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16 - Amigos?

Contém 3660 palavras.

Boa leitura 💚

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Alya caminha animada rumo às plantações, a sigo em silêncio, pois sei que qualquer palavra minha vai irritá-la e, no momento, estou puto da vida para lidar com ela problemática.

Nunca fiz nada! Nem mesmo uma cama arrumei, como vou cuidar de plantações?

Fazer isso para ter onde dormir e comer é o cúmulo do ridículo!

Sou um Deus! Não posso ser tratado dessa forma, tão comum e mundana!

Imagina os demais sabendo disso?

Heimdall vai debochar disso por toda a eternidade e não suportarei ser motivo de chacota.

Essa pequena traiçoeira!

Mas vou jogar seu jogo, ela quer algo com isso, não sei o quê, mas deve ter algo sobre querer me torturar, pois duvido que essa animação toda seja apenas para colher plantações!

Quem fica feliz em trabalhar?

O campo vasto e ondulado surge em nossa visão, nesse horário começa a ser banhado pela luz dourada do sol, lindo, admito, mas totalmente diferente de tudo em que pisei. O aroma de terra e plantas impregna o local, fazendo meu nariz pinicar pela irritação. À medida que nos aproximamos das plantações, observo o tamanho delas, duas ao total, não grandes, mas de um tamanho considerável para me deixar apavorado.

Minhas mãos! Minhas doces mãos, aveludadas como seda, vão ficar cheias de calos!

Pior, ficarei sujo!

Minhas vestes são do tecido mais fino de Asgard, não são feitas para estar nesse lugar!

O que fiz para merecer isso?!

A pequena plantação de centeio balança suavemente com o vento, me deixando cada instante mais ansioso à medida que nos aproximamos dela. Alya sorri, observando suas espigas douradas com grãos robustos e prontos para a colheita.

Por tudo que é sagrado, a mulher está feliz com grãos!

Estou a ponto de desmaiar por estar nesse lugar e ela sorrindo estupidamente!

— Vamos recolher, depois vou amarrar os feixes de centeio, enquanto você os empilha para secar no sol — Alya ordena animada.

Olho da plantação para ela, sem conter o semblante perdido.

— Vou fazer o quê?

Alya suspira com a mão sob a testa.

Minha vontade de esganar esse pescoço está aumentando, custa ela explicar?

Preciso dizer com todas as letras que sou um acomodado que jamais trabalhei na vida?

Não que precise, pois tenho tudo que quero e, quando não, simplesmente vou atrás. Nunca precisei colocar as mãos na massa, pois ser o Deus da mentira é uma grande vantagem. Meu trabalho em Asgard é só fazer o caos, nada trabalhoso, apesar disso se voltar contra mim na maioria das vezes...

— Tomatinho, precisa me explicar, como quer que eu faça algo se nunca cheguei perto de um treco desse? — resmungo arrogante.

— Feixe de centeio são esses talos — Alya aponta para a plantação e explica calmamente. — Depois de serem colhidos, precisamos amarrá-los e colocá-los para secar no sol.

Olho para a plantação e então para minhas mãos.

ESSE LUGAR É GRANDE PARA FAZER ISSO!

MINHAS MÃOS VÃO FICAR COM CALOS E SEM O TOQUE DE SEDA QUE TÊM!

Sinto que vou chorar a qualquer momento e isso não é bom para meu ego.

— Loki, pode usar seus poderes, não espero que coloque as mãos na massa, mas tenha cuidado ao menos — Alya declara, sorrindo debochada ao ver meu semblante chocado para minhas mãos. — Não pode estragar os grãos.

Esses grãos que enfie onde o sol não bate, não quero estragar minhas mãos!

Começo a colher um por um dos talos, cuidadosamente usando a telecinese, prefiro manter o ritmo lento, mas satisfatório, pois não quero que ela resmungue nos meus ouvidos após isso, já estou no limite.

O trabalho não leva mais que uma hora, pelo fato de não fazermos isso como os humanos, mas após todos os talos estarem prontos para serem amarrados, acelero o processo, separando os talos e amarrando rapidamente com meus poderes e coloco no lugar indicado para secar.

— Pronto! — resmungo irritado.

Alya sorri em aprovação.

— Vamos para a plantação de aveia!

Suspiro indignado, a seguindo sem conter os resmungos.

A plantação de aveia não fica longe, dado o fato do terreno não ser tão grande. Em comparação com o centeio, é mais baixa, com folhas verdes e delicadas.

Ah! Merda!

Sinto que me ferrei agora, pois parece ser mais delicada que a outra e ela não vai deixar usar meus poderes para tirá-la daí!

— Essa é mais delicada? — suspiro contrariado.

— Sim, por isso faremos de maneira manual — Alya explica, animada demais para meu gosto. — Precisamos colher os grãos cuidadosamente.

Ela começa a colher os grãos, numa calma impressionante, tão delicada, como se sempre fizesse isso, o que de fato deve ser verdade, já que ela vive há muito tempo como humana, certamente aprendeu a viver nesse meio.

Isso me deixa tão... puto! Ela era a estrela mais importante da sua constelação, seu único trabalho era comparecer em reuniões e guiar as estrelas novas, e ela trocou isso para viver aqui.

Por que não levou a humana para sua morada?

Rana seria feliz lá, cercada de luxo e longe dessa gente.

O que esses humanos têm de especial se só fazem merda?

— Loki? — Alya me olha confusa.

Reviro os olhos, imitando-a no trabalho, sem falar nada, pois qualquer coisa que sair pela minha boca será para mandá-la à merda e falta pouco para isso.

Não sei de quem estou com mais raiva, meu pai por proibir de matá-la agora ou de Alya por me usar de empregado.

Eu, Loki, o Deus da Mentira, príncipe de Asgard, resumido a um mero empregado, sujando minhas mãos e vestes, tudo para me "submeter" a esse pequeno gnomo!

Mas ela me paga! Se pensa que não vou revidar, está bem enganada!

Ninguém me trata assim e sai impune!

Aperto um grão com mais força que o necessário, fazendo-a suspirar.

— Loki, pode, por favor, conter sua raiva? — Alya suspira pesadamente. — Os grãos não têm culpa.

Querida, estou contendo-a , pois quando explodir, não vai sobrar nada nesse lugar!

— Alya, melhor os grãos que seu pescoço — resmungo sem olhá-la, aperto mais os grãos ao escutar seu suspiro ansioso. — Me deixe quieto, não quero ouvir sua voz!

— Raramente me chama pelo nome — ela aponta curiosa. — Principalmente dessa maneira tão séria.

Mulher do cão! Agora quer apelidos? Pois vai ficar sem, meu carinho é com quem me trata bem!

— Não merece apelidos! — rosno irritado, continuando o trabalho. — No momento, é apenas uma mulher malvada que está se vingando da pior maneira.

— Para de ser dramático! — ela debocha.

Olho indignado em sua direção.

— Sua sem-vergonha! Olha nos meus olhos e me diz se isso não é um castigo? — retruco, irado.

Ela desvia o olhar, tentando conter o sorriso, mas o estúpido estampa sua face de forma que me irrita mais.

— Um pouco, admito, mas trabalho não faz mal a ninguém — ela responde divertida.

Audácia! Que vontade de enganá-la!

— Faz sim! Sou alérgico, já sinto minha pele empolar! — resmungo contrariado.

Alya ri com gosto, um riso suave e melodioso, que flutua no ar como uma música. Olho curioso para ela, totalmente envolvido pela melodia, sem conseguir desviar o olhar.

Os belos lábios rosados e carnudos, curvados delicadamente, revelando seus dentes perfeitos e alinhados, tão linda que por um instante perdi o fio do pensamento. Cada riso ecoando como uma melodia suave e contagiante, sem me conter, começo a rir junto dela.

Alya volta-se para mim, com as bochechas coradas como as pétalas de uma rosa pura, num tom intenso e fofo, totalmente inebriante. Minha mão age no automático, toco a superfície de sua bochecha corada, sentindo o calor emanando dela, tão aconchegante e fascinante em simultâneo.

Ela é linda! Como é possível um ser perfeito assim?

— Seu drama não me comove — ela murmura entre o riso.

Sorrio sem desviar o olhar dela.

— Porque é malvada! — retruco, divertido.

Os dela miraram os meus, brilhando como a estrela que ela já foi um dia, tão linda e fascinante.

Porra! Quero congelar esse momento, apenas para continuar admirando seu riso contagiante, suas bochechas coradas e seus belos olhos azuis intensos como o céu diurno sem nuvens.

— O que foi? — Alya inclina a cabeça, confusa. — Está me olhando estranho.

Ela é perfeita e com alma pura! Não posso... droga!

Recolhi a mão, sentindo-a formigar pela falta de contato, mas nada comparado ao pânico em meu interior.

Como posso desfrutar de um momento tão bom?

Alya é tudo que não sou: esperança, felicidade e paixão.

Pior que saber que não mereço nada disso, é que no final ela será destruída.

— Nada, pensei que não soubesse rir, fiquei surpreso — desdenho irônico.

Ela ri novamente, ocasionando uma avalanche em meu interior.

— Só com quem merece! — Alya pisca marota em resposta.

Piedade! Você vai me matar, mulher, estou tentando manter o controle que não possuo!

— Tomatinho, vamos continuar, senão sem comida para você! — declaro, fazendo-a rir.

Voltamos nossa atenção para a aveia, quando um leve estrondo ecoa, como algo se chocando contra a barreira. Alya, de imediato, coloca-se em pé, totalmente séria e atenta.

A energia devastadora, com um leve toque da morte, ecoa, assustando-a mais. Sem perceber, sua mão segura meu braço, num reflexo automático.

— Fique tranquila, é apenas a Hel — concluo, segurando sua mão com firmeza.

Alya me olha atônita.

— A Deusa dos Mortos? — Alya balbucia nervosamente.

Não aguento o riso diante da sua face atônita.

— E minha filha — emendo animado, fazendo-a arregalar os olhos. — Tomatinho, fique tranquila, vou vê-la nos limites da barreira, mas se não voltar, saiba que ela me matou!

— Mas ela... é sua filha... e se matá-lo é porque saiu... da barreira — Alya balbucia, atordoada.

Elevo sua mão trêmula até meus lábios, beijando-a suavemente.

— Não conhece Hel, ela tem um poder absurdo de persuasão, se aproveita do meu coração bondoso — pisco maroto.

A aura de Hel sempre demonstrou uma dualidade impressionante, de um lado irradiando vida e vitalidade, tão luminosa com as vibrações de esperança e renovação, do outro sombria e enigmática, pois emite pulsações desconhecidas, uma linha tênue entre vida e morte, mas é a primeira vez que ambas partes vibram igualmente, numa preocupação genuína e perigosa, pois a cada instante está mais nervosa.

À medida que me aproximo da praia, já consigo vislumbrar a extensa faixa de areia dourada, ladeada por altos penhascos de pedra calcária, onde as ondas do mar quebram com força, criando uma espuma branca, o céu limpo e o sol brilhando, apesar das leves rajadas de vento.

Parada na areia, em frente à barreira, está ela, Hel. Sua figura pálida é um contraste absurdo com a paisagem do local.

— Pai!

O grito angustiado, assim como seu corpo batendo contra a barreira, é automático ao me ver, quase me transportando para fora da barreira, somente para evitar que ela se machuque.

— Helzinha, tô bem, não posso sair daqui no momento, mas tô bem! — asseguro ao chegar perto dela.

Os olhos brancos dela miraram os meus, com angústia evidente.

— Por que não pode sair? — Hel pergunta ansiosa.

— Complicado, mas a estrela fez isso para evitar que eu vagasse entre os mundos, numa forma de me mandar embora daqui logo! — resmungo.

Hel olha ao redor, com visível desgosto no rosto, não por estar no mundo humano, mas pela luminosidade que deve deixar sua pele sensível. Por estar sempre na escuridão, ela tem dificuldade em estar na luz do sol.

— Vem, acho que podemos ir... — olho ansioso ao redor, à procura de algo que dê sombra para ela, sem a barreira interferir. — Vamos para a caverna!

Ela olha na direção que apontei e concorda, começamos a caminhar lado a lado, mas tão separados ao mesmo tempo que parece estranho, pois por mais que ela esteja ao meu lado, sei que não está e nem consigo senti-la. Nos limites da caverna, Hel adentra pela frente, tive que dar a volta, pois não conseguiria entrar ali por ser fora da barreira.

A caverna fica nos limites da barreira, uma linha tênue, mas suficiente. Hel não pode adentrar muito, pois a maldita barreira não permite, mas ao menos ficará longe da luz.

Hel suspira, olhando ao redor com curiosidade.

A entrada é uma abertura larga e irregular, cercada por rochas vulcânicas, o ar que circula ao redor é úmido, carregado com cheiro de musgo e minerais, a luz do sol penetra alguns metros adentro, mas é menos intensa que no exterior.

Hel se encosta contra a parede de rochas, ficando no canto um pouco escuro logo na entrada.

— Conhecia esse lugar? — ela me olha curiosa.

— Não tive tempo de explorar nada — respondo brincando.

Ela assente, ansiosa.

— Quando ia me contar que ficaria preso aqui?

— Não planejei ficar preso, isso aconteceu — resmungo.

Hel me olha acusatória, me fazendo suspirar.

— Como?

Bem... a estrela é malvada, vai me fazer de escravo para que desista do meu objetivo!

Se Hel souber disso, vai querer uma guerra!

— Tenho uma missão aqui, mas ela soube jogar e agora, se sair desse lugar, não posso voltar — suspiro descontente.

— Por que não a matou durante a luta? — Hel questiona, curiosa.

— Odin a quer viva, ao menos por enquanto — resmungo indignado.

— Deveria ter usado os humanos contra ela! — Hel retruca, contrariada.

Suspiro exasperado.

— Era minha ideia, mas Odin tem outros planos — respondo contrariado.

Tão mais fácil levar algum humano de refém para forçá-la, mas não! Ele quer...

— Que planos? — Hel pergunta, me tirando dos meus pensamentos.

— Não posso dizer — resmungo.

Hel me olha atônita.

— Nunca o obedeceu, por que agora?

— O mesmo sangue que ele usou para me salvar, selou um acordo, lhe devo lealdade — rosno irritado.

Deveria saber que sua atitude não era tão nobre! Ele nunca gostou de mim, sempre disse que, se não fosse pelo juramento à mamãe, teria me matado quando nasci.

Usar seu sangue para me salvar deixou minha alma à mercê dele, com isso, ele exigiu minha lealdade em troca. Infelizmente, não pude contrariá-lo, afinal estava desacordado e foi um acordo de almas.

— O quê?

Ela me olha completamente chocada, além de uma raiva crescendo em seu interior.

— Hel, não mencione isso a ninguém! — peço urgentemente. — Se a mãe ou Thor descobrir, eles vão pirar e sabe o que vai acontecer.

— Mas, pai...

— Também não quero que faça nada, ouviu? — a interrompo, autoritário, como ela nunca viu.

Hel assente, contrariada.

— Não consegue tirá-la à força? — ela questiona, irritada.

— Hel, se levá-la à força, essa maldita barreira a puxa de volta, não tem como — rosno irritado. — Vou precisar ser paciente para quebrar essa merda ou persuadi-la a ir comigo.

— Vai ficar pela eternidade aqui, ela não vai com você — ela debocha, apontando para mim. — Quanto ao quebrar a barreira, se não conseguiu, não consegue mais!

Sei disso!

Meus movimentos são limitados e ela não confia em mim, mas não tenho nenhuma escolha nesse quesito.

Passos estrondosos ecoam, atraindo nossa visão para a frente da caverna. Sua forma grande e esplendorosa tapa quase toda a entrada, por seu tamanho absurdo.

— Agradeço que Hel seja equilibrada, estava esperando uma luta — Thor anuncia sério.

Apesar do semblante sempre sério, um leve brilho divertido brincava em seus olhos amarelo-esverdeados, como uma preocupação.

— Deveria saber que vocês contariam — resmungo, fazendo-o sorrir. — Ao menos deveriam explicar a situação antes, ela poderia ter se machucado contra a barreira!

— Ela não deu chance, assim que escutou o início, já veio correndo para cá! — Thor replica, indignado.

— Desculpe por deixá-lo falando sozinho, fiquei preocupada com meu pai — Hel responde, envergonhada.

Olho curioso para ambos, antes de rir debochado.

— Sua sobrinha não tem nenhum respeito por você — aponto animadamente.

Thor revira os olhos.

— Sua filha, não poderia esperar outra coisa — ele resmunga.

Sim, talvez seja uma bênção que ela não seja igual à mãe.

— Como podem ver, tô bem, não posso sair, mas vai ficar tudo bem — encerro o assunto.

Quanto mais tempo ambos ficarem, mais a estrela terá informações contra mim e isso, no momento, não é a meu favor.

— Ela te pegou de jeito! — Thor debocha e aponta para Hel. — Tenha cuidado, Angrboda já sabe, pode aparecer aqui.

Merda! Tudo que não preciso é dessa maluca!

— Fale para o pai contê-la, não posso continuar a missão com ela no meu pé — resmungo.

— Vamos ver o que ele fará, de qualquer forma, se for para o interesse dele, Angrboda não vai aparecer aqui — Thor dá de ombros.

Esse é justamente o problema, ele é sádico e gosta de me torturar!

— Melhor irmos logo, esse lugar é território dela e sinto que ela está ansiosa — Thor chama a atenção de Hel — Não é bom para a missão do seu pai ficarmos muito aqui.

Hel me olha desolada, fazendo meu coração apertar.

— Vou falar com a estrela, para que possa vir aqui, ao menos até essa caverna — murmuro ansioso. — Provavelmente vou vender minha alma por isso!

— Daqui a uma semana volto para saber como está! — Hel concorda.

Sinto vontade de abraçá-la, assim como ela, pois seus olhos marejados para mim foram o suficiente para me deixar triste pela separação.

— Estarei esperando...

A ideia de colocá-lo para ajudar nas plantações saiu melhor que o esperado, pois, por mais que uma parte de mim imaginasse ele declinando, fiquei alegre ao vê-lo aceitar o desafio, mesmo que seja para seu próprio benefício.

Não imaginei que ele seria tão sensível a uma cama mais dura, embora confesse que a culpa é exclusivamente minha, pois tirei a maioria das peles que a deixam fofa e não lhe dei um travesseiro, por isso ele está machucado.

Mas era só ele criar! Ele tem esse poder, fora que o machucado pode ser curado por ele mesmo!

Loki deve ser um sádico e masoquista!

Ou talvez queira sua pena... A voz de Rasa ecoa suave como da primeira vez.

É uma possibilidade, isso poderia nos aproximar e lhe dar alguma vantagem...

Não quero isso, embora deva confessar que, apesar de tudo, ele seja animado e brincalhão. Vê-lo sofrer na colheita foi o ponto alto da manhã, talvez isso o ensine a ser alguém melhor e ele desista de seguir esse plano, seja qual for, apenas sei que envolve minha morte. Não deixarei por menos, lutarei com todas as forças pela minha vida, mesmo que tenha que mostrar para o senhor da mentira a beleza dos humanos.

A imagem dele esmagando os coitados dos grãos de aveia me faz rir novamente, tenho certeza de que ele imaginou meu pescoço ali!

Nunca ri com tanto gosto, como ri do jeito dramático dele!

Minha lembrança volta para o olhar dele no meu, tão profundo e intenso como um toque invisível, percorrendo cada centímetro da minha pele, como se ele conseguisse ver através de mim. Tudo ao redor sumiu por alguns instantes, em seus olhos encantados pelo meu riso, quase com uma curiosidade imensurável, então a mão tocou minha pele, de forma suave, mas o suficiente para me arrepiar inteira, como se o toque enviasse correntes elétricas por cada centímetro do meu corpo.

Não entendo o motivo dele me olhar daquela maneira, com essa intensidade, não quando seus olhos sempre exalam brincadeiras e insultos, mas tinha algo ali, uma melancolia profunda. Senti seu coração pesado, como se ele carregasse um peso enorme, algo que o fizesse se sentir miserável, e isso o fez se afastar de mim, assumindo sua postura costumeira de zombaria e descaso.

Mas vi algo nele que não notei até então, um abismo profundo, que ele insistia em esconder.

Ele é mais que esse mentiroso vil?

Isso... não é da minha conta!

Suspiro descontente.

Levanto com o cesto de aveia cheio, assim como os demais, deslizo os dedos sobre os grãos, sentindo alegria pelo dever cumprido. O sol já está no pino, iluminando mais abertamente o local, tingindo o campo com sua luminosidade.

Já deve ser meio-dia, Rana está à nossa espera!

Coloco a cesta ao lado das outras, quando o ar gradualmente ficou carregado de eletricidade, sinto seu olhar sobre mim. Viro levemente o rosto, Loki está a uns passos, me olhando intensamente e com algo diferente brilhando em seus olhos. Uma leve ansiedade preenche meu ser, me forçando a desviar o olhar, mas vi a chama ardente de seus olhos roxos, algo profundo que não vi em ninguém, nem mesmo nele.

Sem dizer nada, ele se aproxima a passos silenciosos, com os olhos fixos nos meus, e estende a mão para pegar o cesto de aveia. Confusa, pego o cesto para passar para ele. O calor da palma contra a minha é como entrar em contato com fogo puro, aumentando minha ansiedade.

— Demorou, está tudo bem? — balbucio nervosa.

Loki ergue o cesto e seus poderes fazem o mesmo com os demais.

— Hel queria apenas se certificar de que tô bem, desculpe por deixá-la sozinha — ele murmura aéreo. — Onde coloca esses grãos?

Aponto para o galpão a uns metros, ele assente, começando a caminhar na direção, junto das cestas em sua volta.

— Espera! Aconteceu algo! — corro para alcançá-lo. — Não é tão solícito!

Loki me olha de canto, sorrindo maliciosamente.

— Precisa se decidir, você quem ordenou que trabalhasse! — ele retruca entre dentes.

Sim, mas você não é assim!

— Loki!

Furiosa, seguro sua mão, os cestos automaticamente caem suavemente no chão, apesar do semblante atônito dele.

O coração dele pulsa numa raiva intensa, rancor, medo, mas principalmente saudade e culpa, tão rapidamente, mas o suficiente para me sufocar por alguns instantes.

Sem pensar, pulo sobre ele, abraçando-o ternamente, os braços fortes me seguram tremulamente, como se ele não soubesse o que fazer.

— Loki...

— Não, por favor... não quero ouvir nada — ele murmura, me interrompendo.

Apenas o abraço mais forte, lentamente seus braços me rodeiam, aceitando o contato, mesmo que sentisse seu corpo rígido.

— Vamos, Rana, tá à nossa espera — ele se separa suavemente, afagando minha bochecha com um carinho incomum. — Tô faminto e sei que também tá!

— Sim!

Ele sorri, voltando a levitar os cestos para o galpão.

— Loki... não precisamos ser inimigos — declaro, fazendo-o me olhar confuso. — Sim, você quer me matar e eu quero continuar viva, mas podemos encontrar um equilíbrio no meio disso.

— Você seria minha amiga? — Loki pergunta como se eu fosse louca.

— Sim, você é sádico, sem vergonha, sarcástico e tem um humor peculiar — pontuo maliciosa. — Mas estranhamente gosto disso.

Ele balançou a cabeça, incrédulo.

— Sabia que era doida!

Olho indignada em sua direção, fazendo-o rir.

— Tudo bem, amigos, então, Tomatinho!

Sorrio, me sentindo mais leve, uma amizade talvez seja melhor que vivermos nos matando.

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