Capítulo 21
Eduardo permanecia de pé, a expressão impassível, mas os olhos revelavam uma ligeira nota de descontentamento. Ângela, Ana Elisa e Rodolfo, todos sentados, trocavam olhares preocupados, sentindo a tensão no ar. O silêncio foi pontuado apenas pelos sons ocasionais pesados vindos de fora, mas ninguém se atrevia a quebrá-lo, todos conscientes do desconforto de Eduardo. Ele olhou para cada um deles alternadamente, como se pesasse suas próximas palavras, a calma aparente escondendo seu verdadeiro descontentamento.
— Bom, quem vai falar? — Ele encarou a todos e ficaram em silêncio — Eu me distraio por um segundo e Rodolfo quebra o nariz do Caio e você Ângela, meu anjo por que bateu naquela mulher.
— Olha Eduardo, eu aceito tudo que me impõe, você sabe o quanto eu te amo e que faria qualquer coisa por você. Sabe que eu mudei tudo da minha vida, mas ela estava falando da nossa filha. VOCÊ QUEM DEVIA TER FEITO ALGO, VOCÊ É O HOMEM DA NOSSA RELAÇÃO — Ângela gritou indignada pela passividade de Eduardo.
— Anjo as coisas não se resolvem assim, você sabe. E você Rodolfo? — Eduardo o encarou.
— Desculpa senhor, não era minha intenção mas não me arrependo do que eu fiz. — Rodolfo era um homem calmo, mas não aceitaria que Caio falasse aquilo de sua mulher — Ele me provocou, eu me afastei quando ele chamou Ana Elisa de vagabunda eu perdi a estribeiras.
— Ele estava bêbado — Eduardo disse.
— Tudo que é falado bêbado é pensado sóbrio.
Antes que Eduardo continuasse a falar Ângela se levantou e parou em frente a ele — Você está maluco? — Ela o encarou com decepção nos olhos — Está justificando o homem que fez tudo que fez pra nossa filha? Você sabe que esse é o garoto que jogou Ana Elisa de um carro em movimento não lembra? Como ele ousa falar dela. Eu tenho tolerado aquele garoto dentro da nossa casa por respeito a você. Mas como ousa falar assim com Rodolfo? Ele fez o que você não teve coragem pra não manchar a sua reputação. Por que se casou comigo então? — Ângela empurrou Eduardo — Por que teve uma filha comigo.
Ana Elisa se levantou e segurou sua mãe — Mamãe chega, vamos.
— É vamos. — Eduardo disso.
— Eu não vou com você — Ângela disse. — Eu não quero nem te olhar.
— Mamãe.
— Ana Elisa ou você está do meu lado ou do lado dele. — Ana Elisa abaixou a cabeça para sua mãe — Rodolfo por favor, pode me dar uma carona.
— Pra onde você vai?
Eduardo permaneceu em silêncio, incapaz de formular uma resposta diante da tensão que pairava no ar. Observando a situação, Rodolfo decidiu agir. Ele se dirigiu até o carro e, com determinação, assumiu o volante. Parando o veículo próximo a Ângela, cuja expressão denotava preocupação e incerteza, ele abriu a porta traseira do carro, convidando-a a entrar.
Rodolfo fechou aporta, Ana Elisa e a mãe estavam no carro dele agora, em algum momento a noite havia saído do controle e ele queria entender quando foi que isso que aconteceu. Ele estendeu a mão para Eduardo gentilmente.
— Senhor — Rodolfo o encarou — Pode deixar, eu vou ficar de olho nelas.
Eduardo apenas apertou a mão de Rodolfo sem falar nada para ele. Quando entrou no motorista e seguiu a diante, pensando o que faria neste momento, ele não estava apenas com a filha do chefe, agora estava com o amor da vida dele também no carro. Dirigindo com muita cautela ele olhou pelo retrovisor vendo as duas caladas.
— Ah filinha, me desculpa — Ângela limpou as lagrimas do seu rosto — Não queria que tudo tivesse esse resultado era pra ser uma noite feliz.
Sim, Ângela estava pensando que era um momento de Rodolfo e Ana Elisa expressarem suas emoções e se declararem, combinarem um encontro, qualquer coisa. Mas ele saíram com ela e Rodolfo tendo batido em alguém.
— Mamãe você não precisa competir com ela, é besteira. — Ângela suspirou, cansada da situação. — Rodolfo quebrou o nariz do Caio, ele mereceu — Ana Elisa disse pra mãe fazendo ela rir.
— Mereceu a muito tempo.
— Peter também bateu nele uma vez no nosso último ano. Mas ele foi bem mais bonzinho.
— Eu perdi o controle, devo me desculpar. — Rodolfo disse, os fatos da briga eram embaçados em sua mente, se lembrando apenas de Caio falando de Ana Elisa e dele sendo segurando por seguranças.
— Não deve — Ângela disse — As coisas que eu e minha filha tivemos que no submeter por causa de Eduardo e do maldito nome dele, não se desculpe. Eu queria que Eduardo tivesse o mesmo instinto nós defender que você teve Rodolfo.
— Sim senhora.
— Pra onde vamos? — Ana Elisa perguntou vendo que Rodolfo ia por um caminho que não era a sua casa.
— Vou levar vocês a um lugar especial, pelo menos é pra mim.
Rodolfo guiava seu carro pelas ruas estreitas e mal iluminadas de um bairro mais humilde, enquanto Ana Elisa observava curiosa pela janela. Quando finalmente pararam em uma praça modesta, ele desligou o motor e as três saíram do veículo.
Ana Elisa e Ângela estavam elegantemente vestidas, com seus trajes impecáveis e joias reluzentes, mas havia uma diferença notável em suas expressões. Enquanto Ângela mantinha uma postura mais contida e tranquila, Ana Elisa parecia estar inquieta e apreensiva, seus olhos buscando nervosamente ao redor da praça. A discrepância entre elas era evidente, refletindo a disparidade de experiências e expectativas diante daquele ambiente desconhecido.
— Quando eu nasci meu pai era um homem de muito sucesso, ele mexia com carros, vendia carros e cuidava dele. Tinha um posto de combustível, um automecânico e uma revenda de carros. Ele teve uns problemas de caixa e acabou falindo quando ele e minha mãe se separaram. Então ele alugou uma sala pequena e foi arrumar carros, ele amava carros — Rodolfo disse sorrindo — Ele morava no fundo da oficina e economizava para me mandar para uma boa escola. E por isso o juiz deu a guarda unilateral pra minha mãe pois ele não tinha um lugar para eu viver. Quando eu vinha visitar meu pai ele me trazia aqui — Rodolfo se aproximou de uma barraca de lanches rápidos — eram os melhores momentos da minha infância.
A barraca simples parte de ferro e por cima do ferro era coberto com uma lona azul desgastada, destacava-se modestamente na praça. As cadeiras de ferro dobráveis, dispostas ao redor de mesas de ferro, aguardavam pacientemente por seus ocupantes. Ana Elisa observou a cena com curiosidade, notando a simplicidade do local em contraste com a sofisticação de sua própria vida.
Ao seu lado, Rodolfo parecia imerso em lembranças, seu olhar carregado de nostalgia enquanto observava a barraca. No entanto, um sorriso terno se formou em seus lábios quando ele se voltou para Ana Elisa. Ele entendia que suas origens e experiências eram diferentes, mas isso não diminuía o amor que ele sentia por ela. Na verdade, ele desejava profundamente que suas vidas pudessem se entrelaçar, superando quaisquer barreiras impostas pela disparidade de seus contextos familiares.
— Meu amor. — Um homem aparentava ser mais velho — Olha que chique ele está
— E ai Henry. — Rodolfo o cumprimentou tocando a mão no homem que estava em frente a caixa registadora — Três de sempre, cadê seu pai.
— Ele ainda cansado, falei pra ir pra casa ele foi resmungando por que a Marianinha veio buscar ele.
— Marianinha é filha do Henrique. — Rodolfo explicou para Ana Elisa que estava ao seu lado.
— querem algo pra beber? — Henrique perguntou enquanto conversava com o chapeiro.
— Pega guaraná do especial por favor. — Rodolfo disse animado
— Sim senhor.
Ângela observava atentamente, perdida em seus próprios pensamentos enquanto contemplava a cena diante dela. Ela imaginava como teria sido para Ana Elisa crescer em um ambiente simples como aquele. Será que ela teria sido feliz em meio à simplicidade da vida naquele bairro humilde? Essa pergunta ecoava em sua mente, enquanto ela observava as duas figuras ao seu lado.
Rodolfo aproximou-se delas, guiando-as gentilmente até um recanto aconchegante debaixo de um Ipê florido. O céu noturno se estendia acima deles, pontilhado por estrelas brilhantes, e a beleza da noite era tão cativante que não havia preocupação com a possibilidade de chuva.
Uma única flor caiu delicadamente sobre a mesa, Rodolfo prontamente a pegou e, com um gesto carinhoso, colocou-a atrás da orelha de Ana Elisa. Um sorriso iluminou o rosto dela, contagiando a todos com sua alegria. Nos olhos dela, refletia-se não apenas o brilho das estrelas, mas também o calor reconfortante do amor e da conexão compartilhada naquela noite especial.
— Qual o especial? — Perguntou Ana Elisa para Rodolfo. Henry se aproximou da mesa com grande garrafa de skin. Ana Elisa encarou meio sem jeito — Que isso?
— Ah meu amor — Rodolfo riu dela e beijou sua mão por ver a confusão.
— Eu não sei o que é. É bom?
— Eu tomava com meu pai a gente levava o resto pra casa — Ele sorriu com nostalgia — Sinto falta daquela época.
— Você devia ser uma gracinha pequeno.
— Eu era mesmo, você iria me achar estranho na verdade.
— Ah eu teria me apaixonado por você mesmo assim.
— Você é linda — Rodolfo aproximou seus lábios dela e deu um selinho em seus lábios.
Ambos estavam entrosado Ângela estava gostando de ver ambos, saber que Rodolfo era como ela a deixava feliz. Ela limpou a garganta
— Mamãe — Ana Elisa se afastou
— A gente está junto senhora — Rodolfo segurou a mão de Ana Elisa — Olha eu não sou golpista e espero que a senhora não conte pra ninguém. A gente se conheceu antes — Ana Elisa sentiu-se nervosa, sua pressão parecia cair — A gente estava no mesmo bar, conversamos e eu achei sua filha linda e ela é linda e quando descobri que ela era filha do meu chefe eu fiquei assustado mas não mudou o que eu senti por ela. Eu amo a sua filha.
Ana Elisa olhou para Rodolfo, ele havia se declarado e ela mal podia acreditar — Sinto falta dela quando ela esta longe, trabalhar e poder ver ela tem sido tão bom. E eu lamento por ter escondido isso eu não sei como falar pras pessoas, todos vão achar que eu me aproximei dela por causa do dinheiro, mas eu não preciso. Eu senti que poderia matar o Caio, ele falar assim dela eu não pode aceitar. Eu me vejo casando com ela, tendo uma vida com ela, tendo filhos com os lindos olhos dela — Rodolfo encarou Ana Elisa que estava com os olhos cheios de lagrima — Eu te amo Ana Elisa e se eu precisa me demitir, largar minha carreira e todo resto por você, eu faço com o maior prazer.
— Eu também te amo — Ana Elisa segurou a mão de Rodolfo.
Naquele momento seus olhos se encontraram, mergulhando profundamente na intensidade da paixão que os envolve. Era como se, de repente, todas as emoções reprimidas vissem à tona, explodindo em uma torrente avassaladora de sentimentos. A declaração de amor, sincera e arrebatadora, parecia ecoar no ar.
Mesmo sabendo que em algum momento ambos teriam que lidar com todas as barreiras socias naquele momento a única coisa que importava era o amor deles.
— Muito amor — Henrique apareceu carregando os pedidos — Mas vamos comer. Especialidade da casa com amor extra pros apaixonados.
— Obrigado cara.
Ana Elisa, ainda se adaptando ao ambiente desconhecido e à comida diferente, demonstrou alguma dificuldade em comer algo tão grande não tendo a mesma habilidade que Rodolfo e Ângela. No entanto, em vez de se envergonhar, ela abraçou a situação com humor, rindo de suas tentativas desajeitadas e compartilhando a leveza do momento com os outros dois.
Enquanto isso, o telefone de Rodolfo insistia em interromper a atmosfera descontraída da refeição. Cada toque do aparelho era como uma pequena intrusão, lembrando-os da realidade do mundo exterior. Rodolfo olhou para o dispositivo, registrando as chamadas de Eduardo
— Não atende — Ângela repreendeu Rodolfo, ela havia desligado celular e proibido ambos de atender os telefones.
— Senhora é meu chefe. — Rodolfo pegou o celular e suspirou.
Ângela mesmo sendo contra isso ela entendeu a situação não era nada fácil para Rodolfo também que estava envolvido com a família dela agora.
— Tudo bem, mas não fale onde eu estou — O tom de voz dela saiu serio.
Ele apenas acenou com a cabeça e se afastou deixando Ana Elisa conversando com a sua mãe, ela estava tentando lutar para que sua mãe voltasse pra casa poderia causar problemas para Rodolfo. A uma distância segura Rodolfo atendeu o telefone.
— Pois não.
— Onde está minha esposa?
— Senhor, está muito brava — Rodolfo olhou vendo ela e Ana Elisa rirem de algo — Eu trouxe elas pra jantar.
— Traga ela pra casa. — ordenou Eduardo.
— Sim senhor.
Por mais que Rodolfo não tivesse achado necessário a grosseria de seu sogro ele teria que lidar com aquela situação, ele era apenas um funcionário sem garantias e precisava do salário que recebia mensalmente para ele e sua irmã.
Ele foi até seu amigo e pagou a conta, Henrique havia elogiado Ana Elisa, e Rodolfo se sentiu como um pavão vaidoso, sua mulher era realmente muito linda, notando o olhar de Rodolfo ela se virou pra ele e sorriu.
Quando se despediu do amigo prometeu que voltaria em breve. Caminhou de volta a mesa, Ana Elisa se levantou e abraçou Rodolfo. Ele beijou suavemente o topo de sua cabeça e disse:
— Podemos ir — Perguntou para elas
— Vamos pra onde? — Ana Elisa prguntou.
— Vou levar vocês pra casa, Eduardo esta preocupado
— eu não vou, ele pode ir pro inferno — Ângela disse cruzando seus braços irritada.
— Senhora, por favor me deixará em maus lençóis.
— Eu pego um taxi.
—Mamãe
Ângela caminhava na frente seguida por eles, Rodolfo pensava o que fazer naquele momento não podia dizer elas ali e jamais deixaria entrar em um taxi naquela hora da noite. Ângela parou em frente ao carro com um olhar inquisidor fazendo Rodolfo se contrair pela expressão ameaçadora.
— Eu vou levar vocês pra minha casa, podem dormir no meu quarto.
— Pode ser mamãe? — Ana Elisa olhou pra sua que apenas concordou com a cabeça.
— Mina está com saudade de você. — Ele disse sorrindo — Sua mãe gosta do genro dela viu — Ele se gabou
— Gosta mesmo.
Os três entraram no carro, prontos para retornar ao conforto de suas casas após o momento agradável juntos. Rodolfo não pôde deixar de notar as chamadas perdidas de Eduardo em seu telefone, mas antes de iniciar a viagem de volta, ele decidiu enviar uma mensagem rápida para informar que Ana Elisa e Ângela estavam com ele e que os levariam para sua casa.
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