Capítulo 8
Os campistas estavam reunidos no meio do Acampamento, todos com expressões sérias. Estavam prontos para começar o funeral de Oliver e Flora.
À frente de todos estava Celina, de cabeça baixa, o rosto inchado e vermelho de tanto chorar. Ela não sabia que podia chorar tanto assim, nem com a morte de sua mãe ela havia derramado tantas lágrimas. Talvez fosse a culpa.
O resto dos campistas, desde que ela voltará para o acampamento evitavam ela ao máximo, com medo de seus poderes. Mas Celina não se importava, ela não queria conversar com ninguém.
Quiron e o Sr. D. chamaram ela logo depois de sua volta ao acampamento, e disseram que, por causa do "acidente", ela estava proibida de sair para qualquer missão de agora em diante. Celina não reclamou, nem pediu outra chance, apenas aceitou.
Ela não queria perder o controle de novo e acabar tirando mais vidas.
Quiron começou a cerimônia, fazendo um discurso e falando sobre Oliver e Flora, mas Celina não estava escutando. As memórias ainda estavam frescas em sua mente, e ela não conseguia deixar que elas se afastassem nem por um momento. Os gritos, os pedidos de misericórdia, Flora e Oliver tentando acalma-la, mas logo os gritos deles também eram ouvidos, e ficavam cada vez mais e mais altos.
- Com licença, rapazes e mocinhas, desculpe interromper este momento. - Uma voz falou por cima da voz de Quiron, atraindo não só a atenção de Celina, como de todos os outros campistas.
- Pai?! - Uma garota falou na multidão, Celina lembrou que seu nome era La Rue.
- Ares? - O Sr. D perguntou, franzindo a testa. - Tá fazendo o que aqui?
- Vim ver minha querida filha. - Ares respondeu, passando por La Rue, que diminuiu seu sorriso quando percebeu que Ares não estava falando dela.
Ares caminhou até estar de frente para Celina, e tocou em seu ombro.
- Sinto muito pela sua perda, Celina. - Ares disse, suspirando. - Mas você foi ótima!
- Ótima? - Celina repetiu, ficando irritada. - Eu matei aquelas pessoas, eu matei meus melhores amigos! E por que você tá aqui? Por que se importa?
- Eu já não disse? Vim ver você, filha. - Ares respondeu, num tom bem humorado.
Murmúrios e conversas foram ouvidos por todos os campistas. Os filhos de Ares estavam boquiabertos por saberem que Celina era sua irmã.
- Filha? E-eu... - Celina não sabia o que falar, como reagir. Eram tantas emoções que ela não sabia qual deixar se mostrar primeiro.
- Eu entendo a sua dor, mas esse tipo de coisa acontece o tempo todo! Semideuses não vivem muito tempo, sempre são mortos antes de chegar à idade adulta. - Ares disse, tentando consola-la. E Celina odiou aquele consolo.
- Semideuses morrem o tempo inteiro, mas por causa de monstros, não por que outro semideus os matou! - Celina respondeu.
- Isso não vai acontecer de novo, se você controlar os poderes que eu te dei. - Ares deu a sugestão.
- Não! - Celina gritou. - Eu não vou controlar nada! Não quero esses poderes, essa maldição!
- Ora, vamos! Não seja mesquinha! - Ares revirou os olhos.
- Ares, já chega! - Quiron orientou.
- Mesquinha? Eu matei pessoas! Eu matei o Oliver e a Flora! Você não entende isso?! Eu nunca vou usar estes poderes de novo!
- Vamos, Celina, não seja covarde! - Ares dizia, na intenção de deixar Celina furiosa. - Por que você tem medo dos seus poderes? Eu não matei a Kim à toa, matei ela para que você chegasse ao ápice dos seus poderes!
- Ares! - Quiron e o Sr. D. gritaram, chocados com aquela revelação.
O coração de Celina parou por alguns segundos. A fala de Ares ecoou pela sua cabeça, repetindo e repetindo.
- Você matou minha mãe? - Celina repetiu.
Ares riu. Ares riu.
- Eu sei que parece meio errado, mas ela te deixava numa temperatura baixa, entende? Ela apagava o seu fogo, eu precisava que ela morresse pra que a sua chama crescesse e se transformasse em um fogo quente e avassalador. - Ares explicava, mas Celina não estava ouvindo, o sangue bombeava em seus ouvidos e ela sentia o corpo se esquentando.
- Celina? Celina, você esta bem? - Quiron perguntou, mas não obteve respostas.
Todos perceberam o que aconteceria. Quiron pegou dois semideuses pelos braços e o pôs em suas costas, cavalgando para longe; o Sr. D correu e mandou que todos corressem também; Luke, que estava no meio da multidão, pegou Annabeth no colo e correu com ela o mais rápido que conseguia.
Celina explodiu em chamas, o fogo foi rápido, e Celina não conseguia enxergar mais nada além de Ares em sua frente, que sorria orgulhoso.
- Isso mesmo! É disso que eu tô falando! - Ares batia palmas e ria.
- SEU DESGRAÇADO! SEU MONSTRO! VOCÊ MATOU MINHA MÃE! - Celina berrava, e o fogo crescia ainda mais.
- Foi necessário. - Ares fez um gesto com a mão, como se a morte de Kim fosse nada de mais. - Você consegue fazer coisas incríveis sozinha, não precisa dela!
Celina soltou um grito alto e doloroso, ergueu a mão e um tipo de lança feita de fogo atravessou o espaço entre ela e Ares, e se enfiou em seu estômago.
Ares fez careta, surpreso com aquele ataque.
Celina prolongou aquela dor o máximo possível, mas Ares logo sumiu de sua vista. Ele sumiu em um brilho tal forte que, se Celina não tivesse fechado os olhos, teria ficado cega.
Quando percebeu que Ares tinha sumido, ela caiu no chão, sem forças. Ela se deitou no chão, e ali ela ficou.
Não sabia quanto tempo tinha se passado, mas agora tinha um círculo de fogo em volta dela, então Celina não conseguiu ver quem falava do outro lado, as vozes estavam um pouco abafadas por causa do fogo crepitante.
- Isso vai dar certo?
- Vai dar. Confiem em mim.
- E então? Qual de nós vai?
- Eu vou.
- Você?
- Ela é minha irmã.
Celina abriu os olhou e viu alguém atravessar o fogo em um salto, em seguida, esta pessoa colocou algo sob seu corpo. Celina não entendeu, mas não se mexeu.
Ao poucos, o fogo foi diminuindo, até que finalmente se dissipou. Celina olhou ao redor, e a primeira coisa que viu, foi La Rue ao seu lado, tinha sido ela que saltou pelo fogo.
Ela olhou o que a cobria, e era um cobertor.
Em seguida, Celina olhou ao redor, encontrando Quiron, Luke e Annabeth Chase, uma dos filhos de Atena, Celina não à conhecia muito bem.
Celina passou os olhos pelo acampamento, ficando horrorizada. Dessa vez ela não via corpos, mas o acampamento, antes verde, estava em cinzas.
- Eu... Droga, droga! Eu fiz de novo! - Celina soluçou, sentindo as lágrimas brotarem mais uma vez. - Desculpa... D-desculpa.
- Lina, está tudo bem. - Luke se aproximou dela, pondo a mão em seu ombro e apertando firmemente.
- Luke, sua perna! - Celina apontou para a perna esquerda de Luke, que estava em carne viva. O fogo devia ter o atingido.
No entanto, ele estava ali, a consolando.
- Eu estou bem. Os filhos de Apolo estão preparando um medicamento para mim. - Luke a acalmou.
- Eu machuquei mais alguém? - Celina perguntou, olhando em volta. Ela não conseguia ver os corpos, mas também não conseguia ver onde acabava a destruição do seu fogo.
- Só alguns campistas, mas nada mais que isso. - Clarisse respondeu. - Mas, sabe, eles não te culpam.
- Não? - Celina perguntou.
- Não. - Clarisse disse. - O que nosso pai fez foi horrível, todos entendemos a sua explosão.
- Vamos reconstruir o acampamento. Os filhos de Demeter vão deixar o acampamento tão lindo e verde o quanto antes. - Luke garantiu.
- Que bom. - Celina sorriu, aliviada.
- Mas isto não deve se repetir novamente, Celina. - Quiron falou finalmente, atraindo a atenção para si. - Você é muito poderosa, mas, se não souber se controlar, os deuses podem te achar uma ameaça, e eu não quero dizer o que eles podem fazer com você.
- Isso não vai se repetir novamente, Quiron. Eu prometo. - Celina garantiu.
- Você tem que começar a praticar. - Luke comentou. - Começar por pequenas coisas. Você pode fazer coisas grandes com seus poderes, e...
- Luke.. - Celina chamou sua atenção. - Estou decidida. Vou me controlar, mas para que nunca ter que usar meus poderes novamente. Não vou dar esse gostinho ao Ares.
Luke abriu a boca para falar, parecia um pouco contrariado, mas quem falou foi Annabeth.
- Foi minha ideia te cobri com o cobertor. - Ela comentou, atraindo a atenção de todos.
Celina encarou a filha de Atena por alguns segundos, erguendo a sobrancelha.
- O fogo precisa de oxigênio para se espalhar, e uma das formas de apagar o fogo, e diminuindo o oxigênio do ambiente. Pode ser com qualquer coisa, então eu disse para pegarmos um cobertor e te cobrir. O fogo vinha de você, então Clarisse pôs o cobertor em você, abafando o oxigênio e diminuindo o fogo até que ele se apagasse. - Annabeth explicou didaticamente, deixando Celina impressionada. - Ares disse que sua mãe te apagava, e quando ela morreu a sua chama cresceu. Se quiser manter essa chama baixa, você precisa de um cobertor, ou seja, alguém que te mantenha na temperatura certa para não queimar tudo.
Celina absorveu aquilo, então assentiu.
- Enquanto isso, você vem comigo, irmãzinha. - Clarisse falou, e Celina sorriu. Gostou de ser chamada assim.
[...]
Celina saiu do arco calmamente, ninguém reparou nela, todos estavam ocupados olhando para o arco em chamas.
Annabeth disse que o arco era à prova de terremoto, mas não à prova de fogo.
Ela caminhou por entre as pessoas, até encontrar Grover e Annabeth, então foi até eles.
- Celina! Você tá bem! - Annabeth disse, aliviada. - O que aconteceu? O arco está em chamas!
- E a Quimera? Vocês conseguiram derrotar ela? - Grover perguntou.
- Cade o Percy? - Annabeth perguntou.
Celina abaixou a cabeça.
Ela tinha matado a Quimera, e fez Equidina sofrer o máximo que podia, acabou com o ser físico dela. Tinha vingado seus amigos, mas não conseguiu salvar Percy, então de nada tinha adiantado.
- A Quimera fez ele cair lá de cima. - Celina disse, num soluço.
- Como assim? - Annabeth arregalou os olhos. - Isso não pode ter acontecido!
- Aconteceu, Annie, eu vi! Eu não consigo protege-lo! - Celina respondeu. - Eu estraguei tudo, de novo!
- Ei, Celina, calma! - Grover disse. - Isso não pode ter acontecido, por que, se não, teria um corpo.
- O que? - Celina cessou o choro na hora, olhando ao redor.
- Não tem corpo. O Percy pode ter conseguido se salvar! - Grover respondeu.
- Mas como? - Celina perguntou. - Como ele conseguiria se salvar de uma queda como essa?
- Talvez Poseidon tenha, finalmente, resolvido fazer alguma coisa. - Annabeth sugeriu.
Celina sentiu uma pontada de esperança ao ouvir aquilo.
Eles começaram à se movimentar, mas Celina parou no lugar quando algo no meio da multidão chamou sua atenção. O que ela viu era mais aterrorizante do que a própria Quimera.
- Celina, vamos! - Annabeth chamou.
Eles correram e começaram à procurar Percy por entre as pessoas, esperando o encontrar bem e vivo. Alguns minutos mais tarde, eles não encontraram nada.
- Vamos procurar ele perto do rio. - Grover sugeriu, e os três correram para lá.
- Percy! Percy, cadê você?! - Eles gritavam.
Foi quando eles pararam e viram Percy sair da água e subir pela grade. Estava bem, estava vivo.
Annabeth e Grover caminharam até ele, Celina ficou um pouco para trás. Suas pernas quase cederam de tanto alívio.
- Eai. - Percy acenou para eles, um pouco envergonhado. - Olha, desculpa por empurrar vocês da escada. Só de falar em voz alta eu me sinto muito mal. E desculpa ter sido imprudente, Celina, mas é que eu não queria que nenhum de vocês se sacrificasse por mim, e...
Annabeth avançou nele e o abraçou firmemente, deixando tanto Percy, quanto Grover sem palavras.
Celina parou no meio de sua caminhada até os três. Ela viu os dois se abraçando e, ao invés de toda a raiva e ciúmes que normalmente sentia à cada interação deles, ela se sentiu... Triste. Se sentiu triste porque sabia que, se Annabeth se apaixonasse e quisesse ficar com Percy, ela não poderia fazer nada para impedir. Ela não poderia forçar Annabeth à corresponder seus sentimentos.
E Percy era seu amigo, não podia brigar e bater nele por conta de seu ciúmes. Se ambos gostassem um do outro e fizessem bem um pro outro, Celina não teria escolha se não apoiar.
Annabeth soltou Percy depois de alguns segundos, e olhou para trás, diretamente para Celina, como se tivesse sido pega fazendo algo errado. Celina desviou o olhar.
- Você deu um susto e tanto na gente. - Grover disse, num tom humorístico. - O que aconteceu?
- Bom, pra resumir, a gente tem que ir pra Santa Monica. - Percy respondeu, surpreendendo todos.
- O que? - Todos perguntaram.
- O meu pai vai me encontrar lá. - Percy explicou. - Ele vai nos ajudar.
- Tá bom. - Grover assentiu. - Ah.. Só temos um problema com esse plano; a polícia acha que a gente destruiu aquele trem e, depois fez aquilo.
Grover apontou para o arco ao longe, o qual saía muita fumaça.
- Bom, tecnicamente, nós fizemos. Eu fiz. - Celina lembrou.
- Você? - Percy perguntou, e Celina assentiu. - Você tem poderes pirocinéticos?
- Tenho. - Celina deu de ombros, como se fosse nada de mais.
- Como? Tipo, que eu saiba, Ares não é Deus do fogo. Pelo meu conhecimento dos mitos gregos, existem apenas dois deuses do fogo...
‐ Sim, eu sei. - Celina respondeu, suspirando. - Hestia é a Deusa do lar, o fogo dela é o fogo da lareira, do aconchego de casa; e o fogo de Hefesto é o fogo das forjas de trabalho... Mas, o fogo de Ares é o fogo da guerra, da destruição... Eu sou a única filha de Ares que tem esses poderes.
- Foi... Foi assim que você matou Oliver e Flora? - Percy perguntou, num tom baixo, como se não quisesse que Celina escutasse, mas ela escutou.
- Foi. - Celina respondeu, respirando fundo, não querendo chorar novamente. As vezes ela odiava ser tão emotiva.
- Sinto muito. - Percy disse, e Celina assentiu.
- Tudo bem. Eu estou bem. - Celina garantiu, balançando a cabeça, querendo afastar os pensamentos.
- Então, a policia tá atrás da gente? - Percy perguntou, vendo Grover assentir. - Isso não vai dificultar pra gente pegar um trem? Ou um ônibus.. Ou qualquer coisa que precise de passagem?
- É... - Grover respondeu.
- Bom... Que bom que você não tá mais morrendo, está com as pernas bem saudáveis e eu não vou precisar te carregar até Santa Monica. - Celina disse, bem humorada. - Vamos lá.
[...]
Eles caminhavam pela estrada, em silêncio para poupar energia. Grover e Percy estavam na frente, e Celina e Annabeth estavam alguns passos atrás.
Celina estava com uma expressão pensativa, o que Annabeth achou engraçado.
- Daqui a pouco vai começar à sair fumaça da sua cabeça. - Annabeth comentou, com uma risada.
Celina não respondeu, apenas à olhou rapidamente, desviando o olhar em seguida.
Annabeth franziu a testa, era estranho Celina não ter retalhado sua provocação.
- Ei. - Ela chamou a atenção de Celina. - Você tá bem?
- Tô. - Celina respondeu, sem elaborar muito.
- Tem certeza? Sabe que pode falar comigo, né? - Annabeth perguntou, e quando não obteve respostas, tentou segurar a mão de Celina, que se afastou bruscamente. - Celina!
- Tá tudo bem, Annabeth. - Celina respondeu.
- Annabeth?! - Ela repetiu, surpresa. Celina nunca tinha à chamado assim.
Annabeth percebeu que estava imóvel enquanto os outros três caminhavam mais à frente de si, então ela se apressou em seguir Celina.
Sua cabeça não parava nem por um segundo, tentando entender o que estava acontecendo. Ela era tão inteligente para a maioria das coisas, mas romance não era uma delas.
Ela voltou à andar ao lado de Celina, agora olhando para a frente, estava nervosa. Annabeth não gostava nem um pouco de não estar no controle da situação. Não gostava nem um pouco se sentir Celina tão distante.
- Oh, gente. - Percy falou, chamando a atenção para si. - Essa missão vai ser mais difícil do que pensamos. Eu tava pensando, eu não roubei o raio mestre, vocês não roubaram o raio mestre, nós temos certeza que o Hades tá com ele. Mas ele não poderia ter roubado. Tipo, a gente nem sabe quem realmente roubou o negócio, ou porquê, ou até onde essa história vai.
Os três encararam Percy. Celina negou com a cabeça, Percy era um tapado.
- Eu sou a última pessoa à perceber isso. - Percy constatou.
- Eu disse que você não era bom em pensar. - Celina comentou.
- Tá bom, então eu acho que, quando a gente começou, eu não tinha entrado de cabeça, mas depois do rio... Tudo parece muito diferente; ele me salvou. - Percy dizia, com um brilho nos olhos. - O meu pai... Eu nunca pensei que fosse uma coisa que ele faria por mim. Então eu tenho que levar as coisas mais à sério.
Celina comprimiu os lábios, não querendo falar o que pensava. A verdade era que Poseidon tinha salvado Percy porque precisava dele, assim como só o tinha reclamado porque precisava dele para recuperar o raio mestre, e Percy não conseguiria fazer isso estando morto.
Era assim que funcionava com os Deuses. Ares tinha dado seus poderes por algum motivo, e não tinha os tirado de Celina porque devia achar que, algum dia, ela mudaria de ideia e iria servir ao propósito dele. Mas isso nunca aconteceria.
Ela achava que Percy não deveria se iludir com as migalhas de Poseidon, que deveria seguir no pensamento de salvar Sally, sua mãe. Mas ela não conseguiria falar coisas tão cruéis para ele.
Um barulho vindo da estrada chamou a atenção deles, era o barulho de um motor.
- Carro. - Grover avisou.
- É uma moto. - Annabeth corrigiu. - Vamos deixar passar.
Ela sinalizou para uma pequena coluna de pedra na beira da estrada, foram para trás dela e se sentaram. Eles eram pequenos o suficiente para que suas cabeças não fossem vistas da estrada.
- Tô falando, a gente não vai ter só que devolver o negócio, também temos que bancar os investigadores. - Percy continuou.
- Pois é. - Celina suspirou, impaciente.
- Por que você tá estranha comigo de novo? - Percy perguntou.
- Não só com ele, mas comigo também. - Ananbeth aproveitou a oportunidade.
- Eu não tô estranha. - Celina disse, olhando para a paisagem à sua frente, evitando encarar os olhos dos outros três.
- Tá estranha, sim. - Percy disse. - Tá estranha desde que a gente saiu do arco.
Celina suspirou. Ela deveria contar para eles o que tinha visto.
- Ah... - Percy pareceu ter entendido algo. - Você tá assim porque a Annabeth me abraçou?
- O que? - Celina finalmente olhou para Percy. - Não!
- É isso? - Annabeth perguntou.
- Não!
- Sabe, não precisa ficar com ciúmes. Somos somente amigos. - Percy garantiu.
- Com certeza. - Annabeth concordou.
- Eu vi as Parcas. - Celina revelou. - Lá no arco eu vi as três Parcas, e eu vi a Atropos cortar um fio de linha.
Annabeth e Grover entenderam, mas Percy ainda parecia um pouco perdido.
- E isso é ruim, ou...
- As Parcas tecem o fio da vida dos serem vivos. - Grover explicou. - Quando se vê um fio sendo cortado...
- Quer dizer que um de nós vai morrer. - Annabeth concluiu. Ela se voltou para Celina. - Então você não tá com ciúmes por eu ter abraçado o Percy?
Celina encolheu os ombros.
- Um pouco. - Ela respondeu, vendo um pequeno sorriso dançar nos lábios de Annabeth.
- Mas todo mundo vai morrer, um dia. - Percy disse, voltando ao assunto das Parcas.
- Quer dizer que um de nós vai morrer logo. - Celina explicou. - E esse alguém vai ser eu.
- O que? - Os três perguntaram.
- Se algo acontecer, eu vou me sacrificar. Já está decidido. - Celina respondeu.
- Ninguém decidiu isso. - Percy negou com a cabeça. - Tá bom, gente, temos que falar sobre esse negócio de destino. Três velhas senhoras com um novelo de lã não ditam o que vai acontecer, as minhas escolhas que ditam o que vai acontecer.
- Exato, é por isso que eu escolhi morrer no lugar de vocês três. - Celina respondeu. - As Parcas cortaram o fio, mas sou eu quem escolho quem vai morrer, e não vai ser nenhum de vocês.
- Celina... - Annabeth tentou argumentar, porém, uma voz masculina chamou a atenção deles.
- Precisam de ajuda?
Celina reconheceu imediatamente aquela voz. Ela se encolheu ainda mais, tentando não ser vista.
- O que disse? - Grover perguntou, olhando por cima coluna de pedra.
- Eu perguntei se precisam de ajuda. - O homem repetiu.
- Ah, não! - Grover respondeu. - A gente tá tranquilo. Mas obrigado por ter perguntando, até mais!
- Não parecem tranquilos. - O homem comentou.
- A gente não quer nada do senhor. - Annabeth disse.
- Tem certeza? Por que vocês já estão muito atrasados. - O homem zombou.
Celina bufou, irritada. Já não aguento mais a presença dele, se levantou, se revelando para o pai, Ares.
- Oh, Celina! Que surpresa! - Ares continuou com o tom zombeteiro. - Como está, minha filha?
- Espera.. Esse é o Ares? - Percy perguntou, e Celina assentiu.
- O que você quer? - Celina perguntou, num tom grosseiro.
- Quero a mesma coisa que vocês querem. - Ares respondeu. - Zeus mandou todos os filhos procurarem o raio mestre também.
- E? - Celina ergueu uma sobrancelha.
- Eu tô com fome. - Ares anunciou. - Tem uma lanchonete decente mais à frente, se quiserem a minha ajuda, me encontrem lá, mas não enrolem, porque eu não vou esperar.
Ares ligou a moto e olhou para Celina.
- Quer uma carona?
Celina soltou uma risada desacreditada.
- Eu prefiro morrer. - Celina respondeu.
Ares deu de ombros.
- Como queira. - Então saiu em alta velocidade com a moto.
Os quatro olharam Ares se afastar até que ele sumisse de suas vistas.
Então Celina olhou para os outros.
- Nos não vamos. - Celina declarou.
- Talvez a gente devesse... - Percy tentou.
- Percy, não, por favor. - Celina pediu. - Ele tá tramando alguma coisa, não devemos confiar nele.
- Podemos só ouvir o que ele tenha à dizer. - Grover sugeriu. - Não precisamos aceitar.
Celina olhou para os dois garotos, depois para Annabeth, que deu de ombros. Celina suspirou derrotada.
- Ok. Tanto faz.
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o que vcs acharam? me digam pq eu preciso de aprovação 🥹
os garotos vão se arrepender de não ter dado ouvidos à Celina 😬😬
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