Capítulo 13
A amanhã havia acontecido como todas, Ana Elisa foi a primeira a chegar e acompanhou seus respectivos chefes até a sala, ela já estava se dando muito bem com a chefe de jurídico, eles até conversar sobre coisas aleatórias da empresa o que era maravilhoso, Elisa queria ganhar a confiança de todos, não queria que sua contratação fosse apenas nepotismo.
Rodolfo foi o ultimo a chega, quando o elevador o encarou, ele estava tão lindo com um terno cinza e uma gravata azul, seu perfume vinha até ela aguçando todos seus instintos, como cheiro de café e comida quente.
— Bom dia.
— Bom dia, Senhorita Ravaneli
— Posso te fazer uma pergunta?
— Claro — Rodolfo andava mais devagar hoje pra ela o acompanhar, os seus passos agora pareciam sincronizados.
— Eu estava pesquisando seu sobrenome e não achei nem mesmo no seus documentos, como abreviaram?
— Sim
— DM? — Ela suspirou — Parece coisa no Instagram.
— Rodolfo Vieira. Me chame apenas assim.
— De onde vem o DM
— São da minha mãe, meu pai não queria que eu mudasse quando fiz 18 anos então abreviei
— Era isso? — Perguntou quando abrir a porta para Ana Elisa passar.
— Sim.
Os dedos de Elisa deslizaram pelo paletó de Rodolfo. Hoje estava fechado e ele usava um colete. Ela abriu seus botões. Rodolfo observava os dedos dela deslizando pelo tecido. Ela desceu o tecido pesado pelos ombros dele e pegou o paletó, pendurando-o no cabide cuidadosamente. Ele sentiu seu coração disparar com o leve toque dela.
— Me sinto recebendo tratamento VIP — disse, caminhando até sua cadeira.
— Faço o mesmo para todos — Lisa se explicou. — Não quero que pensem que o puro nepotismo me colocou aqui. — Rodolfo sentou em sua cadeira, arqueou a sobrancelha e sorriu de forma debochada. — Sim, vai colocar, mas quero que digam: "Olha, ela também é eficiente".
— Seu pai pediu uma reunião no final da semana para que a gente possa falar do seu desempenho.
— Vai me dar 10? — Lisa perguntou.
— Será que você merece?
— Se eu desfilar para você, aumenta minha nota?
— Sem dúvida.
Lisa piscou para Rodolfo e caminhou para fora. Ela mexia os quadris de forma sensual e até mais lenta. Ele ficou observando até ela se sentar e piscar para ele. Sacudiu a cabeça e voltou a se focar no seu trabalho.
Rodolfo, imerso novamente na pesquisa, ansiava por seguir os caminhos corretos, embora a verdade já lhe fosse conhecida por meios pouco ortodoxos. Mina havia trazido à tona aquilo que ele preferiria descobrir por vias convencionais. Porém, o emaranhado de burocracia parecia insuperável.
Decidiu-se então a agir. Abandonou o paletó e adentrou a sala da diretora jurídica sem cerimônias.
— Opa — murmurou ao notá-la ao lado de Irineu, cuja mão repousava em sua perna — Desculpe.
Apressadamente Rodolfo se afastou e fechou a porta, aquela cena foi constrangedora para ele.
Ambos tentaram dissimular, ou ao menos ela tentou, pois como uma mulher tão distinta permitiria tais intimidades com alguém como ele? Rodolfo sentiu um mal-estar, sem saber quem era pior, se ele por compreender ou ela por aceitar.
Deslizou para trás, esperando passar despercebido. Parecia que não encontraria auxílio jurídico.
— Você enlouqueceu? — Ana Elisa o puxou pelo braço sem muita delicadeza.
— Você sabia?
— Ah, por favor — ela suspirou — Sinceramente, viu? Você não poderia bater antes de entrar.
Ana Elisa empurrou Rodolfo até sua sala, parecia muito brava com toda a situação. Ele sabia que deveria ter batido mais não tinha esse habito, agora talvez começasse a bater três vezes.
— Se sobrar para mim, eu te mato — ela apontou o dedo em seu rosto.
— Por que está tão brava?
— Olha só, meu bem, vamos ser sinceros — Rodolfo cruzou os braços e a encarou — Meu pai ama minha mãe, já viu né? Ele faz tudo o que ela quer, então as mulheres dão em cima do melhor amigo dele para subir de cargo, ele faz um lobby.
— Está insinuando que ela chegou à posição sem merecer.
— Ela merece, mas não era a única que merecia. Se ela aceita isso, tudo bem — Ana Elisa deu de ombros.
— Peço desculpas e depois irei pedir desculpas a eles.
— Obrigada — disse Ana Elisa.
Ela saiu da sala enquanto Rodolfo se sentava na cadeira. Não poderia contar com sua ajuda. Mina havia dito que aquilo não era sua empresa e ele precisava desapegar.
O restante do dia transcorreu em uma tentativa de não se obcecar com isso. Ana Elisa fora gentil em pedir algo para almoçar, embora todos saíssem, exceto ela. Ele a observou sentada à mesa sozinha, pegou seu telefone e discou o número que repousava sobre a mesa dela.
— Pois não.
— Você não quer vir almoçar comigo? Pediu comida pra mim e vai ficar ai sozinha — Rodolfo olhou para, ele tentava ser gentil, quando olhou para Ana Elisa e parecia ter um sorriso sarcástico no rosto.
— Obrigada Diretor, mas eu vou sair pra almoçar fora.
— Mesmo?
— Eu tenho um encontro
— Encontro? — Ele estava surpreso, como ela podia ter um encontro.
— Para minha mãe 27 anos é muita idade e meu pai falou com o filho de um amigo e a gente vai sair pra almoçar e conversar.
Rodolfo bateu o telefone se levantou e foi até onde ela estava, mas um homem desconhecido já tinha se aproximado
— Precisa de algo Senhor? — Ela perguntou ao ver Rodolfo para como um dois de paus na porta.
— Não, pode ir namorar... almoçar — ele se corrigiu irritado.
— Desculpa. Rodolfo esse é o Bernardo Vasque, esse é um dos meus chefes, Rodolfo Vieira. Olha os dois tem sobrenome com você.
— Que engraçado — Rodolfo falou com um tom sutilmente debochado.
Bernardo deu um passo em direção a ele — Prazer em te conhecer.
— Igualmente — ele disse apertando a mão do rapaz. — Bom almoço
Os olhos de Rodolfo observaram ambos se afastando, era estranho aquilo o deixou muito incomodado. Rodolfo era mais bonito, mas alto, como podia ela o ter trocado por aquela espiga de milho loira.
Bernardo e Ana Elisa entraram no elevador, envolvidos em um silêncio que parecia carregar um peso estranho. Ana Elisa sentia-se desconfortável por ter aceitado esse encontro com ele, mas era um prazer sutil, quase perverso, ver Rodolfo demonstrando ciúmes.
— Então, como está sendo trabalhar com seus pais?
— Quero ser útil. Não quero um emprego apenas por causa de como nasci. — Ana Elisa lançou um olhar reflexivo para Bernardo antes de responder, suas palavras carregadas de uma mistura de frustração e determinação.
— Eu entendo sua emoção. Dizem que minha empresa se deve ao meu pai. Em parte é verdade, mas luto muito para que ela dê certo.
Era estranho Ana Elisa e Bernardo tinha muitas coisas em comuns, suas famílias tinham sempre os mesmos hábitos, iam aos mesmo eventos mais eles nunca se falaram era apenas cordias um com o outro.
— Apenas ter um fiador não garante tudo, não é mesmo?
— Sim, é exatamente isso que eu quero dizer.
Eles compartilharam um olhar de entendimento mútuo, reconhecendo os privilégios e desafios que enfrentavam.
No final, Bernardo e Ana Elisa descobriram muitas afinidades. Conversaram sobre viagens, faculdade, carros, dinheiro e os problemas que enfrentavam. Apesar das diferenças, compartilhavam uma dor em comum, por mais pequena que fosse.
Porém, mesmo diante desse quadro aparentemente perfeito, Ana Elisa não conseguia ignorar o fato de que Bernardo parecia interessado apenas em provocar Rodolfo. Era uma constatação triste.
— Então, por que aceitei isso? — ela perguntou curiosa para saber quais eram a reais intenções dele.
— O que? — Bernardo a encarou, surpreso pela pergunta tão direta.
— Esse almoço.
— Bem, é difícil encontrar alguém para compartilhar as coisas hoje em dia. E sei que você não se importa com o fato de termos dinheiro ou não. Você tem o seu. Então, seria um relacionamento por outros motivos, não por interesse.
— Uma interesseira partiu seu coração? — Ana Elisa perguntou, sua voz tinha um tom de jocoso.
— Sim — ele respondeu com seriedade. —Ela só queria o dinheiro. Meu pai pagou um milhão para transar com ela, e ela aceitou.
— E ele transou com ela?
— Sim, — Bernardo confirmou com um aceno de cabeça.
— Lamento por isso.
Bernardo mudou de assunto, deixando Ana Elisa um tanto desconcertada com a franqueza dele. Quando seu celular começou a tocar, ela viu que era Mina, convidando-a para sair na sexta-feira.
— Quem é? — Bernardo perguntou.
— Minha irmãzinha. Vamos sair na sexta.
— Você tem uma irmã?
— De consideração.
— Ah, eu tenho um irmão. Se você aceitar a nossa companhia...
— Vou pensar sobre isso. Eu preciso voltar.
Bernardo acompanhou Ana Elisa de volta ao prédio, deixando-a na porta do elevador para subir. Quando as portas se fecharam, ela sentiu o olhar furioso de Rodolfo sobre si.
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