Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

10: Nada quebra como um coração

Nós temos a noite inteira para nos apaixonarmos

Mas, em um estalar de dedos, desmoronamos

Estamos quebrados

Estamos quebrados

Mmm, bem, nada, nada, nada nos salvará agora

- Miley Cyrus -

1 mês e 10 dias para O Dia

10 de junho, 15h44m segunda-feira

— Meu Deus! — Ana Laura exclamou, pondo as mãos na boca, com os olhos assustados e os músculos tensos — Que cara... É...

— Calma que tem mais — Henrique mascava um chiclete enquanto fazia companhia para Ana Laura e aguardava Andressa para o início dos ensaios daquele dia para a terceira fase do concurso.

Sentado no banco de espera das relações públicas do set de filmagens, o rapaz que fez sucesso no último episódio do Estrela do Rock com a música "Beat It" reproduziu mais um áudio que gravou naquele dia para que sua amiga pudesse ouvir e tirar suas próprias conclusões.

"Desrespeito? Nicole, eu não queria falar sobre isso. Mas veja você. Você é linda, sim. Incrível! Mas... E onde estava o seu respeito comigo ao vir até mim, enquanto tiravam fotos e faziam filmagens, vestida assim?"

— Nossa! Mas é muito escroto, velho! — Ela franziu o nariz, suas bochechas foram puxadas para cima enquanto o centro de seu lábio superior se elevou.

— Eu ainda não sei como minha irmã ainda não caiu fora dessa relação abusiva ainda.

— Porque ela não sabe que está em uma, Henry!

— Ah, mas ela tinha que se ouvir falando, sabe?

— É. Talvez... Mas me responde uma coisa? Como conseguiu essa gravação? — Ela questionou, inclinando a cabeça.

— A própria chefe dela se escondeu e gravou a conversa. Por isso que não podemos, ainda, mostrar esses áudios pra Nico. Denise não quer que minha irmã saiba que ela fez isso.

— Entendo o lado dela... Mas alguma coisa tem que ser feita! Precisamos ajudar a Nicole.

— Eu estou de acordo. Isso me preocupa muito, ainda mais porque as coisas na minha vida não vão lá muito bem...

— O que tá rolando, Henry? — Ela pousou sua mão sobre a dele, olhando-o de forma angelical, como no passado — Você sabe que, apesar de não estarmos convivendo como antes, ainda sou sua amiga, né? E que pode contar comigo pra qualquer coisa.

— Ah, é... — O rapaz se constrangeu ao tocar no assunto de sua própria vida. Não era acostumado a falar sobre si mesmo. Sobre seus pensamentos — São tantas coisas que...

— Henry! — De repente, a voz de Andressa soou pelo ambiente, surpreendendo os amigos que conversavam ali — E Ana Laura! Como vocês estão?

— Dêssa! — Henrique se levantou e logo cumprimentou a moça que estava saindo há três semanas já com um beijo e um abraço rápido — Melhor agora. E você? Perdeu a hora?

— Ah, meu pai teve um problema com o carro. Mas ele só veio me deixar aqui — Ela disse, desfazendo o abraço e se voltando para a moça ainda sentada na poltrona — E você, Ana?

— Eu vou muito bem, graças a Deus!

1 mês e 10 dias para O Dia

10 de junho, 14h10m, segunda-feira

Faltavam quinze minutos para Andressa sair da casa de sua mãe. Estava sozinha no banheiro, tentando ao máximo camuflar as espinhas que cresciam por seu rosto quase todos os dias. Mariana havia saído na noite anterior para uma festa e ainda não voltara. Daniela, por sua vez, estava envolvida no seu trabalho na Polícia Civil.

De repente, ouviu três batidas na porta.

— Quem é? — Ela perguntou, levantando-se do sofá e jogando seu celular, que utilizava, em cima do assento.

Ninguém falou nada.

A cantora deu de ombros e se aproximou da entrada de sua casa que, com o uso do olho mágico, pode ver que Letícia Bertoti estava lhe aguardando.

— O que você quer aqui, Letícia? — Ela se exaltou, abrindo a porta com um bico e sobrancelhas unidas.

— Posso entrar? — Ela perguntou, arqueando as sobrancelhas, e Andressa assentiu, indo, as duas, para a sala se sentar no sofá — Até parece que eu venho até você porque quero alguma coisa — respondeu, tentando ser neutra nas suas expressões.

— Que seja! — Ela disse de forma rude, tentando ir contra seus próprios sentimentos — Precisa de alguma coisa?

— Eu não aguento mais, Dêssa! — Ela desabafou, em um suspiro — A gente está sem falar há muito tempo!

— Não fui eu quem te bloqueei nas redes sociais, saí por essa porta por um motivo tosco e sequer te impedi de ir me ver em um dos momentos mais importantes da minha vida!

— Justamente. Quero acertar as coisas entre a gente. Que fique tudo claro. Entende?

— E o que falta para acertarmos?

— Eu preciso ser sincera contigo, Andressa. Desde que eu saí daqui, não tive coragem de voltar pra BH. Eu me virei com o pouco do dinheiro que tinha reservado no hostel mais barato daqui da cidade, morei com seu pai, como você bem sabe, e... — ela suspirou — E eu fiz tudo isso porque sabia que não podia deixar você, porque eu acreditava que, uma hora, você ia entender que estava errada. Mas a errada era eu. Eu não poderia ignorar toda a nossa história por causa de algumas coisas que eu imaginei ser verdade!

— Isso quer dizer que...

— Que eu me arrependo. Eu me arrependo de tudo o que eu disse. E eu prometo que vou lutar para ser mais autoconfiante, sabe? Você é uma pessoa boa. Não me trairia. Muito menos com um homem. Também não mentiria para mim sobre sua sexualidade. Nem me manteria longe de seus planos. Se eu não tivesse te abandonado, é claro.

— Letícia, você me magoou muito agindo daquela forma sim, viu? Mas tá tudo bem. Eu não guardo mágoas suas.

De repente, a jovem negra abriu um sorriso largo no rosto e seus olhos brilharam.

— Oh, Dêssa! Você não sabe o quanto que ouvir isso me deixa...

— Isso não quer dizer que voltaremos a namorar — A loira disse, franzindo o cenho, fazendo com que a outra mudasse totalmente sua expressão.

— Ah, mas... O que... — Gaguejava, com os cantos de sua boca voltados para baixo.

— Letícia, vou ser bem franca contigo — Ela segurou as duas mãos da garota que estava prestes a chorar — Você realmente acha que nós duas daríamos certo?

— Como assim eu acho? Andressa! Pelo amor! Tudo que a gente viveu foi... — Ela se esforçava para não se exaltar, para não chorar e para não parecer a louca lunática do outro dia. Mas aquilo começava a se tornar um fardo pesado demais.

Seu maior pesadelo estava se tornando realidade. Ela pensava:

"Qual outra pessoa se interessaria em ter um relacionamento sério e duradouro comigo? Poderiam até querer me usar para uma noite ou duas. Mas para construir uma família... Se não for com a Andressa, com quem seria? Não tem ninguém"

— Letícia, não é porque você só teve um relacionamento recíproco comigo, que não poderá ter com outra pessoa. A gente tem muitas diferenças que começaram a gerar nossos conflitos. Você pode encontrar alguém que realmente te complete.

— Dêssa, você não entende! Não entende porque é branca e privilegiada! — Ela largou suas mãos das mãos de Andressa, fechando os olhos, segurando o choro, e mudando sua posição para fugir dos olhares da ex-namorada — Eu acreditava que você tivesse mais empatia, sabe?

— Lê, eu não... — Ela engoliu em seco. Tentou confortar a moça acariciando seu ombro.

— Você sabe da minha história, Dêssa. Desde criança, nunca fui considerada uma criança bonita no orfanato. Nem nunca fui a primeira opção dos adultos que iam lá. No entanto, já me olhavam diferente. Eu não era atraente, mas um dia eu seria. Afinal, eu não era "tão negra assim" — ela fez sinal de aspas — Eu era mulata. E então, o tempo passou e eu cresci com o corpo bem dentro dos padrões esperados. Peito e bunda grandes. Pronto! Eu estaria feita. Ocuparia o único espaço reservado a gente como eu nessa sociedade. A mulata exportação. Eu percebia, nas atitudes mais sutis das pessoas, como esse estereótipo é construído sobre mulheres como eu que, apesar de ser atrativo, me deixa numa posição insuportável onde meu corpo é sempre tratado como objeto! Esse estereótipo é o que me dificulta a não ser quem o sistema me designa a ser.

Letícia não conseguiu se conter. As lágrimas vieram e ela precisou enxugá-las rapidamente com a camisa que vestia, mas logo continuou.

— O resultado disso é a solidão. Ninguém quer uma mulher como eu para uma relação que dure mais de um dia. Eu não sou mulher disso. E quando eu me descobri lésbica, cheguei a pensar que, entre os LGBT's, mais engajados sobre esses assuntos, isso não aconteceria... Como fui burra! A situação dentro da comunidade não é muito diferente. Ainda era vista apenas como um mero objeto que não servia para uma relação madura. Até que encontrei você.

— Eu imagino, Letícia. Sou muito grata a você por ter me ajudado a ver além da minha bolha — Ela tentou consolá-la dando-lhe um abraço.

— Desculpe se fui desrespeitosa com você, mas... Saber que vou precisar passar por tudo o que passei até encontrar alguém que me aceitasse como você me aceitou é tão...

— Ei! — A loira fixou seus olhos azuis nos pretos da morena — Você não precisa se martirizar por não estar com ninguém.

— É tão difícil — Ela balançava a cabeça, sem segurar o choro.

— Mas é necessário! — Passou a mão pelos cabelos cacheados que atrapalhavam a vista da moça — Lê, eu não posso voltar com você agora.

As duas ficaram daquele modo por cerca de dois minutos, até Letícia enxugar as lágrimas e conseguir coragem suficiente para encará-la com firmeza.

— E você? O que tem a dizer?

Andressa elevou uma das sobrancelhas e inclinou o rosto.

— Como assim?

— Ora... — Ela balançou os ombros e entrelaçou os dedos — Eu me abri aqui pra você. Expus até as origens do meu sentimento. E você não me disse nada. Sinceridade, lembra?

— Letícia, eu... — Seus olhos fugiram aos dela, olhando para os cantos da sala, em busca de respostas — É verdade que nem sempre reconheço meus privilégios. É verdade também que você foi importante demais na minha vida e que ainda nutro um sentimento muito bonito por você. Ainda mais agora, que fizemos as pazes, mas... — Ela explicou e, então, deu uma pausa para dar um suspiro — Não vou mentir pra você e dizer que não estou interessada em outra pessoa.

A jovem negra arregalou bem os olhos e assim os manteve por, pelo menos, cinco segundos, enquanto a notícia que a atingiu em cheio era processada por sua mente.

— Quê? — Suas pálpebras superiores caíram, assim como o canto de seus lábios. Sua respiração, a partir de então, tornou-se mais pesada e seu coração batia mais forte. Levantou-se do sofá e ficou andando em círculos pela sala do apartamento — Então, eu vim aqui pra me desculpar das coisas por ter "imaginado" — fez sinal de aspas com as mãos — que você fez, quando era tudo verdade? E você vem me dizer isso agora com a cara mais lavada do mundo? Andressa, o que você...

— Cara lavada? — Com as sobrancelhas baixas, a jovem também se colocou de pé — Eu comecei a ficar com o Henry depois da gente ter saído!

— Então eu estava mais certa ainda! Das duas, uma: ou você me enganou esse tempo todo dizendo que era lésbica, ou tá ficando com ele para, na melhor das hipóteses, suprir uma desilusão amorosa.

— Na melhor das hipóteses? O que está insinuando? Cara, você só pode estar fora de si. Letícia, já ouviu falar em bissexualidade?

— Ah, então agora você é bi, é? — Ela pôs as mãos na cintura, ameaçando a jovem com os olhos — Achei que você fosse uma pessoa mais bem resolvida!

— E eu achei que você fosse menos intolerante. Mas acho que, com você, nem vale a pena entrar nessa discussão agora...

— A questão aqui é: você já considerava ficar com ele mesmo quando ainda estávamos juntas, Andressa?

— A questão aqui — A cantora resolveu impor mais a voz, com as sobrancelhas arqueadas e encarando a ex-namorada — é que você me disse ter vindo até aqui pra ficarmos em paz. Sem ressentimentos. Mas parece que só queria que voltássemos a namorar mesmo, ignorando a situação tensa que estou vivendo com meus pais, a pressão do meu público nesse concurso e a minha própria vontade!

A moça respirou fundo, fechando os olhos. Um silêncio perturbador tomou conta daquela residência por segundos que pareciam infinitos.

— Quer saber? — Letícia passou a mão por seus cabelos novamente, com certa dificuldade de encarar os olhos de Andressa — Você tem razão. O que aconteceu, aconteceu. Vamos fazer as pazes. A partir de hoje, a gente esquece o passado e voltamos a ser amigas. Cada uma vivendo a sua vida.

— Estou de acordo.

— E, bem... — Ela tomou coragem para fixar seus olhos nos dela — Se você mudar de ideia ou apenas quiser me ver novamente... Já te desbloqueei. E você sabe que tô morando com o seu pai.

— Sei, sim — Ela assentiu com a cabeça e, esboçando um sorriso leve, avançou até ela e a envolveu com os braços, em um abraço que foi logo correspondido — Vou precisar mesmo de um tempo para digerir todas essas informações.

— Ah! E toma cuidado, viu? — Ela disse, desfazendo o gesto — Henry é homem e, querendo ou não, uma hora ou outra ele vai ser sexista e lesbofóbico. E ainda tem a família dele que não conhecemos.

— Eu sei me cuidar — respondeu, sem querer continuar aquela conversa. Afinal, já estava atrasada para o ensaio.

Pegou suas coisas e utilizou um aplicativo para pedir alguém que viesse lhe buscar em casa. Naquele dia, nem Mariana, nem Iago e nem Henrique poderiam levá-la.

12 dias para O Dia

8 de julho, segunda-feira.

Os dias se passaram sem grandes mudanças significativas na vida dos participantes.

Em 30 de junho, a equipe de Alice Mello foi para a semifinal com suas quatro melhores vozes: Alexandre, Henrique, Ana Laura e Andressa.

A fase seguinte seria, portanto, a canção em grupo. Os quatro teriam que fazer uma apresentação juntos. A nota era única e, portanto, precisariam do apoio um do outro. No entanto, estavam tranquilos em relação a isso.

A vitória estava quase certa. A equipe de Henrique vencia em todas as pesquisas feitas nas redes sociais. Após o resultado do episódio anterior, os quatro foram aos estúdios, todos os dias, ensaiar para reproduzir o melhor que podiam no dia seguinte.

Após uma semana de treinamento com Ana Laura e Alexandre, Henrique e Andressa sentiam-se melhores do que nunca. No final daquele ensaio na sexta-feira, o casal decidiu pegar o carro e usar o dinheiro que tinha para encerrar aquela noite da melhor forma possível.

Naquele momento, Andressa não se importava com seu pai lhe cobrando que chegasse cedo ou com Mariana querendo passar um momento com a moça.

Tampouco Henrique estava preocupado em comemorar sua conquista com os pais e irmãs. Afinal, eles já não estavam torcendo por ele. Sequer moravam mais com ele. E fazia um bom tempo e já se tornara a ovelha negra da família.

O rapaz dirigiu até uma boate famosa no Rio de Janeiro que, até então, nunca tinha ido. Lá, ele e a loira dançaram, beberam, curtiram-se. Vez ou outra, encontravam-se com alguns fãs e tiravam fotos com alguns deles.

Não ficaram no local por mais tempo que duas horas. Mesmo tendo consumido bebida alcóolica, Henrique dirigiu até um motel às três da manhã e pegou o melhor quarto para os dois.

Chegando lá, beijaram-se intensamente. Os dois caíram na cama e, gargalhando, tiveram o ápice daquela noite.

11 dias para O Dia

9 de julho, segunda-feira.

Eram nove horas da manhã quando Andressa acordou. A luz solar que invadiu o quarto incomodou-lhe os olhos. Ainda estava com sono.

"Droga, vamos pagar uma fortuna por esse quarto" ela pensou.

Bufou.

Olhou para o seu lado. Henrique, que, assim como ela, estava nu, coberto apenas pelos lençóis, dormia um sono profundo. Afinal, a noite anterior fora bem cansativa.

A moça sorriu e tentou se lembrar do que ocorreu, mas falhou. Só sabia que tinha sido bom. Não haviam muitos detalhes frescos sobre o que ocorreu em sua mente.

Levantou-se, tentando ficar sentada. Respirou fundo.

De repente, sentiu algo dentro da gaveta ao lado da cama vibrar. Surpresa com o barulho, abriu-a e viu o celular de Henrique que acabava de receber uma notificação.

Ela apanhou o objeto e, curiosa, ligou-o. Suas sobrancelhas arquearam quando descobriu que não havia nenhuma senha que bloqueava o acesso no celular.

Virou-se novamente para o rapaz.

"Não. Não vou invadir a privacidade dele" ela pensou, tentando tirar a ideia de vasculhar as coisas que seu novo interesse amoroso tinha.

— Henry, é... — Ela chamou por ele, segurando-lhe no ombro e balançando devagar, sem muito efeito.

Sua curiosidade falou mais alto. Mordeu os lábios e clicou para ver que notificação era aquela logo pela manhã. Era um áudio de alguém cujo apelido era "Kim".

Caraca, muleque! Sabia que tu tinha comido aquela guria! Loirinha gostosa, viu? E caraca, logo no Bandeijinha, mano? Eu vi no ônibus e deu vontade de tocar uma lá mesmo. Vai ter mais, é?

Henrique não havia acordado com aquele som. No entanto, não precisou que ele tivesse sido terminado para Andressa ficar com o rosto avermelhado de nervoso.

"Não! Não! Não é possível que isso esteja acontecendo"

A cantora ignorava completamente o fato de estar invadindo a privacidade do rapaz. Naquele momento, queria respostas. E não demorou muito para ver, em um grupo de conversas, um vídeo que lhe parecia familiar.

Era o vídeo da primeira vez deles, nas dependências da faculdade, sendo compartilhado por inúmeras pessoas.

Sua primeira reação foi pôr sua mão direita na boca, ao reproduzir o vídeo que mostrava bem perto os dois em seu momento íntimo.

Depois, olhou novamente para Henrique, que começava a abrir as pálpebras. Dos olhos azuis da jovem, começaram a brotar lágrimas.

Aquele homem que se deitou com ela há poucas horas era o mesmo que tinha um vídeo de sexo explícito com ela.

No mesmo instante, um ódio inconformado e um nojo tomaram conta de seu organismo. Andressa não conseguia mais ficar na mesma cama que ele. Jogou o aparelho de Henry na cama, levantou-se e logo tratou de vestir sua roupa que estava jogada no chão.

Após ver a companheira se levantar grosseiramente e, de maneira estranha, esquivar-se de si, Henrique se sentou na cama e a olhou com uma expressão confusa.

— Dêssa?

Ela se virou para ele, ao ouvir seu nome, com as sobrancelhas baixas e furiosa.

— Canalha! — Berrou, fazendo o rapaz se assustar — Como pode me enganar desse jeito? Como pode deixar que me exponham assim? Qual é o seu problema?

— O quê? Do que você tá falando?

— Do nosso vídeo no teu celular, Henrique! Não se faça de doido!

— Mas, como é... — Ele fitou seu aparelho e arregalou os olhos quando percebeu o que era — Dêssa! Não sei como isso foi parar aqui! Eu... Eu não...

— Seu amigo já contou tudo, Henrique! Tudo! — Ela acabava de se vestir, colocando novamente o vestido que usara na noite anterior. Cerrava os punhos e se controlava para não agredir fisicamente o cantor — Vocês não passam de vermes! Desgraçado! Meu Deus, como não percebi isso antes?

Ofegante, a moça fitava o rapaz com ódio. Pegou um travesseiro que achou perto de si e lançou nele, na tentativa de expressar sua raiva.

— Andressa, eu posso explicar, eu...

— Cala a boca, Henrique! Não vê o que acabou de acontecer? Logo esse vídeo vai cair em todas as redes! — Ela levantou o dedo indicador e manteve com as pálpebras bem abertas — Não me procure mais, tá me ouvindo?

— Andressa, espera!

A jovem se virou e partiu, batendo a porta com força, sem olhar para trás. Seu rosto já estava bastante úmido devido as lágrimas.

Henrique, assim que viu a garota sair, levantou-se e correu atrás, mas não passou da porta. Afinal, precisava, ainda, vestir sua roupa e pagar o que foi gasto no hotel.

O coração de Andressa batia aceleradamente.

Joaquim recebera o vídeo do próprio Henrique. Como ele poderia dizer que não tem culpa nisso?

Andressa se odiava naquele momento. Por que não deu ouvidos a Letícia, que sempre lhe alertou sobre os perigos de se relacionar com um homem?

E agora? Como encararia novamente seu público?

Precisava sair dali o quanto antes e chorar pela decepção.

Naquele quarto, quando Henrique terminou de vestir sua roupa e se dirigiu a porta para ir atrás de Andressa, percebeu que era tarde. Suspirou e deixou uma lágrima cair.

Voltou a cama e se sentou nela, tentando reorganizar seus pensamentos.

Apanhou novamente o seu celular e viu o vídeo.

Realmente, pela forma que Joaquim falava, era claro que foi ele o responsável por divulgar o vídeo na rede. Subindo mais a tela, percebeu que o vídeo fora compartilhado de outra rede, cujo o dono do perfil era o próprio Henrique.

— Merda... — Ele falou, bufando.

Seu estômago embrulhara-se.

O que havia acontecido?

Como aquele vídeo foi parar lá?

Quem foi o responsável por aquilo?

Como ele se reergueria novamente após aquilo? Perdera logo Andressa, a pessoa que aprendia a amar e a considerar uma amiga que podia compartilhar suas inseguranças e ambições.

Henrique e Andressa... Ambos estavam sem chão.

Assim que Andressa chegou em casa, após vomitar no banheiro, contou sobre o que havia acontecido para sua mãe, Mariana, que tratou de pedir que Iago fosse até lá consolá-la. Não demorou muito e o homem já estava lá, abraçando a jovem e a confortando naquele momento de aflição.

Os dois ficaram por horas naquele estado, com a moça desabafando sobre suas frustrações no colo do pai.

O vídeo já circulava pelas redes sociais e nas principais plataformas de filmes pornográficos. Em poucas horas, já haviam milhares de compartilhamentos insinuando uma relação sexual entre Andressa e Henrique.

Paralelo a isso, já começaram os primeiros comentários maldosos na página oficial da cantora. Marcavam-na no vídeo e a chamavam de vários nomes ofensivos.

Andressa se enojou com tanta toxicidade que aquilo já provocava.

De repente, ouviram alguém bater a porta e Mariana, que via a cena atônita, abriu.

— Posso entrar? — Letícia, com os dedos entrelaçados e os olhos úmidos, solicitou para a irmã da dona da casa.

— Letícia, eu acho melhor você... — A mulher disse, evitando que a filha reconhecesse sua voz e ficasse ainda pior do que já estava.

— Deixa ela entrar, mãe! — A loira a interrompeu e a moça suspirou, feliz, por ter conseguido o que queria.

— Dêssa... — Ela fez conforme foi pedido, aproximando-se da garota com os olhos marejados que se cruzaram com os dela, já vermelhos de tanto chorar de vergonha — Eu sinto muito mesmo!

Quando Iago viu a filha dar espaço para que Letícia a consolasse, sentiu uma pontada de esperança que as duas reatassem o namoro. No entanto, era complicado pensar nessas coisas naquele momento.

— Oh, Letícia! Eu devia ter te ouvido! — Ela se levantou e fez um muxoxo em direção a garota, que se apressou para lhe dar um abraço.

"Devia mesmo" pensou ela, mas sem falar.

— Não fica assim, querida! Tá tudo bem!

— Me perdoa, viu? Me perdoa por ter sido injusta contigo!

— É claro que te perdoo, Dêssa! — Ela acariciou seu rosto e enxugou suas lágrimas — A gente tá junta nessa, ok?

— Obrigada! — Ela falou, e as duas se envolveram em um outro abraço, ainda mais demorado.

— Agora, a gente tem uma semana para se concentrar e te ajudar a fazer o melhor nesse domingo! Além disso, temos uma festa na casa do diretor do programa na quarta-feira pra ir, amanhã o João Victor vem aqui fazer uma entrevista contigo e, no sábado, não poderemos faltar no casamento do Alexandre!

— É... Você tem razão.

— Levanta a cabeça então, minha princesa. Se não, a coroa cai.

6 dias para O Dia

14 de julho, domingo

Cinco.

No canto do palco, João Victor, o apresentador do programa, desligou seu microfone para que somente as vozes dos cantores pudessem ser ouvidas pelo público. Observou as milhares de pessoas que ali estavam.

Era muita gente. Todas indo presenciar a penúltima etapa de um dos realitys shows mais famosos do Brasil.

Como as outras edições, o vencedor, muitas vezes, não ganhava apenas pelo fato de cantar bem. Ele precisava ter o carisma. Ter o apoio popular. Seguindo esse critério, portanto, seria fácil deduzir quais seriam os quatro jovens que disputariam o prêmio. A equipe da cantora Alice Mello concentrava o maior número de polêmicas e fãs.

Quatro.

Alexandre estava certo de que iria para a semifinal. Tinha popularidade. A fama de ser fofo, romântico e um "exemplo de homem". Pelo fato de já ser cantor há mais tempo, já viera com alguns fãs que os outros ainda precisariam conquistar. Além disso, ele se casaria na semana seguinte. Um dia antes do episódio final. E se tudo ocorresse bem, a mídia toda estaria lá.

Três.

Ana Laura subia no palco, junto com os outros três, não muito confiante, mas certa de que daria seu melhor. Ela queria muito aquele reconhecimento, que já estava alcançando. Queria mostrar para todos que não era nenhuma burra ou incapaz como sempre disseram. Seu talento a levaria longe.

Mais ainda, seu talento a permitiria realizar a verdadeira vocação que pulsava em seu peito.

Dois.

Henrique respirou fundo. Posicionou-se no local assim como ensaiara na semana anterior. Foi uma semana realmente complicada, mas ele não deixaria cair seu padrão. Dessa vez, usaria a música, que sempre foi sua maior fonte de inspiração, para afogar suas angústias e escapar da realidade, diferentemente do que costumava fazer com o álcool e com Andressa.

Ele precisou abandonar todos os seus problemas e se concentrar naquilo que mais almejava no momento.

Um.

Faltava apenas um segundo. Andressa ainda não era vista com nitidez pela multidão, pois a falta de luz deixou o ambiente como um breu. No entanto, ela estava pronta.

Não deixaria que nada a abalasse naquele momento. Nem seu pai. Nem sua mãe. Nem Letícia. Nem Joana. Nem João. Muito menos Henrique.

Ela necessitava fazer além. Aquele prêmio tinha que ser seu. Só assim ela conseguiria a paz interior que a sua entrada naquele programa lhe causou.

Zero.

Em um instante, as luzes voltaram. Os holofotes miraram em cada cantor espalhado no palco. O show de efeitos especiais era magnífico, o que levou o público, tanto a plateia, quanto os telespectadores, fascinarem-se.

Ana Laura começaria a cantar, em conjunto, a junção das músicas Despacito — de Luis Fonsi — e Shape of You — do cantor Ed Sheeran.

1 dia após O Dia – 00h02m

— Merda! Olha só! Olha só! — Dentro daquele recinto, Alexandre poderia perder a calma. Com o rosto avermelhado, as veias da testa saltando, e com as sobrancelhas baixas, o homem expressava através de gritos e murros nos objetos ao seu redor a sua emoção.

— Alexandre, você precisa se acalmar — Implorava Rose Batista, no camarim onde foi feita a maquiagem de todas as madrinhas, ao lado dos pais e da irmã caçula da noiva.

— Me acalmar? — Ela perguntou, retoricamente, fuzilando a sua líder espiritual com os olhos — Como vou me acalmar? Acabei de ser rejeitado no meu próprio casamento, perdi a metade dos meus seguidores, tenho que ficar explicando que não sou esse cara escroto que a filha deles — ele disse, raivoso, apontando para Joana e Bernardo, que pararam de lamentar por um tempo para ouvir o homem — pintou de mim! Além de terem estragado os meus planos na minha carreira, agora vou ser suspeito de assassinato!

— Bernardo, me segura se não eu vou quebrar a cara dele — A matriarca da família cerrou o punho e trincou os dentes.

— Joana, calma! O Alexandre tá nervoso assim como todos nós, tá ok?

Após bufar, o noivo resolveu pegar seu celular novamente e checar quantos seguidores ainda lhe restavam.

— Trinta mil... — Ele arregalou os olhos, assustado — De setecentos, para trinta mil... Eu tô... Eu... — Ele engoliu em seco, começava a gaguejar, mas ninguém naquele recinto se importava com o escândalo dele.

Alguns segundos se passaram, Alexandre permaneceu paralisado, em choque. Até que, enfim, seus olhos contraídos fitaram a filha mais nova da família Martins e, em seguida, para a imagem compartilhada por ela na tela de seu celular, para toda a internet.

Uma foto tirada há poucos minutos do cantor pegando um vaso e o quebrando no chão, com a legenda "Ataque de pelanca ao vivo no Estrela do Rock".

— Rayane, sua miserável! — Ele berrou. Tão alto que quem estava há, pelo menos, cem metros de distância poderia ouvir — Eu vou te matar!

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro