Capítulo 15
Ana Elisa chegou à mesa do café, onde seus pais estavam sentados. Apesar da atmosfera tranquila que tentavam criar, ela sentia a tensão palpável no ar, especialmente para ela, dadas as notícias que ouvira. Seus pais a observavam atentamente, esperando suas reações.
— Bom dia, meus amores — cumprimentou Ana Elisa, tentando esconder a ansiedade em sua voz.
— Bom dia, querida — respondeu seu pai com um tom animado.
— Conseguimos tudo durante a noite? — perguntou Ana Elisa, surpreendida, mas também um pouco esperançosa. Saber que sua família estava avançando trazia certo alívio, mesmo com todas as incertezas.
— Sim, conseguimos uma ordem judicial. Vamos buscar Mina. Rodolfo é o responsável por ela, e eles não têm o direito de mantê-la presa — explicou sua mãe, com uma calma que contrastava com a agitação interna de Ana Elisa.
Rodolfo permanecia à mesa, sua expressão refletindo uma mistura de apreensão e cansaço. Seus olhos estavam sombrios, marcados por olheiras profundas que denunciavam uma noite mal dormida e a ressaca que ainda o assolava.
Cada movimento era lento e pesado, como se carregasse o peso do mundo em seus ombros.
Ana Elisa observava-o com uma mistura de compaixão e preocupação, desejando poder oferecer-lhe algum conforto ou alívio. Ela sabia que não seria fácil para ele lidar com tudo aquilo, especialmente naquele estado físico e emocional tão frágil.
Rodolfo se juntou à conversa com um semblante constrangido, como se estivesse incomodado com toda a situação.
— Bom dia a todos, peço desculpa pelo incômodo. — Sua voz soava abafada, carregada de desconforto.
— Imagina, meu filho — Ângela respondeu com gentileza, estendendo-lhe um olhar reconfortante — Como está a cabeça e a mão?
— Melhor do que eu merecia — Ele murmurou, mantendo o olhar baixo em seu prato de comida.
— Coma um pouco, vai se sentir melhor. A polícia chegará em breve.
— Polícia? — A palavra pareceu ecoar na mente de Rodolfo, trazendo uma expressão de surpresa misturada com um leve toque de esperança.
— Para buscar a Mina, Rodolfo. Não se preocupe, conseguimos um mandado para tirá-la de lá — explicou Ângela, tentando acalmar os ânimos dele.
Rodolfo desabafou, revelando sua confusão e angústia diante da situação.
— Eu estou meio perdido, peço desculpa por isso. Minha cabeça virou um turbilhão depois disso — sua voz trazia um misto de desamparo e frustração. — A senhora Mariana disse que iria buscar ela para passear, mas levou ela pra sua casa e tirou o celular. Ligo para ela há dias e nem sabia onde eles estavam. Achei que estavam em um hotel, mas descobri que não.
— Tudo bem, eu imagino sua inquietude — Ângela disse, adotando um tom acolhedor — Vamos te apoiar em tudo, eu gosto muito da Milena.
Rodolfo refletiu enquanto compartilhava suas preocupações.
— Eu fiquei pensando enquanto tomava banho no que havia dito para Ana Elisa, eu não me lembro.
— Você me contou o que houve com Mina, disse que sabia de tudo — interveio Ana Elisa, tentando lembrá-lo do que havia compartilhado.
— Nunca disse nada. Não queria que a minha irmã se sentisse mal com tudo. Ela falava com meu pai, contou o ocorrido. Meu pai comprou as passagens para ela vir pra cá. Ele infartou e morreu. Ela chegou um dia depois do velório dele, nem teve tempo de vê-lo.
Ana Elisa colocou a mão no ombro dele, oferecendo apoio.
— Tudo bem, está tudo bem — sua voz era suave e tranquilizadora, enquanto os olhos de Rodolfo se encheram de lágrimas, revelando a carga emocional que ele carregava.
Enquanto compartilhava suas angustias sobre a situação de Mina todos pareciam cada vez mais descrente que um pai e uma mãe pudesse fazer isso.
— Eles descobriram que Mina tem dinheiro, que ela ganha muito dinheiro e resolveram vir atrás dela — revelou, sua voz carregada de preocupação.
— Como ela ganha dinheiro? — Eduardo questionou, mostrando-se surpreso.
— Ela joga e ganha por pessoas que veem, ganha comissão para fazer propaganda, vai em eventos gamer — explicou Rodolfo.
— Eu não sabia disso — Ana Elisa disse, demonstrando surpresa com a revelação.
— Ela não gosta de falar. Ela tem muito dinheiro e eu deixo tudo guardado para o futuro. Acho que é minha obrigação sustentar minha irmãzinha. Quando eles descobriram...
— Como descobriram? — indagou Lisa, curiosa.
— Mina resolveu se emancipar por conseguir se sustentar — explicou ele, revelando o motivo por trás da descoberta.
— Ela vai ficar bem, vamos buscar ela — Ana Elisa tentou acalmar Rodolfo, oferecendo-lhe esperança.
Entretanto, Eduardo interrompeu com uma perspectiva mais realista.
— Não, Bonequinha. Ele não pode ir. A mãe pediu uma medida protetiva contra ele, ele não pode se aproximar, senão vai preso.
— Eu vou então, para ela ver um rosto amigo — propôs Ana Elisa.
— Olha, você pode ir, mas não chegue perto da casa. Precisamos cumprir a ordem judicial logo. Logo vai cair. Rodolfo, se essa mulher sabe onde vocês moram, seria melhor não voltar lá por um tempo — aconselhou Eduardo, preocupado com a segurança de todos.
— Posso ir com ela para um hotel? — propôs Rodolfo, preocupado com a segurança de Mina.
— Não, fiquem aqui. Ela estará segura neste condomínio, é muito seguro. Temos seguranças, e eu vou adorar ter ela aqui. Agora que minha filhinha está trabalhando, preciso de companhia para cuidar do jardim — respondeu Eduardo, tentando tranquilizar a todos.
Levou um tempo até o cumprimento do mandado. Ana Elisa e seu pai foram em um carro com motorista e segurança, enquanto outro carro os seguia com mais seguranças. Todo cuidado seria pouco.
Apesar de relutante, Mina foi entregue à polícia. Ana Elisa estava lá, esperando por ela. Quando Mina correu para abraçá-la, Ana Elisa percebeu os machucados em seu rosto, mas optou por não comentar.
— Como você está? — perguntou, abraçando Mina com preocupação. — Rodolfo está te esperando. Vamos.
Mina não disse nada, apenas entrou no carro. O pai de Ana Elisa sentou-se na frente, enquanto os seguranças estavam no carro atrás. A viagem foi longa e silenciosa.
— Você está bem? — Ana Elisa perguntou novamente.
— Quero ver meu irmão. Estou preocupada com ele — respondeu Mina, com a voz embargada.
Ana Elisa pegou seu telefone e ligou para Rodolfo. Ele atendeu de imediato, e Mina começou a chorar ao ouvir a voz do irmão.
— Estou indo, Tato. Estou bem — prometeu ela, tentando se acalmar.
Lisa secou as lágrimas do rosto de Mina enquanto esta trocava algumas palavras com Rodolfo. Quando o carro parou em frente à casa, Rodolfo já estava no jardim, correndo em direção ao veículo para abraçar sua irmãzinha.
— Me perdoa, me perdoa — ele dizia, com lágrimas nos olhos.
— Eu estou bem, seu bobo. Para com isso — respondeu Mina, retribuindo o abraço. — Eu juro.
Rodolfo olhou para o rosto de Mina e viu a marca, um corte fino, causada pelo anel da mulher que a havia retido.
— Como eles ousam... — murmurou ele, indignado.
— Fica calmo. Ela queria a senha do banco, mas eu não quis dar. No fim, acabei cedendo — explicou Mina, tentando acalmar o irmão.
— Nenhum dinheiro é mais importante que a sua segurança — assegurou Eduardo, abrindo caminho para todos entrarem em casa.
Todos entraram na casa, e Rodolfo, com um gesto delicado, tocou suavemente a mão de Ana Elisa em um agradecimento silencioso, ao qual ela respondeu com um sorriso reconfortante.
A sala estava repleta de pessoas, o que tornava a situação estranha e constrangedora para Mina. Eduardo havia convocado uma junta de advogados e estava assumindo todos os custos envolvidos. Além dos três advogados presentes, estavam seus pais e até mesmo o delegado de polícia, criando uma atmosfera tensa e séria na sala.
— Mina — Ana passou a frente de todos — Você não precisa falar nada se não quiser. Pai isso não é necessário.
— Bonequinha, precisamos deixá-la segura e só assim
— Papai você está exagerando.
— Tudo bem — Mina segurou sua mão — eu quero falar o que houve, quero meu celular.
Mina parecia uma ilha de calmaria em meio ao mar revolto de emoções que inundava a sala. Ana Elisa e Rodolfo, ao lado dela, pareciam estar em alerta máximo, como guardiões protetores prontos para intervir a qualquer momento. Com a voz firme, Mina começou a relatar os eventos angustiantes que a levaram até ali.
Ela descreveu o momento em que sua mãe a buscara, disse que iam a um passeio inocente, apenas para conduzi-la a um destino sombrio e desconhecido. As palavras de Mina fluíam em uma torrente de emoção contida, revelando o medo e a incerteza que ela enfrentara.
Cada detalhe do incidente era como uma flecha no coração de Ana Elisa, cujo sangue fervia de indignação diante da crueldade infligida à sua amiga. Ao seu lado, Rodolfo estava visivelmente abalado, sua expressão uma mescla de raiva e impotência. Ana Elisa segurou sua mão com firmeza, transmitindo-lhe um gesto de solidariedade silenciosa.
Mina continuou a narrativa com uma serenidade surpreendente, como se estivesse contando uma história distante, desvinculada de sua própria experiência. Sua calma contrastava com a turbulência emocional ao seu redor, como se ela tivesse se resignado à inevitabilidade desses eventos.
Após o relato, Eduardo conduziu os outros para fora da sala, deixando apenas Rodolfo, Ana Elisa, Mina e Ângela. O silêncio pesado pairava no ar, carregado com o peso das revelações recentes e das emoções intensas que ainda ecoavam na sala.
— Milena, vai tomar um banho e descansar, use o quarto da Ana Elisa.
— A gente não vai pra casa? — Mina encarou Rodolfo querendo entender o motivo de estarem ali, estava um pouco confusa mas onde havia ficado não via a luz do sol e nem sabia quantos dias tinham se passado.
— Meu amor, vamos ficar uns dias aqui e o Tato vai arrumar um lugar pra gente.
— Não precisa ter pressa. — Ângela disse. — Vamos vou fazer algo muito bom pra você comer e podemos ver um filme sabia que tem uma sala de cinema aqui?
— Mamãe, vamos buscar umas coisas da Mina. O que você quer da sua casa? — Perguntou Ana Elisa.
— Meus fones, por favor.
— Sim senhora.
Enquanto Mina e Ângela desapareciam dentro da casa, Rodolfo e Ana Elisa se dirigiram ao carro, prontos para deixar para trás aquele turbilhão de emoções. Entraram no veículo e, sem trocar uma palavra, seguiram adiante. O silêncio envolvia o interior do carro como uma manta pesada, carregada de pensamentos e sentimentos não expressos. Cada quilômetro percorrido era marcado pelo ruído monótono dos pneus contra o asfalto, um som que ecoava dentro deles, ampliando a sensação de distância entre eles e o mundo lá fora. E, mesmo sem pronunciar uma única palavra, cada um deles sabia que estavam ali um para o outro, compartilhando o peso daquela jornada tumultuada.
— Obrigada Matias — Ana Elisa agradeceu o motorista — Pode ir para casa, vamos voltar no carro do Rodolfo ele tem que ir trabalhar segunda e quero comprar um celular pra Mina, avise papai e mamãe que vou demorar.
— Sim senhorita.
Ana Elisa viu o carro se afasta e vê o volvo azul virando a esquina, Rodolfo esta segurando a porta ela da longos passos. Ele estava calado era normal ela não ficar constrangida com o silêncio mais agora estava.
Tudo parecia tão diferente e igual aos olhos de Rodolfo ele sentou no sofá. Parecia tão frustrado que fazia o coração de Ana Elisa se apertar.
— Você está bem?
— Não — Rodolfo respondeu seriamente — Eu fui um babaca com você, me desculpe. A mina estava com ela e eu fiquei doido.
— Ei, tudo bem — Ana Elisa se aproximou e acariciou o rosto de Rodolfo
— Obrigado por estar cuidando de mim. — Ana Elisa não disse nada, apenas sorriu pra ele. Rodolfo se aproximou de Lisa, seus lábios estavam tão próximo — prometo que vou retribuir.
— Me beija então — Ana Elisa pediu, o polegar de Rodolfo deslizou pelo lábio dela fazendo seu corpo se acender.
Ele beijou seus lábios com suavidade a calmaria diferente para eles, ambos se afastaram sem folego — Senti sua falta — ela disse em um sussurro. — Eu sou uma boa menina por isso não vou abusar de você neste momento de fragilidade.
Ana Elisa dirigiu-se ao quarto de Mina com determinação. Ao abrir a porta, seu olhar encontrou a mala no canto, esperando para ser preenchida. Com mãos ágeis, ela começou a selecionar cuidadosamente peças de roupa, escolhendo com atenção cada item que seria necessário para os próximos dias colocando na mala com delicadeza, como se estivesse montando um quebra-cabeça de memórias.
Uma vez que as roupas estavam devidamente acomodadas, Ana Elisa se dirigiu ao banheiro. Ali, entre os azulejos brancos e o brilho do espelho, ela encontrou os itens de higiene pessoal de Mina. Com mãos gentis, ela os recolheu, consciente da importância que cada um desses objetos tinha para sua amiga. O cheiro suave do sabonete, a familiaridade do pente, cada item trazia consigo uma parte da rotina diária de Mina.
Ana Elisa gritou de dentro do quarto de Mina, sua voz ecoando pelo corredor.
— Rodolfo, pega um terno!
Em resposta, Rodolfo apareceu à porta do quarto, segurando vários ternos ainda envoltos em plástico, recém-chegados da lavanderia.
— Mina não precisa de um celular novo — disse ele, enquanto abria uma mala bolsa que encontrou no guarda-roupa da irmã. Com cuidado, ele guardou seu notebook e alguns pertences, antes de tirar um celular de uma gaveta próxima.
— Ela tem um celular? — perguntou Ana Elisa, surpresa.
— Ela ganhou alguns celulares para testar em jogos. O cara que desenvolve o jogo deu os celulares para ela experimentar e mostrar que não travam, e qual era o melhor.
— Meu Deus...
— Pois é.
Rodolfo continuou a guardar os pertences de Mina na mala, completando a tarefa com eficiência
— Precisa só disso? — Ela encarou.
— Sim, minha linda, vamos pedir pizza e ver um filme com a Mina, vocês têm uma sala de cinema?
— Não é bem uma sala de cinema. Nós temos uma sala com uma escada e uma tela. E alguns sofás.
— Era meu sonho quando criança.
— Que fofo.
Ana Elisa e Rodolfo voltaram para casa. Rodolfo foi para o escritório para conversar com o pai dela, enquanto Ana Elisa se juntou a Lisa e sua mãe, discutindo sobre os filmes que poderiam assistir. Enquanto isso, Mina dormia tranquilamente no quarto de Elisa, envolvida pela serenidade da noite
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Meus amores, estão quase sem cap pra postar, mas eu estou enviando o capítulo hoje. Mas cedo do que planejado, não vejo a hora de postar o livro completo. Espero que vocês curtam bastante, deixe os comentários de vocês.
Ps: os cap estou deixando maior pra propaganda não fica aparecendo e enchendo o saco de vocês.
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