~Capítulo 12.1: A Festa de Sangue
"As ligações de amizade são mais fortes que as do sangue da família"
— Giovani Boccaccio
*Povoado Country 'Presente' (12 de maio de 2020)*
+{ O dia da grande festa }+
Larissa Xavier acabou nem dormindo. Passou toda a noite no bar bebendo com alguns nativos do Povoado Country e até conseguiu beijar umas três pessoas. Ligou a noite toda para Daniel e não conseguiu resposta do irmão, não sabia direito o que ele estava fazendo. Em seu conhecimento existia sabedoria sobre o caso com Cíntia e na frustração com tudo dando errado naquela relação. Encontrou a mulher bebendo com Letícia Farias e um dos funcionários do hotel, mas saíram do bar um pouco mais cedo.
Caminhava a pequena estrada de terra entre o bar e o hotel, já passava das cinco da manhã. Querendo ou não seria o caminho mais perto e não passava pela área residencial do povoado. Seu celular vibrou em uma mensagem de Daniel, ficou feliz em ver a tela, já estava preocupada com o irmão.
"Encontrei um poço legal, parece com aquele que tinha na escola, vem ver"
"Af... Como chego aí?"
Recebeu outra mensagem com a localização e sorriu com aquilo. Abriu e começou a seguir o pequeno mapa do Povoado Country na tela de seu celular. Digitou uma mensagem para o irmão avisando que estava seguindo o GPS e continuou a caminhar.
Quando estava para atravessar o jardim do hotel sentiu uma mão puxando seu braço e se virou. Não esperava que fosse vê-la outra vez na vida. Foi surpreendente estar acontecendo um reencontro daquela maneira. Olhou para Iasmim de baixo para cima e ainda não acreditava que pudesse mesmo estar viva.
— Iasmim? É você mesmo? — sorria ao observar sua vida ainda em andamento. Desde seu desaparecimento imaginava que estivesse morta.
— Oi. Precisamos conversar, acho que você corre perigo — Iasmim estava calma e mesmo assim expressava fatos importantes. Elas se dirigiram para um banco no jardim, no qual estava posicionado uma bochila com alguns pertences da garota desaparecida. Assim que sentaram resolveu indagar um breve resumo - não pode caminhar sozinha pelo Povoado Country. Você e os outros convidados mais próximos de Andrey e de Adryelle correm perigo.
Absorveu a informação e nem entendeu direito aquilo que ouvia. Iasmim sumiu por mais de um ano e muitas perguntas apareciam em seu subconsciente.
— Como assim os convidados mais próximos de Andrey e de Adryelle? — não conseguia raciocinar acerca daquela informação — todos os convidados sõa próximos da Adry, é o aniversário dela.
— Todos aqueles que são amigos dela e também de Andrey. Aqueles que são mais íntimos. Ouve só...
Iasmim contou tudo o que estava acontecendo no Povoado Country. O desaparecimento de algumas pessoas, o plano construído por ela com Hadassa e o consequente desaparecimento da amiga e todas as coisas aprontadas por Adryelle no passado. Contou também todo o ocorrido com a mãe e as causas de seu desaparecimento.
— Você acha que o assassino é o Willian e quer minha ajuda para convencer Adryelle a acabar com a festa?
— Sim. Tirar todo mundo do Povoado Country, avisar a polícia sobre o desaparecimento das pessoas e contar tudo que houve no passado, mesmo que acarrete na minha prisão como cúmplice de assassinato da minha própria mãe.
Mesmo ouvindo atentamente todas aquelas informações não podia deixar de duvidar de certas coisas, resolveu pontuá-las:
— Bom — Larissa respirou expressando nervosismo antes de começar — se eu vou sozinha contar a xerife, você terá tempo de fugir e Lavínia foi sequestrada, enviada a mão dos assassinos propositalmente por Hadassa? Não tentou fazer nada pra impedir? — evitava deixar as lágrimas descerem os olhos sabendo que vários de seus amigos podiam estar mortos.
— A ideia de mandar Lavínia foi minha. Ele mandou sinais para o Andrey, queria que fosse desmascarado. Talvez faça parte do jogo maníaco dele. Achei que se Lavínia descobrisse sobre Arthur e Hadassa ele passaria as pistas para ela.
— Entendi. Ele podia procurar uma pessoa que tivesse saturada de seus próprios fantasmas para provocar — respirou com mais nervosismo — tudo isso é loucura. Amanhã eu posso amanhecer morta?
Larissa entendeu tudo, mesmo que estivesse sem reação com tudo que escutara. Iasmim tornou a falar sobre o que deveriam fazer com a situação. Mencionou detalhadamente os próximos passos elaborados para execução e sabia acerca do entendimento da pessoa a sua frente pelo olhar de compreensão, ressaltado em sua face.
Elas deveriam ir conversar com Adryelle assim que a mesma fosse para seu quarto colocar o vestido de debutante. Conversariam e ela cancelaria a festa, todos os convidados arrumariam suas malas e a polícia faria uma varredura, junto da xerife, por toda a região.
— De qualquer jeito todos só poderemos ir embora amanhã cedo, ainda corremos muito perigo. Ele pode estar nos ouvindo agora. Precisamos falar com Adryelle primeiro — ressaltou Iasmim percebendo agora um olhar de dúvida sob seu ser.
— Poderíamos ir a xerife agora, Iasmim. Ela mesma ordenaria Adryelle a cancelar a festa e tudo seria mais fácil.
Não quero que o Willian seja preso caso seja ele embaixo do capuz verde. Ele só precisa de alguém que cuide dele.
— Quais motivos ele teria para matar os amigos? — Larissa tocou em um ponto de duvida em Iasmim — vingar o pai? Pelo que Adryelle e Andrey esconderam dele acerca do desvio? Lógico que se a polícia achar esse homem vai prendê-lo. A não ser que...
Ela deduziu certo. Iasmim ia esperar que Willian a procurasse e pedisse ajuda como sempre fazia. Contava com isso para que seu plano fosse um sucesso. Depois do contato com o irmão fugiria para sempre ao lado dele. Estava mentindo para executar seu verdadeiro plano.
Na verdade, a irmã não se importava com o motivo para os desaparecimentos. Queria o Willian de volta, mesmo que fosse um assassino frio e calculista. Iasmim tornou a falar em modo imperativo, dessa vez se levantando e dando de pistas de que sairia daquele cenário.
— Nos vemos em algumas horas, preciso de alguém para convencer Adryelle, ela não acreditaria em mim. Não depois de enfrentá-la.
Saiu e sumiu de vista. Larissa pegou o celular e mandou uma mensagem para Daniel, logo ele visualizou e respondeu:
"Dani, precisa me encontrar na delegacia. A história é longa"
"Estou indo, encontre-me no poço"
Ela não sabia que seu irmão já estava morto, pois o assassino previu que após o sumiço de Hadassa, Iasmim recorreria à Larissa.
Mayara ficava todo o tempo que podia verificando a mesa e as fotos nas paredes em busca de pistas. Todos os dias, sentia um cheiro bastante forte e caia no sono, quando acordava se deparava com comida e água suficientes para ela e Lavínia. Lav passava sua estadia querendo fugir. Ainda batia na porta achando que alguém pudesse ouvir seus chamados e sussurrava xingamentos para a pessoa embaixo do capuz verde a todo tempo.
— Descobriu alguma coisa? — Lav perguntava aquilo para Mayara a todo tempo. Parecia o burro do filme Shrek repetindo o a gente já chegou? durante todo o caminho até o reino. Mayara balançava sempre a cabeça em negação, mas daquela vez olhou para a mulher sentada ao lado da porta trancada e fez menção em falar.
Indagou e percebeu que Lavínia levantava querendo respostas sucintas. Assim, ela começou a falar e mostrar suas provas:
— Acabei de achar uma foto do Willian — Lav ficou se perguntando o que aquela foto em especial teria algo a revelar, uma vez que estavam em um lugar que mais parecia um álbum — ele está com um homem muito parecido com ele, talvez seja o pai.
Entregou a foto para Lav que olhou e deduziu a mesma coisa, no entanto reconheceu aquele homem de cabelos loiros e olhos verdes.
— É o antigo zelador da escola, não tinha reparado a aparência tão grande com o Willian antes — Mayara balançou a cabeça positivando a afirmação e as duas chegaram a deduzir a mesma coisa: O homem na foto era o pai do Willian — lembro que sempre o achei um gostoso.
May levantou e tornou a mexer em uma pilha de papeis até encontrar um jornal de alguns anos atrás que noticiava a prisão do zelador por desvio da verba da escola. Entregou para Lavínia que mais uma vez deduziu um argumento brilhante:
— May o mesmo jornal noticia o investimento do pai de Adryelle. Nós duas sabemos que ele estava falindo na época e o investimento foi alto de uma forma considerável. E se o roubo na escola tiver algo a ver com esse investimento e o zelador e pai do Willian tenha levado a culpa pelo roubo?
A outra no cenário concluiu o pensamento:
— Adryelle pode ter invadido a sala do diretor e desviado esse dinheiro. O zelador descobriu o que aconteceu e quer vingança de Adryelle e de todos aqueles que um dia já a defenderam. Incluindo nós duas.
Tudo fazia sentido de formas inacreditáveis. As duas ficaram imersas em devaneios longos depois daquelas deduções e Lav teve mais uma ideia acerca da pessoa embaixo do capuz verde:
— E se Adryelle e Andrey comentaram com Willian sofre o roubo? Era pai dele, como acha que ele ficaria?
— Adryelle nunca contaria uma coisa dessas ao Willian — informou Mayara temendo o caminho que essa conversa iria tomar — se está pensando que o assassino possa ser o Willian, está muito equivocada.
— Como tem tanta certeza que não é ele? Desapareceu há anos, sem deixar pistas. Ele pode estar trabalhando com o pai também.
May entendeu o motivo de estarem ali com tantas coisas. O assassino queria que descobrissem quem ele era, mas não era o Willian — ela tinha convicção — não podia ser.
— Willian amava o Andrey. Não existe nada que o Andrey fizesse indigno de perdão.
— Mesmo acusar o pai dele? Uma pessoa que mal conhecia e que queria passar um tempo junto? É obvio que o Andrey saberia caso a Adryelle fizesse uma coisa dessas. Não acho que o Willian pudesse perdoar uma coisa assim — Lav rebateu.
Mesmo com todos aqueles argumentos, Mayara estava convencida, não era o Willian e rebateu novamente:
— Nenhum dos dois contaria ao Willian que armaram uma arapuca para o pai dele.
— E se não soubessem que era pai dele? Wiillian e Andrey eram melhores amigos, contavam tudo um para o outro sempre. Talvez ele tenha fugido para proteger o pai e tenha voltado em busca de vingança, afinal essa festa é fruto daquele dinheiro.
Aquelas acusações de Lav sobre o Willian já estavam irritando Mayara e ela voltou a rebater:
— Exatamente, Andrey e Willian eram confidentes e logicamente Andrey sabe que o zelador e pai do melhor amigo dele. E nunca contaria a ninguém um segredo de Adryelle. Além disso, o zelador foi absorvido das acusações tem outro jornal aqui mencionando isso.
— Está argumentando acerca da sua confiança neles. O que te faz ter tanta certeza que não é o Willian embaixo daquele capuz?
Mayara começou a chorar e gritou o mais alto que conseguiu a grande verdade escondida por anos e jamais revelada antes:
— ELE ESTÁ MORTO! NÃO PODE SER ELE! O WILLIAN MORREU.
*Aracaju (23 de novembro de 2017)*
+{ O dia da morte de Willian }+
Sentia a maciez de um estofado conhecido. Sabia ao apertar aquela almofada com bolinhas dentro que estava na cama de Willian. Escutou o primeiro trec, mas não queria abrir os olhos. A parte metálica do macacão estava machucando um pouco e sentiu os dedos frios de alguém o ajudando a tirar aquela peça.
Ainda não conseguia abrir os olhos e também não sentia vontade. Primeiro mecheu sua mão e assentiu o toque em seu rosto. Estava apertando delicadamente o braço da pessoa que o ajudava a tirar a parte metálica do macacão. Ao sentir uma pulseira de bolinhas em seus dedos percebeu que se tratava de Willian e então conseguiu abrir os olhos.
O garoto já estava indo em direção a sua boca e mesmo assim ele permitiu. O beijava tentando lembrar-se dos acontecimentos anteriores e lembrou-se de forma lenta enquanto seus lábios percorriam os daquele lindo rapaz de olhos claros.
Podia falar algo e pedir que parasse para que tivesse uma conversa sobre tudo aquilo. No entanto já havia muita excitação em seu corpo ansiando por toques mais detalhados do lindo rapaz de cabelos loiros. Não resistiu ao impulso de colocar sua mão na nuca dele e alisar os fios dourados e macios. Sentar no colo daquele rapaz e sentir a intimidade dos dois penetrando tudo que sempre teve vontade de fazer.
Willian dava toques delicados e mordia de leve o ombro direito do seu parceiro. Os dois se beijavam com uma paixão ardente que fez Andrey duvidar do rapaz decidido por seu amor com Chris no dia anterior.
Estava anoitecendo, mas isso não impediu que Willian o deitasse na cama e subisse em cima dele sem sua camisa. Andrey precisava se desapegar daquilo, mas passar as mãos nas costas nuas do melhor amigo era o melhor sentimento que já havia tido. Sentir as mãos ousadas daquele rapaz em sua cintura era uma emoção ardente, ansiada por vários meses.
Saiu do devaneio de perigo e excitação, precisava começar a resolver algumas coisas:
— Cadê a Iasmim? Vocês não vão mais fugir?
— Ela fugiu sem mim — os olhos azuis de Willian penetravam os olhos castanhos de Andrey ao dizer aquilo — em breve eu estarei indo embora. Não consegui fugir enquanto dormia, precisava falar com você — aproximou-se da boca mais próxima e novamente a beijou.
Não conseguia parar de ceder ao desejo de grudarem seus corpos. Os movimentos antes lentos começaram a ficar acelerados quando Willian retirou a calça e ficou apenas de cueca. A parte de cima do macacão de Andrey já estava abaixada mostrando sua camisa vermelha de mangas curtas um pouco suja de terra.
— Injetei um veneno do sono em você – Andrey o olhou com dúvida expressada em seus olhos — se colocado em pouca quantidade a pessoa dorme por algumas horas, apenas aplicando mais de metade da seringa o efeito pode ser letal — precisava contar ao dono dos olhos castanhos o motivo da surpresa no abraço que o dera — precisava que dormisse para ter tempo de fugir. Imaginei que estivesse quase escapando do porão — ele sorriu baixinho e meio sem graça.
— Você não precisa fugir, pode entregar o verdadeiro assassino da tia Charlotte.
— Não. Não posso entregar meu pai. Ele fez isso por mim, Andrey. Mamãe ia me enviar para a Alemanha, depois que descobriu meu caso com a Iasmim. Ele só fez isso para que não nos afastássemos novamente.
Sentou na cama ao lado de Andrey querendo voltar com a movimentação de instantes atrás. Mas, antes precisava terminar de falar:
— Iasmim fugiu sem mim. Meu pai vai se encontrar comigo na rodoviária, mas quero que continuemos tendo contato.
— Você precisa confessar o que aconteceu.
Ele não queria falar sobre aquilo. Voltou a beijar o parceiro e novamente ficaram amontoados um no outro. A camisa de Andrey subiu seus ombros e saiu de seu corpo assim como as outras peças de roupa ainda restantes naqueles dois. Nos próximos anos quando aquele momento entrasse na memória do garoto sequestrado, ia se lembrar como o dia mais mágico de sua vida e também como o pior dia que poderia ter vivido.
Willian parou e novamente penetrou nos olhos castanhos a sua frente:
— Não farei nada que você não queira. Amo você e sempre amei, sei que fui um idiota e que as coisas acontecidas precisam nos afastar, mas eu amo você muito. Hoje sou todo seu e amanhã também e para sempre assim.
Foi Andrey que tomou o impulso de sentar novamente naquele colo. Esperar que o objeto viscoso fosse vestido antes que pudesse fazer pela primeira vez algo que jamais tinha feito antes. Quando começou sentiu primeiro uma grande dor, mas depois aquilo mudou e começou a sentir algo diferente, melhor e bastante agradável. Quando acabou, eles deitaram na cama e pegaram no sono sem tocar em nenhum dos assuntos anteriores.
Quando os olhos castanhos abriram a única luz vinha da sala de estar. As luzes da casa ligavam sozinhas assim que anoitecia, como os postes da rua. Toda a casa já estava iluminada mesmo que estivessem sozinhos na residência e ninguém nos outros cômodos para notar o que aconteceria a seguir.
Andrey levantou e vestiu suas roupas, aproximou-se de Willian com lágrimas nos olhos e deu o último beijo na bochecha daquele rapaz, nem podia imaginar os acontecimentos dos próximos minutos.
— Sinto muito, mas não posso deixar que leve culpa por algo que não fez.
Saiu do quarto e caminhou pelo corredor do andar de cima. Olhou para baixo e para a porta da casa. Ali era como uma sacada, a escada descia solta pela casa e a sala de estar podia ser vista de onde ele estava no momento. Havia um aparador no meio do corredor, uma foto dele e de Willian — a mesma que existia em cima de uma peça em seu quarto — estava ali em cima, assim como seu celular.
Segurando o aparelho em sua mão, sentiu quando começou a vibrar com uma ligação de Adryelle. Atendeu rapidamente olhando para o quarto de Willian sem querer que ele ouvisse a chamada. Sabendo que nada se movimentava no cômodo virou de costas para ele e levou o celular ao ouvido.
— Adry, eu nem sei por onde começar, mas preciso ir à polícia — ele não sentiu de início um rapaz de cueca branca se aproximar dele.
— O que aconteceu? Onde você tá? — falou Adryelle do outro lado da linha.
— Na casa do Willian — de repente sentiu duas mãos o empurrarem contra o aparador da parede.
Todos os objetos do móvel permaneceram intactos, menos o quadro contendo a foto de Andrey e Willian. Aquele caiu no chão e se espatifou. O garoto arremeçado estava sentado no chão frio ouvindo uma Adryelle eufórica do outro lado da linha sem respostas.
— Não acredito que estava indo me entregar, depois de tudo que falei pra você!
— Eu ia entregar o seu pai...
Ele avançou sobre o celular de Andrey, mas o garoto no chão foi mais rápido. Pegou e colocou no ouvido enquanto levantava. Willian tentava tomar o aparelho e segurava o garoto com força, mas o segredo já tinha sido contado.
— Adry, o pai de Willian é o zelador e ele matou a tia Charlotte.
Sentiu o celular escapar de seus dedos e gritou enquanto o objeto era arremeçado para o andar de baixo. Sabia que Adryelle ia até a polícia e aquilo se resolveria em alguns instantes, não podia deixar o Willian fugir da casa agora.
Os lindos olhos azuis o olhavam. Seu corpo estava de costas para a escada e sua boca se movimentava devagar com palavras:
— Achei que me ajudaria.
— Entregar seu pai é o único jeito existente para te ajudar.
Willian passou a mão pelos fios dourados e limpou uma lágrima do rosto antes de tornar a falar outra coisa:
— Eu confiei em você.
— Cuidado em quem você confia. Pode achar que as pessoas que têm sua confiança fariam aquilo que acha certo para você. Mas, fugir por um crime que não cometeu, isso não é certo.
Não saiu de sua posição, no entanto sentiu muita vontade de falar mal do amigo, chamá-lo de tudo que pudesse depois daquele ato e assim fez:
— Você é um traíra — e avançou para tentar prendê-lo em algum cômodo enquanto fugia, mas Andrey revidou e com sua força derrubou o melhor amigo na escada.
O melhor amigo passava em cada degrau. Andrey gritou, mas não podia fazer nada. Quando o corpo parou no andar de baixo, saia sangue da cabeça dele. Os lindos olhos azuis estavam fechados e o cabelo dourado começava a ficar vermelho. Ele já tinha uma pequena noção do que se tornara naquele momento: um assassino.
*Povoado Country 'Presente' (12 de maio de 2020)*
+{O dia da grande festa}+
— Como você descobriu sobre o assassinato do Willian? — perguntou Lav a Mayara assim que ela falou o que sabia acerca do ocorrido.
Mayara já chorava revelando o segredo que guardava há tanto tempo. Segredo esse de uma das pessoas que mais confiava no mundo. Decidiu responder a pergunta a fim de encerrar o horrível diálogo:
— Andrey contou depois da morte do Timothy. Ele estava tão triste e se culpando por todas as coisas erradas. Brenda sofrendo com a morte do irmão e estávamos juntos no enterro, ele só soltou tudo sobre o dia que matou o Willian acidentalmente. Prometi nunca contar.
Lav parou e começou a chorar lembrando-se do dia que o Timothy Mendonça — irmão de Brenda Mendonça — foi encontrado morto na Serra de Itabaiana. Começou a sussurrar com a voz embargada:
— Acha possível que a pessoa embaixo do capuz seja o zelador querendo vingança pelo filho?
— É a única coisa que consigo deduzir. Ele deve querer se vingar de Andrey e de Adryelle pelo que já aprontaram contra ele.
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