The Chance
POV. Justin
Eu sabia dos meus medos e no fundo sabia o quão idiota eu era por tê-los. Depois de tudo que passamos, eu já deveria saber que o que nós dois tínhamos era algo real, mais real do que qualquer coisa física que já toquei.
Mikael ser o pai de Kelsey não mudaria absolutamente nada, e eu teria que ter consciência disso.
Abri a porta do quarto calmamente e coloquei a cabeça para dentro, com medo de encontrar uma Kelsey furiosa, mas na verdade não. Ela estava sentada na cama de costas para mim, observando em direção a varanda com as portas abertas, com a brisa do vento batendo em seus cabelos louros.
Adentrei calmamente e fechei a porta, então andei em sua direção sem fazer muito barulho, e parei um pouco antes de chegar até ela.
— Você sabe que é muito importante para mim, não sabe? — Deixei a pergunta no ar, mas ela permaneceu parada admirando a paisagem da varanda. — É por isso que acabo agindo dessa forma. — Ela se virou para mim, encontrando os meus olhos. Eles estavam ilegíveis, não sabia ao certo como estava, mas então o sorriso que se formou em seus lábios começaram a me deixar mais aliviado.
— Eu exagerei, me desculpe, mas você também exagerou.
— Eu sei... — Sentei-me ao seu lado e envolvi minha mão na sua. — Mas essa viagem foi sim para você. — Ela arqueou sua sobrancelha em minha direção, com um olhar duvidoso, o que me fez rir. — Estou falando sério, realmente queria esse momento para nós dois, mas óbvio que também tinha a intenção de mantê-la afastada de Mikael. Era o seu aniversário, não o queria por perto.
— Nem eu, com isso não precisa se preocupar. Mikael terá que rebolar muito para conseguir algum afeto de mim.
— E se ele conseguir um dia? Ele não é do tipo de desistir. — Ela me encarou e ficamos nos olhando por um tempo, ela parecia pensar na resposta, ou simplesmente não tinha uma.
— Só o tempo nos dirá. Sei que no momento certo, vamos saber lidar com a situação.
Como eu suspeitava: ela não tinha a resposta.
POV. Kelsey
Minhas pernas estavam jogadas sobre as suas enquanto minhas mãos acariciavam sua nuca durando o beijo. Justin tinha uma de suas mãos em meu rosto enquanto a outra apertava e acariciava minhas coxas sobre as suas pernas.
Sua língua se movia junto a minha de forma intensa e prazerosa. Eu nunca havia sentido tanta conexão ao beijar alguém antes, era como se tudo ao redor se silenciasse ou parasse por um tempo, até que duas batidas na porta fez toda a magia se apagar.
— Kelsey? Poderia falar com você um minutinho? — Reconheci a voz de Jenna. Justin se afastou bufando enquanto passava a mão pelos seus cabelos.
— Desculpe, não vou demorar. — Dei um selinho nele antes de me afastar e ir em direção à porta.
— Oi filha, desculpe se interrompi alguma coisa. — Jenna disse assim que abri a porta.
— Está tudo bem, não interrompeu nada. — Disse enquanto saía do quarto.
— Fale por você. — Ouvi Justin murmurar baixinho, mesmo assim foi audível para mim. Fechei a porta rapidamente antes que ele soltasse mais algum protesto e então olhei para Jenna.
— Queria falar alguma coisa?
— Queria pedir desculpas por Mikael, não sabia que apareceria aqui.
— Ele é imprevisível, não é culpa de ninguém.
— Primeiramente, meus parabéns, senti sua falta. — Ela me abraçou com afeto. Pousei minha cabeça em seu ombro e retribui o abraço afetuoso. — Gostou da viagem? Caitlin me disse que estavam em Bora Bora, dizem que é incrível. — Perguntou ao se afastar com um sorriso no rosto.
— E realmente é, espero que possamos um dia fazer uma viagem assim, todos juntos, como uma família. — De repente o sorriso afetuoso em seu rosto desapareceu.
— Sobre isso... Bom... Gostaria de conversar com você, mas não aqui. Poderíamos ir para o meu quarto?
— Claro. — Jenna sorriu com a minha resposta e se virou para irmos em direção ao se quarto. Olhei de relance para a porta do meu quarto, mas logo voltei minha atenção para Jenna e o percurso até o seu quarto. Justin teria que esperar mais do que ele estava a fim de esperar.
Adentramos em seu quarto e olhei ao redor. Nunca havia estado aqui desde que ela voltou a morar conosco. Tudo aconteceu de forma rápida e repentina.
Apesar de o quarto ser luxuoso, tudo estava do jeitinho simples e discreto de Jenna. A colcha sobre a cama era uma de suas famosas colchas de crochê, lindos flores bordadas e todo mínimo detalhe bem feito e charmoso.
Sobre sua mesa ao lado da cama, havia seus pertences pessoais e uma foto minha. Apenas minha.
Sorri ao recordar o dia daquela foto. Foi na temporada de três meses em que vivemos em Los Angeles, tiramos um dia para nos divertimos na praia e no parque.
Sabe aqueles momentos simples e descontraídos que acabam sendo marcados e se tornando um dos melhores dias de sua vida? Esse dia se resume a isso.
— Esse dia foi alegre, não foi? — Ela disse se aproximando por trás e apoiando seu queixo em meu ombro, para ter um vislumbre da fotografia que estava em minhas mãos.
— Foi, realmente foi um dia alegre. — Pousei a fotografia de volta na mesinha e então olhei para ela. — Está na lista de um dos melhores dias pra mim.
— Digo o mesmo. — Nós duas sorrimos e então ela ficou séria de novo. — Sente-se aqui, por favos. — Jenna segurou em meu braço e me conduziu até sua cama. Nós duas nos sentamos e então continuei a observá-la até que ela prosseguisse com o que pretendia. — Gostaria de conversar sobre algo que talvez não goste ou não aceite.
— Jenna, está começando a me assustar. O que está acontecendo? — Permaneci a encarar os seus olhos, mas ela não fez o mesmo. Jenna observava suas mãos enquanto formulava o que planejava dizer.
— Bom... — Ela suspirou pesadamente. — Sei que tudo foi muito tumultuado para você nos últimos dois anos...
— Por favor, Jenna, vai ao ponto. — Ela me olhou quando a interrompi. Sustentamos o olhar por um tempo até ela se render e segurar minhas mãos, virando seu corpo totalmente para mim.
— Enquanto esteve fora, eu estive me encontrando com Mikael. — Quando pensei em abrir a boca para protestar, ela me interrompeu rapidamente. — Não um encontro desse jeito, foi apenas para conversar sobre você. — Suspirei aliviada.
— Mas porque sobre mim? Não quero Mikael na minha vida.
— Você não quer ou não quer pelo Justin? — Fiquei paralisada. Sustentamos o olhar enquanto a pergunta se repetia em minha mente. Será verdade? Eu não quero ver Mikael porque ele e Justin são inimigos número um?
— Aonde você quer chegar? — Perguntei puxando minhas mãos e me sentando um pouco mais afastada. Odiava quando Jenna colocava coisas em minha cabeça e me confundia.
— Kelsey, tudo bem querer apoiar o seu namorado, mas lembre-se que você não sabia que Mikael era o seu pai, muito menos ele. Mikael é tão vítima nisso tudo quanto você.
— O que está me pedindo? Que eu aceite ele como pai da noite para o dia? Esquecer de tudo? Uma vez ele me perseguiu de carro e fez com que eu sofresse um acidente.
— Eu sei, ele me contou, mas eu volto a repetir, ele não sabia quem você era, não pode culpá-lo. Pode ter certeza que a rixa é só entre ele e Justin, você não precisa ter nada a ver com isso.
— E você quer o que? Que eu me relacione com ele como pai e filha sendo que ele e meu namorado, o homem com quem quero passar o resto da minha vida, não conseguem ficar nem dois segundos no mesmo ambiente sem quase se matarem?
— Eu sei que é difícil imaginar essa possibilidade devido às circunstâncias...
— Não é difícil, é impossível.
— Kelsey, filha... — Ela suspirou, tentando ter paciência para prosseguir. — Não estou pedindo que aceite logo de cara, apenas que deixe Mikael se aproximar, ele tem esse direito como pai. Ele não sabia da sua existência e realmente se importar em saber que você é filha dele. — Olhei para o outro lado do quarto e permaneci em silêncio, cruzando os meus braços sobre o peito. Desde que descobriu sobre mim, seu olhar em mim se tornou diferente, e não tinha um dia se quer em que não tenha tentado me ver ou se aproximar. Eu odiava admitir, mas Jenna estava certa. — Apenas vai o conhecendo aos poucos, Justin nem precisa saber. Se no final realmente não gostar dele e não quiser contato, tudo bem, irei entender perfeitamente, e ele também. — Olhei para ela. — Nós dois negociamos isso. Se mesmo o conhecendo você não quiser contato, não gostar da personalidade dele, não sentir afeto, ele se afastará e a deixará seguir em frente. Mas ele quer uma chance, e como seu pai, ele merece. — Fechei meus olhos e soltei o ar preso que nem sabia que estava segurando, respirando com força para recuperar o fôlego. Jenna ficou me observando em silêncio, me deixando a sós com meus pensamentos, até que não conseguiu se segurar por muito tempo. — E então...?
Olhei para ela e observei seu olhar de súplica. Porque ela estaria torcendo tanto para eu dar uma chance para Mikael? Eu ainda iria questionar a ela sobre o passado, queria saber todos os detalhes sobre seu romance com ele.
Mas esse momento não era agora.
— Tudo bem. — Joguei meus braços para cima, me rendendo, e então me levantei na cama e a encarei de cima. — Mas Justin não ficará sabendo disso, ele irá odiar... E nada de forçar a barra se caso eu não quiser mais contato com ele.
— Combinado. — Ela se levantou e me abraçou forte. — Obrigada por tentar, realmente espero no fundo do meu coração que não se arrependa dessa decisão.
Eu também espero, Jenna.
Eu também.
Enquanto eu dirigia em direção ao endereço que Jenna havia me dado, eu sabia no instante em que terminei de contar a Castiel para onde estávamos indo que ele não havia gostado muito da ideia, e eu descobri isso da forma mais simples: Castiel ficou em silêncio.
Ele sempre se calava e ficava em seus pensamentos quando eu dizia algo que ele não achava uma boa ideia, mas como não queria magoar meus sentimentos, ele se fechava em sua bolha e guardava para si mesmo.
— Pode falar, não acha uma boa ideia, não é? — Olhei rapidamente para ele e depois voltei minha atenção para o trânsito.
— Justin não sabe que está fazendo isso, não é mesmo? — Inspirei pesadamente, concordando com a cabeça. — Por isso estou aqui, não confia em Mikael o suficiente para fazer isso sozinha e mesmo assim concordou com isso?
— E como vou descobrir se posso ou não confiar se eu nunca o deixo se aproximar? — Voltei minha atenção para ele que me encarava com seus olhos escuros. — Se Justin descobrisse isso me impediria, e ainda ficaria uma fera. Também não podia colocar Caitlin nisso, se alguma coisa acontecer logo Justin a culparia, então é melhor deixá-la sem saber de nada. — Olhei para a estrada e me concentrei no transito.
— Mentiras. Foi isso que nos destruiu no início, você se lembra? — Olhei de rabo de olho para ele, mas mantive minha atenção sempre afrente.
Como eu poderia me esquecer? Por causa das mentiras que tudo desmoronou. Meus pais não eram meus pais de verdade, a morte de minha mãe havia sido provocada, Parker era muito pior do que eu imaginava, e eu havia sido um Arquivo dele o tempo todo, minha mentira sobre Castiel havia arruinado meu relacionamento com Justin.
Tudo por causa das malditas mentiras.
Sentia-me péssima por estar fazendo isso nesse momento sem o consentimento de Justin, mas o próprio não me deu escolhas, Justin nunca me ouviria ou me deixaria fazer as coisas do meu jeito, fora que não era nada comprovado de que eu aceitaria Mikael.
Preferiria não deixar Justin enlouquecer atoa.
— Estou fazendo isso mais por ele do que por mim, pode ter certeza disso.
— Você que tem que ter certeza disso, não eu. — Suas palavras foram duras, mas ele tinha razão. Eu tinha certeza sobre isso?
Mas de uma coisa eu tinha certeza, Justin nunca concordaria com isso.
Assim que chegamos ao local, Mikael já me aguardava em frente a grande porta de madeira que dava acesso ao local de hipismo. Dei graças a Deus por ter chamado Castiel, estávamos em um lugar isolado onde só havia campos e árvores.
— Estou feliz por ter me chamado para vir junto. — Disse Castiel como se estivesse lendo minha mente. Nós dois nos entreolhamos antes de sairmos do carro e então caminhamos lado a lado na direção de Mikael.
Um grande sorriso apareceu em rosto de Mikael quando me viu, mas desapareceu por alguns instantes quando percebeu que eu não estava sozinha.
— Bom dia, Kelsey. Obrigado por ter vindo. — Seu grande sorriso charmoso voltou, deixando as expressões dos seus olhos mais leves e prestativas.
— Bom dia, trouxe um amigo, se não for incomodo. — Falei apontando para Castiel que cumprimentou Mikael com um aceno de cabeça.
— Sem nenhum problema. — Mikael sorriu para ele e então depois voltou sua atenção para mim. — Está com fome? Mandei prepararem um café da manhã antes de irmos para o estábulo.
— Só espero que não esteja esperando que eu suba em algum cavalo.
— Não sabe andar a cavalo?
— Nunca subi em um, então acho que não. — Conversávamos enquanto caminhávamos pela pequena estradinha onde dava acesso ao local.
— Não se preocupe com isso, sei que irá gostar. — E com isso a conversa morreu no ar até que chegamos ao local. Havia várias outras pessoas ao redor com seus cavalos.
Não sabia que iria cavalgar, mas dei graças a Deus por estar de botas. Toda aquela terra e grama deixariam os pés imundos.
— Por aqui. — Mikael nos direcionou para uma área fechada do estabelecimento, onde encontramos toda uma decoração em madeira luxuosa e elegante, com uma mesa redonda farta de alimentos e frutas. — Como não sabia que teríamos um acompanhante, pedi apenas dois lugares, mas irei pedir para providenciarem mais um lugar. Podem ir se sentando, já volto. — Ele sorriu gentilmente e então se afastou.
— Nunca fui próximo dele, mas nunca o vi sendo tão gentil. — Castiel murmurou ao se sentar. Sentei-me na outra cadeira vaga enquanto aguardávamos Mikael voltar.
— Ele está querendo se redimir por tudo e me conquistar, não seria diferente. — Mikael retornou com dois atendentes do estabelecimento, e logo outra cadeira, pratos e talheres haviam sido postos para ele.
— Podem se servir, nem precisavam me esperar. — Disse soando gentil, com seu sorriso charmoso sempre no rosto. Peguei um croissant de frango e suco de laranja.
Depois de alguns minutos de silêncio apenas apreciando a comida, o celular de Castiel começou a tocar. Pude perceber pelo visor o nome "Princesa" e um coração na tela, com uma linda foto de Caitlin com um decote enorme. Escondi uma risada.
— Preciso atender, já volto. — Castiel pegou seu celular e se afastou, mas não antes de me dar uma olhada do tipo "não se preocupe, estou de olho em você."
— Não confiou em mim o suficiente para vir sozinha? — Mikael perguntou olhando para mim, me fazendo encará-lo. Acho que ele já planejava fazer essa pergunta desde quando cheguei.
— E deveria? Seu histórico é longo. — Ele riu.
— Mas não me importei, sei que tomar essa decisão foi difícil pra você. — É como se eu estivesse o traindo. Nesse momento eu paralisei e me senti uma pessoa horrível. Realmente era como se eu estivesse traindo Justin? — Ei? Você está bem? — Olhei para Mikael que me olhava preocupado, mas apenas balancei a cabeça e sorri.
— Estou sim, não se preocupe, só estava pensando. — Peguei meu copo com suco e dei longos goles a fim de encerrar esse assunto.
— Desculpem! — Castiel disse ao voltar, olhei para ele para saber se eu estava encrencada ou qualquer coisa parecida, mas seu olhar tranquilo me tranquilizou. Caitlin não suspeitava de nada.
Conversamos sobre algumas coisas ao decorrer do café, mas dava para sentir um clima pesado no ar. Estava um pouco desconfortável por estar ali, primeiro por estar mentindo, segundo porque não sabia se era a coisa certa a se fazer.
Com tudo que vivi nesses dois anos, uma coisa era certa: Nada que envolve mentiras é a coisa certa a se fazer.
E justamente isso que estava mais me incomodando e me impedindo de ser mais hospitaleira em relação à Mikael.
— Vamos, irei apresentá-la ao Billy. — Mikael disse se levantando quando terminamos nossa refeição.
— Billy? — Perguntei.
— Meu cavalo.
— Uau, você gosta mesmo disso.
— É relaxante e me tira de todo o stress do dia a dia. — Conversamos enquanto saíamos do estabelecimento luxuoso e íamos em direção aos estábulos. Haviam milhares espalhados com milhares de cavalos, mas logo percebi qual se referia ao Billy: Um único estábulo grande, mais chamativo e isolado dos outros. Mikael abriu a posta de madeira e logo a visão do grande cavalo de pelo marrom surgiu a minha frente. Billy olhou em nossa direção e rapidamente reconheceu o seu dono, então relinchou e aceitou de bom grado o carinho que Mikael fazia em sua crina. — Não é lindo? — Perguntou enquanto olhava hipnotizado para o cavalo, acariciando seu pelo. Realmente era lindo, todo o seu corpo forte e pelos brilhosos mostravam o quanto ele era bem tratado.
— Ele é muito lindo. — Disse me aproximando calmamente, mas mantendo uma distância.
— Venha, pode se aproximar. Estenda sua mão e encoste calmamente em seu rosto. — Fiz o que ele disse, mesmo estando com receio, aquele animal era enorme. Estiquei o meu braço e segui calmamente em sua direção, quando encostei minha mão em seu rosto, ele se afastou para trás, me fazendo dar um pulo de susto e puxar minha mão de volta. — Calma, ele só se assustou. — Mikael riu do meu susto e então voltou a me incentivar. — Se aproxime de novo, ele já espera o que vai fazer. — Olhei para ele e então voltei a olhar para Billy. Estiquei novamente meus braços e segui com minha mão em sua direção, então pousei lentamente em seu pelo, sentindo entre meus dedos a maciez.
Sorri enquanto acariciava o seu pelo. Ele era incrivelmente lindo.
— Está pronta para montar? — Olhei para ele assustada.
— Não sei, esses animais são tão grandes. — Ele riu de novo.
— Eles são cavalos, é normal. Não precisa ter medo, estarei ao seu lado a todo o momento. — Encontrei os seus olhos azuis que fitavam os meus. Éramos quatro olhos azuis naquele momento, eu e ele. Eu invejava as minhas ex-amigas por terem pais presentes e atenciosos, elas se sentiam protegidas com eles. Eu nunca havia tido esse tipo de relação com Parker, e estranhamente, estava sentindo essa sensação de segurança com Mikael.
Sorri para ele e assenti, e então logo estávamos tirando Billy de seu estábulo e o levando para um campo cercado.
Castiel ficava sempre atrás apenas ouvindo a nossa conversa, nos deixou mais a vontade para nos conhecermos melhor.
Quando chegamos ao grande campo cercado com um belo gramado, Mikael olhou para mim e parou Billy.
— Venha, vou ajudá-la a montar nele. — Olhei para Castiel que piscou para mim, me incentivando. Respirei fundo e fui até Mikael e Billy, aproveitando para acaricia-lo mais um pouco. Acho que o seu pelo era mais sedoso que os meus cabelos. — Segure aqui — Ele apontou para a rédea do cavalo. — E apoie sua perna aqui para pegar o impulso, estarei do outro lado para segurar sua mão e te dar apoio. — Assenti sentindo todo o café da manhã se revirar. Não acredito que estou fazendo isso.
Fiz o que Mikael disse enquanto ele ia para o outro lado do cavalo. Segurei bem firme na rédea do cavalo e fiz impulso para subir, então logo a mão de Mikael estava suspendida para segurar a minha, me dando todo o apoio para que eu passasse minha outra perna pelo cavalo e finalmente sentasse.
— Olha só, nada mal. Muitas pessoas acabam sentando ao contrário dando de cara com a bunda do cavalo. — Seu comentário me fez rir.
— Mas ela teve ajuda, assim não vale. — Castiel provocou, com seu sorriso brincalhão no rosto.
— Você está com inveja porque nunca vai conseguir montar em um cavalo com tanta graça como eu. — Retruquei jogando meus cabelos.
— Realmente espero que não, se não até eu duvidaria da minha sexualidade se eu subisse em um cavalo com "graça". — Disse Castiel provocando risadas com o seu comentário. O clima já havia mudado, tudo já estava melhor e divertido.
— Vamos? — Mikael perguntou e eu assenti, mordendo meu lábio inferior e depois respirando fundo. Mikael segurou a rédea do cavalo e começou a andar ao meu lado junto com Billy. Notei que Castiel permaneceu onde estava apenas nos observando enquanto dávamos uma volta pelo campo.
— Porque escolheu justo aqui para virmos? — Perguntei depois de um longo silêncio enquanto eu apreciava o campo.
— Porque você precisa conhecer quem eu realmente sou, então nada melhor do que mostrar uma coisa que amo fazer.
— Anda a cavalo há muito tempo?
— Dezenove anos.
— Que coincidência, minha idade. — Percebi que seu corpo ficou tenso e tentou evitar encarar os meus olhos. Ele disse que andava a cavalo por causa do stress, e começou exatamente há dezenove anos. Ai meu Deus. — Por causa de Jenna, não foi? — Ele olhou para mim surpreso e confuso com a pergunta. — Foi por causa de Jenna que descobriu esse novo hobby. Ela foi embora e você ficou sem saber o que fazer, então foi no hipismo que buscou sua tranquilidade, não é isso? — Ele me olhou por um tempo e então voltou a olhar para frente.
— Você consegue me ler mais rápido do que Jenna. — Dei risada para descontrair, eu sabia que havia pisado bem em cima de uma ferida.
— Sinto muito pelas coisas não terem sido diferentes pra você.
— É, eu também sinto.
— Então, você gostou? — Mikael Perguntou quando andávamos pela estradinha para sair da área de hipismo e voltarmos para os nossos carros.
— Adorei, Billy é incrível, e amei esse lugar, nem sabia que existia.
— Esse fim de semana irei competir, se quiser aparecer... Convidei Jenna. — Olhei para ele surpresa, não sabia que andava tendo muito contato com Jenna.
— Vocês sempre conversam?
— Não muito, sempre que nos falamos é sobre você. — Assenti e então paramos em frente à entrada do local.
— Obrigada pela manhã, Mikael. — Entendi minha mão para cumprimentá-lo.
— Obrigada você por essa oportunidade. — Ele apertou minha mão e segurou por um tempo. — Gostaria muito que viesse no fim de semana. Você e Jenna. — Olhei para nossas mãos ainda em um comprimento e depois voltei a olhar para os seus olhos. Eles estavam inseguros e ansiosos. A manhã havia sido agradável e descobri um lado dele que não conhecia, então porque não?
— Estarei aqui com certeza, pode deixar. — Sorri para ele que logo retribuiu um grande sorriso.
— Espero vocês duas aqui então no fim de semana, ás duas da tarde. — Assenti sorrindo e então fui em direção ao meu carro estando ciente que Castiel estava me acompanhando.
— Você está muito, muito ferrada. — Castiel murmurou quando entramos no carro.
— Eu estou sempre ferrada, a diferente agora é que estou duas vezes mais ferrada. — Murmurei enquanto girava a chave na ignição e sentia o motor ranger.
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