nossos lugares há dezoito horas.
— Sem ir ao banheiro ainda por cima, apenas com a comida que trouxeram. — Ryan disse rindo.
— E porque não viemos antes para liberá-los?
— Olha bem pra minha carinha que vai ficar o dia inteiro nessa porra, passando um frio do caralho, sem banheiro, apenas para ver uma porra de bola, já basta as minhas bolas. — Justin disse, fazendo os garotos rirem.
— Então porque está aqui? — perguntei, arqueando minha sobrancelha.
— Porque essas merdas queriam vir pra cá, e eu queria muito ir nessa festa que vamos depois, então combinamos de ir nos dois, ai ninguém perde nada.
— Agora chega de enrolação, falta pouco pra meia noite, vamos procurar os nossos lugares. — disse Caitlin, já saindo do carro.
Depois de muito procurar pela multidão, achamos as pessoas que estavam guardando os nossos lugares. Justin avisou que a outra parte da grana seria depositada até amanhã à noite, os deixando animados.
— Pagou quanto para eles ficarem aqui?
— Trezentos mil pra cada um.
— Porra, até eu ficaria.
Ele riu e colocou seu braço ao redor do meu ombro.
Ficamos conversando e esperando os poucos minutos que restavam, até que começou a contagem regressiva.
Dez, nove, oito...
Olhei pra Justin que olhava atento para a bola no edifício, que subia lentamente, junto com a contagem regressiva, pronta para atingir ao topo quando falarmos "Zero".
Sete, seis, cinco...
No outro ano novo, nesse mesmo momento, eu estava em uma feste de Réveillon feita por Scarllet, com amigos falsos, um namorado filho da puta, e a revelação da morte da minha mãe.
Quatro, três, dois...
Mas dessa vez foi completamente diferente, pela primeira vez eu tinha amigos de verdade, e mesmo estando em uma vida que eu não planejei, eu não queria de jeito nenhum voltar para Los Angeles e ter minha antiga vida de volta.
Um, ZERO.
A grande bola atingiu o topo do edifício e se iluminou, com todos gritando e sorrindo, recebendo o novo ano que estava entrando. Eu e Justin nos olhamos e sorrimos um para o outro, e então nos beijamos, desejando um feliz ano novo.
E mais uma vez eu teria 365 dias, eu só não sabia o que eles me aguardavam.
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