Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

22: Banho

Misturo sólidos com os meus líquidos

Dissolvo pranto com a minha baba

Quando tá seco, logo umedeço

Eu não obedeço porque sou molhada

Enxáguo a nascente

Lavo a porra toda

Pra maresia combinar com o meu rio, viu?

Minha lagoa engolindo a sua boca

Eu vou pingar em quem até já me cuspiu, viu?

- Elza Soares -

15h45m

Após um tempo analisando as ruas sugeridas pelo GP, Vinícius sentiu um frio na espinha.

Era inevitável a sensação de medo ao entrar em um lugar como aquele na Vila Kennedy. Cada metro percorrido naquele bairro fazia o jovem se preocupar mais com a sua vida e a de Astrid.

Sabia que nem todos daquele lugar eram criminosos. Na verdade, a minoria era. Mas involuntariamente sua espinha se arrepiava quando via aquelas ruas mal pavimentadas, crianças magricelas correndo descalças, gatos de luz e internet pendurados na fiação do poste, as paredes e calçadas marcadas por buracos de tiros de diversos calibres, pichações indicando organizações criminosas e, principalmente, a presença de jovens armados.

Quando chegaram no destino, bateram na porta e foram recebidos por uma mulher humilde, de baixa estatura e de cabelos crespos.

Bem gentil, ela ofereceu sua casa, uma xícara de café e um pedaço de bolo para recebê-los e ajudar com o que for possível. Vinícius e Astrid falaram logo o assunto que desejavam abordar: a prisão de seu filho.

— Ele estava na hora errada. No lugar errado. Mas era inocente! — Ela afirmou.

— Conte mais, por favor!

— Tava tendo um tiroteio aqui na rua, mulher. O Beto correu pra primeira casa que conseguiu entrar e se proteger. Mas ele não sabia que aquela casa era onde morava um procurado pela polícia. Quando eles chegaram lá, prenderam e espancaram todo mundo que tava lá. Não quiseram nem saber! Mesmo tendo provas de que ele estava apenas voltando do trabalho!

— Que provas?

— Ele tinha batido o ponto no trabalho trinta minutos antes do ocorrido. Ele não tem nenhum resquício de uso de drogas no sangue. E também há câmeras que mostram que ele pulou lá por puro desespero.

— Mas quem foi investigar foi...

— Daniela Tavares! — A mulher completou, deixando cair uma lágrima — Ela era a representante da Polícia Civil que chegou depois de todos. Meu filho disse que tinham três caras na casa realmente criminosos. E foram vinte policiais lá. Eles haviam se rendido, mas mesmo assim, a polícia torturou e matou.

— Isso precisa de um basta! — Astrid disse, convicta — Dona Maria, nos ajude a combater a esse tipo de injustiça!

— Tem certeza? Não sei se...

— A senhora não foi a primeira. Nem a última — Vinícius se levantou, furioso em ver mais um caso de racismo cometido por uma policial — Com esse, é o quarto caso que vimos de abuso de poder durante a carreira da Daniela! Essa mulher claramente quer ver a população negra morta ou na cadeia. E agora, temos provas disso. Dona Maria, por favor, se a senhora topar, pode impedir que ela e outros agentes de segurança continuem cometendo essas injustiças!

— Sendo assim... Está bem!

Astrid e Vinícius não perderam tempo. Pegaram o contato daquela senhora e já partiram para a próxima etapa daquela investigação que parecia não ter fim. Afinal, a cada momento mais uma peça do quebra-cabeça aparecia, mostrando que aquele jogo seria mais difícil do que aparentava.

Quando Vinícius entrou no carro e ligou o motor, recebeu uma notificação no seu celular que o fez arregalar os olhos.

— O que foi? — Astrid perguntou, olhando para ele — Precisamos ir!

— É a Louise. Ela precisa da gente aqui na Vila Kennedy. E agora.

— Quê? Como assim?

— Coloca o cinto. Não é muito longe daqui... E acredito que vai valer à pena — Ele falou e, enfim, depois de Astrid ter feito como lhe foi pedido, Vinícius saiu com o veículo.

15h45m

— Inspetora Louise?

Não faziam cinco minutos que Louise havia entrado em seu gabinete quando ouviu alguém lhe chamando na porta.

— Entre.

Imediatamente, Paula e Ulisses, os outros dois investigadores auxiliares, apareceram.

— Ah, são vocês. Estava mesmo precisando de ajuda pra colocar esse tanto de informação em ordem!

— Eu fiz o que pediu, Lou — disse Paula — entrevistei todos os funcionários que apareceram hoje.

— E o que descobriu?

— É política da empresa ordenar que todos os funcionários ociosos vão para o salão na hora da chegada da noiva. Ninguém poderia ficar no andar de cima a não ser que seja extremamente necessário — Ela fez uma pausa — Só quando teve toda aquela confusão com a Nicole dizendo não que uma das maquiadoras, a que eu entrevistei, subiu pra pegar sua câmera pra filmar a cena toda e ter a sua versão da confusão.

— Sem comentários! — Louise disse, revirando os olhos.

— Foi então que ela percebeu a porta da Nicole entreaberta e resolveu ver o que poderia ter sido. Nesse momento que ela viu o corpo do Henry e sua única reação foi sair gritando.

— Mas ela viu alguma coisa que nos dê alguma pista? Qualquer coisa?

— Sobre o caso do Henrique? Não. Mas ela me disse algo muito interessante... Em uma de minhas perguntas que fiz sem nem esperar muita coisa, descobri que ela conhecia Mariana Madalena!

— Ela também é de Belo Horizonte?

— Não. Mas ela ficou no mesmo presídio que a Mariana, antes de ser solta há seis anos.

— Hum... E me conte mais.

— Lou, ela me disse que viu a Mariana na Vila Kennedy na semana passada. As duas não chegaram a conversar, mas se cumprimentaram e tal...

— Na Vila Kennedy? Curioso...

— E tem mais! Lembra que na ficha da Mariana, teve um momento em que ela estava presa, que ela precisou ir pro hospital daqui do Rio de Janeiro pra se recuperar? — Louise disse que sim — Ela tava grávida de um cara que ela saiu em uma liberação de ano novo. A gravidez era de risco. Ela se acidentou e perdeu o bebê.

— Que loucura!

— E sabe o que tem de mais estranho nisso?

— O quê?

— Mariana estava visitando um local muito curioso...

— Que tipo de local?

— Quer que eu te mostre? Ela me deu o endereço certinho... — A mulher arqueou as sobrancelhas.

— Agora eu não posso, Paula! Tenho coisa demais pra pensar aqui — Ela comprimiu os lábios e olhou para o teto, na busca de uma solução, até que uma luz clareou sua mente — Espera! Vila Kennedy? Me passa o endereço. Sei quem poderá ver isso agora por mim.

Mesmo desconfiada, Paula fez como foi solicitado. Anotou os dados sobre o local e passou para a inspetora, que se apressou para fotografar o papel e enviar para seu amigo Vinícius.

— Pronto. Agora sim! — Louise falou, sentindo-se aliviada.

— Vai mesmo confiar em civis pra fazer o nosso trabalho? — Ulisses questionou.

— Vinícius não é um civil qualquer. Ele é como se fosse um estagiário meu. Fiquem tranquilos. Eu sei o que eu estou fazendo! Se um de nós fôssemos pra esse lugar, não seríamos recebidos do jeito mais... Natural, digamos assim... Ainda mais se for o que eu estou pensando.

— Tá. Mas o que a gente faz agora? — A policial questionou, pondo as mãos sobre a cintura.

— Bem... Vocês não se lembram da lista dos que chamamos para vir depor aqui?

— Acho que sim... — Ulisses inclinou a cabeça e semicerrou as pálpebras — Foi quem? Nicole, Letícia, Andressa, Alexandre...

— Faltou um, gente! — Louise o interrompeu — E eu tô louca pra ir até a casa dele perguntar o que houve.

— Oh, sim! — Paula levou suas mãos a boca ao se lembrar do faltoso — Ah, eu não creio!

— Pois é. Se o playboyzinho não vai até a Polícia, a Polícia vai até ele. Sem problemas! — Ela deu uma leve risada — Vamos, gente! Vamos dar um susto no João Victor...

16h30m

Demorou cerca de vinte e cinco minutos a viagem da Delegacia até a mansão onde morava o apresentador do reality show. Era localizada no bairro mais nobre da Barra da Tijuca.

Louise já imaginava que o rapaz morava em um lugar luxuoso — afinal, tudo que ele vestia era de luxo — mas se surpreendeu quando viu que era tudo muito maior do que ela pensava. Suspirou na frente da enorme estrutura rodeada por muros altos, decorados e vigiados com um bom sistema de segurança.

A inspetora tocou o interfone e uma voz feminina chamou.

— Pois não?

— Aqui é da Polícia Civil. Peço que abram ou precisarei tomar mão de meios judiciais para falar com João Victor Lima.

Um silêncio se instalou no ambiente. Louise trincou os dentes. Começava a se irritar com aquela família.

— Só um momento, senhora — Ela falou, retornando apenas um minuto depois, junto com um ruído vindo do portão — Está aberto.

Imediatamente, o portão se abriu automaticamente. Sem a presença de ninguém.

— Uau — Ulisses comentou.

Era cerca de duzentos metros do portão até a entrada da casa de três andares de João Victor. No meio do caminho, uma trilha de pedras guiava até lá. Ao redor, uma grama bem aparada. Anões de jardim eram espalhados pelo espaço e muitas flores enfeitavam o local.

Os detetives caminhavam até a varanda tentando esconder a admiração pelo lugar, totalmente contrastante com a realidade em que Astrid e Vinícius estavam naquele momento.

Uma mulher de pele negra, aparentando ter quarenta anos de idade, e vestida de empregada, recebeu-lhes na sala.

— Boa tarde! Meu nome é Cláudia, sou a governanta da casa. O senhor e a senhora Lima devem estar voltando agora do estúdio. Mas se quiserem esperar, será um...

— Queremos falar com João Victor — enfatizou Louise, interrompendo a mulher.

— Bom, sendo assim, ele está no seu quarto. No andar de cima. A primeira porta à esquerda.

— E ele sabe que estamos aqui?

— Oh, sim! Informamos a ele. O próprio autorizou que entrassem.

— Ótimo — Ela disse, caminhando até o local indicado. Atrás dela, seus auxiliares a acompanhavam.

Louise não se intimidava com o fato de João ser uma pessoa rica, de muitas posses, e muito poder político. Sua família controlava boa parte da mídia do país e possuía mecanismos para controlar até mesmo a administração pública.

Portanto, sua postura com ele não poderia ser a mesma postura que tinha com os outros. Precisava ser mais firme, incisiva. Pessoas como ele normalmente se sentem as donas do mundo — o que, na prática, não era uma mentira absoluta — e isso poderia lhe custar tempo de investigação.

Educadamente, a detetive bateu três vezes na porta.

— João Victor!

Trinta segundos se passaram e nenhuma resposta foi ouvida. Quando a policial decidiu que abriria aquela porta de um jeito ou de outro, a maçaneta girou e João apareceu.

— Pois não?

— Inspetora Louise Ferguson — Ela disse, apresentando-lhe seu distintivo — Foi lhe dada a ordem de comparecer à Delegacia hoje. Mas o senhor não apareceu.

— Entrem — Ele falou, deixando a porta aberta — Se tivessem aguardado, eu lhes receberia na sala mesmo.

Aceitando o convite, Louise e os outros adentraram ao quarto do rapaz. Dessa vez, puderam prestar mais atenção e analisar aquele ambiente.

Assim como toda a casa, o aposento de João Victor era um espaçoso ambiente cujas paredes eram pintadas de branco e o piso, de porcelanato, estava sob móveis evidentemente caros e importados, como uma cama de casal articulada em um dos cantos, duas poltronas no outro, uma TV de plasma pendurada nesse lado da parede, um tapete grande de urso e dois armários enormes, também brancos, de, pelo menos, dez metros de comprimento, ocupando toda uma parede e, em outra, haviam duas janelas grandes enfeitadas por cortinas bem enfeitadas com fios dourados. Além disso, o quarto também tinha acesso a uma suíte com banheira.

Apesar de aquele lugar ter tudo para ser aconchegante, era perceptível que João não tinha organizado seu quarto recentemente. Sua cama estava com o edredom desarrumado, o piso estava ligeiramente molhado ao redor da suíte, haviam roupas jogadas pelo chão e alguns itens até então não identificáveis.

Após a rápida análise que os policiais fizeram do local, eles logo voltaram a atenção para o próprio apresentador.

João Victor vestia um roupão branco, volumoso e de veludo. Não dava para dizer que estava nu, mas apenas uma faixa amarrada em sua cintura prendia suas vestimentas que eram largas nos braços e descia até os joelhos. Nem mesmo seus óculos, que sempre o acompanhavam, ele usava. Andava descalço.

Louise semicerrou seus olhos. Os cabelos do rapaz estavam úmidos, mas seu corpo não.

— Meus pais já estão chegando, se quiserem falar com eles algo eu...

— Não mude de assunto! — A detetive falou, com as mãos na cintura e as sobrancelhas baixas — Por que não compareceu à Delegacia?

— Comparecer à Delegacia? — Ele inclinou a cabeça — Oh, sim... Não fui.

— Quer saber? Que seja. João Victor, precisamos conversar sobre a morte de Henrique.

— Sim, mas... — ele entrelaçou os dedos — Hoje não.

Os três policiais arregalaram os olhos.

— Como é? — Paula questionou.

— Não vou falar nada sem a presença do meu advogado!

— Por que não? — Ulisses deu dois passos em frente a ele, que não se intimidou — Tem medo de ser condenado?

— Acho que vocês deveriam sentir medo de eu não processar vocês todos por tentarem me persuadir a fazer uma coisa que eu não sou obrigado! Basta um telefonema e hoje mesmo vocês estarão na rua!

Louise olhou no fundo dos olhos dele com fúria. Respirou fundo. Fitou o rapaz por alguns segundos.

— Está bem — Ela falou — Você tem o direito de apenas falar na presença de um advogado. Mas, Ulisses, me faz um favor? — Ela perguntou ao seu auxiliar sem mesmo tirar seu olhar de João — Anota pra mim aqui algumas coisas que encontramos com o suspeito. Primeiro: ele demorou para nos atender, parecia que estava fazendo alguma coisa antes. Segundo: seu cabelo e rosto estão úmidos, mas seu corpo não. Isso significa que você lavou o rosto ultimamente. E lavou bem, afinal, tá até meio avermelhado... Terceiro: tá vendo aquele notebook? — Ela disse, apontando para o computador em cima da cama do homem — Mas precisamente a webcam dele. E veja o que tem do lado: um microfone! Quarto: — Ela se virou para o armário do rapaz, fechado, e se agachou e pegou em uma manga de blusa que se destacava na brecha da porta — Parece que ele estava com pressa pra guardar suas roupas aqui, que acabou esquecendo de guardar essa parte — A mulher se levantou e voltou a encarar o João, aproximando-se cada vez mais do jovem que prosseguia com os membros trêmulos — E anota aqui também o que achei — Com um sorriso debochado, Louise chegou bem perto de João e, delicadamente, levou sua mão em direção ao rosto do rapaz que, por um instante, fechou os olhos pois pensou que seria agredido, mas quando o abriu, viu que a policial segurava um fio avermelhado e longo — Cabelos ruivos!

Paula e Ulisses demoraram um pouco para entender o que Louise estava querendo insinuar, mas quando o fizeram, apenas tentaram esconder sua surpresa.

— Quer que eu continue ou você vai logo abrir o bico? — Ela perguntou, calmamente, ao rapaz que já fechava os punhos com uma força movida pelo ódio.

Vinícius estacionou o carro em uma rua há cerca de dez quilômetros da casa da mãe de Humberto. Em sua frente, havia um muro alto, pintado de branco, e em seu interior, havia uma moradia de dois andares.

Certamente, era a residência mais bem construída da região, onde as casas eram, em sua maioria, sem emboço, de telha e com infiltrações. Essa, no entanto, parecia bem apresentável.

Astrid não esperou a iniciativa de Vinícius e bateu logo o portão.

— De casa? — Ela perguntou, batendo mais uma vez e se virando para o amigo — Será que vão atender?

A porta se abriu. Uma mulher aparentando ter seus cinquenta anos se revelou com um sorriso no rosto.

— Pois não, querida? — Ela falou, segurando o portão com uma das mãos e alisando seu cabelo com a outra — Em que posso ajudar?

— A gente ficou sabendo que a senhora, é... Pode nos ajudar com algo que... — Com o rosto corado, Vinícius tentou falar, mas logo foi interrompido pela mulher.

— Ó, crianças! Já entendi tudo — Ela disse, com uma risada — Não preciso de mais detalhes. Já cansei de receber gente como vocês aqui, então não se preocupe com julgamentos.

— A gente precisa de informações, moça — Vinícius disse, percebendo o constrangimento de Astrid diante aquela situação.

— Ah, sim. É claro! Podem ficar tranquilos. Nosso método é bem seguro. Mas eu acho que aqui não é o melhor lugar para falarmos sobre isso, não é mesmo? Venham. Entrem.

Ela abriu a porta e, mesmo ainda com certo medo, os dois amigos não contradisseram a mulher e entraram na residência. O portão foi fechado e a mulher os guiou para o segundo andar da casa, onde existia uma sala pouco arejada, com azulejos, uma cama e armários com instrumentos médicos, entre outras coisas.

— Vou confessar que você é a primeira moça da Zona Nobre que aparece aqui — Ela disse, assim que entraram na clínica — A maioria é gente da própria comunidade ou então eles usam outros médicos...

— Senhora, desculpe-me, mas não viemos fazer isso que a senhora está pensando — Astrid revelou, por fim.

— Como assim? O que estão querendo?

— Olha, eu sou estudante de Psicologia. Ele é estudante de Direito. Nenhum de nós temos quer fazer nada de ruim com a senhora, mas precisamos de uma informação pra ajudar um amigo!

— Ah, sei! — Ela cruzou os braços e bufou.

— É. Veja... — Astrid apanhou de sua bolsa o caderno que fez com as fotos dos suspeitos e apontou para a imagem de Mariana — Conhece?

— Mas, gente! Se não é a mulher que veio aqui na semana passada? Acho que foi na terça-feira...

— Sério? E o que ela queria?

— Ah, ela tinha comprado uma cartela de Misoprostol. Só que com a cartela de Paracetamol.

— Tem certeza? — Vinícius perguntou novamente, com as pálpebras bem abertas — Por que faz assim?

— Ora, esse tipo de medicamento é proibido no Brasil. Não dá pra ficar andando com uma cartela de Misoprostol pra lá e pra cá...

— Víni! Quem diria?

— Foi ela! — Ele exclamou — Foi ela quem provocou o aborto da Andressa!

— Sim! É óbvio!

A jovem começou a chorar com mais intensidade. As lágrimas vieram e ela usou as mãos para enxugar. Sua voz era desanimada, lenta e triste.

— Sua mãe sabia que você tava grávida?

— Não — respondeu, em um suspiro — Ainda bem. Porque do jeito dela, ela iria me fazer abortar. E eu, ai... É tão complicado!

— A Dêssa já tava apresentando sintomas de gravidez. Mariana era interesseira. Só se importava com o dinheiro que a filha poderia lhe dar, mas um neto atrapalharia seus planos. Ela mesma sabotou os remédios da Andressa para que ela tomasse um remédio abortivo! É claro!

— Quem desconfiaria dela como uma assassina? — Vinícius se perguntou — Nossa, que criminosa! E agora, ela teve a pior pena de todas. A morte.

A dona do local sequer prestava atenção nos dois, mas sim no caderno com as fotos dos suspeitos do caso.

— Espera aí! Vocês são detetives? É isso? — A mulher começou a entrar em pânico e a gaguejar.

— Não! De forma alguma! — Vinícius respondeu, de forma a tentar acalmá-la — Só somos grandes curiosos.

— Olha, acho melhor vocês saírem daqui. Já disse demais. Eu só prestei alguns serviços a elas e elas me pagaram. Pronto! Não tenho culpa de nada.

— Ei, ninguém aqui está te... — O rapaz falava, até interromper sua fala para perguntar a moça — Ué? Como assim elas? Quem mais você conhece?

— Moço, por favor... Saia!

— A gente promete que não vai falar nada pra Polícia — Astrid falou.

— E quem me garante isso?

— Te dou a minha palavra. É tudo o que você tem.

— Agora, diz! Você conhece mais alguém?

— Sim... — Ela falou, em um suspiro — Cadê o caderno com a foto dos suspeitos?

— Aqui está — Vinícius lhe entregou novamente o objeto.

— É claro! — Ela falou — Como eu poderia me esquecer do nome da minha ex-colega de curso? Joana Martins!

— Conhece a Joana?

— Claro. A gente fez o técnico em Enfermagem junto. E ela também já veio aqui pra, você sabe... Interromper a gravidez.

Imediatamente, a mandíbula de Astrid deu uma leve caída e suas sobrancelhas arquearam.

— Joana fez um aborto? Céus! — A loira levou as mãos a boca — Quem diria?

— Sim. Faz um bom tempo que não a vejo. Desde que ela veio aqui, aliás...

— E você sabe o porquê de ela ter feito isso?

— Não me envolvo com questões pessoais das minhas clientes, querido. Agora, por favor, não quero ter que falar mais nada. Podem se retirar?

— Ok. Já estamos indo — Astrid falou, pegando logo suas coisas e partindo com Vinícius.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro