Eu sou uma Bagunça
Autora: os capítulos serão maiores, porque eu quero.
Cracker
Eu deitei em minha cama, não conseguia dormir, apenas encarava o teto. Eu ainda ouvia Katelyn e sentia seus toques, o que me causavam extrema repulsa. Eu também escutava Natália e tudo sobre a minha mãe.
Eu tentava respirar, mas lágrimas desciam e eu cansei de controlá-las. Apenas chorei para aliviar um pouco. Tentei lembrar de Aquaria e como eu fui louca hoje de ajoelhar e pedir ela em namoro, é claro que eu quero, mas eu tenho medo de machucá-la, eu sou uma bagunça.
Eu queria tanto ela aqui comigo, mas não, eu sou autodestrutiva e não quero contaminá-la. Meu Pai abriu a porta do meu quarto, já se passaram 5 horas?
—Cracker, está tudo bem?
—Sim. Só cansada.
—O que você quer jantar?
—Eu não tô com fome.
Ele veio até mim e deitou na minha cama de casal. Ficamos olhando pro meu teto estrelado.
—Você lembra de quando fomos pro hotel fazenda quando você era criança?
—Daquele com o rio?
Ele assentiu.
—Você não me deixava pegar o peixes na mão.
—Você ia machucá-los.
Ele riu.
—Eu não, estava tentando te mostrar.
—Eu vejo os peixes de longe, não preciso deles na minha mão.
—Shade.
Eu ri de leve.
—Gustavo tinha ido conosco, não é?
Ele assentiu.
—Eu sinto saudades do tio Gu.
—Eu também, mas ele não fala comigo desde...
Eu o olhei.
—A morte da minha Mãe?
Ele assentiu.
—Eu sinto muito.
Eu comecei a chorar.
—Pelo o que meu amor?
Ele me abraçou.
—Por ser o motivo da minha Mãe ter se matado.
Ele me olhou incrédulo.
—Nunca diga isso Cracker! Você era a maior alegria da vida dela, não era pra ter visto ela naquela situação, tudo já estava combinado.
Eu pisquei lentamente.
—Combinado?
—Sua mãe estava doente, e a justiça não autorizou a eutanásia, ela sofria com dor todos os dias. Nem ia trabalhar mais, era horrível vê-la assim.
Ele respirou fundo, eu o abracei.
—Todos os dias, ela chorava por não conseguir dormir, seu corpo não aguentava mais se manter. Ela sofreu muito e não queria te contar, você estava passando pelas suas próprias dores.
—Se eu soubesse, eu teria ficado do lado dela o tempo inteiro!
—Ah meu amor, não ia ser possível, ela não ia deixar. Sofia era muito orgulhosa e odiava quando alguém a visse com dor, ela me expulsava do quarto quando precisava tomar os remédios.
Ele riu.
—Como vocês decidiram?
—Ela decidiu tudo e apenas me contou. Tivemos uns jantares românticos quando soubemos da doença e ela tinha planejado tudo para meses depois, mas a dor ficou insuportável, então tinha que ser naquele dia. Eu me odeio por não ter chegado antes e você ter sido a que a encontrou naquela situação.
—Não foi culpa sua, na verdade não foi de nenhum de vocês, eu só fui egoísta demais em pensar que eu era o motivo.
—Você é o motivo da nossa maior alegria meu amor. Nunca mais pense nisso, okay?
Eu assenti, ele beijou a minha testa.
—Aliás, ela não ia se importar de ter uma filha lésbica, ela era casada com um bissexual.
Eu ri.
—É diferente Pai, eu ainda estava me descobrindo, sou nova e você é velho.
—Calada filha.
Eu ri.
—Que as verdades sejam ditas.
Vanjie
Aquaria estava quieta enquanto nós gritavámos ao jogar truco, até Brooke que costuma ficar em silêncio, ameaçava qualquer uma que a vencesse.
—Eu sou muito boa no truco, se alguém tiver conjuntos de cartas com maior valor, eu quebro a pessoa.
—Querida, fui eu quem inventou o truco. -Disse Monet.
—Licença, mas fui eu quem escreveu a ideia, você só roubou, quenga invejosa.
Continuamos a nos xingar e inventar histórias sobre a origem do truco.
—Foi o meu marido que me ensinou a jogar um jogo muito ruim, eu simplesmente inventei um melhor e gritei TRUCO.
Eu ri da Monet.
—Quantas mentiras. -Disse Brooke. —Fui eu quem inventou o baralho e como fiquei entendiada, decidi criar o truco.
—E eu cansei dessa palhaçada.
Levantei para pegar mais refrigerante. Aquaria olhava pro nada, tentei conversar com ela.
—Não aconteceu nada Vanjie. Obrigada.
Ela agradeceu pelo copo que eu dei.
—O que a Cracker fez contigo?
—Não é comigo, é com ela mesma.
—A mudança de emoções? E falar coisas sem sentido?
Ela assentiu.
—Ela faz isso quando tá mal, eu ainda não me acostumei, ela é uma pessoa tão gentil e fofa, não gosto de vê-la se destruindo. -Eu a olhei. -Você é a melhor pessoa para falar com ela, você a entende mais.
—Eu sinto uma ligação muito forte com ela.
Sua expressão mudou, ela estava feliz.
—Quando você vai pedi-la em namoro?
—Eu não sei. Hoje ela me pediu em namoro, mas não pareceu genuíno, ela só estava nervosa.
Tentei não surtar em respeito a Aquaria e pra mim, é muito difícil.
—EMPATAMOS.
Brooke e Monet se aproximaram.
—A gente só empata nessa merda.
—Eu cansei. Tem álcool? –Perguntou Monet.
—Não.
Todas olharam para Aquaria.
—Trouxe o rg?
Ela bufou.
—Vamos no posto. –Disse ela levantando.
Elas bateram palmas. Eu apenas as segui, avisamos a Mãe de Brooke que iamos comprar álcool, ela era muito de boa, até se ofereceu pra ir junto.
X
Eu estava sóbria, assim como Brooke e Aquaria. Monet era a única que estava dançando, eu bebi um pouco, mas não o suficiente para me deixar alegre e as outras duas decidiram não beber.
—Ei, vou embora. –Disse Aquaria.
Ela nos abraçou e foi atrás da dançarina. Monet a colocou pra dançar, o que nos fez rir. Eu e Brooke continuamos sentadas no chão observando Monet.
—Vanjie.
Eu a olhei. Seus olhos sob o luar, pareciam cinzas e eu amava isso.
—Nada.
Ela voltou a olhar Monet. Eu coloquei o meu rosto no seu campo de visão, a fazendo rir.
—Não estou a fim de nadar.
Ela riu novamente.
—Vai se fuder.
Eu fingi estar chocada.
—Uma canadense está me xingando! Vocês deviam ser educados.
—Cala a boca.
Eu ri.
—Eu tenho uma confissão pra fazer.
—Fala.
Eu olhei no fundo dos seus olhos.
—Você tem algo no seu queixo.
Ela me entregou um guardanapo.
Autora: obrigada pelas 400 leituras💕💕💕
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