Capítulo 14
À medida que os dias se arrastavam, o clima no escritório tornou-se sombrio, quase como se uma tempestade permanente pairasse sobre os corredores habitualmente iluminados. Rodolfo, cujo humor flutuante era conhecido por todos, havia subitamente se fechado, seus traços habitualmente expressivos endurecidos em uma máscara de irritação e distância.
Desde aquele almoço com Bernardo, ele passou a evitar o contato visual com Ana Elisa, como se sua mera presença lhe causasse desconforto. As respostas que ele dava, quando forçado a interagir, eram cortantes e frias, deixando um rastro de mal-estar entre os colegas. Ana Elisa, por sua vez, sentia-se perdida, confusa com essa mudança abrupta. Ela tentava buscar alguma explicação com Mina, mas até sua amiga parecia evitá-la, não respondendo suas mensagens nem atendendo suas chamadas.
Os dias passavam lentos e pesados. O escritório, antes um espaço de dinamismo e colaboração, parecia agora enclausurado em um silêncio desconfortável. Ana Elisa observava Rodolfo pelos corredores, notando como sua postura rígida refletia um estado interno tumultuado. Ela queria aproximar-se, perguntar, entender o que havia acontecido, mas a barreira invisível que ele erguera era clara e intransponível.
No sábado, Ana Elisa havia se entregado à solidão e à tristeza, um sentimento de rejeição a envolvia como um véu denso e frio. Já era tarde quando Peter irrompeu em sua casa, seus grandes olhos expressivos penetrando a penumbra que ela cultivava ao redor de si mesma. Com energia infatigável, ele não só acendeu as luzes mas também a arrastou para o chuveiro, determinado a dissipar sua melancolia.
— Vamos sair, e rápido, antes que seu pai venha atirar em mim — ele brincou, tentando arrancar dela um sorriso.
— Ah, meu Deus, eu não quero — resmungou Ana Elisa, jogando-se na cama ainda envolta na toalha.
— Vamos sim — insistiu Peter, vasculhando o armário em busca de algo para ela vestir. — Se veste, e a gente vai sair. Estou cansado da sua auto piedade.
— Peter, eu não quero dormir com você — ela disse, numa tentativa de estabelecer limites.
— Obrigado por me informar, mas só quero sair de casa também, minha mente está confusa.
— Por causa da festa?
— Quieta, vamos — ele cortou, atirando sobre ela um conjunto de roupas. — Eu tenho um lugar especial pra ir.
Ana Elisa, relutante, acabou cedendo. Vestiu-se e seguiu com Peter, que parecia estranhamente perturbado, provavelmente por complicações amorosas que surgiam sempre que se envolvia mais seriamente com alguém.
— Por que aqui? — protestou Ana Elisa ao reconhecer o local onde haviam chegado.
— Vamos, mantenha sua postura, seja sensual e apaixonada.
— Não força — ela sussurrou, sentindo-se desconfortável com a encenação.
Ao entrar no restaurante de braços dados com Peter, Ana Elisa tentava se concentrar em seguir o plano. No entanto, seu coração parou ao avistar Rodolfo no bar, sozinho, bebendo. O homem que a havia ignorado por dias a fio estava ali, ao alcance dos olhos, intensificando a dor de sua rejeição.
— Lili, foco — Peter estalou os dedos, tentando chamar sua atenção.
— É ele — Lisa sussurrou com seus olhos voltados para o bar.
— Hum, seu homem... — provocou ele, notando seu olhar perdido.
— Ele não é meu, na verdade, ele é o homem que fugiu de mim — Ana Elisa confessou, a voz carregada de uma tristeza nua.
— Ninguém foge da teia da viúva negra, amor — brincou Peter, tentando aliviar o clima.
— Peter, você não deveria ser gente boa comigo? — questionou ela, meio a sério, meio a brincar, agradecida pela presença dele, mesmo em meio ao caos emocional que sentia.
Naquele instante, a proximidade de Rodolfo e a complexidade de suas emoções tornaram a noite ainda mais pesada. A cada gole que ele tomava, refletia um tumulto que ambos partilhavam, mesmo separados pela distância de um salão.
Rodolfo então virou-se em direção a Ana Elisa, seu olhar carregado de algo indecifrável, visivelmente abatido. Ele parecia prestes a tomar uma decisão, mas, em vez disso, abruptamente virou-se e se afastou. No entanto, ele não estava sozinho; uma mulher seguiu rapidamente atrás dele. Será que era uma ex-namorada? A visão disso torceu o estômago de Ana Elisa com uma mistura de ciúme e tristeza.
Ela lamentou ter saído de casa, agora mais do que nunca. Embora ela e Peter tivessem se sentado para almoçar juntos, e ele falasse sem parar, ela mal podia ouvir suas palavras, perdida em seus pensamentos.
— Fala do Bernardo. — Peter tentava puxar assunto vendo a cara de Ana Elisa.
— Ah a gente foi almoçar algumas vezes mais ele é burguesia demais, um papo chato pra caramba, sei lá.
— Sua mãe vai ficar brava
— Se ela souber como ele é não vai e aparentemente ela esta desgosta com algo que ainda não sei. — Ana Elisa deu de ombro enquanto brincava com a comida
— Bom — Peter limpou a garganta para fazer um drama — eu estou sabendo de algumas coisas em relação a sua mãe. Só preciso confirmar se é ela mesmo. E não, não foi o Cleber que me contou antes que você me acuse.
— Se meu pai descobrir o que você faz com ele.
— Nada que ele não goste.
Peter era um homem bissexual e não fazia segredo de suas aventuras, dormindo com homens, mulheres e, às vezes, ambos ao mesmo tempo. Ele havia se envolvido com o motorista da mãe de Ana Elisa depois de se conhecerem em um aplicativo de relacionamentos. Como sempre, Peter era ativo e direto em suas relações, uma constante em sua vida que nunca mudava.
— Canalha.
Peter apenas piscou para Lisa, enquanto pedia a conta. Ambos voltaram para carro e estavam de voltando para casa, quando Peter resolveu descobrir os detalhes.
— Me diz Lili, o que foi?
— O Rodolfo está me evitando
— Entendo, e você é o tipo de mulher que desiste agora. — Peter suspirou — Coloque sua lingerie mais sexy ou vai pelada pra casa dele, deita na cama. Você é gostosa e todo homem ama uma bunda rebolando
— Acha que eu devia? — Peter apenas concordou com a cabeça. — Então agora minha vez o que foi.
Peter sabia que Ana Elisa não ligava pro estilo de vida dele, eles se divertiam quando tinham oportunidade. Mas era a primeira vez que ele falava sobre esse assunto.
— Bom você sabe né — Ele disse parecendo pela primeira vez nervoso — Eu fui pra uma festa e me envolvi com um casal. Ela é submissa dele e eles queriam uma terceira pessoa independe do que fosse. Então a gente estava com ela e eu fui fazer o que faço de melhor, peguei ela de quatro uma beleza quando ele enfiou o dedo em mim. — Ana Elisa o encarou sem entender o motivo do temor — Eu gostei demais e depois você sabe né, ele não ficou só no dedo.
— E você gostou? — Ana Elisa sabia que isso até então era um limite pra ele.
— Porra eu nunca tive um orgasmo tão grande. O problema é que eu gostei.
— Não vejo o problema ainda Peter
— É pode ser — Ele suspirou — e para finalizar eles querem me me envolva em um relacionamento, apenas nós três. Eu não quero ser fixo entende.
— Faça seus termos e veja se eles aceitam e para de drama.
Ana Elise encarou Peter e agora parecia mais calmo. O carro parou em frente a casa dela, ela se virou curiosa — Foi bom mesmo? Anal.
— Foi. Eu disse que você devia tentar. — Lisa riu dele — Bom ainda estou a sua disposição — Peter se aproximou e beijou o rosto dela
— Nem vem, estou seria agora.
Ela deu um beijo no rosto dela se despedindo, quando saiu do carro Peter deu um tapa na bunda dela.
— Sabe o que fazer, não fica de frescura em.
A tarde pendia lentamente no horizonte, os últimos raios de sol derramando-se como ouro derretido sobre a cidade. Ana Elisa, que havia passado horas imersa em pensamentos e inquietações, finalmente decidiu se libertar da prisão de suas reflexões. O conselho de Peter, embora impetuoso, ressoava em sua mente como um chamado à ação.
Decida a mudar a situação entre ela e Rodolfo, Ana Elisa se levantou da cama, tomou um longo banho, passo seus melhores perfumes, Peter no fundo tinha razão ela ela não era do que tipo que ficava parada vendo a vida passar na sua frente. Ao voltar pro seu guarda roupa ela pegou sua roupa mais provocante e foi colocou um casaco cumprido por cima.
Ao pegar a chave do carro, Ana Elisa estava tomada por um turbilhão de sentimentos. Enquanto dirigia até o prédio de Rodolfo, sua mente girava em torno das recentes mudanças no comportamento dele. Será que ele pode ser tão insensível assim comigo? O que eu fiz para merecer isso? As perguntas ecoavam em sua cabeça durante o trajeto, cada minuto se estendendo mais do que o anterior.
Finalmente chegou ao seu destino. Os segundos no elevador se arrastaram, ampliando a ansiedade que já sentia. Diante da porta de Rodolfo, Ana Elisa tocou a campainha repetidas vezes, mas nenhuma resposta veio. Tentou então ligar para Mina, mas encontrou apenas o silêncio de um telefone desligado.
Desapontada, uma onda de decepção invadiu seu ser. Ela caminhou de volta ao elevador, desolada com a viagem perdida. Ao sair do prédio, seu coração saltou ao ver Rodolfo parado em frente ao seu carro, segurando a própria mão com uma expressão de dor.
— Rodolfo? — Ela tocou levemente em seu ombro. Ele se virou e o intenso cheiro de whisky encheu o ar, enchendo o momento com a seriedade de suas emoções. Ao olhar para sua mão, Ana Elisa percebeu que estava sangrando. — O que houve? — A preocupação era evidente em seu tom voz, enquanto tentava entender a situação, buscando em seus olhos alguma explicação.
Quando Rodolfo virou para encarar Ana Elisa, a luz fraca do estacionamento iluminava seu rosto, revelando uma expressão suavizada pela surpresa e, talvez, um toque de alívio.
— Você veio me ver — disse ele, um leve sorriso tentando se formar em seus lábios. — Que bom que você veio.
Ana Elisa examinou Rodolfo rapidamente, notando sua postura cambaleante e o olhar vidrado. Estava claro que ele havia bebido mais do que o suficiente.
— Ok, você está muito bêbado. Cadê sua chave? — perguntou ela, tentando manter a situação sob controle.
— Pra que? Vai abusar do meu corpinho enquanto seu novo namorado não está olhando? — Rodolfo tentou fazer uma piada, mas sua voz saiu arrastada e carregada de sarcasmo.
— O que? Que namorado? — Ana Elisa franziu a testa, confusa.
— Bernardo — ele resmungou, o nome saindo enrolado e a expressão dele se tornando um pouco debochada.
Da boca de Ana Elisa escapou um suspiro audível, demonstrando sua total concentração em auxiliá-lo. Possivelmente, era a influência do álcool que o deixava daquela forma.
— Ele não é meu namorado. Vamos lá, me dá sua chave.
Ana Elisa guiou Rodolfo de volta para o prédio, cada passo pesado refletindo a carga de álcool que ele carregava. No elevador, enquanto as portas se fechavam lentamente, o ambiente parecia impregnado com uma tensão palpável. Rodolfo se inclinou para mais perto dela, e Ana Elisa sentiu seu hálito carregado de álcool roçando levemente em seu pescoço. O odor do perfume dela, uma fragrância suave e delicada, misturava-se com o cheiro penetrante do álcool, criando uma atmosfera surreal de contrastes. Cada segundo de silêncio entre eles parecia carregado de significados não ditos, de emoções latentes que aguardavam para serem reveladas.
— Está cheirosa pra ver, né? — provocou ele, um traço de flerte embriagado em sua voz.
— Meu perfume nem dá para sentir com o seu cheiro de álcool, vamos. — Ela o repreendeu suavemente, tentando manter o foco na situação.
Já no apartamento, Ana Elisa ajudou Rodolfo a se sentar no sofá, observando-o com uma mistura de preocupação e frustração.
— O que houve com a sua mão? — indagou, finalmente abordando o ferimento óbvio.
— Soquei o vidro da porta — admitiu ele, olhando para a mão com uma expressão resignada.
Ela examinou a mão de Rodolfo mais de perto, notando um pedaço de vidro ainda incrustado. Lisa sentiu um calafrio ao ver o sangue, sempre odiara sangue, mais do que qualquer coisa. Mas sabia que precisava superar sua aversão para ajudá-lo. Ela respirou fundo, preparando-se para limpar e cuidar do ferimento, mesmo com o estômago revirando pela proximidade do sangue.
— Tem um kit de primeiros socorros — Perguntou seriamente
— No banheiro
Ela foi até o banheiro, os passos hesitantes ecoando pelo corredor enquanto sua mente girava em um turbilhão de preocupações. Com mãos trêmulas, Ana Elisa pegou um kit de primeiros socorros, sentindo o coração bater descompassado em seu peito. Cada movimento era meticulosamente calculado, cada respiração uma tentativa de acalmar os nervos à flor da pele.
De volta ao sofá, ela se aproximou de Rodolfo, seu olhar focado nas mãos dele. Com determinação, ela puxou o pedaço de vidro preso em sua pele, a sensação de aflição ecoando através de seus dedos. Cada pequeno movimento era uma batalha contra o desconforto, contra o medo de causar mais dor a ele.
Enquanto limpava as feridas, Ana Elisa recordava de todas as vezes que assistira a séries médicas na televisão, absorvendo cada gesto dos médicos com a esperança de que isso um dia lhe fosse útil.
Por fim, ela enrolou o corte com uma atadura, sua mente aliviada por ter conseguido ajudar de alguma forma. Mesmo que as mãos ainda tremessem, mesmo que o coração ainda martelasse em seu peito, ela sentiu uma sensação de realização, de ter superado seus próprios limites em nome do cuidado com alguém que, apesar de tudo, ainda significava tanto para ela.
Rodolfo se acomodou no sofá, seus olhos cansados refletindo a intensidade da noite turbulenta que havia passado.
— Você é uma ótima enfermeira — ele elogiou, um sorriso triste brincando em seus lábios.
— Você está bêbado e eu não gosto de homens bêbados — Ana Elisa respondeu, sua voz firme refletindo sua determinação em não ceder à fraqueza do momento.
O sorriso de Rodolfo se desfez, substituído por uma expressão séria e decidida.
— Vou fazer um café para você, deite um pouco — sugeriu ele, tentando disfarçar a turbulência emocional que o consumia.
Enquanto Rodolfo se esforçava para se recompor, Ana Elisa se dirigiu à cozinha, os passos reverberando o eco da conversa angustiante que acabara de ocorrer. Ela preparou o café com mãos hábeis, adicionando um toque de determinação extra ao preparar a bebida.
Quando voltou para a sala, Ana Elisa entregou a xícara fumegante a Rodolfo, seu coração apertado com a ansiedade pelo que viria a seguir.
— O que houve? — ela perguntou, sua voz suave, mas carregada de preocupação.
Os olhos de Rodolfo se encheram de lágrimas, a dor transbordando de cada centímetro de sua expressão.
— Vão levá-la embora, aquela vagabunda e aquele porco estão com ela — ele desabafou, sua voz quebrada pelo peso do desespero.
— Do que você está falando? — Ana Elisa sentiu um frio na espinha, o presságio de uma tragédia iminente pairando sobre eles.
— Mina. Ela pegou Mina e a prendeu dentro da casa onde estão. Eu não posso tirá-la de lá. Ela pensa que eu não sei o que eles fizeram, mas eu sei — explicou ele, as palavras saindo em um sussurro angustiado.
O choque reverberou pelo corpo de Ana Elisa enquanto ela tentava processar a enormidade do que acabara de ouvir.
— O que fizeram com ela? — ela perguntou, sua voz embargada pela emoção.
— Ela jogou a própria filha para fora e ele abusou da própria filha. São dois nojentos, as coisas terríveis que minha irmã passou. Aquela mulher a culpou por isso e a expulsou de casa — a voz de Rodolfo tremia de raiva e tristeza.
— Meu Deus — Ana Elisa murmurou, sentindo-se impotente diante da magnitude do sofrimento de Mina.
Rodolfo tentou se levantar, a indignação e a angústia se manifestando em um gesto desajeitado. A xícara que ele segurava escorregou de sua mão e se espatifou contra a parede, ecoando pelo apartamento com um som assustador.
— Rodolfo! — Ana Elisa gritou, tomada pelo susto e pelo medo do que estava por vir.
— Eu vou matá-los — a declaração de Rodolfo ressoou no ar, carregada de determinação e desespero.
Ana Elisa se levantou com determinação, segurando o rosto de Rodolfo entre suas mãos com firmeza, buscando transmitir-lhe um pouco de calma em meio ao caos que os envolvia.
— Fica calmo, por favor. Olha pra mim — sua voz era suave, mas firme, como um farol de esperança em meio à tempestade. Rodolfo encontrou seu olhar, seus olhos eram espelhos da agonia que assombrava sua alma.
— Eu vou dar um jeito, eu vou trazer ela de volta pra você — prometeu Ana Elisa, cada palavra carregada de determinação e empatia. Ela o envolveu em seus braços, oferecendo-lhe o conforto que suas palavras não podiam expressar. — Só confie em mim, por favor.
Rodolfo começou a chorar, lágrimas silenciosas escorrendo por seu rosto marcado pela dor. Para Ana Elisa, era estranho ver um homem tão imponente render-se à vulnerabilidade de suas emoções, mas naquele momento, não havia espaço para orgulho ou reservas. Ela acariciou suas costas suavemente, buscando acalmar sua angústia.
— Vou cuidar de tudo para você, eu prometo — murmurou ela, suas palavras soando como um juramento solene em meio à penumbra do quarto.
Com cuidado, Ana Elisa conduziu Rodolfo até a cama e deitou-se ao seu lado, mantendo-o próximo em um gesto de solidariedade e apoio. Ela acariciou seus cabelos com ternura, observando com tristeza como o sono o envolveu rapidamente, como um refúgio temporário.
Decidida a trazer um pouco de luz para aquele ambiente sombrio, Ana Elisa retornou à sala e pegou o telefone, sua determinação incandescente apesar das trevas que a cercavam. Com mãos trêmulas, ela discou o número de seu pai, buscando o apoio e a orientação que tanto precisava naquele momento de crise.
O pai de Ana Elisa ouviu atentamente, sua preocupação evidente mesmo através da linha telefônica.
— Bonequinha, onde você está? — sua voz soou preocupada, impregnada com o amor protetor de um pai.
— Oi, papai. Eu saí há um tempo, te acordei? — Ana Elisa respondeu, buscando tranquilizá-lo enquanto compartilhava sua própria inquietação.
— Não, meu amor, o que houve? — ele perguntou, o tom de sua voz carregado com uma preocupação palpável.
— Pai, você sabe o que está acontecendo com o Rodolfo? — Ana Elisa precisava desesperadamente de respostas, mas sua voz tremia com a ansiedade que a consumia.
— Bonequinha, eu... — Ele hesitou por um momento, como se ponderasse sobre o que dizer a seguir. — Ele pediu para recomendar um advogado para ele.
— Pai, preciso de ajuda — Ana Elisa insistiu, sua voz soando firme apesar da turbulência emocional que a assolava.
— O que houve, bonequinha? Você está me assustando — a preocupação na voz do pai de Ana Elisa era evidente, sua mente trabalhando para compreender a gravidade da situação.
— Preciso que encontre a irmã do Rodolfo, Milena — Ana Elisa revelou, sua voz carregada com a urgência da situação. — Ela está em uma casa alugada, eu não sei onde. Provavelmente a polícia foi chamada no endereço por um acidente.
— Eu vou tentar encontrá-la. Pode me contar o que está acontecendo? — o pai de Ana Elisa ofereceu seu apoio incondicional, pronto para ajudar sua filha em qualquer situação.
— Eu vou para casa e vou levar o Rodolfo comigo. Eu explico para vocês o que está acontecendo — Ana Elisa decidiu, sua determinação transparecendo em cada palavra.
— Tudo bem, meu amor. Estarei te esperando em casa — seu pai assegurou, sua voz transmitindo conforto e apoio em meio à tempestade que se aproximava.
Lisa abriu o guarda-roupa de Rodolfo, sua mente trabalhando em ritmo acelerado enquanto buscava uma solução para a situação complicada em que se encontravam. Se a mãe de Rodolfo fosse tão instável como ele havia descrito, certamente já teria tomado medidas drásticas ao ver seu filho em tal estado. Com determinação, ela encontrou uma bolsa vazia e começou a selecionar algumas roupas, guardando-as com cuidado. Seu pensamento estava focado em evitar que a situação escalasse para uma visita à delegacia.
Com as mãos ocupadas com as roupas, Ana Elisa se aproximou de Rodolfo e suavemente acariciou seus cabelos, buscando despertá-lo.
— Rodolfo, acorda — sua voz era gentil, carregada com uma mistura de preocupação e compaixão.
— É um anjo — Ele murmurou, seus olhos ainda pesados com os efeitos da bebida, mas seu tom revelava um lampejo de reconhecimento e gratidão ao vê-la.
— Vem, vamos levantar. Vou te levar para um lugar — Ana Elisa sugeriu, oferecendo-lhe uma alternativa à escuridão que o envolvia.
— Ver minha irmã? — A voz de Rodolfo soou fraca, mas determinada.
— Sim — Ana Elisa confirmou, incentivando-o a se mover enquanto mantinha sua voz firme e tranquilizadora.
Rodolfo se levantou com esforço, ainda sonolento e desorientado. Ana Elisa o acompanhou até seu carro, ajudando-o a se acomodar no banco da frente e prendendo seu cinto de segurança. A viagem transcorreu em silêncio, com Rodolfo mergulhado em um sono profundo enquanto Ana Elisa se concentrava na estrada à sua frente.
Quando chegaram em casa, foram recebidos por um segurança na porta. O homem prontamente os ajudou a carregar Rodolfo para dentro, e o pai de Ana Elisa, ao ouvir a comoção, veio verificar o que estava acontecendo. Juntos, eles colocaram Rodolfo na cama, seu corpo frágil agora protegido pelo aconchego do lar.
Ana Elisa saiu acompanhada de seu pai e do segurança, cada passo pesando com o peso da situação. O segurança habilmente conseguiu colocar a denúncia sob o tapete temporariamente, enquanto o trio se dirigia à cozinha. Lá, encontraram a mãe de Ana Elisa, Ângela, em meio a uma conversa com a governanta, preparando chá.
— Fiz um chá, não pensei que ele estaria apagado. O que houve com a mão dele? — Ângela indagou, sua expressão refletindo uma mistura de preocupação e curiosidade.
— Ele socou o vidro da casa da mãe e ameaçou ela e o padrasto — respondeu Ana Elisa, sua voz carregada com o peso da verdade.
— Não foi isso, papai — ela corrigiu, firme em sua convicção.
— É o que está no BO, bonequinha — disse seu pai, sua expressão séria revelando a seriedade da situação.
— Quando saí com a Mina, ela disse que foi colocada para fora de casa. Eu não sei por quê. Ela deu uma desculpa dizendo que era por ser inteligente. Mesmo alterado, Rodolfo disse que o pai abusou dela e a mãe a jogou para fora, culpando a menina — Ana Elisa explicou, cada palavra pesando em seu coração enquanto compartilhava a dolorosa verdade.
— Pai biológico? — Ângela perguntou, sua voz soando trêmula enquanto processava a revelação.
— Sim, mamãe — confirmou Ana Elisa, sua voz carregada com uma mistura de tristeza e indignação.
Ângela encarou aquela revelação com choque, uma sensação de náusea se formando em seu estômago. Mina era uma menina frágil, e a ideia de que ela havia sofrido tal violência era difícil de aceitar.
— Ela disse que veio para cá cuidar dele, tão nova.
— Como Rodolfo sabe de tudo isso? — perguntou seu pai, em busca de esclarecimentos adicionais.
— Não sei, papai — respondeu Ana Elisa, sua mente girando com perguntas não respondidas. — Eu o levei para casa, fiz um curativo em sua mão e o trouxe para cá. Estava com medo de que ele fosse preso.
Seu pai a abraçou com carinho, um gesto de conforto em meio ao caos.
— Oh, filhinha — disse Ângela, emocionada. — Vamos cuidar de tudo, vamos descansar. Amanhã, vamos falar com ele e buscar a Mina. Vai ficar tudo bem.
— Tem certeza? — Ana Elisa olhou para sua mãe, buscando algum sinal de garantia.
— Sabe que sim — respondeu Ângela, seus olhos transmitindo uma mistura de compaixão e determinação.
Com a promessa de sua mãe ecoando em sua mente, Ana Elisa terminou seu chá e se dirigiu para a cama. Porém, mesmo deitada, sua mente estava agitada, incapaz de encontrar paz no sono.
A moça terminou seu chá e foi para cama, mas a agitação em sua mente a impediu de encontrar o sono. Depois de rolar de um lado para o outro, Ana Elisa finalmente se levantou e dirigiu-se ao quarto de Rodolfo. Ele estava desmaiado, e ela, ao se sentar, diminuiu o ar-condicionado para criar um ambiente mais fresco. Envolvendo-se em uma manta, ela se acomodou na poltrona ao lado da cama.
Ana acordou com os resmungos de Rodolfo — minha cabeça, minha mão— ele resmungou.
— Bom dia, Rodolfo.
— Ana Elisa? O que faz aqui? — Ele tentou olhar em volta, mas a claridade o impedia de enxergar claramente. — A luz, onde estou?
Lisa levantou-se e fechou as cortinas que ainda estavam abertas, enquanto ele observava em volta tentando reconhecer o lugar que estava,
— Onde estou? — perguntou ele, confuso.
— Toma isso e não reclama — disse ela, entregando-lhe água e aspirina. — Como está se sentindo?
— Um lixo — respondeu ele, honestamente.
— Vai melhorar quando comer algo.
— Onde estou?
— Na minha casa. — Ana Elisa sentou-se na beira da cama. — Fui te ver ontem e você não estava bem. Disse aos meus pais que te encontrei no bar. Fiz um curativo em você e te trouxe para cá.
— Por que?
— Você tem um BO por tentativa de invasão de domicílio, dano, ameaça e outras coisas que conseguiram colocar.
— Merda.
— Lembra o que me disse ontem? — Por alguns instantes, Rodolfo pareceu muito assustado. Ele ficou em completo silêncio, Ana Elisa achou melhor não tocar no assunto para ficar desconfortável. — Tome um banho, trouxe roupas para você da sua casa. Depois vamos tomar café — Ana Elisa beijou sua testa e se retirou.
Depois de voltar para o seu quarto, ela lavou o rosto e escovou os dentes. Em seguida, trocou de roupa e dirigiu-se de volta ao quarto de Rodolfo, onde pôde ouvir o som do chuveiro. Ela se aproximou da porta e a empurrou levemente — Estamos a sua espera para tocar café. — Disse e saiu do quarto deixando Rodolfo em paz.
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Docinhos *-* cheguei, bora lá conversar. Então primeiro gostaria de dizer que estou feliz com o resultado muito positivo que a obra está tendo. Fico feliz de vocês que estão me acompanhando a todo mundo que ela vai ao ar. Estou deixando os capítulos maiores justamente por causa do saco das propagandas do wattpad. Espero que todos continuem lendo, comentem, sejam docinhos como sempre.
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