~Capítulo 2.1: O Início da Diversão
"Se você obedece todas as regras, acaba perdendo a diversão"
— Autor Desconhecido
Chegando a Miami desceram do avião e depois de algum tempo pegaram suas bagagens. Era apenas umas onze horas da manhã e dava perfeitamente para embarcar no navio sem um atraso muito significativo — já que iria partir em duas horas. Andrey se despediu de Duda que chamou um táxi falando muito bem o inglês e se dirigiu. O garoto mandou duas mensagens para Cintia a fim de saber se já tinha chegado ou algo do tipo, mas nenhuma de suas mensagens obteve resposta. Talvez se atrasasse.
Sentou em uma cafeteria sozinho e fez um pedido para saciar sua fome enquanto sua amiga não chegava. Lembrou que o avisaram sobre o horário, seria doze da tarde e faltava muito tempo até lá — o navio só partiria realmente às 14h. Letícia e Victoria Costa apareceram com a amiga que levaram e se sentaram a mesa para lanchar algo.
— Cíntia disse que viria nos buscar também — falaram as duas em uníssono e deixaram Andrey mais relaxado, uma vez que não teria que encarar os minutos de espera sozinho. Pegou o celular para avisar sua mãe que tinha chegado e em breve estaria no navio, enquanto as meninas fofocavam sobre um encontro com Hadassa no aeroporto.
Tudo encaixou sobre o motivo da garota ter se debruçado em prantos na cabine do banheiro. Já tinha encontrado com outras pessoas que falaram algo e a deixaram mal, os quatro começaram a rir sobre o jeito como tentara se defender no aeroporto e não teve sucesso. Por todo o ensino médio, fazer Hadassa sofrer foi o trabalho árduo de Victoria. Ela mesma fez um pequeno blog e postou vários vídeos de Hadassa fazendo coisas simples, como: Lanchar, andar no corredor ou ir ao banheiro. As legendas desses vídeos que eram o problema, pois faziam a garota parecer uma pessoa ruim e nojenta.
— E lá vai o seu Chris — disse Micaelly, ambientada na história pelas duas irmãs e já com uma certa aproximação do único rapaz à mesa. Ganharam intimidade durante o voo e conversaram um pouco sobre essa situação — não entendo o motivo de não querer nem conversar sobre o que aconteceu, deveria ir sim — o rapaz em questão passara caminhando com Sara e Brunno, sem perceber a presença de nenhum dos quatro na cafeteria.
— É que você não sabe toda a história — Letícia Costa se intrometeu e logo começou a contar algo que o passado escondia — Andrey conheceu primeiro o Willian, outro ex-namorado.
Andrey interrompeu. A menção em Willian o deixava triste, mas sabia que seria uma pauta.
— Willian não era meu namorado, éramos muito amigos e apenas — defendeu-se o rapaz, a fim de tirar as garotas de seu encalço, porém não adiantou.
— Não importa — Letícia continuou depois de tirar a xícara de cappuccino da boca e a colocar em cima do pires — Willian é irmão do Chris e era muito "amigo" de Andrey — fez aspas com suas mãos para enfatizar que talvez fosse mentira - o problema é que ninguém sabe onde ele está há anos.
— Como assim? — Micaelly se espantou e quase derrubou seu café, para ela aquela história parecia mais algo de um livro que algo vivenciado na realidade.
As duas irmãs respiraram e olharam para o amigo que já tinha ficado desconfortável com a conversa, mesmo assim decidiram fechar o assunto para puxar outro e seguir se divertindo. Vic colocou sua mão em cima do braço de Andrey para lhe prestar suporte e funcionou, pois quando a irmã disparou em falar ele nem ouvia mais nada ou não se importava direito com todas as palavras sobre o passado que foi jogado.
— Chris tem dois irmãos. O Willian e a Iasmim e ambos desapareceram depois do assassinato da mãe deles. O mais estranho é que a polícia procurou por meses até fechar o caso e encerrar as buscas, nenhum deles foi encontrado. Como Willian era muito próximo da gente, todos nós ficamos muito tristes com tudo e ainda ficamos em mencionar o ocorrido.
— Nossa — ela diria mais alguma coisa, entretanto o celular de Andrey começou a vibrar em uma chamada de Cíntia para avisar que estava chegando ao aeroporto.
Cíntia provavelmente queria ver seus amigos antes de embarcar naquele navio, todos juntos — com exceção de Micaelly — tinham uma história no ensino médio. Com um membro a menos que nenhum deles sabia do paradeiro — cujo irmão acabara de entrar em um táxi do lado de fora — seria legal reviver tudo aquilo e chegar à festa juntos como antes.
Levantaram da mesa e puxaram suas bagagens com dificuldade, andavam rápido para não deixar a amiga esperando do lado de fora, mas quando chegaram perceberam que nenhum carro com as descrições dadas estava estacionado no local combinado.
As três sentaram em um banco e Andrey ficou em cima de sua mala discando o número de Cíntia para perguntar sobre o atraso. Já passava de meio dia e nada dela chegar, em cinquenta e cinco minutos tinham que estar no navio. O garoto se levantou e se afastou um pouco para conversar com a amiga caso atendesse, o que não foi o caso. Letícia se aproximou dele para puxar um assunto pela última vez ao menos nesse dia.
— Não consegue falar do Willian, não é? — disse com certo receio na voz e observou enquanto ele emburrava a face em sentimentos de medo e tristeza — a Micaelly tem razão no que falou. O voo todo o Chris olhava para trás querendo tomar coragem de dialogar com você e eu sei que se aproximar dele lembra muito tudo que sentia por ele antes e tudo que aconteceu com o Willian, mas você merece ser feliz e eu me preocupo com meu amiguinho.
— Obrigado. Significa muito, Costa — era assim que ele a chamava.
Não conseguiu parar de viajar no tempo com as palavras de Letícia Costa. Lembrava muito bem de tudo que sentia sobre o Chris, até antes de conhecê-lo.
Aracaju (14 de fevereiro de 2017)
Não foi difícil mudar de uma escola na qual nunca tinha se ambientado muito bem, mesmo estudando lá durante três anos. A única amizade que fez durante todo esse tempo seria levada junto para a nova instituição que estudaria, logo não precisava se preocupar com as pessoas que se afastaria, estava feliz em se afastar de todos.
Já estudavam na escola nova há quase um mês. Adryelle passava na casa do melhor amigo todos os dias e eles iam andando até o lugar. Não se enturmaram com muitas pessoas, mas conhecer dois ou três indivíduos era muita coisa se comparado a não conhecer nenhum no outro ambiente que viviam. O aparelho vermelho sumiu da boca da garota e agora davam lugar para lindos dentes brancos e retos. Com muito incentivo eles iam ao salão de beleza juntos todo o mês para fazer tratamento de pele, unhas e cabelo. Mesmo assim Andrey ainda escondia seus cabelos com o mesmo gorro cinza.
O alarme tocava, estava situado no criado mudo perto de um porta retrato que ganhara de presente no natal. Aquele barulho em seus ouvidos causava uma gastura insuportável, era de notável percepção, colocou a mão sobre o botão e o apertou. Aquele barulho ensurdecedor parou de ecoar no ambiente do quarto que dormia.
Abriu seus olhos com a preguiça de sempre e dirigiu-se até o banheiro para tomar um banho e ir até a escola, sofrer durante um novo dia que amanheceu. Teria de estar pronto bem rápido, pois em instantes sua amiga chegaria para traçar o mesmo caminho que traçavam há quase um mês.
Desceu as escadas e tomou o rápido café da manhã que a mãe fazia todos os dias para não deixar que fosse estudar com fome. O celular vibrou em cima da mesa com uma mensagem de Adryelle. Tinha acabado de chegar e o esperava no banquinho da árvore — era um banquinho pequeno de madeira que ficava encostado em uma árvore no jardim de sua casa. Era sentada nesse banco que o esperava todos os dias.
— Tchau mainha — gritou na esperança de que escutasse da cozinha e desceu as escadas da varanda da frente. Abraçou a amiga como fazia sempre e começaram a trilhar o caminho diário.
Sempre andavam devagar para que a chegada demorasse mais alguns segundos ou até minutos dependendo da constância e rapidez de seus passos. Logo ouviram atrás de si três pessoas da turma de Andrey que não tinham contato e que eram populares. Chamavam-se Cíntia, Letícia e Victoria. Não sabiam nada sobre as três, apenas que faziam parte da elite do colégio e nem todo mundo podia se sentar perto na hora do intervalo.
Muitas pessoas usavam aquele caminho para se dirigir ao local de estudo, todos que andavam naquela hora da manhã usavam a mesma blusa. Existia um menino que quase sempre passava com um garoto ruivo — Andrey conhecia o garoto ruivo era Willian e assim como as três estudava em sua sala. Mas o companheiro era quem na verdade lhe chamava atenção, mesmo que nunca tenham trocado nenhuma palavra. Havia um tempo que o procurava no colégio tentando descobrir seu nome e não tinha sucesso.
— Como acha que vai ser quando sair da escola? — falou a menina que estava ao seu lado, com o braço direito enlaçado no seu demonstrando a intimidade que tinham conquistado — você é uma das únicas pessoas que conheço e está um ano à frente, não quero me afastar.
— Não vamos nos afastar, ainda temos alguns anos antes de exercer preocupação com isso — olhando para frente viu os cabelos negros do menino que sempre lhe chamava atenção, estava com o garoto de cabelos ruivos chamado Willian.
Seus cabelos negros e ondulados apareceram no campo de visão de Andrey e logo interrompeu o assunto com Adryelle. Ele estava vestindo um suéter preto e com listras cinza e uma calça jeans azul. Seu rosto tinha um pequeno diferencial desde a última vez que o tinha visto. Quando ele se virou para falar com o companheiro, pode-se perceber um par de lentes em seu rosto que antes não existiam a frente de seus olhos.
As três garotas gritaram dois nomes, um dos nomes Andrey sabia de quem era, pertencia ao garoto de cabelos ruivos, mas o outro nome só podia ser daquele que chamara sua atenção, seu nome só podia ser Chris e jamais se esqueceria disto.
Miami (06 de maio de 2020) — PRESENTE
Longe chegava um carro com as descrições que foram dadas e as outras duas garotas se levantaram para pegar suas bagagens e finalmente ir ao encontro de Cíntia. Era um carro fechado e apenas a pessoa do volante estava dentro dele. Totalmente preto e obviamente era próprio.
Ela estacionou o carro em uma vaga atrás de um automóvel cinza bem chique e desceu para esperar as pessoas que vinham ao seu encontro.
Correu e abraçou Andrey quase derrubando tudo que carregava. Eles não se viam há algum tempo, ela tinha ido estudar em outra escola para terminar o terceiro ano. Foi triste tentar manter a amizade por distância, entretanto mesmo que não se vissem pessoalmente, conseguiam conversar e confessar tudo que precisavam um com o outro. Ela o soltou para abraçar as duas outras amigas e se apresentar a novata no grupo.
— Todo mundo junto novamente — gritou agarrando novamente Victoria que estava ficando sem ar — Eu amo tanto vocês.
Nunca foi muito exagerada, mas quando se tratava de demonstrar seu amor para os amigos se tornava a pessoa mais grudenta e apegada que pudesse ser. Abriu a mala do carro que estava parcialmente cheia com suas bagagens e permitiu que eles colocassem o que carregavam. Olhou para Andrey que sorria de felicidade com o reencontro e perguntou:
— Como foi com o Chris?
Ele não respondeu, apenas olhou para ela ainda sorrindo e tomou o banco da frente com sua bagagem de mão no colo. Ouviu alguma das meninas sussurrar que eles não tinham conversado e deu a volta no carro para sentar no banco do motorista.
Esqueceram o assunto anterior e falaram em tudo que queriam fazer quando chegassem ao navio, depois de quase meia hora, faltando vinte minutos para que o navio desancorasse e os abandonasse, conseguiram silenciar os assuntos por um tempo para visualizá-lo. Era enorme e completamente branco tinham várias janelinhas e muitas pessoas com taças nas mãos já bebendo algo e curtindo o cruzeiro.
— Esse navio é todo para os convidados da festa? — Micaelly sussurrou no ouvido de Letícia e todas olharam para Andrey querendo a resposta.
— Não gente. O navio vai ter várias pessoas desconhecidas, poucos convidados estarão fazendo cruzeiro, alguns vão direto ao hotel. Conseguimos poucos quartos, por isso vamos dividir com alguém por hoje.
Cessando a dúvida que todas as garotas estavam, sentiu mais uma pedra no seu caminho. Ele dividiria o quarto com alguém e podia muito bem ser um golpe do destino ter de dividir com a única pessoa que não queria conversar sob nenhuma circunstância.
O carro foi estacionado ao lado de uma Ferrari azul e todos saíram pegando suas malas ansiando em entrar para se instalar nos quartos e poder começar a curtir as férias adiantadas que teriam.
Agora o mistério começou, finalmente já sabem sobre o Willian. Já deu pra teorizar até demais. Quero saber de vocês o que acham que aconteceu com ele... hihihihihi.
Quem acertar ou passar perto eu dou um Suco Tang. A próxima parte será postada como combinamos. Beijinhos
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