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14: Meu Mundo Caiu

MEU MUNDO CAIU

Meu mundo caiu

E me fez ficar assim

Você conseguiu

E agora diz que tem pena de mim

Não sei se me explico bem

Eu nada pedi

Nem a você nem a ninguém

Não fui eu que caí

- Alice Caymmi –

O Dia – 20 de julho de 2019

Vinícius engoliu sua própria saliva e procurou manter a calma quando, praticamente, todos ao seu redor já a haviam perdido.

— Não! Não! Não! — Nicole gritava, repetidas vezes, enquanto chorava e soluçava no camarim ao lado do seu. A porta da cena do crime fora trancada por Louise e a noiva estava sendo acolhida por Vinícius e Astrid.

— Ei — a jovem loira, que também chorava com a situação, tocou no ombro da amiga e lhe ofereceu um pouco de água — Beba.

— Diz pra mim, Astrid! — Ela ignorou a bebida e segurou com firmeza nos braços da jovem — Diz pra mim que meu irmão vai voltar! — Ela implorava, com o rosto totalmente molhado pelas lágrimas — Diz!

— Nico... — Ela não pode conter o choro também, e as duas se abraçaram fortemente.

De repente, a figura de Louise Ferguson apareceu no recinto.

— E aí, Lou? — Vinícius perguntou, assim que a avistou.

— A viatura policial já chegou. Já estamos interditando o local e em breve vamos começar a investigar.

— Você que vai investigar? — O rapaz cruzou os braços e elevou uma das sobrancelhas.

— O delegado me indicou como a inspetora do caso.

— Boa sorte, Lou! — Ele falou, comprimindo os lábios.

— Louise! — Astrid, após desfazer o abraço com a noiva, voltou-se, ainda com o rosto cheio de lágrimas, para a detetive — Eu quero ajudar no máximo que eu puder!

— Não posso envolver vocês nisso, desculpem-me, mas...

— Ninguém precisa saber que estamos no caso, Lou! Eu só não vou conseguir ficar parada enquanto tem tanta injustiça acontecendo! Joaquim indo preso, Henrique sendo assassinado... Não dá!

A inspetora respirou fundo. Sabia que aquela jovem não desistiria da sua ideia tão facilmente.

— Está bem, Astrid. Por ora, acho que pode me ajudar falando com os convidados. Faça pra mim uma lista de suspeitos. Preciso do máximo de informações possíveis.

— Claro! — Ela ergueu a cabeça — Eu e o Víni cuidaremos disso.

Vinícius, que estava mais distante delas, arqueou as sobrancelhas. Gostou de ver a garota que estava se interessando romanticamente lhe incluindo nas suas atividades.

— Nico — A loira se voltou para ela, ainda aos prantos em sua poltrona — Onde posso arrumar a lista de convidados?

— Está com a cerimonialista, mas é muita gente! Umas quinhentas! Fora os funcionários do próprio salão e o buffet...

— Droga! Isso vai ser impossível... — Vinícius reclamou, circulando pelo pequeno espaço enquanto pensava em uma solução para aquele problema.

— Podem começar pelos mais óbvios — A detetive falou, pondo as mãos na cintura — Os amigos, os outros finalistas e... A família.

Naquele instante, Nicole lançou sobre a detetive um olhar furioso.

— Como assim a família? Está dizendo que...

— Não disse nada! — A inspetora a interrompeu — Mas precisamos de informações sobre o Henry que, talvez, só vocês tenham.

— Ela está certa, Nico — Astrid falou — Sabemos que você não tem nada a ver com isso. Estava rodeada por pessoas durante todo o momento hoje. E nem tem motivo para isso.

— Mas... E os outros finalistas? Será que...

— Nicole — Vinícius falou, preocupado com seu estado emocional. Ele se aproximou da jovem, ajoelhou na sua frente e a olhou no fundo dos olhos — Não se preocupe com isso agora! Apenas respire, beba água e se permita chorar. Sei que foi uma barbaridade o que aconteceu, mas a gente está aqui pra te apoiar e pra tentar explicar tudo isso, viu?

Fazendo como ele havia sugerido, a jovem respirou fundo por algumas vezes, tentando afastar aqueles pensamentos naquele momento.

Em seguida, Ana Laura e alguns familiares de Nicole entraram no quarto.

— Minha filha — A mãe da vítima avistou sua primogênita sentada na poltrona e não pode deixar de se sensibilizar, aproximando-se da jovem e a afagando com abraços.

Vinícius se levantou. Olhou para o seu lado. Astrid o chamava para fora daquele ambiente. E ele já sabia o que aconteceria a seguir.

— Você tem certeza de que está em condições de falar? — A jovem loira perguntou, com seu jeito dócil e paciente, sentada na poltrona ao lado da irmã.

— Tenho sim, Astrid — Ana Laura disse, entre o choro que, só naquele momento, diminuía a intensidade.

— Eu preciso saber de tudo o que você sabe sobre o Henrique. Não me esconda nada!

— Está bem — Ela respondeu, assentindo — Como você mesma sabe, o Henry nunca foi uma pessoa muito boa para expressar o que sente, né? Toda a pressão dos outros pra ser um machão o fez assim. Então, bem... Apesar de a gente ter se aproximado muito anteontem e ontem, eu percebia que ele não se sentia totalmente confiante pra desabafar comigo. Estou certa de que ele escondia segredos.

— E como foi essa sua reaproximação com ele?

— Bem... Primeiramente, é importante você saber de uma coisa: o Henrique tinha um caso amoroso com a Andressa.

— Isso não é lá uma surpresa, Ana — ela entrelaçou os dedos e fixou seus olhos na irmã, que se constrangeu com o gesto e tentou evitar contato visual.

— Eles não apenas ficaram juntos, Astrid! — Ela falou, quase gaguejando — O Henrique realmente se apaixonou por ela. E ela por ele. Foi com ela que ele teve sua primeira vez e por causa dela que ele entrou em uma depressão ainda mais conturbada que só piorou depois que a Dêssa ficou grávida.

— Nossa — Astrid suspirou. Mais uma vez, não foi capaz de perceber seus amigos perecendo — E como foi isso?

— Pelo que ele me contou, os dois se conheceram na internet. Depois de alguns encontros no estúdio da emissora, eles se tornaram amigos e, após a Andressa terminar o namoro com a Letícia, os dois começaram o relacionamento.

— Entendi — ela afirmou, refletindo — Dois jovens vazios por dentro que encontraram, um no outro, o pedaço que achavam que lhes faltava. Alguém que os compreendesse e os aceitasse.

— Pois é, irmã. Justamente...

— Sim, mas conte mais do que você sabe.

— Bem, depois de os dois terem sua primeira noite juntos, eles passaram a se ver todo dia. Até que, faltando poucos dias para o penúltimo episódio, um vídeo íntimo dos dois vazou na rede. Não dava pra identificar exatamente que eram os dois, mas ele me contou: realmente era. Andressa ficou chocada e, obviamente, preferiu se afastar dele. Pra evitar toda a possibilidade de associarem os dois com aquele vídeo.

— Um vídeo? — Andressa perguntou, com as pálpebras bem abertas — Sabe como faço para conseguir acessá-lo?

Por alguns segundos, Ana Laura corou envergonhada, mas Astrid se manteve da mesma forma.

— É, desculpa, mas... Não sei não.

— Ana Laura! Preciso que me conte tudo! — Ela retrucou, irritada com o constrangimento da irmã — Pessoas matam por sexo. Não me admiraria se descobrisse se esse vídeo fosse o que motivou esse assassinato!

— Está bem, está bem... Mas eu realmente não sei onde está esse vídeo. Eu jamais ousaria assisti-lo.

— Eu sei que você não assistiria ao vídeo, Ana. E não é porque você é a puritana que não peca — Astrid cerrou bem as pálpebras e fitou a irmã a analisando de forma bastante crítica e, de certa forma, assustadora para a outra — É porque você detestaria ver o seu amor platônico transando com outra na tela do celular.

Com a mandíbula caída e os membros trêmulos, Ana Laura saltou da poltrona e olhou Astrid com olhos bem abertos. Demorou para conseguir formular as palavras.

— Quê? Astrid, c-como você...

— Ana, não tente mentir pra mim. Nós duas sabemos que você é péssima nisso. E está tudo bem. Eu sempre soube que você era apaixonada por ele.

— Como assim?

— Você tinha gestos e expressões que só apareciam quando ouvia o nome dele. Era diferente a forma que reagia quando o olhava... Até sua respiração ficava mais ofegante quando os dois estavam perto. Sua paixão pelo Henry pode já ter sido mais forte, mas ainda existe mesmo depois que ele se tornou alcóolatra.

— Como você consegue ser tão sinistra, Astrid? — A jovem comentou, com os olhos arregalados.

— Não mude de assunto — ela falou, ignorando a sentença proferida pela irmã — Conte-me mais sobre esse vídeo.

— Ai, é tão ruim ter que falar e imaginar a cena na minha mente — ela confessou, engolindo em seco — Ele disse que tinha acabado de acordar quando recebeu a mensagem do Kim meio que parabenizando a "conquista" dele. Parece que esse vídeo realmente viralizou.

— Mas foi ele mesmo que gravou e postou?

— Não! Com certeza foi armação!

— Então a Andressa rompeu o relacionamento mesmo sem saber se foi ele o responsável pela divulgação desse vídeo?

— O Henry me mostrou o áudio que o Kim fez. Realmente, do jeito que ele falava, dava pra entender que ele tinha mesmo esquematizado tudo e enviado para algum site pornô. Fora que ainda teve a Letícia, a ex-namorada dela que encheu a cabeça da garota com esse tipo de coisa. Além do fato de que, independentemente de quem jogou na rede, a reação mais esperada da Andressa teria sido se afastar dele para que ninguém desconfiasse que aquele vídeo era dos dois.

— Espera... O Kim?

— É! Eles dois andavam juntos.

Astrid engoliu sua própria saliva. Permaneceu em silêncio por alguns segundos.

— Ana... Você acha que o Kim...

— Não! Ele tá preso! Ele não teria como...

— Está bem. Agora, preciso saber de uma coisa... — Ela pareceu tentar organizar suas ideias na mente — Quem você acha que pode estar envolvido com esse assassinato?

Ana Laura respirou fundo, novamente.

— Irmã... Eu não sei dizer. Talvez a Letícia, a namorada da Andressa, esteja envolvida com a divulgação do vídeo. Talvez, até mesmo com esse incidente com ela. E, talvez, com a morte do Henry sim.

— Faz sentido. Mais alguém poderia querer a morte dele?

— Não sei, irmã... Ele queria me contar mais coisa, mas não foi possível...

— E na noite que Mariana morreu? Ele contou algo?

A cantora já estava completamente desconfortável. Passara a mão no couro cabeludo, na tentativa de se livrar um pouco do nervosismo.

— Ele me chamou no dia seguinte que descobriram a morte dela. Ontem. Ele disse que tinha bebido muito naquele dia. Sequer conseguia se lembrar do que houve.

— Não acha que poderia ter sido ele o...

— Assassino da Mariana? — Ela a interrompeu, com o cenho franzido — Acho que não, Astrid! Ele não faria isso. Disse que não se aguentava em pé.

— Pois é. Mais alguém com quem ele se envolveu ultimamente?

— Olha, recentemente ele também andava conversando bastante com o João Victor... Talvez seja uma boa ideia fazer algumas perguntas a ele.

— O apresentador?

— Sim. Os dois ficaram mais próximos depois do último episódio do programa.

— Segundo as pesquisas, o Henry era o que mais tinha chances de vencer. Talvez perdesse apenas o Alexandre.

— Exato. E...

— As coisas mudaram de tal forma que é você a mais bem colocada, Ana. Alexandre já perdeu metade dos seguidores que tinha e a Andressa conseguiu piorar a admiração que, antes, tinham dela. Tudo isso, uma hora depois desse assassinato vir à tona.

— Astrid, o que você... — Com os olhos semicerrados e inclinando a cabeça, a loira se assustava com o rumo da conversa.

— Com licença — Ela se levantou e começou a caminhar em direção a saída — Mais tarde a gente continua.

— Astrid, espera! — Assim que a cantora exclamou, a porta daquele recinto foi batida e a irmã mais nova dela seguiu seu destino pelos corredores do segundo andar.

— E então?

Após dar dois passos em direção às escadas, Astrid ouviu a voz de Vinícius e, logo assim que virou o rosto, viu o rapaz encostado na parede.

— Um vídeo íntimo vazado, a queda brusca de seguidores da Andressa e do Alexandre... E ainda tem a morte da Mariana. O que esse assassino quer?

— Alguém pode estar querendo que Ana Laura vença — ele sugeriu.

— Ou que um deles perca. Alguém pode não querer que algum dos três ganhe o reality — ela ponderou. A possibilidade de sua irmã estar envolvida no crime lhe fazia revirar o estômago.

— Eu ouvi a conversa de vocês.

— Como é? — Ela pôs as mãos na cintura e lhe lançou um olhar reprovador.

— Estamos investigando um assassinato! — Ele disse, gesticulando com as mãos — Precisamos trabalhar juntos. E você sabe que não podemos descartar a chance de Ana Laura ter dedo nesse crime.

— Não, Víni! Isso não é possível! 

— Por que não?

— Não ouviu? Ana era apaixonada por ele, Vinícius! E ela ainda estava acompanhada durante o tempo todo!

— Não. Eu me lembro bem. Lá para as vinte horas, os quatro cantores subiram para se reunir. Lembro muito bem que a Ana foi a última a voltar de lá. E depois, a Andressa passou mal e, agora, corre o risco de perder o bebê. Justo no momento em que Henrique estava se reaproximando de Ana Laura, ele descobre que terá um filho da Dêssa. Seria muito conveniente se essa criança morresse, não é mesmo?

Ela engoliu a própria saliva.

— Ai, droga! Realmente!

— Então vamos juntos investigar o caso para descobrir a verdade! — Ele fechou os punhos e exclamou, em otimismo — Porque se a Ana não tem grandes chances de ser presa, tem grandes chances de ser assassinada.

Quando, finalmente, Louise pode ter certeza de que todos os curiosos foram afastados do segundo andar do salão, ela chamou os peritos auxiliares para fazer uma análise na cena do crime.

— Lembrem-se: não toquem em nada sem luvas. Ulisses, tire foto de tudo! — Ela os lembrou, assim que pisaram no local — Esse é, sem dúvidas, um dos crimes mais importantes para todos nós.

As paredes, pintadas de branco, contrastavam com o piso de madeira polida. Era tudo muito bonito, se não fosse pela poça de sangue que escorria da porta do banheiro.

Um dos peritos, assim que entrarou, tratou de investigar resquícios de sujeira em forma de pegada.

— Nem adianta. Aqui encheu de gente quando descobriram o corpo. Essa pegada pode ser de qualquer um — Louise comentou, assim que se recordou do fato.

Ele bufou e prosseguiu averiguando o local.

O camarim de Nicole não era muito espaçoso. Seu formato era quadrado, cerca de seis metros para cada lado. E o banheiro era a metade disso.

Em seu centro, havia um tapete branco de veludo que chamou a atenção da detetive.

No teto, porém, era pendurado um lustre que lembrava a Inglaterra do século XIX.

Em uma das paredes, estava encostada a penteadeira, onde existia tudo o que as esteticistas precisavam para deixar a noiva confortável para trocar suas vestimentas e retocar a maquiagem durante a festa, apesar de isso não ter sido feito. Um cômodo grande, que ocupava quase toda a parede, de cor bege.

Do outro lado, ao lado da porta que levava ao banheiro, um sofá da cor verde escura, com um vaso de planta ao lado. Ambos intactos.

Ainda estavam lá: um espelho grande e duas janelas, onde era possível ver a rua. Elas estavam bem fechadas.

Mesmo após permanecer por alguns bons segundos analisando a cena, a equipe não percebeu nada de muito relevante. Louise, inquieta, resolveu entrar de uma vez no banheiro e averiguar a vítima.

Quando abriu o cômodo, deparou-se com o cadáver de Henrique. Dessa vez, no entanto, poderia gastar mais tempo analisando certos detalhes passados como despercebidos pela emoção de minutos atrás.

— Ou esse assassino quis fazer parecer uma cena de suicídio, ou ele é um sádico que quer criar algo assim para assustar. De qualquer forma, ele foi muito incompetente nesses objetivos — Ela falou, pousando as duas mãos na cintura enquanto caminhava ao redor da banheira onde estava a vítima.

— Ele não poderia ter se matado? — Um de seus peritos, o mais novato, questionou.

— Na banheira da irmã? Um dia antes de, possivelmente, ser eleito a "Estrela do Rock"? Praticamente nu? E dessa forma? — Ela elevou uma das sobrancelhas — Muito difícil.

Os quatro, então, começaram a observar bem a cena.

Henrique estava sentado na banheira, que era um pouco menos comprida que ele, suas pernas se flexionavam, de forma que apenas seus joelhos poderiam ser vistos. Além deles, seu corpo, das axilas para cima, não estava submerso na água densa e avermelhada.

Seus braços se apoiavam na parede da banheira e, deles, pingavam-se as gotas do sangue diluído, formando a enorme poça que corria para o a outra parte do recinto.

— Será que ele venceria o reality, Lou? — Paula, uma das peritas, questionou, enquanto coletava um pouco do líquido da banheira em um frasco para análises clínicas.

— Ele era o meu favorito. Tinha um monte de seguidor — O outro perito comentou primeiro.

— Não dá pra dizer — A inspetora falou, em um suspiro.

— Será que tem algo a ver com a morte da mãe da loirinha? — Ele se indagou — Haviam boatos de que eles estavam juntos.

— Eu não sei de nada sobre ele ainda — Louise disse, enquanto arregaçava as mangas de seu braço direito — Mas essa história vai ser investigada.

Aproximando-se do corpo, a mulher segurou no queixo do rapaz, analisando seu rosto e, com o auxílio de uma lanterna, o interior da boca.

— Ah, mas eu aposto que sim! — Paula disse — Vazou até um vídeo pornô que, supostamente, era dos dois e...

— Três! — Louise exclamou.

— Três vídeos?

— Não! — Ela franziu o cenho — Veja isto! — Ela falou, apontando para o corpo do garoto — Dois pequenos cortes no braço esquerdo e um no peito, pouco acima do mamilo.

Os peritos suspiraram e arregalaram seus olhos.

— Como se o assassino tivesse feito várias investidas nele até, enfim, perfura-lo — Paula comentou, ainda perplexa.

— E tem mais — Louise falou, ligando novamente sua lanterna e, após abrir novamente a boca da vítima, iluminar lá dentro — O lado esquerdo tem sangramento. Um dos molares parece ter sido danificado. Fora as marcas na bochecha denunciam que ele levou um soco.

— E se era no lado esquerdo, isso significa que...

— Que o agressor era destro! — Carlos, outro perito, sugeriu.

— Justamente, Ulisses! — Ela disse, afastando-se do corpo — Mas isso também não significa que quem lhe deu esse soco também o matou. Não dá pra descobrir.

— Mas, pelo menos, isso já nos diz muita coisa.

— Houve uma briga antes do crime. Henrique se desentendeu com alguém. Mas quem seria?

— Será que esse soco poderia ter sido dado por uma mulher? — Paula indagou.

— Eu acredito que sim. E, dependendo do caráter do Henrique, a gente pode deduzir que ele levou o soco mas não tentou revidar. Pelo fato de ser mulher ou...

— Se alguém realmente tiver motivo para agredi-lo.

— Esperem aí! — Louise exclamou, após ver algo suspeito na água e, então, mergulhar sua mão lá para pegar.

Segurou o objeto e o puxou para a superfície, ainda pingando bastante.

— Uma tesoura! — Exclamou Ulisses.

— Longa, afiada, pontuda... É, senhores, essa é, provavelmente, a nossa arma do crime — Louise falava, ainda relativamente assustada — Paula, por favor...

A perita prontamente embalou o objeto em um saco de silicone e o fechou com um zíper.

— Gente, vamos lá! — A mulher falou, chamando a atenção dos outros investigadores ainda chocados com o que viam — Gabriel, pegue o saco para embalarmos o cadáver e forre no chão. Paula e Ulisses, peguem aí nos braços. Eu e o Tales pegamos aqui nas pernas. Não vamos esvaziar a banheira.

Rapidamente, cada um se posicionou conforme a ordem dada pela inspetora. Quando o saco foi finalmente colocado no chão, Louise e os outros apanharam o corpo de Henrique e o levantaram, delicadamente, ainda bastante molhado, até tirá-lo da banheira, finalmente.

— Ele não estava pelado, afinal — Ulisses comentou, enquanto coçava a barba, o que gerou alguns olhares desconfiados — Por que ele entraria na banheira de cueca?

Louise analisava o cadáver com atenção. O que Henrique vestia — ou não vestia — sequer era relevante para a detetive no momento. Seu foco era na profunda perfuração localizada pouco acima do umbigo, à esquerda, do corpo do rapaz, de onde saía a maior parte do sangue.

Alguns segundos depois, a mulher se agachou, apoiando um de seus joelhos no chão e aproximando seus olhos na vítima, percebendo mais detalhes.

— Vejam! — Ela disse — Mais dois cortes. Um abaixo do mamilo esquerdo e outro a um palmo abaixo da axila direita.

— Baseado nisso, dá pra dizer se ele é destro ou canhoto?

— Ainda não! — Ela afirmou — Esses cortes... Tão pequenos, fracos, só mostram que houve uma luta. Provavelmente esse assassino não tinha muita habilidade com armas assim...

— Ótimo! Podemos descartar lutadores de krav magá como suspeitos — Tales disse, em tom de ironia.

— Não necessariamente. Você sabe disso — Ela falou, levantando apenas os olhos para ele, que engoliu em seco — Não podemos descartar nenhuma hipótese agora.

— Acredita que foram dois assassinos? Ou que houveram duas pessoas envolvidas no crime?

— Talvez sim. Talvez foram mais. Pensem comigo, além dos outros três concorrentes, a quem mais interessaria a morte de Henrique?

— Ele tinha um lance com a Andressa que quase desgraçou a vida dela. E ela tinha namorada, mãe e pai. Então... — Tales supôs.

— Ele também tem uma família bastante rigorosa, como pudemos ver — Paula deu sua opinião — Provavelmente não gostaram das suas performances no programa. Nem mesmo a pastora deve ter achado legal esse distanciamento dele da igreja.

— Ele também tinha uma certa amizade com o João Victor e, de certa forma, era responsável por certa parte da imagem de Leonardo, que também sofreu um incidente e está hospitalizado agora — Ulisses disse.

— Sim, e vocês estão esquecendo de outra coisa! Joaquim, um garoto traficante de drogas, era colega de Henrique. E foi preso ontem pelo assassinato da mãe de Andressa!

Todos ali presentes engoliram a seco e se entreolharam. A cada nova hipótese, muitas perguntas surgiam, o que acabava fazendo os detetives, ali, crerem que a resolução daquele mistério seria impossível.

Mas Louise iria até o fim.

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