15 - Helheim
Tradução:
Elskling: Querido.
Contém 3684 palavras.
Boa leitura 💚
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O estrondo ecoa por toda Asgard, tão intenso como o colidir de duas montanhas, assustador de maneira que faz Sif pular assustada, pois a mesma estava num sono profundo e foi acordada abruptamente.
A seguro firmemente em meus braços, sinto seu pequeno corpo tremular, deixando-me mais ansioso. Apesar de saber exatamente o motivo desse estrondo, não gosto de vê-la dessa forma.
— Apenas meus pais discutindo, não se preocupe — respondo ameno, beijando o topo da sua cabeça.
Sif suspira irritada.
— Sua mãe está certa, Loki foi mandado para uma missão quase suicida! — ela resmunga, se aconchegando mais em meus braços.
Suspiro descontente, pois sei que Sif tem razão.
Não gosto da ideia dele em Midgard, só de pensar que algo pode ocorrer com Loki, já fico ansioso.
— Não concordo com as atitudes do pai, ele constantemente se vinga de Loki por conta de Baldur e isso não é mais justo, ele já teve seu castigo — rosno irritado, fazendo-a se encolher levemente. — Loki esteve preso por eras, numa caverna onde era despejado veneno que fazia sua carne queimar, fora a morte de sua família, ele pagou por tudo.
Isto é um grande tabu em minha família, pois ninguém concorda que Loki já pagou pelo que fez, embora saiba que ele não fez nada de errado, afinal, ninguém deveria estar brincando de jogar coisas em Baldur para início de conversa.
Outra coisa é a troca, Hel foi praticamente obrigada a devolver a alma de Baldur, o pai sabia que ela teria que pegar outra alma no lugar e não se importou. Mesmo sendo coagida, ela usou a artimanha para que todos chorassem por Baldur, não que ela quisesse empecilhos, mas porque queria saber se todos realmente estavam de acordo com isso.
Todos julgam Loki, concordo que ele seja um pouco além da compreensão, ainda mais quando faz essas coisas, mas não posso abandoná-lo, ele é meu sangue e isso que importa.
— Elskling, não se preocupe — Sif beija delicadamente meus lábios. — Loki é astuto, saberá se virar em Midgard.
O problema é que esse idiota tem propensão de se meter em confusão nos lugares mais calmos, imagine em Midgard!
— Tenha fé nele, sei que vamos nos surpreender ao final dessa missão — Sif continua serena.
Olho incrédulo para ela, que ri levemente.
— Obviamente, estamos falando de Loki, algo ele fará — resmungo indignado. — Se Midgard ficar inteira, já será uma surpresa!
Sif ri, batendo em meu peito.
— Não fale assim, ele não é tão...
Ela para diante do meu olhar.
— Sif, nem adianta tentar defendê-lo, conheço meu irmão!
Outro estrondo ecoa, fazendo suspirar.
Eles vão destruir Asgard!
— Vou até lá — dou um beijo suavemente na sua testa. — Não precisa se apressar, somente terá sangue e a provável decapitação do meu pai, não vai querer ver isso.
☆
O enorme salão de jantar com colunas esculpidas em pedras brancas sempre exalou um ar sábio e poderoso, principalmente pelo tamanho das colunas que parecem tocar os céus. Agora, a maioria está com marcas de punhos, as paredes antes adornadas com a retratação da criação dos nove mundos, também estão parcialmente destruídas.
No centro, a mesa de carvalho maciço ainda jaz intacta, cercada pelas cadeiras representando cada um dos Deuses, onde Frigga segue comendo plena, ignorando a briga entre o pai e a mamãe.
— LOKI É MEU FILHO, NÃO PERMITO QUE O TRATE ASSIM!
O punho de Jord voa novamente em direção a Odin, a potência de mil meteoros, explodindo a parede ao fundo, pois ele apenas desvia, sem nenhuma sequela, e não devolve o ataque. Ela passa a transferir uma sequência de socos, como chuva de meteoros, cada um mais potente que o outro, sendo assim até Odin se cansar, segurando-a em seus braços, apesar da fúria dela.
A aura de Jord explode, os candelabros feitos de cristais que iluminam o local simplesmente evaporam, deixando o ambiente apenas com a iluminação natural.
— Odin, quero um candelabro novo — Frigga murmura, tomando serenamente seu hidromel. — Ou expulsarei Jord daqui, por destruir minha sala de jantar.
A cena caótica me deixa completamente estático, mesmo sendo algo habitual. Não consigo crer que Frigga não se importe com a dor da minha mãe.
— MEU FILHO CORRE RISCO DE VIDA E VOCÊ PENSANDO NUM MALDITO CANDELABRO? — Jord vocifera furiosa.
Odin suspira pesadamente, mas não interfere, mantendo-se perto de Jord para evitar que ela faça algum movimento em direção a Frigga.
— Não posso fingir que me importo com Loki, pois seria mentira — Frigga dá de ombros, simplista. — Minha sala de jantar é mais importante.
A resposta atiça mais a ira de Jord, que pula descontrolada nos braços de Odin, tentando se soltar. Corro até ela, segurando seu rosto transtornado em minhas mãos trêmulas.
— Mãe, não faça nada contra ela, não é momento e Loki precisa da gente firme — respondo ansioso.
O semblante desolado dela quebra meu coração, mas não posso permitir. Se ela fizer algo contra Frigga, o pai poderá matá-la por isso. Infelizmente, o cargo de esposa lhe dá inúmeros privilégios sobre as concubinas dele e minha mãe não tem direito a nada.
Odeio que ela fique nessa posição, nunca gostei e nem Loki. Se ele souber que o pai ou Frigga fizeram algo à mamãe, ele mesmo traz o Ragnarök apenas para matá-los.
— Loki está lá para evitar o Ragnarök, mas isso o coloca em perigo, e não fazer nada coloca você em perigo — Jord pula em meus braços. — O maldito do seu pai disse que não se importa se Loki morrer, não quero perder meus filhos!
As escrituras dizem que morreremos no Ragnarök, ele pelas mãos de Heimdall e eu por Jomungandr. Após minha luta contra a serpente, acreditei que o Ragnarök estaria extinto e não morreria mais, agora não sei no que acreditar.
Rasalhague é a estrela da constelação de Serpentário, isso significa que ela virá contra mim?
Nunca me importei com minha vida, morrer em combate é a maior honra, mas deixar as pessoas que amo infelizes é o que não quero e também não vou suportar perder meu irmão.
— Mãe...
— Não! É injusto ter que escolher entre a vida de vocês dois, eu os gerei, senti tudo e os amei desde o primeiro instante e agora preciso decidir sobre suas vidas? — Jord balbucia nervosamente.
A abraço com mais carinho, ouvindo-a soluçar.
— Loki não vai morrer, ele é astuto e inteligente, tanto que fez uma magia na joia que prende a humana nele — respondo acariciando seus cabelos. — Ele estará bem, confie nele.
Jord funga chorando mais.
Sei que estou sendo hipócrita, pois tenho os mesmos medos que ela, mas ela precisa de apoio e carinho, não alguém que a deixe mais nervosa.
— Loki é um irresponsável que adora o caos, praticamente procura por ele! — ela resmungou, contrariada.
— Ainda bem que sabe disso — Frigga comenta, chamando a atenção para ela. — Não se preocupe, se ele morrer, Baldur o tratará bem, isso se ele for para o mesmo lugar que meu amado filho, o que duvido!
Jord olha irritada para Frigga, tremendo por tentar se controlar, mas sei que quando se trata da gente, ela não hesita em lutar com o próprio punho.
— Já basta disso! — Odin interfere calmamente. — Loki não vai morrer, apenas disse que não me importo com isso porque ele é um guerreiro, deve ser tratado como tal.
Jord o ignora, encarando Frigga.
— Sabe, por ser mãe, achei que entendesse isso e não quisesse que ninguém mais sofresse a dor que sofreu — Jord inicia friamente, fazendo Frigga olhá-la chocada. — Mas me enganei, em seu coração apenas importa a vingança e, como mãe, entendo isso, mas não posso ficar calada ao vê-la desejar a morte do meu filho, como se não se importasse com minha dor.
— Jord, não é assim que me sin...
— Frigga, você é uma deusa sábia que tornou-se amarga pela morte de Baldur e entendendo isso, mas matar Loki não trará seu filho de volta e nem lhe dará a paz — Jord a interrompe seriamente, encarando Frigga com ódio. — Mas sabia que logo encontrará seu amado filho, se algo ocorrer com o meu!
O semblante lívido de Frigga é algo que poucas vezes vi, por mais que sentisse uma certa tristeza, não falo nada, pois não importa se possuo algum mísero carinho por ela, só o fato dela desejar a morte do meu irmão já é o bastante para qualquer bom sentimento se esvaia.
Odin pensa diferente, pois toma a frente da mamãe, olhando-a seriamente.
— Jord...
— Não se meta nisso, já fez o suficiente! — Jord interrompe furiosamente Odin.
Ele a olha surpreso, sem dizer nenhuma palavra.
O riso preso me faz tossir, mas o semblante do pai foi o suficiente para saber que ele notou o deboche, pois me olha entre o ombro com semblante irritado, devolvo um sorriso debochado.
Não tenho culpa! Defende muito Frigga, mas morre de medo da mamãe!
Jord segura com firmeza o queixo de Odin, puxando-o em sua direção. Ele engole seco, observando os olhos raivosos dela, totalmente tomados por sentimentos obscuros, apenas para ele.
— Quero você o tempo inteiro vigiando Loki de Hlidskialf ou farei questão de desmembrar você, assim não será preciso Fenrir fazer isso no Ragnarök — ela dá um suave tapa em seu ombro, sorrindo maliciosa. — Sabe que entre você e meus filhos, não tem escolha, eles são minha prioridade e não vou hesitar em traí-lo.
A sentença clara dela não é uma ameaça vazia, ela fará isso e, a não ser que o pai queira a terra contra ele, terá que obedecê-la.
— Ficarei de olho nele, já prometi isso! — Odin resmunga.
Jord cerra os olhos, soltando-o bruscamente e lhe dá as costas. Pelo olhar desolado, sei que Odin esperava mais, pois não está acostumado a ser tratado dessa forma por ela.
Reviro os olhos, indignado.
Ele não espera um carinho depois do que fez, né?
— Thor, vamos até Helheim, ninguém se lembrou de falar com Hel sobre o pai dela! — Jord murmura para mim.
Ah, merda! Hel vai querer invadir Midgard no menor sinal de problema e Loki ainda pensa que não é amado.
Seguro as mãos da mãe, nos teleportando para Helheim, sem qualquer satisfação ao pai. Ele já tem muito que lidar e não quero estender o desconforto da mamãe.
☆
As horas em Helheim são confusas por conta da magia do tempo que reina aqui e também pela ausência do sol como indicação, mas sei que nesse momento Hel estará no salão de audiência, cumprindo seu papel como soberana do lugar.
Consigo nos transportar até a porta da sala, dentro dela é impossível a entrada, ao menos até sermos anunciados.
Fallandaforað está na soleira da porta como de costume, um dos servos fiéis a Hel. Um homem de pele pálida e enrugada, com semblante cansado, demonstrando sua exaustão, as mãos ossudas segurando a chave enferrujada que destranca a porta de entrada. Seus olhos são duas órbitas vazias, brilhando em luz espectral, olhando em nossa direção, sem parecer realmente nos ver.
— Minha senhora já lhes atenderá — sua voz sai num sussurro rouco, como um vento uivando.
Mamãe assente sem conseguir desviar os olhos dele.
Sei que ela se sente desconfortável, pois parece estar na presença de um maltrapilho, não para menos, já que Fallandaforað usa um manto cinza-esmaecido, cheio de remendos e botas gastas. Mesmo com Hel lhe dando toda a liberdade de vestir como quiser, ele ainda prefere demonstrar sua servidão constante.
— Esperamos aqui — murmuro.
Fallandaforað mantém sua postura curvada, com a cabeça inclinada, olhando para o chão.
Sinto mamãe ansiosa à medida que os minutos passam, mas quando Fallandaforað movimenta-se para abrir a porta, ela pula, assustando o coitado.
— Desculpe, ela está ansiosa.
Ele apenas balança a cabeça e abre a porta num convite mudo.
O salão onde ocorrem as audiências que Hel participa é uma câmara esculpida nas profundezas de Helvidner, com paredes feitas de gelo negro e runas antigas entalhadas em padrões harmônicos. A luz que ilumina o local é escassa, apenas algumas tochas de chamas azuis nas extremidades da sala.
Olho ao redor rapidamente, até minha atenção ser capturada para o centro do salão. Há um trono de gelo maciço, adornado com crânios e ossos entrelaçados, onde Hel está sentada, nos olhando curiosamente.
A aparência dela está com a metade mulher e a outra um cadáver em decomposição, seus olhos vazios e frios como a morte, antes de mudar para a que conhecemos.
— É raro vê-los aqui, ainda mais interrompendo meu trabalho — Hel nos olha curiosa. — Posso presumir que não é uma visita familiar?
Jord suspira, aproximando-se rapidamente de Hel e a abraça carinhosamente por longos segundos, pegando-a desprevenida, não que a mãe não seja assim com ela, mas a situação em si é intrigante.
— Querida, amo ver você, mas não é por isso que estamos aqui — Jord murmura ansiosa.
Hel se solta, olhando-a apavorada.
— É meu pai? Aconteceu algo com ele? — Hel olha para Jord, que desvia o olhar levemente e então volta-se para mim — Tio, meu pai está... está... vivo, não é?
Me aproximo de ambas, tomando sua mão pequena nas minhas.
— É por causa dele que estamos aqui, mas ele está bem! — asseguro rapidamente.
Até o momento, se a estrela não estrangulou ele...
— Por que essas caras? — Hel nos olha confusa.
Suspiro cansado.
— Hel, seu pai está em Midgard, por ordem de Odin — inicio, fazendo-a arfar — Escute atentamente antes de pirar!
Mamãe toma a frente, falando descontroladamente toda a situação, de uma forma que não faria, mas não consigo sequer interrompê-la, pois ela está nervosa demais e vai sobrar para mim, mesmo que a forma que ela escolheu para dar a notícia esteja assustando Hel.
— Não! Ele pode morrer! — Hel ofega, assustada.
— Hel, sabemos que pod...
— Vou vê-lo!
Sem deixar que falasse, ela simplesmente some.
Pentelha! Me deixou falando sozinho!
— Essa menina é igual ao Loki! — resmungo indignado. — Sem o mínimo de respeito!
Jord dá de ombros, simplista, mas com um leve sorriso no rosto.
— Loki está em Midgard? — a voz curiosa de Angrboda me fez suspirar.
Jord a olha de leve e então vira-se para mim, totalmente séria.
— Vá para Midgard, cuidarei de Angrboda.
Concordo com rapidez demais, sumindo antes que ela mude de ideia, pois é melhor ficar responsável por Hel do que por essa maluca, afinal, não sou masoquista!
O almoço divino foi algo que realmente não esperava, talvez pudesse dar algum crédito à humana, pois além de me agradar, ela não o fez por pura bajulação. Como está disposta a me tratar bem, apesar do perigo que represento para sua filha, isso é algo que realmente não esperei.
Nunca fui desejado na minha própria casa, salvo por Thor e a mãe, talvez Hel e Fenrir, embora o último não veja há tempos, por estar preso, mas tínhamos uma boa convivência antes, então imagino que ela ainda se mantém.
Os humanos são estranhos!
Mesmo com o perigo que represento, ainda agem como se fosse um convidado do qual deve ter respeito e não estou sabendo lidar com isso.
O dia anterior ocorreu rápido demais, talvez por isso tivesse ido para a cama cedo, mas isso não explica o motivo da minha mente ferver antes mesmo do sol nascer. Não consigo parar de pensar no maldito almoço, na gentileza com que fui tratado, de forma que nem mesmo meu próprio pai o fez, e isso está me levando à loucura.
Uma leve batida na porta ecoa, me fazendo suspirar ao levantar da cama.
Por conta dos meus pensamentos controversos, não consegui mudar o quarto, nem ao menos a cama, para me dar mais conforto, tudo porque poderia ofender a humana e, em consequência, a estrela ficar puta comigo e, estranhamente, não estava a fim de conflitos.
Abro a porta sem vontade nenhuma, cada parte do meu lindo corpo dói, sinto até um ardor na nuca.
— Loki, vamos! Tenho que apre...
A voz melódica da Alya morre ao mirar meu corpo, com precisão demais para quem não me deseja.
Cruzo os braços, tensionando os músculos apenas para atrair mais seu olhar, o que funciona, para meu claro prazer.
— Tá bem, gatinha? — sorrio como idiota ao vê-la corar mais. — Seu rosto vai pegar fogo.
Ela rosna, virando-se de costas.
Aproveito para olhá-la com mais atenção, o lindo corpo envolto numa túnica escura de linho, estendendo-se até o tornozelo, com mangas cumpridas, totalmente coberta. Felizmente, o cinto de couro a prendendo na cintura deixa em evidência as curvas do delicioso corpo.
— Idiota, deveria usar roupas!
O corpo dela, mexendo-se nervosamente, somente me dá a visão mais clara da roupa. Uma calça justa de linho, presa em tiras de couro na perna, desenhando o corpo delicado, mas gostoso, de forma que deixa minha imaginação fluir.
— Loki? — Alya me olha por cima dos ombros, confusa.
Sorrio sacana em resposta.
— Me distraí com seu corpo gostoso!
O rosto dela assume uma cor totalmente rubra, mas nem a timidez a impede de virar para bater no meu braço.
— Aí! Tá gostosa, não tenho culpa! — seguro seus braços, evitando novos golpes. — Não pode me bater apenas pela minha sinceridade!
O cabelo, envolto numa trança lateral, serpenteia meu rosto, trazendo o aroma fodidamente delicioso.
Como ela quer que mantenha o controle dessa maneira? Simplesmente é impossível não falar nada, ainda mais com ela me envolvendo dessa maneira!
Ela é justamente o maior pecado que quero cometer, mas infelizmente está longe de ser meu.
É injusto!
— O que quer no meu quarto antes do sol nascer? — minha voz soa mais rouca que o pretendido, me inclino sentindo mais seu aroma — Porra! Ainda mais estando tão arrumada e cheirosa, é para me torturar?
— O quarto é meu! Posso vir a hora que quiser! — ela resmunga, indignada.
Aproximo-me do seu rosto, parando a uns centímetros, sentindo o doce hálito serpenteando o meu.
— Bem... me deixou ficar aqui, então ele é meu... — seguro uma mecha dos seus cabelos azuis, enrolando-a entre os dedos. — Mas ele pode ser nosso, não me oponho em dividir, desde que você esteja entre mim e a cama, ou pode ser por cima também!
Alya revira os olhos para meu divertimento e se afasta irritada.
— Só nos seus sonhos! — ela resmunga.
Pelo visto, vai ser mesmo! Mulher complicada do cacete!
— Ah! Meus sonhos costumam se realizar, quem sabe esse não aconteça? — retruco.
Alya suspira irritada.
— Vai se vestir, vou lhe mostrar como funcionam as coisas aqui!
Olho confuso em sua direção.
— Como?
— Vou ensiná-lo a cuidar das plantações e dos animais — ela responde simplista. — Estarei esperando na sala.
Sob meu olhar atônito, ela sai sem acrescentar nada.
— VOU CUIDAR DO QUÊ?
Nem morto!
Ela acha que sou o quê? Um servo para estar sob suas ordens e vontades?
☆
O semblante dela em minha direção apenas aumenta minha irritação, pois ela ainda teve a audácia de ficar brava pela minha demora, como se me importasse!
— Demorou! Mas não importa, vamos! — ela resmunga, saindo da casa.
Corro em sua direção, segurando seu braço com mais firmeza do que pretendia, a raiva irradiando nas minhas veias.
— Não vou cuidar de nada! — rosno irritado, apertando seu braço. — Acha que tô aqui de empregado?
Alya arqueia a sobrancelha em deboche.
— Faremos assim, vai ajudar ou ficará sem comida e teto aqui em Njal!
Nem ferrando!
— Posso me abrigar em qualquer casa e comida trago de Asgard! — resmungo, ocasionando uma risada em resposta.
Ela se solta, me olhando em deboche.
— Nossas almas se entrelaçaram durante a luta, nada sério, mas enquanto eu estiver aqui, sua entrada é permitida, mas consegui barrar totalmente sua saída, ou seja, se sair dessa barreira, não conseguirá voltar — ela anuncia sorrindo largamente.
Olho em choque em sua direção.
— O quê?
— Quanto às comidas de Asgard, não conseguirá trazer nada, pois consegui fechar todos os portais para lá.
Alya sorri satisfeita ao ver o pavor no meu rosto.
— Não acredito em você, sei que quer algo estando aqui e não é somente quebrar a barreira — ela declara audaciosa. — Se fosse isso, poderia ter pegado qualquer refém, isso faria com que eu saísse e me rendesse, mas não o fez.
Maldita! Ela usou os poderes para protegê-los, o que significa que, além de preso nesse lugar, não posso ameaçá-la de nenhuma forma.
— Você os protegeu de mim! — rosno, irado.
— Não conseguirá tocá-los, o que me lembra: não tem nenhuma casa para ficar além da minha, pois ninguém vai acolher você — Alya sentencia orgulhosa. — Então escolha: vá para a mata e cuide de sua alimentação e abrigo, ou ajude nos afazeres.
Sinto a raiva crepitando como fogo, quase como se meu interior estivesse queimando, literalmente, pelos meus sentimentos.
— ALYA!
Ela apenas sorri amavelmente em minha direção.
A vontade que tenho de torcer esse pescoço não está escrita!
— Loki, não é pessoal, mas está aqui com um propósito e não me sinto segura em lhe dar liberdade.
Porcaria! O pior é que ela está certa!
Minha missão aqui é única e não vou hesitar em cumpri-la, o que a deixa diante de um dilema ao meu lado.
Isso é castigo!
— Faremos um acordo! — resmungo, fazendo-a rir.
— Loki, não tem acordo nenhum! — ela responde debochada.
— Vamos ter uma trégua, você me mostrará tudo que preciso para ajudar, mas quero fazer um quarto decente e um banheiro melhor! — continuo sem me afetar.
Alya me olha confusa.
— Falo sério! Quero uma banheira grande onde possa me banhar, encanamento e uma cama onde meu corpo consiga ficar inteiro sobre ela! — resmungo, contrariado.
O riso dela começa a ecoar pelo local, me deixando mais carrancudo.
— Príncipe de Asgard, mil perdões pelas acomodações não serem suficientes para alguém de tão alto nível! — ela debocha.
Reviro os olhos, puxando sua mão para minha nuca, onde está machucado.
A cama maldita é tão dura, sem nenhum travesseiro, como dormir na madeira pura e não vou aguentar isso se tiver que trabalhar nessa merda!
— O que é isso?! — Alya puxa meu pescoço abruptamente, me fazendo gemer pela dor. — Ah! Loki, está todo vermelho, parece carne viva!
Meu corpo se curva completamente, apenas para que ela consiga ver meu pescoço.
— Gnomo! Tá doendo, sabia? — resmungo ao sentir a mão dela levemente na minha pele.
Alya resmunga, me soltando.
Os olhos azuis um pouco mais amenos e sem deboche, quase doces para mim.
— Faremos as acomodações da sua maneira — ela concorda e aponta para o campo. — Mas vamos trabalhar!
Suspiro descontente, mas concordo.
Como se tivesse opção!
Juro que, quando voltar para Asgard, vou estrangular meu pai!
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