Demon
Dei uma mordida em meu pão, puxando o queijo derretido que queria cair sobre a mesa. Assim que Justin foi embora e meu pai me deu um esporro por agir daquele jeito com o Bieber, estava aqui tomando meu café da manhã.
- Seu pai está furioso. - disse Castiel, aparecendo na cozinha e se encostando no batente da porta.
- Depois passa. - dei de ombros e bebi um gole do suco de laranja.
- Você é confiante. Isso é bom, mas ter muita confiança pode ser perigoso também. - ele mandou uma piscadela.
Parei de comer e fiquei observando enquanto ele se retirava da cozinha, sumindo pelo corredor.
Ótimo. Outro cara pra ficar colocando minhocas na minha cabeça.
Desde que Bieber foi embora, não parava de pensar nele. Isso era completamente assustador. Mas de certa forma eu me tranquilizava em saber que meus únicos pensamentos sobre eram negativos.
Só estava pensando nele porque tirei a conclusão de ele ser um grande idiota, insuportável, e ainda por cima disse aquelas coisas pra mim. Com esses pensamentos tive uma ideia, eu precisava tirar isso a limpo.
Saí da cozinha, deixando para tás meu sanduíche de queijo inacabado e fui atrás de Castiel. Ele estava na varanda de trás da mansão, mexendo em seu celular, sentado em um degrau da escada.
- Castiel? - ele parou o que estava fazendo e me olhou, quando notou que era eu, rapidamente se levantou, para ficar cara a cara comigo. - Posso fazer uma pergunta?
Ele arqueou as sobrancelhas.
- Você me acha bonita? - no mesmo instante ele se engasgou, começou a tossir e quase deixou o celular cair. - O que foi? Você está bem? - comecei a dar uns tapinhas em suas costas, mas ele se afastou.
- Que tipo de pergunta é essa? - ele riu pelo nariz - Por que quer saber isso?
- Apenas preciso saber. - dei de ombros - Vai responder ou não? Posso perguntar pra qualquer outro. - falei dando passos para trás, mas ele segurou minha mão, me puxando de volta.
Quando notei, eu estava mais perto dele do que antes, conseguia ter uma visão perfeita de seu rosto e da cor de seus olhos. Escuros e profundos.
- Tudo bem, eu respondo. - ele disse, então soltou minha mão, quando notou estar segurando ela. - Você não é bonita. - meus olhos se estreitaram, não acreditando no que ele havia me dito. - Você é linda, Kelsey. - arqueei minhas sobrancelhas e sorri.
- Puxa. Você quase conseguiu me pegar. - falei rindo.
Ele riu e abaixou a cabeça, depois voltou a encarar meus olhos. Aqueles olhos negros acabavam comigo, como ele podia ser tão irresistível?
- Vai me dizer por que queria que eu tirasse essa sua dúvida? - insistiu.
- Não é nada de importante. - fiz uma pausa. - Eu só precisava saber. Obrigada por ter respondido. - sorri agradecida e me afastei.
Voltei para cozinha e terminei meu café. Depois de organizar tudo em seu devido lugar, voltei para o meu quarto, passando por alguns homens estranhos que abriram um sorrisinho pra mim. Fiz cara de nojo e passei direto. Mal tinha chegado ao meu quarto quando escutei meu celular tocar.
Peguei meu celular Blackberry, e confesso que só comprei porque o "Black" lembrava meu segundo nome "Blake". Kelsey Blake Jenner.
Assim que olhei o visor, não estava acreditando no que eu estava vendo. Jered.
- Como tem a cara de pau de me ligar? - rosnei, completamente furiosa.
- Hey, querida, não é pra tanto, eu tinha bebido naquela noite, procurei você na sua casa ontem e me disseram que você tinha se mudado, como assim?
- Isso não te interessa Jered, já estou muito longe de você, e graças a Deus por isso.
- Está tão irritada assim por causa do incidente no réveillon? Querida...
- Para de me chamar assim. - gritei - Eu não sou sua queria e nunca fui. E se insiste tanto em saber, estou assim porque sei de tudo sobre você e Scarlett. - ele ficou em silêncio - Sei o quanto todos foram falsos comigo, então não me procure mais, porque de mim você não vai ter mais nada. E a propósito, espero que você tenha usado camisinha, porque aquela vagina já rodou o mundo.
Finalizei a ligação e joguei meu celular com força na cama. No mesmo instante, escutei umas batidas na porta, só podia ser meu pai pra me perturbar com essa história de casamento.
- O que você quer dessa vez? - falei abrindo a porta com raiva e dando de cara com Castiel. - Ah, oi, foi mal. - sorri sem graça - Não sabia que era você.
- Posso saber por que está tão brava?
- Me tire daqui que eu te conto, por favor. - murmurei, fazendo uma carinha de anjo.
- É seu dia de sorte, seu pai me mandou aqui justamente pra isso. Ele quer que eu te leve em algumas lojas pra comprar um vestido pro casamento.
- Ai não. - bati minha cabeça na porta, fazendo Castiel rir - E eu querendo sair desse inferno pra me livrar disso tudo e você me vem com mais essa.
- Se comprarmos o vestido, prometo depois te levar em um lugar divertido. - falou com um sorrisinho no rosto.
Correspondi seu sorriso e alguns minutos depois já estava olhando admirada para sua moto, uma Yamaha MT-09 toda preta.
- Gostei, bem estilo Bad Boy. - falei quando colocava o capacete e ele ria.
Começamos a andar pelas ruas, á procura de alguma loja de vestidos. Stratford era uma cidade pequena, 32 mil habitantes, então a cidade não tinha muitas variedades.
Entramos na primeira loja e só tinha vestidos glamourosos demais, que não serviriam pra ocasião. Então fomos à outra, onde consegui achar modelos mais simples.
- Olá, sou Emma. Posso ajudar à senhorita? - a atendente da loja se aproximou com um sorriso gentil no rosto.
- Gostaria de ver alguns vestidos brancos, por favor.
- Seria pra algum tipo de ocasião especial? - perguntou.
- Sim, é pro meu casamento no civil. - falei sem animação.
Ela abriu um sorriso estonteante.
- Meus parabéns, formam um lindo casal. - ela falou olhando para mim e para Castiel.
Ele tinha seu braço apoiado em cima da bancada, quando ela falou isso, ele perdeu o equilíbrio fazendo seu braço esbarrar em um vaso de plantas e quase cair no chão.
- Não, não vamos nos casar, meu noivo é outro. - falei dando uma risadinha por Castiel ter se atrapalhado todo.
- Oh, me desculpem, eu não sabia. - ela sorriu completamente sem graça.
- Tudo bem. - dei de ombros, fazer o que? A mulher não sabia, não era culpa dela.
- Bom, acho que tenho um perfeito pra essa ocasião. - ela sumiu por alguns instantes e depois voltou, com um tecido branco em suas mãos. - experimente, deve ser do seu tamanho.
Peguei o vestido e era tamanho 36, acertou em cheio. Fui para o provador e vesti o vestido. Ele não era muito curto, tinha um tamanho ideal. Era todo colado no corpo e a manga dele era de renda, e ia até o cotovelo.
Dei uma voltinha no espelho para conferir, vendo as curvas que ele realçou. Saí do provador e assim que Castiel colocou seus olhos em mim, eles se iluminaram.
- Puxa, você está... fantástica.
Sorri e dei uma voltinha.
- Olha só, ficou linda. - Emma se aproximou e me olhou de cima até em baixo - Ficou ótimo em você.
- Se não tivesse realmente ficado ótimo, teria duvidado das suas palavras de vendedora. - falei em um tom divertido, a fazendo dar uma risadinha. - Irei levar, qual é o preço dele?
- Dois mil dólares.
- Dois mil dólares? - balbuciei, com meus olhos arregalados.
- Não tem problema Kelsey, tem dinheiro pra isso. - disse Castiel.
- Meu pai deu bastante dinheiro? - perguntei, cruzando o cenho, isso não fazia muito seu tipo.
- Não, foi o Bieber. - falou meio receoso com a minha reação.
- O que? - perguntei incrédula - Porque ele me deu dinheiro?
Castiel olhou para Emma, que nos observava com curiosidade, então fez um sinal com a cabeça para ela se retirar. Assim que ela saiu, ele se aproximou de mim e disse:
- Seu pai não quis que eu contasse, porque você não iria querer vir comprar o vestido.
- E ele aceitou perfeitamente, não quero nada dele. - cruzei meus braços emburrada.
- Kelsey. - Castiel suspirou e tentou ter paciência - ele vai se tornar seu marido, você vai depender dele de um jeito ou de outro. Ele quer que esteja apresentável, então enviou um pouco de dinheiro para você comprar seu vestido.
- Quanto ele mandou?
- Quatro mil dólares.
- Porra! - esbravejei completamente chocada.
- Isso é muito pouco do que você vai ter lá na mansão do Bieber.
- Tudo bem. Vamos comprar logo essa merda de vestido. - falei andando emburrada, indo em direção ao provador e tirando o vestido e então colocando minhas roupas normais.
Além do vestido, comprei um sapato que combinasse, umas pulseiras, e brincos novos.
Saímos da loja e ainda tinha sobrado uma boa quantia em dinheiro, e eu já estava faminta, já estava na hora do almoço e eu sentia fome o tempo todo.
- O almoço é por minha conta. - falei assim que subimos na moto. Castiel sorriu e colocamos os capacetes, então já estávamos correndo pela cidade.
Paramos em um restaurante Frances. Assim que escolhemos um lugar para sentar, ficamos conversando enquanto olhávamos o cardápio.
- Então, Castiel, você com certeza deve saber muito de mim.
- Na verdade, só sei o que você veio fazer aqui, seu nome, sua idade, e que é filha do meu chefe, nada mais.
- Ok, então vamos nos conhecer melhor. Eu tinha uma vida bem badalada em Los Angeles. Popular na escola, querida por todos, amada por todos e desejada por todos. Sempre frequentei as melhores festas, todas as pessoas bem ricas. Mas vivia em um apartamento simples, tinha um namorado que descobri ser um completo idiota. Uma melhor amiga que não era tão melhor amiga assim, e que tudo não passou de uma ilusão.
- Puxa. História emocionante. - falou debochado, e eu dei um leve tapa em seu braço. - Porque seu ex foi um idiota? - quis saber.
Eu não sabia como dizer isso a ele, "Eu não dei pra ele, então ele procurou minha melhor amiga", não, não seria legal dizer isso.
- Ele me traiu com minha melhor amiga.
- Ia pergunta sobre sua melhor amiga, mas depois dessa nem preciso mais. - ele riu pelo nariz.
Dei uma risadinha.
- As coisas ficaram bem complicadas, e foi tudo de uma só vez, a morte de minha mãe... Foi tudo de uma vez, nem deu tempo de eu respirar, sabe?
Ele ficou em silêncio me observando, então disse:
- Sinto muito por tudo isso. Você é uma garota legal, merece ter uma vida boa.
- Mas estou prestes a entrar em uma vida miserável. - resmunguei, revirando os olhos ao me lembrar do casamento.
- É só por um ano, Kelsey, depois vai estar livre.
- Eu sei. Mas eu poderia estar fazendo outras coisas, mas vou ter que ser obrigada a fazer isso.
- Sabe o que minha mãe sempre me dizia? - ele fez uma pausa, então continuou - As coisas sempre acontecem com um propósito. Talvez essa seja uma forma de acontecer alguma coisa, que você só vai descobrir vivendo ela.
Fiquei parada o olhando, depois comecei a rir.
- Você é bom, já pensou em estudar psicologia?
Ele riu.
- Vou pensar nisso. - ele deu uma piscadela e o garçom se aproximou pegando o nosso pedido.
- Você falou da sua mãe, onde ela está?
Percebi que ele ficou tenso e se remexeu em sua cadeira.
- Se não quiser falar, tudo bem. - exclamei, baixo.
- Não, tudo bem. Bom, ela é viciada. - ele falou sem hesitar - Está atualmente em uma clínica de reabilitação. Os remédios pro tratamento são caros, então... Eu tenho que me virar.
Então tudo estava fazendo sentido. Ele deveria trabalhar pro meu pai pra ajudar no tratamento de sua mãe.
- Porque você entrou nessa vida?
Ele me encarou e sustentamos um pouco o olhar, então ele suspirou e passou a mão em seu cabelo, o jogando de lado, fazendo alguns fios caírem em cima de seus olhos.
- Entrei nessa vida não tem muito tempo, precisava de grana rápido, e assim foi o único jeito.
- Tem certeza? - importunei.
- Se for pra conseguir muito dinheiro, sim. Não iria conseguir toda essa grana trabalhando como garçom. - ele deu uma risada irônica - Mas prometi à mim mesmo que seria só até ela terminar o tratamento.
- Você sabe que quem entra nessa vida, dificilmente sai, não é?
Ele me encarou de novo, e agora parecia mais irritado.
- Vamos mudar de assunto?
Suspirei mais assenti.
- Ok, me fale mais sobre você, outras coisas.
- Bom, meu pai morreu antes de eu nascer, em uma briga de bar. - senti meu corpo estremecer - Cresci em uma parte bem pobre do Canadá, mas consegui terminar meus estudos, sempre trabalhei pra ajudar em casa, é claro, quando minha mãe não roubava o dinheiro pra comprar drogas. E agora estou aqui, ainda tenho um sonho de ir pra faculdade.
- O que você quer cursar? - perguntei manhosa, não queria sentir isso, mas estava sentindo pena dele.
- Engenharia civil. - quando ele disse isso, seu rosto se iluminou.
- Gosta de desenhar?
- Bastante. - ele riu pelo nariz.
- Então desejo toda sorte do mundo.
Ele sorriu em agradecimento e logo começamos a comer.
O passado dele era bem triste e perturbador. Eu podia estar vivendo agora uma vida triste, mas nem se comparava a dele. Desde muito cedo ele teve que se virar sozinho, e ainda com sua mãe roubando dinheiro pra comprar drogas, sendo que era a única coisa pro seu sustento.
Realmente estava torcendo para que ele desse a volta por cima.
- Olha, tem um lugar legal aqui perto. De noite ele funciona como um clube de strip tease. - arqueei uma sobrancelha e ele riu - Mas de dia funciona como um bar e jogo de sinuca. Não é nada luxuoso como você está acostumada a frequentar em Los Angeles. Esse clube fica no final de um beco, numa rua suja e imunda, mas o lugar é legal, quer ir lá tomar alguma coisa?
- Tudo que possa me afastar daquela casa, eu to topando. - respondi e ele riu.
- Ok. Então vamos.
Castiel corria com sua moto, e assim que nos aproximamos do lugar, vi que realmente aquilo nunca se compararia aos lugares que estava acostumada a frequentar. A rua era imunda, exatamente como ele disse. Era em um beco sem saída, e o clube ficava no final dele.
Olhei para cima, vendo o nome do clube, Demon.
Ri pelo nariz, revirando os olhos. Quanta originalidade.
Castiel desenrolou com o cara da portaria e então ele me deixou entrar, já que eu era menor de idade. O cheiro de cigarro e maconha logo dominou minhas narinas, tinha muita gente fumando. Homens grandalhões estavam jogando sinuca e havia poucas mulheres, e as que tinham ali estavam acompanhadas. E com certeza eram prostitutas.
Tinha uma musiquinha tocando ao fundo, nada exagerado, parecia mesmo só um bar.
- Eu disse que não é nada comparado ao que você costumava ir.
- Não se preocupe com isso.
Ele me conduziu até o bar e pediu duas cervejas Heinecken.
- Olá Castiel, quem é sua amiguinha? - falou uma mulher se aproximando. Ela aparentava ter uns quarenta anos, com cabelos pretos e usava roupas bem vulgares.
- É Kelsey Jenner, filha do seu amado Jenner. - ele falou rindo em tom debochado.
- Olha só, a filha do Jenner, pensei que nunca iria te conhecer, sou Kristin. - ela estendeu sua mão e eu a cumprimentei, apenas para ser educada.
- Ela já teve um rolo com seu pai. - Castiel cochichou em meu ouvido.
- Olá, Kristin. - sorri tentando ser gentil e dei um gole na minha cerveja.
- Nunca vi você por aqui.
- Me mudei para cá tem pouco tempo.
- E porque veio pra cá? Não vivia com sua mãe em Los Angeles? Não me diga que ela voltou! - perguntou já apavorada. Ela devia saber o quanto meu pai era apaixonado por minha mãe.
- Não, ela é minha noiva, veio pra cá para se casar comigo. - uma voz rouca falou atrás de mim. Quando me virei, dei de cara com o Bieber. - Stratford é uma cidade pequena, nunca se sabe quem vai encontrar, não é mesmo, Kelsey?
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