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~Capítulo 3: Uma Longa Noite

"A consciência é uma pequena lanterna que a solidão acende à noite"

— Madame de Staël

Os convidados estavam dispersos naquele enorme navio. Tinham pessoas em todos os lugares, a maioria foi festejar no cassino e os que não chegaram lá ainda faziam de tudo para ir conseguir aproveitar o que era proposto. Andrey, Cintia e Hillary caminhavam até o elevador para descer no saguão e começar a noite. Estava fazendo muito frio e as duas usavam vestidos curtos, suas pernas ficaram arrepiadas e todos riram disso. O elevador demorava e não sabiam qual motivo.

        Antes que o elevador chegasse, Hillary apertou o ombro do único homem no cômodo e sussurrou um número. Ele entendeu o que ela queria dizer e não sabia se devia fazer, mas a vontade de ir até o local tinha engrandecido depois que encontrou o pedaço de jornal em sua mala.

          Adryelle já tinha mandado diversas mensagens para saber em que lugar ele estava querendo que a fizesse companhia e as respostas foram: "estou indo" e "chego logo".


— Avisa a Adryelle que não vou demorar — falou para as duas mulheres deslumbrantes que sorriam para ele e caminhou para o corredor no qual tinham saído, a fim de encerrar aquele caso de uma vez por todas.

          Quando já havia se afastado o suficiente, o elevador chegou e as duas entraram agradecendo o calor que fazia lá dentro.

— Devíamos acompanhar ele? — Hillary perguntou a outra pessoa no pequeno cubículo — para dar apoio moral ou coisa parecida?

— Ele precisa fazer isso sozinho, ninguém pode fazer nada para que supere, apenas ele mesmo — a resposta não agradou Hillary, porém sabia da veracidade daquelas palavras e assentiu permitindo que ele fizesse o que devia ser feito sem sua intromissão.

          Ao chegar ao cassino percebeu Adryelle e Duda em algo que parecia uma boate ou meramente semelhante. Ambas dançavam sem coreografia, mas se divertiam bastante com o ritmo desenfreado e inconstante de seus corpos. Receberam as outras duas pessoas que as fariam companhia e as quatro logo começaram a dançar juntas sem beber nada alcóolico, apenas aproveitando normalmente por enquanto.

          Tocaram muitas músicas estranhas na boate, como estavam em outro país era de conhecimento geral que nem todas as letras saberiam cantar, entretanto a animação não deixava seus corpos e isso era bom. Não aguentaram e acabaram comprando uma garrafa de champanhe que nem Adry e nem Duda beberiam. Rapidamente mais amigos se juntaram e logo separaram uma mesa para se sentar e descansar.

— Adryelle — foi chamada por Hillary enquanto bebia um copo de refrigerante sentada na mesma mesa que ela — Andrey vai demorar, foi conversar com o Chris.

— Certo — a informação a agradou e esperava que depois disso pudesse ter seu amigo divertido e sagaz de volta. Queria que ele superasse aquele término e partisse para a próxima — Espero que tudo ocorra bem.

— Vai ser como tiver de ser — falou Duda sorrindo e dançando ainda que sentada na mesa — cadê o João Victor? Fiquei com você o dia todo e nem senti falta.

— Não conseguiu embarcar no navio comigo — Adryelle respondeu chateada — tivemos um problema no hotel que vamos ficar em Cancún e ele foi resolver.

— Ah — assentiu percebendo que Cintia parecia estar em algum outro mundo que não compreendia. Mas sabia que coisa boa viria para ela.

          As pretensões de Cintia para aquela noite não eram dançar com seus amigos ou beber com os mesmos. Ela queria algo mais carnal, um movimento mais íntimo com um determinado prazer que nenhum deles seria capaz de entregá-la. No fundo da boate observou que um rapaz não desgrudava os olhos de suas pernas e gostou disso, era daquilo que precisava e era aquilo que queria para completar sua noite e a fim de sair daquele lugar com companhia, aproximou-se de Victoria e de Micaelly no meio da boate apenas para seduzir.

          Rebolava, dançava e sorria. Era tudo que precisava fazer para que o garoto tomasse qualquer outra atitude que a agradasse e só permitiu que relaxasse quando sentiu uma mão descendo suas costas. Assim que a música acabou ela se virou e o olhou, visualizou os olhos castanhos e o porte físico indiscutivelmente agradável. Ela queria ir para outro lugar e essa vontade compartilhava com o homem em sua frente.

— Você quer dançar? — ouviu a voz do homem que nem sabia o nome.

          Era o mesmo idioma que o seu natural. Talvez fosse um dos convidados, mas não se importava com isso, tudo que queria era tomar ele para si aquela noite.

— Podemos dançar lentamente —começou a falar agarrando a blusa cinza que o homem vestia — no elevador — puxou-o para si e colocou uma mão na nuca cabeluda aproximando seu rosto do dele e lhe roubando um beijo. As duas companhias que dançavam ao lado dela, apenas olhavam com desejo.

          Victoria e Micaelly começaram a sorrir enquanto a amiga seduzia o tal rapaz. Ambas sabiam que ela namorava, sabiam o quão babaca era seu namorado, mas entendiam que ela sabia muito bem o que estava fazendo.

— Acha que a gente deve intervir? — Micaelly perguntou a Victoria que já estava com a bunda roçando a cintura de um rapaz.

— Não, ela sempre faz o que quer fazer — disse enquanto puxava o braço de Mica e a levava de encontro a um beijo triplo.

Ouvir a música "Crazy in love" de Beyoncé para compor a cena
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Juntos foram caminhando ao elevador. Quando entraram resolveram pará-lo e ficar lá dentro, podiam entrar em um dos quartos e se divertir na cama, mas não teria o perigo e a diversão que ambos desejavam.

          Voltaram a se beijar agora que o elevador estava parado, não estava nas pretensões daquela garota parar de fazer aquilo tão cedo. Uma camiseta ao chão e um vestido levantado. Um, dois, três dedos e a mulher tinha chegado a loucura. Com mãos trêmulas levou a mão até o botão da calça e a abaixou.

          A calça deslizou pelas pernas e a mão não demorou a investir naquilo que queria. Os dois estavam grudados e rapidamente o corpo de Cintia estava suspenso na parede, com as pernas enlaçadas na cintura daquele rapaz, sentindo-o entrar em camadas cada vez mais fundas e desejando que investisse com cada vez com mais força em seu sexo quente e úmido.

— Mais forte — ela queria gritar, mas manteve a voz em tom baixo e percebeu que mesmo em sussurros ele tinha escutado, pois a força que depositava entre suas pernas era do jeito que tinha pedido. Ali suspensa do chão, segura nos braços daquele rapaz, começou a chegar ao tão desejado clímax e não via a hora de começar com seu orgasmo.

          O resto do vestido foi retirado e apenas um sutiã estava em seu corpo, do nada tinha desaparecido e estava vestida com a boca daquele homem. Nenhum tecido os separava, eram um do outro, pressionavam-se juntos para chegar ao mesmo intuito, só precisavam de mais alguns instantes e poderiam sair do elevador totalmente satisfeitos.

Na proa do navio, Mayara estava olhando para a lua e pensando em sua vida. Olhava a mesma figura que Letícia no momento de seu assassinato. Mas para ela o lugar estava bastante calmo. Sabia que estava sozinha ali, queria um pouco de calma antes de voltar e beber um pouco mais na festa, queria pensar na sua vida e nas suas amizades, pensar sobre os dias na escola — que foram os mais felizes de sua vida.

          Curtia a festa com algumas pessoas, umas que tinha acabado de conhecer, outras que conhecia de seu ambiente de estudo. Algumas pessoas já tinham ido dormir depois da meia noite a fim de descansar. A maioria de seus amigos de escola ficaria lá até cair e sem remorsos, mesmo sabendo que teriam de aguentar o outro dia perfeitamente. Sabendo que devia contar a todos a grande novidade que guardava, pensava em como diria que aquela seria provavelmente a última vez que os veria.

          Ela conquistou uma bolsa na Europa para estudar medicina em Londres e já a tinha aceitado. Precisava contar aos amigos que só iria voltar a vê-los em nove anos, isso se não decidisse se mudar para Inglaterra permanentemente. Não fazia ideia de como deveria contar a todos, nem sua melhor amiga sabia daquilo, entretanto sabia que todos ficariam muito felizes quando soubessem. Com a imagem de sorrisos e abraços finalmente ficou decidida.

          Quando todos estivessem no aeroporto de Cancún, contaria aos seus mais próximos e no hotel dividiria a informação com os outros. Pegou seu celular e visualizou a mensagem de Lindinêz perguntando sobre seu paradeiro, devidamente respondeu que a veria em instantes. Também tinha uma mensagem de Andrey falando algo sobre ir para o quarto 2110 e ter finalmente tomado coragem.

          Saiu andando e passou pela área da piscina, sabia que era proibida e quando ouviu certa movimentação decidiu se esconder, podia levar uma bronca de algum funcionário do navio. Escorada atrás de uma mesa olhou para uma pessoa vestindo um casaco de capuz verde.

          Primeiro achou que fosse algum tipo de funcionário do navio — no qual tentara se precaver — carregando um manequim, mas não era aquilo, logo reconheceu o rosto que estava sendo carregado. Algumas lágrimas desceram por sua face quando o corpo foi jogado no oceano lentamente.

          Abafou um grito e tentou abafar o desespero. Sentia medo que fosse percebida. Olhou para as câmeras e nenhuma tinha as luzes vermelhas que deveriam ter para a segurança de todos, sabia que todas estavam desligadas e sabia que Letícia estava morta.

          Os olhos abertos e os lábios roxeados, sua experiência dizia que devia ter sido afogamento e não fazia ideia do que devia fazer. A pessoa cruel começou a se afastar sem perceber a presença da garota que em silêncio agradeceu a Deus.

          Rapidamente sentiu uma mão em cima de sua boca, um pano molhado com algum líquido de cheiro bastante forte, antes de desmaiar completamente se sentiu carregada, talvez fosse ser jogada da mesma forma que Letícia. Não conseguia gritar e nem se mexer, não sabia como aquela pessoa tinha chegado até ela, seus sentidos acabaram e não pensava no que aconteceria.

          A pessoa embaixo do capuz verde saiu sem ser notada naquela noite, carregou o corpo de Mayara, exerceu seu plano para despistar todos os outros e conseguir seu cruel objetivo.

Bateu na porta do quarto 2110, era o número que tinha sido sussurrado em seu ouvido. Antes disso tinha sentado no corredor por uma hora e andado por vários cômodos do navio antes de conseguir tomar alguma iniciativa.

          Ninguém tinha ido abrir a porta e começou a querer desistir. Sem que percebesse a porta começou a abrir sozinha, devia estar destrancada e sem saber se era bem-vindo resolveu entrar. Achava que ia repetir outro momento do passado, o momento que abriram a porta para ele e o deixaram entrar em suas vidas.

Aracaju (14 de fevereiro de 2017)

Foi um dilema por horas, para saber se o cabelo era loiro ou ruivo, começou a prestar atenção no garoto durante o intervalo. Ele sentava em uma mesa afastada, com um monte de gente do primeiro ano, já Andrey e Adryelle sempre ficavam na arquibancada da quadra vendo as pessoas que passavam. Mesmo assim conseguia vê-lo e não conseguia identificar a verdadeira cor de seu cabelo, talvez existisse um meio termo para aquela cor, teria que perguntar se quisesse mesmo descobrir.

          O outro garoto de cabelos negros, que provavelmente se chamava Chris não aparecia. Desejava que aparecesse apenas para visualizá-lo de longe e perceber mais coisas sobre o ele. Preso em seus devaneios sabia que Adry falava algo ao seu lado, mas nem prestava atenção até que recebeu um coquinho atrás da nuca e teve de virar seu rosto com expressão de dor e susto.

— Qual o motivo de olhar tanto para aquele menino ali? — praticamente um grito e não uma pergunta. Estava com raiva de ter sido ignorada o intervalo todo e agora queria saber por quem estava sendo trocada.

          Olhava-o com expressão recriminatória esperando a resposta até que ele a deu:

— Não tem o trabalho de história que toda a escola vai ter que apresentar para o professor? — ela assentiu sabendo do assunto e pediu uma continuação da história — aquele garoto do cabelo de cor estranha é meu par e me chamou para ir fazer o trabalho na casa dele.

— O cabelo não tem cor estranha, ele é loiro — sanando as dúvidas ela o olhou e sorriu — gosta dele? Achei que gostasse do irmão dele.

— Irmão dele?

— Não queria contar, queria que descobrisse sozinho, mas olha para o menino há dias, resolvi pesquisar. Eles são Willian e Christian Ning, achava que gostava do Chris — olhou para o amigo e percebeu que nem ele sabia direito o que sentia — mora com a mãe, ela tem três filhos e dois ex-maridos. Cada um possui um pai diferente, o mais velho é Chris que cursa o terceiro ano.

          Olharam-se, percebeu que queria saber caso tivesse descoberto algo além dessas informações e ela realmente sabia mais.

— Eu pesquisei sobre, achando que você gostava do Chris. Mas, se gosta do Willian, ele também gosta de você, sempre te olha. Tem 1,70 de altura e deve pesar uns 67 quilos. Sua constelação provavelmente é gêmeos, o cabelo é definitivamente loiro e os olhos azuis.

— Como descobriu isso tudo?

— Brenda era apaixonada por ele, até descobrir que ele é gay então ela sabia tudo sobre e ficava o tempo todo respirando fundo enquanto contava sobre a camisa dele levantando e...

— Tá bom, já chega. Detalhes demais.

          O sinal tocou e eles voltaram para suas salas, o dia estava se arrastando incompreensivelmente e a ansiedade tomava conta dos seus nervos. Quando chegou a sala do primeiro ano e tomou sua cadeira, uma garota que não conhecia veio puxar assunto com ele. A cadeira de trás ainda persistia vazia e foi nela que se sentou com um envelope na mão.

— Oi, me chamo Cíntia — falou a garota meio alta que segurava um envelope em uma mão e arrumava os cabelos com a outra — esse sábado eu vou dar uma festa e aqui está seu convite — ele pegou o envelope ainda incrédulo, mas antes que pudesse dizer alguma coisa ela tornou a falar — aí tem duas individuais, pode levar aquela sua amiga estranha que estava na arquibancada com você hoje. Na verdade tem três, caso mais alguém queira ir e uma é sua.

— Então, está me convidando sem nem me conhecer — ele disse com certa incerteza escancarada na voz e a olhava com um peso da dúvida de suas intenções.

— Um amigo meu pediu que eu te chamasse — ela olhou para trás e ele seguiu seu olhar. Sentado no fundo Willian sorria e acenava, antes que pudesse conversar sobre mais algo o professor chegou e interrompeu tudo.

          Quando a aula acabou ele foi para casa almoçar e tomar um banho, o horário de se encontrar no intuito de fazer o trabalho estava chegando. Colocou seu gorro cinza e saiu caminhando até a casa que não parecia ser muito distante da sua, quando chegou conseguiu perceber qual era a casa em si.

          A casa era deslumbrante por fora, tinha um pequeno jardim na frente e um parquinho infantil com caixa de areia e balanços. Era uma casa muito reservada, os barulhos nela não seriam ouvidos pelos vizinhos.

          Subindo os degraus da varanda apertou a campainha e esperou alguns minutos até que alguém a abrisse. Sinceramente esperava que fosse o menino loiro quem a abriria, mas quando finalmente abriram em seu campo de visão estavam os olhos castanhos atrás de suas respectivas lentes, ficou nervoso e teve vontade de sair correndo.

          Era o garoto misterioso quem estava em sua frente, com vestes leves e sorrindo, indagou em falar algo e soltou a voz pela primeira vez para que Andrey o escutasse.

— Você deve ser o amigo do Willian, que vem fazer o trabalho da escola.

— Sim — sua voz falhara, estava sendo traído pelas próprias cordas vocais e por seu subconsciente — prazer, Andrey — estendeu a mão e temeroso o tocou pela primeira vez.

— Prazer, Christian — disse o garoto de cabelos negros apertando sua mão suavemente — mas pode me chamar de Chris eu prefiro — e por um tempo era como se apenas eles dois pudessem existir naquela região.

Oceano Atlântico (07 de maio de 2020) — PRESENTE

Ele entrou e observou as luzes do quarto acesas, entretanto não tinha ninguém lá dentro. O banheiro estava vazio e com certeza nenhuma pessoa estava na varanda. Em cima da cama existia um livro aberto, alguém o estivera lendo, reconheceu os post its nas páginas e sabia muito bem quem tinha tal mania.

          A chave do quarto estava em cima do criado mudo, logo deixar a porta aberta devia ter sido algo proposital e o hóspede não demoraria a voltar. Se Andrey estivesse parado no corredor o veria passando, mas ficou perambulando no navio antes de tomar a decisão de bater naquela porta.

          Entrou na varanda e sentiu o cheiro de água salgada, ouviu o som das ondas e se arrepiou com o frio que fazia naquela hora da noite. Quando menos esperava alguém entrava no quarto e o tirava de seu devaneio momentâneo.

— Oi — Chris estava dentro do quarto segurando um balde de gelo com uma garrafa de champanhe dentro. Olhou para sua visita, extasiado e ainda sem compreender o que fazia ali — achei que não quisesse conversar comigo e nem ouvir o que tenho a dizer.

          Ele o olhou ainda com medo daquela situação. Em sua cabeça só se passava a decepção de algum tempo atrás.

— Eu quero ouvir sim. Vou me sentar nessa cama e ouvir tudo que você tem a me dizer — assim fez, sentou-se na cama olhando para ele que colocava o balde de gelo em cima da pequena estante embaixo da televisão de seu quarto — agora é o momento que você começa.

          Chris foi até a cama e sentou na outra ponta, era um pouco distante de Andrey, mesmo assim muito perto. Olhou-o e respirou fundo pensando em como começar a conversa, ambos estavam bastante nervosos e tentavam não ligar o campo de visão um do outro.

          Portanto, enquanto um olhava para o tapete bege do quarto o outro olhava para a garrafa de champanhe em cima da pequena estante desejando ter uma taça a mais.

— Meu pai morreu — não era um bom jeito de começar a conversa, mas foi à primeira coisa que Chris disse aquela noite — esteve com câncer e acabei o perdendo mês passado. Por isso pedi o emprego a Adryelle e ela vai falar com o herdeiro do hotel para me deixar trabalhar lá quando a festa acabar, digo isso achando que ela não tenha mencionado nada sobre mim para você.

— Mas mencionou — agora se olhavam como se fosse à última vez, ansiando para se despedirem um do outro — ela falou que voltou para Aracaju a dias e nem sequer me procurou — Chris ficou parado e relutante em falar algo perante a afirmação — sinto muito quanto ao seu pai, sei que era uma pessoa muito importante para você e perdê-lo deve ter sido muito difícil.

— Sim, foi — evitou falar da pauta anterior — bom, sabia que nos encontraríamos e pedi a Adry que nos colocasse juntos no avião, queria conversar com você para evitar um clima ruim durante esses dias. Afinal não terminamos por minha causa, foi por sua causa. Foi você que terminou e eu não sabia como ia encarar nosso encontro se ele fosse de surpresa.

— Ele foi de surpresa e eu não terminei com você. Eu disse que voltaria e eu estive lá, fui para a festa e comemorei com todos. Mas você não.

— Queria que você ficasse, pedi que você ficasse por mim. Mas a bolsa de estudos que conseguiu estava te levando embora e nunca mais ia voltar a ser a mesma coisa. Como queria manter nosso relacionamento se estaríamos em países distintos?

          Era uma pergunta retórica. Mas nada daquilo era verdade. Andrey percebeu que Chris não sabia toda a verdade e agora era o momento de dizer.

— Olha, eu disse a você que esperasse por mim, pois eu ia voltar e nos resolveríamos. Você disse que se eu fosse embora mesmo, não ia adiantar voltar. Eu pedi paciência e para manter nossa relação desisti da bolsa de estudos e nunca entrei naquele avião, fui até sua casa e ela estava vazia. Tinha ido morar com seu pai e nunca mais me ligou.

          Ele parou, olhou para as lágrimas que desciam do rosto de Andrey e entendeu o que aconteceu. Naquele dia, quando se despediram e o ouviu dizer que voltava, achou que fosse dali a um mês ou muito mais tempo. Não fazia ideia que seriam horas, por isso nunca o ligou ou mandou mensagem e nem atendeu nenhuma de suas ligações. Esse tempo todo achava que tinha sido colocado para trás por uma bolsa de estudos.

— Achei que tivesse aceitado a bolsa, que tivesse ido embora para sempre e desistido da gente.

— A única pessoa que desistiu da gente foi você, quando não quis aceitar que eu fosse trilhar meu próprio destino. Foi egoísta querendo que eu ficasse por você e eu fiquei para não te perder. No mesmo dia voltei a sua casa e percebi que tinha ido embora, me abandonou. Então, eu perdi a sua companhia, a minha bolsa de estudos, a oportunidade de ver minha melhor amiga todos os dias e me afastei de todo mundo, por sua causa e por sua falta de paciência. Essa é a história correta e não qualquer coisa que queira dizer sobre sua opinião.

          Sentiu-se culpado, o sentimento de culpa adentrou seu subconsciente e fez arrepios constantes nas suas costas. Era como se por dentro ele estivesse esquentando e a algum momento fosse derreter. Não queria chorar, achava que ele quem tinha sido magoado em toda a história e no final teria mesmo sido egoísta e terminado com o relacionamento.

          Tudo que sentiram um pelo outro tinha sido posto em ruínas por suas atitudes desastrosas. Chris ficou inquieto com esses sentimentos, pois não sabia que ele tinha ficado e não tinha sequer pensado que suas atitudes podiam estar sendo ruins. Ele nem ousou procurar Andrey quando chegou a Aracaju.

— Eu sinto muito — falou querendo se desculpar — quando cheguei em Aracaju, achei que estivesse fazendo uma visita, não sabia que nunca nem tinha ido embora. Devia ter ligado ou te atendido e...

          As desculpas caíram por terra quando foi finalmente interrompido:

— Seu ego disse que estava certo, então por todos esses meses nem sequer me atendeu. Cansei de ligar e me matriculei em uma universidade particular, segui com minha vida — Levantou-se e caminhou até a porta do quarto preparado para sair e abandoná-lo — todos achavam que a minha repulsa em conversar com você podia ser pelo Willian, mas apenas Adryelle e Cintia sabiam da bolsa. Minha repulsa em falar com você era ter de me lembrar de tudo que perdi por sua causa, inclusive a pessoa que eu amava.

— Nós dois sabemos que essa parte final não é bem verdade — Andrey o olhou relutante e desviou o olhar.

          Saiu do quarto sem pedir explicações. Deixando a bagagem emocional desabar em seus ombros e o deixou sozinho. Ele pediu que o esperasse e ele não tinha esperado, agora não tinha mais o direito de ser coerente e educado. Entrou no quarto que dividia com Hillary e sentou no chão encostado a porta.  Permitiu que as lágrimas descessem por toda a mágoa daqueles meses.

         Nas próximas vezes que encontrasse o Chris pensaria no quanto tudo seria diferente se tivesse escolhido o Willian. Da mesma forma que pensou no dia de sua decisão.

Mayara acordou, estava em um dos quartos do navio. Era um quarto menor que o dela e muito escuro, mas sabia que ainda estava no navio por causa do papel de parede e da cama macia. Levantou da cama com medo da aparição daquela pessoa cruel que acabara com a vida de Letícia Costa e podia acabar consecutivamente com a sua, caso fosse essa a pretensão.

          Tentou girar o trinco da porta, mas estava trancada. O medo não tinha saído de suas entranhas em nenhum momento desde que havia deixado à proa do navio. Pensava em todos os motivos possíveis para a falta de vontade em encarar a morte, sabia que estando trancafiada naquele cômodo, podia ser uma coisa certa.

          Mas queria tentar ao máximo abandonar aquele lugar e avisar aos seus amigos tudo que tinha acontecido para que a situação fosse resolvida. Pretendia chegar até as autoridades e prestar confidências sobre tudo aquilo que viu escondida atrás da mesa na área da piscina.

          Um clarão entrou no quarto que estava e ela acendeu um abajur para ver o que tinha na parede a sua direita. Eram fotos de algumas pessoas que conhecia. Letícia estava situada abaixo e com um "X" marcando toda a foto, mas existiam outras pessoas que estavam com suas fotos intactas. Andrey e Adryelle estavam no meio e fios vermelhos ligavam suas fotos a todas as demais, embaixo dos dois, uma foto de Willian também com um "X" marcando toda a extremidade. Não sabia o que significava, mas pelo que parecia era um assassino em série.

          Deveria bater na porta e gritar por ajuda, era o mais sensato a fazer. Quando menos esperava a pessoa usando capuz verde saiu de dentro do banheiro, estava bem escondido, uma vez que ela não o vira. Gritou quando a pessoa se aproximou e continuou a gritar enquanto a atacava e a fazia desmaiar novamente. Deitada no chão inconsciente não faria mal a ninguém, mas não sabia do verdadeiro motivo daquilo.

          Tinha apenas conhecimento de que uma pessoa fria e calculista atacaria seus amigos mais próximos e todos eles deveriam ser avisados o quanto antes.

O capítulo foi grande, mas bastante revelador. Vocês devem ter tantas teorias e eu quero muito que as compartilhem comigo. Coloquem as coisas mais loucas que pensaram por favor.

Sobre a música e a playlist no Spotify eu não consegui colocar o link aqui para vocês, mas se mandar mensagem privada para mim pedindo eu tento. Até o próximo babies.

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