Bônus: A Historia do Capuz
Prestem muita atenção nesse bônus que assim como os outros ele é bastante importante. Vocês entenderão o motivo quando estiverem efetuando a leitura!
Para contar essa história será necessário retornar para um tempo em que tudo era mais fácil. Um momento no qual as relações eram mais íntimas, tudo era mais engraçado, o mundo era mais vivo e a morte não era um problema afugentando os dias de todos.
Os garotos amavam fazer festas do pijama. Ainda eram bem novinhos e aproveitaram de um sábado avulso para se juntar na casa dos Ning e curtir o final de semana. Charlotte fez bolos e outras gordices para que aproveitassem muito da noite e saiu de casa a fim de beber todas com as amigas. Eles teriam a residência apenas para a diversão deles.
— Andrey — Willian gritou pela residência enquanto descia as escadas. Gritou mais umas duas vezes até ouvir passos vindos da sala e encontrar seu melhor amigo sendo carregado por Chris.
Ele estava sentado nas costas de Chris em estilo cavalinho e os dois riam daquilo. O garoto de cabelos loiros apenas olhou para eles e sorriu falsamente, mas sentia em seu âmago um intenso ciúme por toda a proximidade demonstrada.
— Oi Willy — Andrey falou com ele enquanto descia das costas do Ning mais velho. Colocou o braço direito em volta do pescoço do melhor amigo e eles começaram a caminhar em direção a cozinha deixando Chris sozinho no salão de entrada.
Willian atravessou os braços pelas costas de Andrey enquanto caminhavam e deu o costumeiro beijo na bochecha — um presente íntimo para demonstrar uma pontada do amor que sentia e costumava fazer aquilo todas as vezes que se encontravam.
— Então — o de cabelos loiros começou a falar quando chegou na cozinha — preciso saber de algo entre você e meu irmão? — sorriu, no entanto, aquela atitude era muito falsa. Mas sabia que jamais perceberiam o riso forçado que soltava de vez em quando.
— Sim, preciso te contar uma coisa. Acho que eu gosto do Chris, mas como irmão dele você acha que ele sente algo por mim?
Willian parou sem saber o que dizer. Pensou em falar a verdade e contar ao melhor amigo que já havia percebido os sentimentos mútuos enraizando na relação deles. Porém fez uma coisa muito diferente:
— Tenho quase certeza de que ele é apaixonado por um homem do tinder. Estão até marcando de se encontrar — ele se sentia mal em sabotar aquele relacionamento e sabia que Andrey ficaria bastante feliz caso eles começassem a desenvolver algo romântico, mas doeria ver o namoro deles e ainda não estava preparado para tal evento — e o Chris é mais velho que a gente, mesmo que a diferença seja pouca.
Adryelle entrou na cozinha segurando uma mochila e correu para os braços de Andrey. Os dois caíram no chão do cômodo e começaram a rir freneticamente, quando levantaram Duda entrou segurando um brigadeiro que roubou de uma das bandejas da sala. Todos olharam para a garota que degustava do doce e a recriminaram.
— Ainda falta a Luiza antes de começar a comer — Andrey falou, estava louco para roubar um pedaço do doce que Duda esfregava em sua cara.
Ela mordia a bola de sabor bem devagar olhando para todos eles que ficaram tensionados em roubar nem que fosse um docinho antes da chegada de Luiza.
— Então — Andrey sussurrou desviando o olhar da provocante bola de açúcar e olhou para Adryelle — embalou o que eu pedi?
A melhor amiga assentiu e abriu sua mochila retirando uma embalagem de presente. Andrey ajeitou o laço que ficou torto por ter sido preso dentro da bolsa e entregou para Willian sorrindo.
— Não é meu aniversário ainda — Willian se manifestou enquanto abraçava o amigo e depositava mais um beijo na bochecha dele — obrigado
Ficando constrangido com o beijo que saiu no canto de sua boca e a olhada apaixonada que recebeu, Andrey sentiu o peso do olhar de todos os outros no cômodo — até de Chris que chegou bem no momento daquele agradecimento suspeito.
— Mas seu aniversário está próximo aí adiantei seu presente. Achei no centro da cidade e pensei em você — sorriu ainda constrangido com o olhar de todo mundo e a boca aberta de Duda com os dentes sujos de granulado.
Todos escutaram a risada desenfreada que o Ning mais novo soltou ao abrir a embalagem. Segurou com suas mãos uma peça de roupa e deu mais um abraço no melhor amigo, dessa vez sem direito ao costumeiro beijinho. Abriu o casaco em sua mão ainda sorrindo com a piada interna entre eles e olhou o tamanho para saber se caberia nele.
— Eu sei o seu tamanho Willian, ele vai caber — Andrey falou antes de ouvir o ronronar de uma risada saída de Adryelle agora curvada para o ouvido de Duda, provavelmente falando sobre o momento estranho na entrega do presente.
O garoto de cabelos loiros vestiu seu casaco novo ainda sorrindo. O melhor amigo dele se aproximou e levantou o capuz verde também rindo.
— Vai punir nós meros pecadores hoje, Willy? — Luiza falou adentrando a cozinha e dando um abraço em cada um dos presentes.
— Vou começar por você que estava dando em cima de homem casado — ele retrucou tirando o capuz de sua cabeça e enrolando a embalagem do presente para depositar no lixeiro.
— Eu não fiz isso — Lu disse com a mão no peito para se mostrar constrangida — ainda — tirou a mão do peito e todos começaram a rir.
Luiza era três anos mais velha que eles, mas não deixava de ser íntima de todos naquele cômodo. Como era repetente na escola acabou se aproximando e atualmente a maioria de seus amigos eram mais jovens que ela. Se aproximou de um espelho para observar seus lindos olhos castanhos e arrumar as mechas negras de seu cabelo liso.
Quando todos chegaram na sala, Duda olhou para cada um deles e resolveu tirar a dúvida que afligia seu subconsciente desde a entrega do presente. Sentou-se no sofá logo após pegar mais um brigadeiro da bandeja e olhou para Andrey mais uma vez mordendo o doce e o seduzindo a também se deliciar com a gordice.
— Qual a piada interna do casaco verde? — Duda perguntou e esperou que algum deles dissesse alguma coisa
— Você quer mesmo saber? — Luiza começou a rir enquanto fazia o capuz verde do casaco cobrir as mechas loiras de Willian — é uma história meio horrenda.
— Sim, depois que eu soube do Capuz Verde, meus dias não foram mais os mesmos — Chris disse enquanto pulava no colo de Andrey e ouvia a reclamação do garoto por conta do peso de seu corpo.
Adryelle pulou em cima dos dois e começaram a gargalhar antes que ela olhasse para Duda e começasse com a história:
— Tudo começou com os policiais aflitos da cidade — ela deu uma pausa — e pasme com o nome — levantou as mãos para fazer aspas com os dedos — "tira a mão do meu pau".
Andrey, Chris, Willian, Luiza e Adryelle que já sabiam da história começaram a rir desenfreadamente ignorando a face séria de Duda que ainda não havia entendido praticamente nada daquela história. Willy olhou para a garota afim de explicar as coisas já contadas até o presente momento:
— Foi que na hora que eu comecei a inventar a história a Luiza colocou a mão no meu pau.
Luiza resolveu se pronunciar sobre o assunto:
— A gente estava no jardim e eu fui espantar um inseto que pousou na perna dele.
Todos riram mesmo com a explicação sincera dela e ele continuou a contar:
— Aí o nome da cidade pegou esse, mas na verdade é Falls — ele olhou para os amigos e começou a contar a história — os policiais da cidade estavam muito aflitos por uma onda de assassinatos no lugar e as testemunhas dos crimes falaram que o assassino usava um capuz verde. As maiores informações sobre ele foi quando atacou um homem chamado — ele começou a rir junto com os outros antes que pudesse dizer o nome — desculpe, mas vocês transformaram minha história de terror em comédia — ainda sorria sem conseguir terminar seu devaneio.
Andrey levantou e se sentou no chão — lugar mais próximo da bandeja de doces. Olhou para os amigos e pediu silêncio para que pudesse terminar a história.
— O nome do cara é "Ai meu cú" — todos voltaram a sorrir e até Duda começou a rir depois daquilo — eu disse essa frase bem no momento que ele ia dizer o nome. A gente sentou lá fora e o chão é duro, aí começou a doer — parou de sorrir e começou a ser sério — então, a história é séria, mas se transformou em algo engraçado por causa disso e por causa do inseto. Vamos tentar ser sérios ao contar.
— Eu não tenho tara no pau dele — todos olharam para Luiza que falava aquilo com a cabeça deitada no colo do rapaz em questão — juro que foi um inseto, só para deixar isso bem claro. Somos só amigos e eu respeito o fato dele ser louco pelo Andrey e o Andrey ser louco pelos dois irmãos.
Ela recebeu olhares de todos quando terminou de falar e mesmo assim continuou com um sorriso de trabalho cumprido. Sua fala foi ignorada e a resposta para a acusação ficou no ar quando a única pessoa no chão se prontificou a continuar aquela história, ignorando o olhar dos dois irmãos sobre si depois daquela revelação.
— Os policiais da cidade não conseguiam nada sobre o Capuz Verde em questão — Andrey continuou a história totalmente desorientado pelo olhar de Chris o perfurando — algumas pessoas que sobreviveram no lugar contaram que ele aparecia do nada e apenas matava pessoas selecionadas. Aqueles que sobreviveram nunca foram nem atacados. Quando o assassino invadia a residência ele machucava apenas a pessoa que pretendia matar e os policiais estavam ficando malucos. Mesmo que deixasse testemunha, a pessoa embaixo do Capuz Verde não se importava com os sobreviventes de seu ataque.
Luiza olhou para a pessoa sentada no chão e percebeu que ele havia ficado meio sem graça com o comentário que ela fez. No entanto, sabia que aquele assunto era algo pensado por todos no cômodo, ela foi apenas a corajosa em mencionar com tom claro. Ignorou o clima pesado e continuou com o conto do Capuz Verde:
— Todas as autoridades começaram a pensar que poderia ser por vingança. Mas depois de muito analisar os casos, as pessoas atacadas não possuíam nenhum vínculo, eram totalmente desconhecidas umas das outras. Depois apareceu um detetive para investigar mais sobre os assassinatos e ele descobriu um padrão, todos os atacados pelo Capuz Verde eram pecadores — ela deu uma pausa súbita e olhou para Duda. A garota estava atenta aos relatos e já não conseguia mais saborear os brigadeiros, começou a se assustar — coisas que presenciamos todos os dias e para nós pode até ser normal conviver com as ações, mas as pessoas estavam morrendo por causa disto.
Chris estava pensando sobre o comentário de Luiza, mas não queria ficar de fora do ciclo de histórias de terror da noite. Observou enquanto Iasmim se sentava na poltrona ao lado do sofá e começou a narrar mais uma parte daquela história.
— Pior que os pecados não eram coisas simples — Chris estava narrando e olhando para a coitada da Duda já assustada com o conto — sim, são coisas que conhecidos nossos fazem ou até mesmo os nossos pais, mas eram pecados. Um marido que trai a esposa, um amigo falso, a namorada marcando um encontro com outra pessoa, o padre divulgando as confissões. As pessoas atingidas podiam até não se conhecer, só que estavam fazendo algo ruim. Esse detetive chegou à conclusão de que o Capuz Verde possuía complexo de Deus.
Iasmim observou a face de dúvida estampada no rosto da menina e interveio sem saber direito o decorrer do conto:
— Complexo de Deus é quando alguém acha que possui o direito de punir os pecadores, entendeu? — ela olhou para Duda e notou a face de dúvida se desfazendo. Olhou para Chris e pediu que continuasse com a história, pois ela mesma estava ansiosa pelo desfecho.
Mas Adryelle deu a louca e começou a falar. Atropelou o rapaz de cabelos negros e todos calaram a boca a fim de continuar a ouvir o restante da história:
— Ninguém nunca descobriu quem era a pessoa embaixo do Capuz Verde, mas sabiam qual a motivação dele. Depois os assassinatos pararam de acontecer na cidade de Falls, houve um acidente de trem horrível e muitas pessoas morreram. Tipo centenas de pessoas — ela parou com face triste pelo acontecimento — acredita-se que o Capuz Verde estivesse nesse trem e por isso os assassinatos tenham parado.
Como Adry esqueceu da última parte da história, Willian se levantou de onde estava e ficou de joelhos bem na frente de Duda, ansiando para assustá-la.
— Mas existem pessoas acreditando em uma coisa peculiar — ele colocou as duas mãos na perna dela e penetrou seu olhar bem no castanho dos olhos da garota — existem pessoas dizendo que o Capuz Verde ainda existe e perambula a linha de trem na qual morreu. Caso não saiba a cidade Falls trocou de nome e essa casa foi construída em cima de uma ferrovia — ele percebeu os pelos da menina se arrepiarem em todo o corpo dela — quem sabe um dia o Capuz Verde volte com ajudantes para punir os infratores.
As luzes da casa se apagaram e todos ouviram um grito alto e agudo que assustou a todos. Quando as luzes voltaram a acender Luiza estava rindo e voltando para a sala.
— Vocês são uns idiotas - todos começaram a rir, menos Duda. Desde aquele momento a garota ficaria com essa história na cabeça e jamais deixaria de pensar naquele criminoso em seus sonhos. Ele se tornara o vilão mais amedrontador de sua vida.
Willian saiu da sala e caminhou até a cozinha para esquentar a lasanha no forno e servir o jantar de todos eles. Sabia que sua mãe só voltaria para casa no outro dia e ainda por cima tão bêbada que não saberia nem o nome de seus filhos, quem dirá o seu próprio. Separou três fatias que serviriam de almoço para ele e os irmãos e ao terminar de guardá-las na geladeira sentiu duas mãos cruzarem seu abdome em um abraço.
— Oi Andy — falou já sabendo quem era a pessoa atrás de si. Recebeu um beijo na bochecha e reparou enquanto o melhor amigo se afastava para não se queimar com o forno.
A lasanha saiu do forno soltando fumaça e foi colocada em cima da bancada da cozinha. Willy olhou para a outra pessoa no cômodo e não podia deixar de revelar seu pensamento acerca daquele presente.
— Então eu sou o antagonista da sua história? Sou seu Capuz Verde?
— Não. Na minha história você é o mocinho. Eu lembrei de você quando encontrei o moletom verde por causa do conto que você criou, mas não te acho um antagonista.
Aquelas palavras não melhoraram muito o sentimento afagando seu peito. Principalmente depois de Luiza revelar ter percebido uma certa paixão de seu melhor amigo por Chris. Ele já sabia sobre a confusão de amores na cabeça daquele que amava, no entanto jamais tocaria naquele assunto com a pessoa a sua frente.
— Meu pai amou a história quando contei a ele — já havia alguns dias que o zelador da escola se revelara pai de Willian. Era um bom assunto para mudar o rumo da história.
Eles se encontravam no turno da noite — era o turno que o pai trabalhava como zelador no colégio de vez em quando. Era difícil para Willian sair de casa no meio da noite para encontrar seu pai, mas a vontade de conversar com ele era tão grande que às vezes fugia pela janela e trancava a porta do quarto no intuito de não ser descoberto.
— Quando você vai me apresentar ele ou ao menos me dizer o nome dele? — Andrey perguntou com extrema curiosidade acerca do pai de seu melhor amigo.
O rapaz de cabelos loiros sorriu e resolveu tentar fugir daquele assunto para que não precisasse revelar informações secretas.
— Você sabe que ele é o zelador da escola.
— Mas também sei que ele trabalha no colégio com uma identidade falsa.
— Ele só trabalha lá para poder pagar o aluguel e ficar mais tempo próximo de mim.
— Você já parou para pensar que talvez seja o momento de falar a sua mãe sobre isso?
— Ele engravidou minha mãe com 18 anos. Ela não vai lembrar dele se o vir e ele não quer que minha mãe saiba que saiu da clínica.
O pai dele foi internado em uma clínica psiquiátrica pela própria família quando completou 18 anos. Desde então a Charlotte não vê o pai de seu filho. Quando se envolveram ela possuía 25 anos e já tinha outros dois filhos de dois relacionamentos malsucedidos. Acabou que todos os seus três bebês herdaram apenas o sobrenome da família dela — que os sustenta até os dias atuais.
— Olha, é crime ele usar um nome falso para trabalhar na escola. Sei que não quer voltar para a clínica e por isso trabalha apenas no turno da noite, mas ele precisa achar uma outra forma de ser próximo de você.
— Eu sei, Andrey. Só não quero perder o pequeno vínculo com meu pai. Qualquer dia desses eu conto o primeiro nome dele, mas continua nosso acordo — o acordo era Andrey manter o sigilo sobre tudo que sabia e ficar feliz pela felicidade do melhor amigo.
— Okay. Me sinto honrado em ser a única pessoa viva sabendo sobre seus encontros noturnos com o seu pai. Ele se parece com você?
— O cabelo dele é da mesma cor do meu e ele é bem alto. Também é bissexual acredita? Até nisso a gente se parece.
Os olhinhos dele brilhavam quando mencionava o pai e apenas por esse motivo Andrey jamais revelaria nada sobre os encontros noturnos nem muito menos o que sabia acerca do zelador do colégio deles. Esse foi o pior erro da vida dele, pois quando Adryelle deixou provas que o incriminavam, as autoridades descobriram sua verdadeira identidade e ele retornou para a clínica psiquiátrica. Quando ele conseguiu fugir daquele lugar acabou assassinando Charlotte e aconteceram as coisas com o Willian.
Talvez se o segredo dos encontros noturnos fosse revelado antes. Muitas coisas do presente não precisariam ser da forma que eram. Infelizmente jamais poderiam retornar ao passado para corrigir aquele erro. A lasanha foi repartida e todos puderam degustar daquele jantar. A vida naquela época era fácil e satisfatória, nunca que voltariam a viver daquela forma.
Não sei vocês, mas achei esse bônus um pouco revelador. Galera sem preocupações que a revelação de Capuz Verde está chegando.
Inclusive Capuz Preto lançou um single que agora é #1 na Billboard chamado "Ele nunca foi sozinho". Para isso saibam mais sobre o babado de Iasmim no próximo capítulo beloveds.
Muito obrigado pelo 3k que batemos aí nesses dias, fé no pai que até a próxima postagem já vamos estar com muito mais visus.
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