Contract
As grades foram abertas, fazendo um rangido devido ao ferro enferrujado. Meu pai entrou com o carro e estacionou em frente a uma velha mansão. Ela era enorme, mas estava acabada, com a pintura horrível e cheia de pichações nas paredes, sem manutenção nenhuma.
Ao redor, o jardim estava destruído, a grama nem existia mais, era só terra. Se estava assim por fora, imagine por dentro.
— Por dentro é melhor. — meu pai disse, como se estivesse lendo meus pensamentos.
Saímos do carro e notei alguns homens ao lado de fora. Imediatamente suas atenções vieram pra mim. Ruborizei e cruzei meus braços, tentando me esconder.
— Bob e Dylan, peguem as malas de Kelsey e levem para o melhor quarto que temos de hóspedes.
Assim os dois homens, que eu creio que sejam Bob e Dylan, se aproximaram e pegaram minhas malas, e logo entrando na "mansão."
— Vamos, temos assuntos para resolver. — ele disse me conduzindo para dentro. Alguns olhares ficavam sobre mim, e isso me incomodava estar em uma casa repleta de homens nojentos. — Tirem os olhos dela, é milha filha, fiquem longe, é a noiva do Bieber. — imediatamente vi os homens virarem para o outro lado, tirando sua atenção de mim e fazendo qualquer coisa que não fosse olhar para mim.
— Acho que esse Bieber é o Justin, no caso, não é? — perguntei e ele apenas assentiu com a cabeça, me conduzindo para uma sala que era seu escritório.
Por dentro a casa era mais organizada, mas as pinturas continuavam horríveis e os móveis eram velhos.
— Amanhã na parte da manhã o Bieber virá aqui, ele ainda não confia em mim para ficar rondando por seu território. — ele revirou os olhos — Ele virá te conhecer e eu irei explicar aos dois como tudo vai funcionar.
— Vamos nos casar mesmo? Com direito a entrada na igreja e tudo?
— Não, vai ser só no civil, mas vai ter que ter uma mini cerimônia, você vestida a caráter. Realmente tem que fingir ser é um casamento de verdade.
— Mas porque temos que fingir isso tudo? Não é só simplesmente fingir que estamos juntos? Precisa de casamento e tudo mais?
— Sim, precisa, porque eles vão colocar olheiros para vigiar vocês dois por um ano, porque sabem que você precisa da nacionalidade e sabem que muitos forjam casamentos para conseguir, o que é ilegal. Então, se esses olheiros desconfiarem de algo e perceberem que é um casamento de fachada, você não vai conseguir e será deportada.
Ser deportada. Pensando assim até que não era uma má ideia. O que tornava a ideia ruim é que eu não tenho ninguém em Los Angeles, como iria sobreviver?
— Ok, que seja, só quero acabar logo com isso. Onde é meu quarto?
— Eu te levo até lá.
Ele me conduziu pelas escadas, que faziam um barulho por causa da madeira que não estava em boas condições. Cheguei ao quarto em que eu iria ficar, e assim que ele me deixou sozinha, tranquei a porta.
Olhei ao redor e cheirava um pouco a mofo, fui correndo abrir as janelas.
— E ele ainda disse ser o melhor quarto. — resmunguei para mim mesma.
Olhei ao redor e estava com nojo de tocar em tudo. Os móveis tinham um pouco de poeira e eram de madeira velha. Achei um pano e comecei a limpar toda a poeira e dei graças a Deus por pelo menos os lençóis serem limpos.
Não desfiz minha mala, já que iria me casar em menos de uma semana, logo eu teria uma nova casa, com um cara completamente estranho, com outras pessoas completamente estranhas.
Tirei minha roupa e tomei um banho relaxante. Coloquei uma roupa casual e me joguei na cama. Foi um dia cansativo, ter que mudar de vida de repente, a viagem, as revelações que tive com Scarlett, e o velório de minha mãe.
Logo eu estava chorando de novo.
Se ela estivesse aqui, nada disso estaria acontecendo, eu estaria em Los Angeles, indo cursar a faculdade de Jornalismo, teria minha mãe para conversar e me orientar.
Só agora eu percebi que tinha tudo, e agora tenho nada.
Estava chorando tanto, que nem percebi que acabei adormecendo.
Acordei escutando mais vozes. Estava um pouco frio, então peguei um casaco e desci as escadas.
Assim que cheguei na sala, vi uma multidão de homens espalhados por cada canto.
Quando notaram minha presença, seus olhos pararam em mim.
— Olha o que temos aqui. — um deles comentou, me analisando de cima até em baixo. — Qual é o seu nome, princesa?
— Eu sou filha do seu chefe, não deveria estar dando em cima de mim. — falei, fazendo todos rirem.
— É mesmo, tinha me esquecido, o tal acordo com Bieber. — ele resmungou, revirando os olhos e se acomodando em sua poltrona.
— Sabem me dizer onde meu pai está? — perguntei.
— O que você vai me dá em troca? — ele falou sorrindo malicioso, e todos os homens ao redor começaram a rir.
— Já chega, deixem a garota em paz. — falou uma voz atrás de mim me fazendo virar e dar de cara com um lindo rapaz. — Seu pai me pediu para tomar conta de você enquanto ele estivesse fora. Está com fome? Comprei algumas coisas em um Fast Food, não sabia exatamente do que você gostava.
— Claro, obrigada. — sorri sentindo minhas bochechas corarem.
Ele era lindo, definitivamente lindo.
Ele tinha um ótimo físico. Seus cabelos eram grandes, ia até o ombro, de tom castanho escuro, quase preto, todo jogado de lado, dando um ar sexy. Seus olhos eram negros e misteriosos, como um tordo.
Ele usava roupas estilo Bad Boy. Jaquetas de couro e calça preta, com uma bota de motoqueiro. Pelas botas, aposto que ele dirige moto.
O segui até a cozinha, me sentando na bancada e pegando um hambúrguer e começando a devorá-lo. Ele ficou parado na minha frente, apoiando seus braços na bancada e me observando comer.
— Não quer comer? — perguntei ainda de boca cheia, o fazendo rir.
— Eu já comi, valeu. — ele caminhou até a geladeira e pegou uma cerveja.
— Você tem idade pra isso?
Ele me olhou arqueando as sobrancelhas.
— É do tipo "certinha"?
— Não. — dei de ombros — Foi só um pretexto para descobrir sua idade. — falei sorrindo, o fazendo sorrir também.
— Tenho vinte, e você?
— Dezessete.
— E você bebe? – perguntou.
— De vez em quando. Quando estou em festas com minhas amigas. — quando falei "amigas", abaixei minha cabeça e fiquei em silêncio.
Eu não tinha amigas.
— Algum problema? — ele perguntou, notando minha mudança de humor.
— Não, não é nada. — falei mordendo meu hambúrguer para disfarçar.
Ele continuou me olhando.
— O que houve? — perguntei, cruzando o cenho.
— É que quando vi você chegando mais cedo, olhando tudo ao redor, pensei que era aquelas típicas patricinhas de Los Angeles, e agora estou vendo você devorar um hambúrguer ultra gorduroso. — ele riu pelo nariz.
— As aparências enganam — falei sorrindo e bebendo o refrigerante. — Você provavelmente sabe meu nome, mas eu não sei o seu.
— Castiel. Castiel Farnell.
— Gostei do nome.
Ele riu.
— Vejo que já conheceu Castiel. — falou meu pai, entrando na cozinha.
— Você saiu? Me deixou sozinha nessa casa com um bando de homens desconhecidos? — resmunguei, furiosa.
— Sem drama, Kelsey. — ele bufou e olhou para Castiel — Está tudo certo por aqui?
— Sim, trouxe comida para Kelsey, como mandou.
— Ótimo. — falou e deu um olhar para Castiel, e logo depois ele assentiu com a cabeça, e então saiu da cozinha deixando eu e Castiel a sós.
Foi como se ele tivesse mandado alguma ordem só por contato visual, e Castiel tinha entendido o que ele queria. Mas eu não havia entendido, e isso me incomodou.
— Ta pegando alguma coisa? — perguntei curiosa.
— Não, nada. Por quê? — ele começou a disfarçar, bebendo sua cerveja.
— Nada, deixa pra lá. — falei terminando de devorar o meu lanche, eu estava faminta mesmo.
— Ah, eu sinto muito pela sua mãe. — Castiel disse, fazendo meu coração doer.
— Tudo bem. — dei de ombros, fingindo que aquilo não me atingia, mas era como se tivesse levado uma facada no peito.
— Ok. Quer fazer alguma coisa? — ele falou tentando mudar de assunto, notando o clima tenso que havia se formado.
— Não, eu vou subir e ficar no meu quarto fazendo qualquer coisa, nos falamos amanhã. — falei saindo da cozinha, o deixando sozinho.
Ter falado da minha mãe me fez desmoronar.
Quanto mais eu tentava esquecer que minha vida estava péssima, tinha sempre alguém para me lembrar disso.
Voltei para meu quarto e fiquei assistindo um pouco de TV, e voltei a chorar antes de dormir.
+++
Acordei e fui até o banheiro, me olhando pelo espelho e vendo meu estado crítico.
— Bieber vai ter uma péssima impressão de mim. — falei olhando meu reflexo.
Foda-se, não queria agradar ninguém mesmo.
Lavei meu rosto, notando que estava com os olhos inchados, devido aos choros. Tomei um banho gelado para relaxar e voltei ao meu quarto, revirando minha mala em busca de alguma roupa que prestasse.
Estava um pouco frio, então coloquei um casaco vermelho com uns desenhos de estrelas e em baixo ele era mais rasgadinho, ele era comprido e chegava a cobrir os meus dedos.
Coloquei um short jeans também rasgadinho e uma sapatilha. Deixei meus cabelos loiros soltos o jogando de lado.
Fiz uma maquiagem, estava péssima, precisava dar vida nesse rosto. Não fiz uma maquiagem exagerada, era dia e não tinha necessidade de exagerar, mas consegui esconder as olheiras e ficar mais bonitinha.
Desci as escadas ouvindo uma movimentação, todos pareciam tensos e apreensivos.
— Finalmente. — falou meu pai assim que me viu.
Os olhos de todos pararam em mim, inclusive de Castiel, que fez questão de me analisar de cima até em baixo.
— Vamos para o escritório, Bieber logo chegará.
Assenti e o acompanhei até seu escritório. Sentei em uma poltrona e lá eu fiquei.
— Você poderia ter colocado uma blusa mais decotada, que mostrasse mais o seu corpo. — meu pai falou. Olhei para ele incrédula.
— Você é o primeiro pai da face da terra que fala isso pra sua filha. — murmurei bufando.
Ele riu pelo nariz.
- Vai conviver com o Bieber, mesmo ele não podendo te tocar, ele vai querer estar bem acompanhado.
— Não estou nem ai para esse tal de Bieber.
— Olha, ela é nervosa, já estou gostando. — falou uma voz rouca atras de mim, fazendo eu me virar e dar de cara com um garoto com braços tatuados, cabelo loiro e arrepiado, usando óculos escuros.
O filho da puta era atraente.
— Bieber. — meu pai disse, indo em sua direção. — Me perdoe. Minha filha não sabe o que fala. — ele tentou rapidamente se desculpar.
— Não se preocupe, precisa de muito mais para me ofender. — ele riu pelo nariz, entrando no escritório e olhando em volta, com cara de indiferente.
Assim que ele entrou no escritório, um perfume masculino maravilhoso da Dolce & Gabbana invadiram o ambiente, me deixando por alguns segundos em transe.
— Bom, podemos tratar dos negócios? — meu pai perguntou, me fazendo voltar ao normal.
— Foi pra isso que eu vim, não foi? — ele respondeu, ríspido.
— Ok, mas e seus seguranças? — meu pai apontou para uns homens trogloditas na porta.
— Podem sair. — ordenou Justin e eles obedeceram.
Ele se jogou em um sofá ali perto e ficou me analisando, coçando seu queixo. Queria saber a expressão de seus olhos através dos óculos escuros ao me analisar.
— Então Bieber, essa é minha filha, como percebeu, Kelsey Jenner.
— Olá, Kelsey. — ele sorriu de canto.
Sua voz tinha tom de divertimento, ele estava se divertindo com essa situação, zombando da minha cara.
— Olá, Justin. — falei no mesmo tom que ele.
— Vou falar tudo que precisam saber. — começou meu pai — Justin, o nome todo dela é Kelsey Blake Jenner, tem dezessete anos. Kelsey, ele é Justin Drew Bieber, tem vinte anos e é um dos maiores mafiosos do Canadá, deve respeitá-lo. — eu ri pelo nariz, fazendo ele me olhar furioso — A história de vocês é a seguinte: Em uma viagem de Justin para Los Angeles, vocês se conheceram e se apaixonaram. Mas Justin tem seus negócios aqui, então esperou Kelsey terminar o ensino médio para ela se mudar pra cá e se casarem. Entendido?
— Até que a história é bonitinha. — falei, sendo irônica.
Justin continuava coçando seu queixo e me analisando, sem desgrudar seus olhos de mim. Daria tudo para saber o que ele estava pensando.
— Vocês vão se casar na quinta.
— O que? — gritei — Mais é daqui a dois dias.
— Eu sei. — meu pai disse dando de ombros. — E depois da cerimônia vão direto pra lua de mel.
— Espera ai. — falei me levantando da poltrona — Que coisa é esse de lua de mel? Você falou que ele não iria poder me tocar. — apontei para Justin.
Ele tinha um sorriso divertido no rosto, ele estava se divertindo com a situação, e isso estava me deixando mais puta ainda. Eu ainda ia tirar esse sorriso do rosto dele.
— E o acordo irá continuar. Mas vocês precisam fingir que esse casamento é real, então óbvio que vão ter que viajar para uma falsa lua de mel.
— Explica isso melhor. — falei cruzando meus braços.
— Vocês vão pra uma lua de mel de três dias, só para fingir ser um casamento de verdade, e depois voltam para mansão do Bieber, onde vão conviver juntos por um ano. Vale lembrar que quanto menos pessoas souberem disso, melhor. Do lado de dentro da mansão, vocês podem ser vocês mesmo, mas a partir do momento em que botarem o pé do lado de fora, tem que fingir ser um casal.
— Como assim? — perguntei.
— Fazendo coisas que casais de verdade fazem. Sair pra jantar, ir ao cinema, andar de mãos dadas, sei lá, só fingir ser um casal. Entendido?
Bufei e me joguei de novo na poltrona, cruzando os braços.
— Você disse que vai ter sempre olheiros para conferir se estamos mesmo juntos, eles não poderiam descobrir o que eu realmente faço? — Justin finalmente abriu a porra da boca pra perguntar alguma coisa.
— Não, porque eles não vão ficar vinte e quatro horas grudados em vocês, só de vez em quando eles vão querer conferir, então tem que ser o mais convincente que puderem.
— E onde está o contrato? Quero acabar logo com isso. — Justin falou se levantando do sofá, eu me levantei também.
— Está aqui. — meu pai nos entregou um papel.
Eu e Justin ficamos lendo em silêncio, e dizia tudo certinho, que seria um casamento de fachada e que teríamos direito de nos separar assim que completasse um ano.
Assinamos a papelada, mas eu vi uma coisa errada, não tinha nada ali de que Justin não tinha permissão para me tocar.
— Espera ai, e o acordo de ele não poder me tocar? Não li nada disso aqui.
— Porque é outro papel. — meu pai disso entediado, procurando na gaveta.
— Está tão preocupada assim por eu tocar em você? — Justin falou, se aproximando um pouco — Você teria que agradecer à Deus por eu querer tocar em você, todas morreriam por isso.
Dei risada, o fazendo fechar a cara.
— Meu amor, no dia que eu te quiser, com certeza me fizeram uma lavagem cerebral. — falei o encarando, fazendo-o trincar o maxilar.
— Kelsey... — meu pai me repreendeu. — É esse o documento. — ele me entregou, eu o li calmamente e ali dizia que Justin não tinha o direito de me tocar. Sorri satisfeita e assinei, passando o contrato para Justin, que puxou a caneta da minha mão, irritado, e assinou.
— Vou deixá-los um pouco a sós. — meu pai disse saindo do escritório, antes que eu pudesse questionar algo.
— Escuta aqui sua vadia. — Justin disse vindo pra cima de mim, segurando forte meu rosto e me prensando na mesa do escritório. — Veja bem com quem você está falando, eu não estou aqui para brincadeiras. Você vai sempre fazer tudinho que o papai aqui mandar. Não suporto mulher mandona, então fica no teu lugar, se não as coisas vão ficar muito ruins pro seu lado. E não se esqueça, sou eu que estou fazendo um favor a você, quem manda nessa porra sou eu. — então ele soltou meu rosto com força e começou a caminhar em direção a porta.
Antes de sair, ele parou e me olhou.
— E não precisa se preocupe, não iria perder meu tempo fodendo uma patricinha sem graça, mimada e virgem. — então ele saiu do escritório, batendo a porta com força.
Ele conseguiu realmente me magoar, foi como se eu não fosse interessante ou atraente o suficiente para ele.
Ele fez eu me sentir como se eu fosse totalmente insignificante. E como ele poderia ter certeza que eu sou virgem? Ok, eu sou virgem, mas ele não teria como tirar essa conclusão, ou teria?
De qualquer forma, eu estava me metendo em uma grande enrascada, e sei que não teria volta.
E pra piorar, isso só estava começando.
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