~Capítulo 17: Capuz Verde Revelado
"Quando as coisas estão ruins, às vezes devemos seguir em frente e buscar uma solução que as façam melhorar. Quando tudo estiver desmoronando, mais coisas aparecerão para te fazer cair, basta acreditar na melhora e ela virá, mas no caminho, muitos amigos se mostrarão inimigos"
— Blog da Victoria
Revelação do Capuz Verde nesse capítulo, deixe a sua suspeita definitiva, aqui: ➡️
O carro parou bem em frente ao portão da recepção da primeira parte do hotel. Carol logo desceu do carro extremamente assustada com a vista daquele evento. O prédio logo em frente — a segunda parte do hotel — estava em chamas.
O outro desceu do carro apavorado com aquele acontecimento e ficou olhando para a construção, sem reação alguma na qual pudesse ser tomada. Carol e Eder estavam encostados ao carro cinza sem saber o que poderiam realizar para combater aquele incêndio. O fogo não havia se propagado por todo o prédio, mas abarcou o salão de debutantes e o de karaokê. Infelizmente já estava se dissipando para o primeiro andar.
No momento da evacuação, eles pegaram o carro de Carol e começaram a fugir do local. Ela era faxineira na propriedade e morava na região, por isso ficou responsável por fechar as portas do térreo, uma vez que todos os outros funcionários tiraram suas obrigações e a abandonaram. Eder foi contratado por Adryelle apenas por aquela semana, então devia sair do povoado junto dos convidados, mas sabendo que Carol ficaria sozinha, ele se prontificou a ajudar.
— Eder — Carol estava com o olhar vidrado no fogo e sentindo seu calor, mesmo que distante da construção — deixamos as chaves dos salões com a Xerife. Será que ela ainda está lá dentro com aquele pessoal?
Em uma pequena menção de Letícia Farias — seu pequeno caso daquela semana — estar em apuros, Eder correu em disparada para as chamas. Carol tentou agarrá-lo nos braços, mas ele escapou de seu aperto. Depois disso, apenas gritou com o impulso do rapaz e sabia que nada estava em seu alcance. Foi um alívio quando ele chegou na porta do salão e parou de correr focalizando alguma coisa no chão: era o corpo de uma mulher.
— O que está acontecendo? — Carol respirou fundo com a cena e já chorava de medo — acho que aquilo no chão é uma pessoa.
Ela combateu seu medo e correu até o lugar no qual o colega estava e ficou assombrada com aquilo. O rapaz se ajoelhou no chão perante o corpo daquela mulher e a ergueu, a fim de tirá-la de um lugar tão próximo do fogo. O calor das chamas estava esquentando seu corpo de uma maneira constante.
— Vamos tirar o corpo dela daqui — Eder se prontificou e começou a andar com o corpo, uma vez que sua colega não teria forças para a ação — você acha que pode ter alguém lá dentro?
— Eu não sei — Carol respondeu.
— Preciso entrar lá para ver isso — Eder colocou o corpo morto de Iasmim no chão, a uma distância mais segura das chamas, e voltou a andar sem atender as súplicas da colega. Pedidos de segurança de sua pessoa física, foram feitos pela mulher que compartilhava com ele aquele momento, mas ele não atenderia com a ameaça de tantas vidas.
Antes que pudesse arriscar sua vida em meio as chamas do salão de debutantes, ouviu uma tosse. Cíntia passou correndo e caiu no chão com uma mão no abdome e seu rosto e roupas sujos de fuligem. Respirava o ar puro como se fosse a última coisa a se fazer naquele momento. Em seguida, algumas outras pessoas começaram a sair da construção e caminharam até uma distância segura.
Os funcionários restantes do hotel começaram a ajudar aquelas pessoas, mesmo que não conhecessem a maioria delas. Sara, Victoria e Giselle se deitaram na grama no mesmo estado dos outros: ofegantes e sujas de fuligem. Todos se assustaram com a propagação de luz de um relâmpago e o início de uma chuva.
Chris estava buscando ar, completamente encharcado com a chuva assim como os outros. Deitou-se no chão para descansar e fechou seus olhos a fim de manter o ritmo de sua respiração como foco. Ao seu lado, Gaby estava cuidando de Kelvin com a ajuda de Danielly e de Kayo. Todos os presentes ficaram no jardim e agradeceram a água caindo sob suas cabeças, pois puderam recuperar o fôlego e esfriar o corpo quente por causa das chamas.
— Dani — Kelvin falou olhando enquanto olhava ao seu redor — cadê o João Victor e a Adryelle?
Ela olhou para os outros no cenário. Observou Rúbia e Arthur prestando suporte um ao outro e Duda abraçada com Cíntia enquanto a mulher recuperava o ar de seus pulmões, mas não conseguiu visualizar duas pessoas.
— Eu não sei. Mas tudo vai ficar bem, tá bom?
Ele assentiu e com uma súplica silenciosa, Dani pediu a Kayo para cuidar do garoto e se levantou. Usou de todas as forças ainda restantes para fazer os outros escutarem em meio aquela chuva — que engrossava de pouco em pouco.
— Gente — ela gritou e todos voltaram sua atenção para ela — cadê o João e a Farias? Eles estavam lá dentro com a gente.
Também estava preocupada com Adryelle, mas ela tentava abrir as portas do salão na última vez que conversaram. Estava insegura quando ao paradeiro da sua anfitriã, mas enquanto o medo penetrava nas suas camadas mais fundas, todos os outros começaram a olhar em seu redor, procurando pelos dois amigos restantes.
— Certeza de que eles saíram de lá de dentro? — Cíntia gritou, estava concorrendo com o barulho de trovão vindo do céu. A chuva só aumentava e o fogo do hotel estava começando a se apagar lentamente.
Eder começou a correr para dentro do hotel. Algumas regiões já estavam com o fogo se apagando e com a força da chuva o resto apagaria em breve. Entrou no salão de karaokê, sem medo das chamas, que em breve deixariam de existir, e encontrou Farias desmaiada no chão ao lado de um pequeno sofá. Aquela região não foi atingida pelo incêndio, pois o móvel não estava degradado. Ele pegou a moça no colo, a tempo de olhar um corpo quase carbonizado no canto da parede, mesmo de longe era de certeza a constatação de morte.
Carregou a mulher para fora do salão a tempo de observar Carol remexendo o carro e buscando as chaves da primeira parte do hotel. Algumas pessoas começaram a se levantar para sair da chuva e poder ficar em segurança até achar uma solução que os tirasse dali. Danielly abordou o homem, ansiosa com a resposta de sua pergunta.
— Cadê o João Victor? Você o encontrou?
— Eu sinto muito, mas o canto da parede foi muito atingido e tem um corpo em carne viva naquele lugar, acho que é o seu amigo.
Kelvin começou a chorar quando ouviu aquilo e recebeu um abraço de Kayo. As pessoas ao redor ficaram chocadas e quietas com a informação, já não havia nada que pudesse ser feito para reverter a situação. Todos foram vítimas daquela fatalidade e foram salvos apenas por um pequeno golpe do próprio Capuz Preto. Antes de incendiar todo aquele lugar, jogou uma cópia das chaves para o lado de dentro, enquanto todos estavam atentos na tentativa de Adryelle tirar eles de lá pela saída lateral do cômodo. Só assim, no momento de desespero, Cíntia observou a chave jogada ali no chão — no mesmo momento seus olhos observavam as chamas aparecendo pela parede lateral — e custou a achar a chave certa com a pressão de todos no lugar, mas enfim, quase todos conseguiram fugir de lá.
Giselle se aproximou de Chris — ele estava deitado de bruços com os olhos fechados — e o balançou um pouco. Deu sinal de vida para o alívio da moça e se sentou com a boca aberta como auxílio de sua respiração dificultosa.
— Oi, Gi — ele falou já se levantando para seguir com os demais — vamos ver um jeito de sair daqui — ela balançou a cabeça assentindo e fez uma massagem no peito do amigo, na tentativa de ajudar sua respiração a melhorar.
Ela segurou as mãos dele o ajudando a permanecer de pé. Logo em seguida, enlaçou o braço direito do rapaz em seu ombro e começou a andar para fora daquela chuva. Os trovões ainda apareciam no céu e os fortes relâmpagos causavam dor nos olhos de todos.
— Você está bem? — ele perguntou para Giselle já recobrando a naturalidade de seu sistema respiratório.
— Não — estava chorando — Adryelle está morta, você não ouviu aquele barulho? Parecia um tiro.
Chris ficou ereto e começou a caminhar sem a ajuda daquela mulher. Deu-lhe um beijo na testa, tentando passar um conforto que nem ele possuía, e eles aceleraram os passos para a recepção, precisavam se enxugar e elaborar uma maneira de sair daquele povoado. Notaram uma pessoa deitada na grama do jardim e se aproximaram, logo que olharam o rosto se apavoraram e gritaram chamando a atenção de todos.
Ele ficou de joelhos tentando sentir algum tipo de pulsação na moça, no entanto já não existia vida nenhuma naquele corpo. Começou a chorar e todos os outros colocaram sua atenção ali. Giselle se ajoelhou da mesma forma tentando ver se podia fazer alguma coisa, mas apenas sujou a mão de sangue quando a passou pelo abdome do corpo. Existia um buraco na testa e só com aquilo, já podia descartar a possibilidade que existisse vida ali.
— Iasmim — ele chorava e dizia o nome da irmã com o resto de fôlego restante. Cíntia saiu da varanda da frente do hotel e voltou para abraçá-lo.
Arthur apareceu e segurou o amigo pelos ombros. O puxou para si dizendo o necessário:
— Chris, precisamos entrar no hotel.
Ele não conseguia mais focar em nenhuma das outras pessoas no cenário, apenas no corpo morto de sua irmã.
— Ela tá morta — ele voltou a sentar no chão em meio àquela chuva e continuou chorando. Segurava a mão dela e percebeu quando Giselle era puxada por Cíntia para a varanda — Arthur, mataram ela.
— E a pessoa que a matou, pode estar vindo atrás da gente agora. Eu sinto muito – ele se aproximou do corpo e o sustentou com os braços — vamos ficar seguros lá dentro, vem comigo — começou a caminhar para dentro assim como os demais.
Todos se colocaram na recepção e mais uma vez trancaram a porta, dessa vez por dentro. Estavam assustados o suficiente para apenas chorar e chorar pelas próximas derradeiras horas. O corpo de Iasmim foi colocado no restaurante e Chris ficou ao lado dela exercendo seu luto junto de Arthur, que se mostrou prestativo naquele momento de tristeza.
Eder colocou Farias deitada em um dos sofás daquele cômodo e se sentou para esperá-la acordar. Alguns começaram a caminhar de um lado para o outro, pensando em mil acontecimentos da pior noite de suas vidas. Carol acendeu as luzes do térreo e verificou se todas as outras saídas estavam mesmo trancadas, depois disso percebeu mais uma necessidade: devia conversar com aquelas pessoas, pois não existia como fugir do povoado.
Brenda dirigia um carro por uma estrada oculta nas trilhas do povoado. O banco de trás estava sujo de sangue e completamente vazio, pois a pessoa que carregava já havia encontrado seu destino. Segurava um Walkie-talkie esperando ser interceptada pelo cúmplice e dirigia o carro no sentido de retorno ao Hotel Country.
Ouviu uma voz saída do porta copos do carro e segurou o objeto nas mãos, pronta para começar o diálogo mais esperado da semana. Colocou-o em cima de sua perna esquerda, a fim de não atrapalhar a direção do veículo e começou a inestimável conversa.
— Shrek, como foi essa semana para você?
— É você que me preocupa — uma voz robotizada ecoou em seus ouvidos e ela expressou uma face desentendida para o objeto em seu colo.
— Qual o motivo dessa voz estranha? A gente não se falou pessoalmente durante a semana, mas eu sei quem você é.
Um pouco de silêncio da pessoa na qual conversava, até que mais uma pergunta, com a mesma voz robotizada, ecoou em seus ouvidos.
— Como você executou sua única ação no nosso plano?
Mais uma vez expressou face de desentendida quanto àquele foco. Necessariamente, o cúmplice fez questão de especificar que aquela seria sua única participação no processo. Logicamente ela não queria apenas aquilo de participação, mas resolveu não puxar o assunto por enquanto.
— Algumas coisas deram errado, mas não foi culpa minha.
— Como assim deram errado?
Ela respirou bem fundo já com raiva daquele tratamento. Afinal de contas, sua participação inicial começou com tudo, porém mais uma vez faria vista grossa quanto a mais um desapontamento com seu cúmplice.
— A Xerife e o auxiliar estão mortos, usei as passagens secretas que me ensinou.
— Acertou o tiro de primeira e no escuro?
— Lógico, sempre fui boa de mira.
— Finalmente conseguiu me impressionar.
Mais uma vez sendo subestimada por ele. Esboçou um pequeno sorriso, mas continuou a contar as coisas do plano.
— A Iasmim matou a Adryelle, mas acredito que você já tenha encontrado o corpo onde deixei e eu matei a Iasmim como avisei que faria.
— Então o que deu errado no plano? Era exatamente isso que deveria acontecer.
Brenda chegou ao seu destino. Estacionou o carro em um lugar escondido na mata e segurou o aparelho a fim de terminar aquela conversa.
— A segunda parte do hotel pegou fogo proposital, mas você mesmo entrou nisso tudo para destruir esse lugar, achei que não se importaria.
— E as pessoas presas lá dentro? Você devia ter jogado a chave por debaixo da porta e fugido.
— Eu joguei a chave. A outra coisa que deu errado, dois funcionários do hotel voltando. Aquele Eder e a Carol não foram evacuados, ainda estão por aqui.
— Sem problemas — uma parada no assunto mais uma vez e o som de chuva bem forte saindo do aparelho — agora fique esperta quanto aquele pessoal. Só deixe sair de dentro as pessoas que eu deixar, depois de explico o próximo plano. Ainda não sei como funciona.
— Como assim não sabe como funciona?
— Andrey falou com a Francielle e pediu ajuda. As coisas vão tomar rumos diferentes a partir de agora. Mais tarde conversamos, vou matar o Andrey.
Ela sorriu friamente e desceu do carro recebendo gotas de chuva por todo o corpo. Colocou o Walkie-talkie no bolso do casaco preto e logo levantou o capuz, pois precisaria se esconder por mais uns instantes.
— Aquele filho da puta vai se ver comigo. Quero ver mandar em mim quando receber uma bala na testa.
Vozes ecoadas até seus ouvidos, uma imensa dor de cabeça latejando em sua testa, barulho de chuva do lado de fora daquele lugar, seu corpo deitado em algo duro e frio arrepiando todo seu pelo, uma pequena claridade ainda não identificada no cômodo e cadeiras para todos os lados.
Levantou-se com dificuldade. Seus membros conseguiram movimento de forma lenta, da mesma forma que aquele veneno foi injetado em seu corpo, momentos antes da última vez em que viu o Willian. Em pé, pode visualizar o local ao seu redor e se assustou com todas as informações presentes no cômodo.
Estava na recepção do hospital e a televisão passava duas pessoas extremamente importantes para ele. Sabia que as luzes do corredor estavam acesas, pois percebeu a pouca claridade saída de lá, mas não podia deixar de se emocionar com as imagens de Mayara no televisor daquele lugar.
Começou a chorar com as imagens desesperadoras dela chorando com o corpo de Lindinêz deitado em seus pés. Depois ela lendo papéis presos em um parede lateral, seja lá em qual lugar ela estava. Viu o momento que Lavínia chegou e elas começaram a conversar e ouviu com todas as palavras a confissão de sua amiga, o momento no qual ela contava com a absoluta certeza seu grande segredo: o assassinato de Willian.
Quando a filmagem acabou, ele se virou para a parede e conseguiu observar algumas fotos. A luz da televisão fez claridade o suficiente para que visse alguns de seus amigos com uma marca nas fotografias, claramente aqueles mortos. Mayara e Lavínia não estavam com o X presente nos rostos delas e isso aliviou um pouco aquele rapaz, pelo menos duas pessoas estavam possivelmente vivas.
Não conseguia ocultar suas lágrimas de choro ao olhar para as fotos dele e de Willian. Willy com aquele X vermelho escondendo seu rosto. Procurou Adryelle por aquela parede, mas não a encontrou de forma alguma, não sabia se ficava aliviado ou triste sem notícias da melhor amiga no momento de mais necessidade.
As luzes do corredor se apagaram rapidamente e precisou direcionar seu olhar para aquela região. Uma pessoa oculta pelas sombras se mostrava ali de pé, o rosto oculto pela escuridão do hospital e a única luz do cômodo era a televisão ainda ligada. Andrey não conseguiu resistir ao medo de estar ali com ele, mesmo que a alguns momentos atrás iria querer estar conversando com aquela pessoa.
— Não precisa se esconder, eu já sei quem você é.
— E quem eu sou? — ouviu uma voz robotizada e depois escutou algo cair no chão, provavelmente o aparelho responsável pelo disfarce na voz do indivíduo.
Até mencionar aquele nome estava sendo difícil no momento, mas da mesma forma que ele, Andrey fez questão de dizer o nome do jeito no qual foi apresentado.
Tomou coragem e olhou para a figura ainda oculta nas sombras, assim conseguiu dizer:
— Edward — falou entre soluços pelo choro desesperado que se formava — Edward Grant.
Assim, Grant saiu das sombras e revelou seu rosto com a claridade da televisão. Um sorriso frio estampado em sua face, apenas ao perceber o medo de Andrey. Levantou a arma em sua mão e a direcionou para o rapaz.
— É agora que você morre, filho da puta — e atirou.
Acreditem que está doendo mais em mim do que em vocês. Gente, eu revelei Capuz Verde, meu senhor. O momento chegou velho e vocês agora só precisam sofrer algumas horas.
Amanhã já tem capítulo novo com o motivo do nosso grande vilão, você não pode perder essa. Claramente ele não cai contar ao Andrey né gente, olha esse tiro aí.
Promo da Semana de Aniversário "A Festa de Sangue", para vocês lembrarem mais dos próximos capítulos
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