Bônus: Contos do Povoado Country
Capítulo bônus para conhecer a história do famoso Povoado Country citada por Lindinêz
Obs: é realmente a história certa
No ano de 1936, nasceu uma história complexa que não interfere em nada nos atos de Andrey e Adryelle, mas é importante ser conhecida. Sempre é bom estudar o passado a fim de saber como as coisas aconteceram e evitar cometer os mesmos erros feitos pelos nossos antecessores. Os antecessores mudaram o mundo com seus atos, alguns são usados no presente e as pessoas nem imaginam ter de viver sem eles.
Até os acontecimentos mais catastróficos mudaram um pouco as percepções, talvez se não fosse à competição estimulada na Guerra Fria o homem nunca tivesse pisado na lua, ou talvez se não fosse a Belle Époque a cultura francesa nem fosse tão importante atualmente. A história é uma das matérias mais importantes e faz do mundo um lugar inteligível e coerente.
Assim, um empresário da década de 30 fez um investimento de milhões de dólares no que parecia ser um espaço gigantesco. Sua empresa dava certo por muito tempo, mas teve a grande depressão que manchou um pouco seus planos e enfraqueceu um pouco sua economia em bilhões. Por isso usava os últimos centavos que tinha em um investimento que esperava mesmo surtir efeito.
Não desejava que seu filho ficasse pobre depois do seu falecimento e sabia que tinha potencial para criar algum império e deixar em nome do pupilo, caso nos próximos anos se casasse e tivesse a família sempre desejada.
O território era apenas uma floresta imensa. Desmatada gradativamente revelando um espaço plano que podia ser usado para os seus objetivos. A madeira que tinha conseguido foi polida e usada na construção, seriam menos gastos se usasse aquilo em disponibilidade como material e bens de serviço. Ficou um luxo, foi eleita uma das melhores construções antes de abrir e o proprietário ansiava em abrir seu hotel para o mundo, mesmo que não pudesse.
Algumas terras ao redor se tornaram reservas florestais e ele teria que preservar todas e se comprometer com aquilo caso quisesse abrir mesmo seu hotel. Tinham animais que se prejudicaram bastante com a construção naquele espaço e o governo decidiu impedir antes de tomar circunstâncias futuras e mais degradáveis. O meio-ambiente nem era uma pauta absoluta naquele século, eram os outros donos de hotéis querendo derrubar o infalível Jeffrey Adams, impedindo-o de construir seu império turístico.
Um dos funcionários do governo estava do lado de fora segurando uma ordem de restrição. A obra já estava embargada e o jardim não estava totalmente construído.
— Oi senhor — falou o funcionário do governo quando o proprietário se aproximou para ter uma pequena conversa.
Ele segurava uma prancheta, provavelmente anotando quaisquer irregularidades que pudessem aparecer naquela enorme construção. O hotel era gigantesco, tinham redes espalhadas pelo imenso jardim de verão ainda em construção, quadras poliesportivas para várias modalidades em lugares distintos daquela região e uma área demarcada para fazer trilhas ou uma caçada de itens com mapas do tesouro.
Logo após o funcionário entregar a ordem de suspensão daquele lugar — antes mesmo que pudesse funcionar — o empresário se enfureceu com a situação. Mesmo com o mandato do próprio governo, Jeffrey continuou a reforçar sua segurança e voltou com a obra que em meses estaria pronta. Alguns panfletos foram distribuídos na cidade e anúncios nos jornais sobre a data de abertura foram entregues.
Na época era necessário o uso de barcos para atravessar o rio e chegar à área de sua propriedade. Começou a pensar na construção de uma ponte para melhor chegada de seus clientes e mais conforto e comodidade.
Quando perceberam que o hotel ia mesmo começar a sua funcionalidade. Os donos de hotel mais influentes pressionaram as pessoas de cargos políticos mais elevados para impedir aquilo de acontecer. O mesmo funcionário foi enviado, chegou ao lugar pela ponte e percebeu que o nome do hotel seria "Country".
Não entendeu o motivo do nome, entretanto sabia que ele mesmo gostou e era um pesar que não pudesse se hospedar. Algumas pessoas lotavam os jardins e a recepção. Em pouco tempo a propriedade conseguiu sucesso e atraiu muitas pessoas.
— Oi — o funcionário do governo estava na recepção do hotel, esperou umas cinco pessoas serem atendidas antes dele e ansiava por fazer seu trabalho e retornar a sua residência — sou Shelby Oex, desejo falar com o Sr. Adams, tenho uma ordem sobre seu hotel e preciso notificá-lo.
Shelby entrou no escritório após meia hora de espera na recepção e encontrou o proprietário lendo um jornal no qual seu hotel era manchete. Mesmo admirado com toda aquela propriedade, seu trabalho mandava entregar o segundo aviso.
— Licença, Sr. Adams — pediu o homem enfadado com a espera. Queria entrar no cômodo e esperava ser bem recebido. O outro homem baixou seu jornal e sinalizou com a cabeça assentindo a entrada no escritório, levantou uma das mãos e fez outro gesto para que se sentasse em uma das cadeiras em frente a sua mesa de trabalho — venho mais uma vez informar-lhe sobre as ordens para que o hotel interrompa seu funcionamento e quaisquer obras futuras.
Jeffrey se levantou calmamente da cadeira e puxou um livro da estante. De repente colocou a mão no espaço daquela estante e abriu uma passagem atrás de seu móvel. Shelby olhou o lugar aberto sem palavras que pudessem expressar sua imensa admiração com a obra e tentou ao máximo manter a boca fechada para não prolongar assuntos e passar mais tempo em serviço. Pensou em falar algo, porém olhava para Jeffrey Adams que sorria com a maneira que aquele homem havia se expressado com o que vira.
— Não pretendo fechar meu hotel, farei de tudo para continuar funcionando. Todo o meu dinheiro está empregado aqui e não há nada que você e seu chefe possam fazer. Sabe o motivo da construção dessas passagens? — o homem ainda sentado demonstrou negatividade como resposta e o proprietário resolveu responder seu próprio questionamento — construí umas casas e venderei os terrenos, em breve teremos um pequeno povoado ao lado do hotel. Essas passagens ligam todas as casas ao hotel, uma maneira subterrânea de andar por toda a floresta sem ser notado, uma coisa impressionante.
— Essa passagem é realmente muito impressionante e suas ideias são muito boas — Shelby disse, já levantando com desejo de ver a passagem por dentro. Uma obra de arquitetos muito inteligentes ele pudera notar — mas o senhor não pode executar mais nenhuma construção nessa área. Várias pessoas assinaram termos e querem manter esse lugar intacto como uma reserva ambiental, ao menos as áreas ainda existentes.
Eles entraram no buraco da parede e ao andar bastante e conversar sobre o tempo de construção dessas passagens chegaram a uma sala bastante iluminada. Tinha uma porta que Jeffrey abriu com uma chave escondida dentro de seu relógio de bolso.
A sala conquistara uma excelente iluminação mesmo sendo subterrânea, na parede várias fotos de órgãos humanos expostos e quando o mero funcionário do governo prestou atenção nas fotografias e nas macas que estavam naquela sala parou de prestar atenção na infraestrutura e olhou a barbaridade que eram aquelas fotos, com pessoas mortas e de corpos abertos.
— Também encurta distâncias, podemos chegar a minha casa. Essa sala fica no meio da floresta e não tem saída para a mesma. Investi nas passagens depois que o senhor me fez a primeira visita. Não desejo que ninguém estrague meus negócios.
Com um pequeno canivete retirado do bolso, Jeffrey cortou a garganta do outro homem naquele cômodo sorrindo. Amarrou seu corpo em uma lona e sem ajuda jogou no fundo do rio com bolas de metal presas em correntes, achando que o paradeiro nunca mais seria encontrado.
Depois de um tempo contratou um homem chamado Collun — que trabalhava para o mesmo chefe de Shelby — como seu informante a fim de se preparar para o próximo hóspede que quisesse interferir em seus planos com sua própria propriedade.
Com um tempo extra de dois meses conseguiu lotar o pequeno povoado de pessoas que trabalhavam no hotel, pequenos comerciantes e famílias desejando casas de férias. Depois do Shelby, mais dois funcionários foram entregar o aviso e alguns detetives investigavam o desaparecimento.
A propriedade foi vasculhada algumas vezes e nada foi encontrado, logo Adams foi inocentado e depois de conseguir o visto do governo, investiu em peso no Hotel Country e no pequeno povoado que formou nos arredores.
Os outros corpos ele incinerou em uma pequena fornalha nos túneis que tinha mandado construir já pensando nisso. Várias pessoas se mudaram para o "Povoado Country" — assim intitulado por Adams devido ao nome de seu hotel — com a eclosão da segunda grande guerra, buscando áreas mais seguras caso o país fosse invadido pelas tropas.
Com isso e o dinheiro que ganhava dos hóspedes que nunca ficavam escassos na propriedade, algumas estradas foram construídas e bairros puderam ser formados. Alguns estabelecimentos e praças foram levantados a fim de entreter os hóspedes fora do hotel.
Depois de algum tempo, a família do senhor Oex resolveu investir melhor na investigação de desaparecimento de seu parente e contratou um detetive particular em meados de 1945, que quando se aproximou das pistas foi interceptado por Collun — capanga de Adams.
O mesmo resolveu o problema sozinho e o incinerou na fornalha querendo uma posição de mais prestígio com o chefe e conseguiu, pois ficou encarregado de vistoriar a construção da segunda parte do hotel, lugar destinado aos salões de festa e mais quartos.
Agora que o hotel tinha duas entradas luxuosas e uma pequena marina para barcos que chegassem ao povoado pelo rio. O prestígio do lugar estava aumentando muito rápido e sem notícias do detetive, a família Oex contratou outra pessoa para cuidar do caso, um detetive demitido da polícia por corrupção chamado Patrick Shake. Ele alugou uma residência e foi trabalhar sozinho na investigação, era bastante esperto e não se deixaria cair em nenhum truque que qualquer pessoa tentasse envolvê-lo.
Quando visitou o escritório de Jeffrey, o proprietário percebeu mais uma pessoa que deveria sair de suas terras o mais rápido possível. Pediu que se sentasse na cadeira em frente a sua mesa e esperou qualquer pergunta comprometedora. Queria levar o homem para conhecer suas passagens secretas, seria apenas mais uma de suas vítimas e parecia que quando matava alguém, uma nova ideia surgia e seu hotel apenas crescia, ansiava em saber qual a próxima coisa que devia construir.
— Quais suas próximas intenções com a região? Tem mais alguma coisa que ainda deseje construir por essas bandas?
— Por enquanto estou sem ideias, mas quero transformar esse lugar em uma cidade e retirar o título de povoado. Temos potencial para nos transformarmos em uma cidade e crescer mais com escolas e um hospital ou outras coisas. Ter um prefeito e outros políticos.
— Entendo. Conhece alguém chamado Shelby Oex? — quando terminou sua pergunta, a passagem da estante se abriu e o capanga do Adams saiu do buraco na parede e esfaqueou o homem sentado na cadeira em frente à mesa de seu chefe.
Cuidaram de limpar o sangue na sala e incinerar o corpo para não proporcionar pistas. Sabiam que mais alguém ainda xeretaria a região em busca de respostas e não demorou em aparecer um casal gay que se mudou e passou a frequentar o hotel.
Todos os dias Edward e Olívio Wood — assim se intitulavam tal casal — iam ao hotel, beber no bar e fofocar com os hóspedes e a notícia do momento era um corpo que aparecera na maré do hotel. Mergulhadores entraram no rio e encontraram correntes que provavelmente prendiam o corpo no fundo do rio. O caso foi delicado para Jeffrey, logo entrou em contato com o prefeito de Seattle e construiu uma delegacia, contratou o próprio xerife e coordenou as investigações limpando seu nome e o nome do hotel. O corpo encontrado estava decomposto, coisa positiva para o proprietário.
Teve de abdicar de algumas coisas, uma delas sua sala. Então a transformou em um quarto e ficou apenas com o escritório de casa que também tinha uma passagem caso precisasse fugir para algum lugar. Abriu um buraco na floresta e tampou com uma tampa de esgoto — era o único acesso que teria à sala que matou Shelby Oex e ao incinerador que ficava próximo.
Sabendo que o dia de sua morte se aproximava devido a um grande problema de saúde adquirido, escreveu um testamento entregando toda a propriedade a seu fiel capanga Collun, pois o considerava o filho que nunca teve.
Edward e Olívio viviam no Povoado Country ainda felizes e conseguiram chamar aquele lugar de lar, abriram o primeiro bar da região e denominaram de Bar Gay, mesmo sabendo que toda a população curtiria seus finais de semana ali.
Desejavam muito conseguir algum filho, mas a vida de fofoqueiros era mais liberta sem um bebê que precisassem cuidar. Concordavam que o hotel era muito luxuoso e era o sonho de consumo de muitos passar as tardes naquele lugar como passavam todos os dias antes de abrir o bar às noites.
Jeffrey Adams faleceu em meados de 1950 deixando toda a sua fortuna e construções para Collun. Como tomava conta da delegacia e a coordenava, transformou seu bom amigo Olívio no novo xerife, mas não o avisou sobre tudo que já tinha feito com o antigo chefe para manter o hotel funcionando e espantar pessoas curiosas de suas proximidades. Dez anos passaram e Olívio acabou perdendo Edward em um acidente de carro na ponte ficando muito abalado.
Perder alguém não é de forma alguma um conforto, muito pelo contrário é algo fúnebre. Sentir que o dia que passou e o próprio velório que estivera tinham sido os últimos contatos com a pessoa que amava. Sempre chega alguém novo para se apegar e essa pessoa foi o Collun, seu amigo que o ajudava sempre que podia. Depois de algum tempo acabaram se apaixonando. Depois do primeiro beijo e do primeiro sexo que fizeram mais um corpo foi encontrado e ninguém sabia quem aquele homem era.
Collun achava que tivesse se livrado totalmente do corpo de Patrick Shake, mas pelo visto metade do corpo tinha sido encontrado em estado de decomposição completo devido ao tempo. Lembrava de ter esquartejado na floresta e carregado alguns pedaços ao incinerador.
Com estudos modernos descobriram quem era e uma nova investigação começou a invadir aquele hotel, dessa vez uma investigação pública e muito bem noticiada em todas as plataformas possíveis, a fama do hotel e do povoado começou a cair instantaneamente. Enfadado e sentindo medo de ser preso, Collun confessou tudo para Olívio e estava preparado para confessar seus crimes no dia seguinte.
Do contrário daquilo que esperava, Olívio foi contra a ideia de Collun e naquele dia disse tudo que ele precisava ouvir:
— Muitas pessoas não vivem o agora, vivem o amanhã com ambição no futuro e você era assim. O fato de querer confessar mostra que deixou de ser essa pessoa, agora entende que o dinheiro não dura e nunca durará. A única coisa que dura é a nossa liberdade, é o nosso amor. Se conseguirmos viver mais e aproveitar mais nossos momentos vamos nos engrandecer juntos. Não posso perder você por falta da sua liberdade, tem que ter alguma maneira de escapar.
Juntos fizeram uma comitiva de imprensa e inventaram uma história sobre o hotel. A história que seria contada no museu do hotel, explicando como Jeffrey Adams era um louco calculista, que matou aquele homem e confessou em seu leito de morte. Eles adotaram um bebê que se casou e teve um filho, esse filho formou sua família e após a morte dos avós colocou um de seus filhos para assumir o hotel dos pais, assim Oliver Wood chegou à gerência.
A história no museu não era real, mas se fosse não existiriam os "Contos do Povoado Country" para explicar o motivo das verdades não poderem ser contadas.
Gostaram desse breve conto? Vocês precisavam saber como essa história era macabra. Cuidado quando viajarem pra lá viu. Boatos que o espírito de Adams ainda perambula por lá, matando pessoas que arrancam grama do jardim de verão. Kkkkkkkkkkkk
Segue abaixo a árvore genealógica da família Wood. Só para conhecimento acerca dos herdeiros do Hotel!
Até o próximo capítulo amados. Está vindo aí o "Povoado Country" tão aguardado.
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