13 - Acorrentados
Contém 3578 palavras.
O anel na mídia é o mesmo que Alya e Loki usam.
Boa leitura 💚
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A conversa com Odin pairou sobre minha mente durante todo o caminho até Midgard, não consegui esquecer, o motivo talvez seja pura rebeldia de não querer atender sua exigência.
O que é maior, minha vontade de matá-la ou a de contrariar os Deuses?
Não é como se eles gostassem de mim, desde o início está escrito que meus filhos darão início ao Ragnarök, mas quando Jomungandr morreu, isso foi esquecido, até o momento em que Alya fez isso.
É incompreensível ela dar início ao Ragnarök somente por amor à humanidade. Cada vez que penso nisso, sinto mais nojo, ela poderia ao menos ter arrumado uma raça mais inteligente.
O que os humanos têm de bom?
Sou terrível, mas nunca danifiquei a natureza, jamais mataria o mundo em que vivo, até porque não é uma atitude inteligente, nem ao menos compreensível os motivos deles fazerem isso.
Alya os vê como algo digno, como se eles merecessem a felicidade e não consigo compreender o motivo disso me deixar tão intrigado, já que nós Deuses não damos a mínima para eles e os humanos são nossa criação, mas ela arriscou tudo somente para ver a felicidade de uma humana.
O vilarejo está mais visível à medida que adentrei a mata, não sei onde ela mora, mas algo me puxou por entre os pinheiros. Ao menos, preciso admitir que aqui tem um certo charme, montanhas enormes, o mar extremamente azul cercando toda Njal, as casas ricamente feitas de madeira, mesmo que de maneira precária, mas não posso esperar que eles tenham tecnologias, pois ainda não estão nessa evolução.
Se conseguirem chegar lá, provavelmente eles vão se matar por conta própria.
Ao final da floresta de pinheiros, uma casinha se escondia, não exatamente pequena comparada às que contém na vila, mas certamente é minúscula para meus padrões.
Pai, custava ser alguém com títulos de rainha? Não sou acostumado com isso!
Minha atenção foi desviada para ela, deitada no colo de uma mulher, pelo carinho nos cabelos e olhar amoroso que lhe dedicava, é sua mãe humana. Ambas conversavam ansiosas sobre o futuro, a estrela com medo de enfrentar a fúria dos Deuses, tanto que fiquei impressionado.
Se ela tem medo, por que insiste em ficar contra?
A voz dela chamou novamente minha atenção, a olhei novamente, sentindo o ar em minha volta parar, tudo serpenteando numa mistura complexa de emoções. Não consegui reagir, simplesmente fiquei ali, apenas a olhando fixamente, sem encontrar palavra alguma.
Então ela me notou, claro que o faria!
Os olhos azuis tão intensos, fixos aos meus, o medo neles simplesmente se esvaiu, restando somente a coragem cega que ela possui.
Por que ela é teimosa?
Custa se entregar?
Meus questionamentos morreram ao vê-la abrir a boca para ser desaforada comigo, me fazendo esquecer qualquer sentimento, restando somente a raiva.
Ela é a pior coisa que me aconteceu e vai pagar por cada segundo que estou perdendo!
Dentro do portal, não tive que esperar muito, cada instante mais seguro do rumo que aquela luta levaria, mas nada me preparou para vê-la atraída pelo meu perfume. Certo que a culpa é minha, não totalmente, mas a minha fragrância é especialmente produzida pelo meu corpo com magia, ela é para atrair a minha presa quando necessário, mas não usei contra ela.
Para que estimular sua vontade se não posso aproveitar?
Mas nos olhos dela havia um toque de desejo, algo intenso que contrastou com seu rosto puro, uma centelha de ardor em seu olhar, com tanta energia que seu olhar iluminou numa luz azul sem que ela percebesse. Meu olhar foi atraído para seu corpo inteiro. Ela é delicada, mas suas curvas são bem desejáveis. Se a luta não fosse uma ordem de Odin, gostaria de realizar o que quero: deslizar as mãos sob sua pele translúcida, saber se ela tem pintas sobre ela, ou se é apenas no nariz arrebitado e bochechas redondas.
Droga! Como queria brincar com ela, mesmo que isso me levasse a desobedecer a Odin, o que estou tentado a fazer, o que me segura é apenas a possibilidade daqueles que amo morrerem.
Se existir Ragnarök, meu irmãozinho vai morrer e não quero isso. Thor é o único que considero meu irmão, mesmo que não demonstre, não da maneira certa, mas o que a mão esquerda faz, a direita não precisa saber!
Esse é o único motivo que me segura, pois estou acostumado a jogar com fogo, brincar sem pensar nas consequências, pois a situação é mais excitante assim. E ela me estimula a cada momento, seus golpes ferozes, me desafiando a intensificar nossa luta e queria isso, mesmo que meu sangue fervesse, mas essa seria diferente, não posso cair por estar animado.
Senti a constelação se formando, cada instante a imagem dela puta comigo apenas me animava mais, e ela não decepcionou ao saber a verdade.
Infelizmente, existem mais coisas do que imagina, ela deveria entender a dica que dei na nossa primeira luta... sou o Deus da Mentira, nada é como parece.
O resmungo dela me tira das lembranças da nossa luta.
Alya olha irritada para o anel de prata escuro como se fosse uma praga, o que de certa maneira é. A cobra nele é o que ocasiona dor sempre que ela pensa em me ferir, pois a serpente esquenta com o veneno contido nela, além das runas usadas para livrá-la da conexão com a barreira, então de fato é sua praga, já que é sua prisão, mas é ironia sentir o mesmo que ela. Odeio ser preso, nunca usei um treco desse, nem com Sigyn, nem mesmo Angrboda, aliás essa última vai me matar se ver esse anel, o que me deixa preso em Midgard, pois não estou a fim de brigar com ela por estupidez.
— ALYA!
A mãe humana dela berra, correndo desesperada para perto da filha, abraçando-a ternamente, um gesto bem peculiar, mas familiar, a mamãe é exatamente assim.
As mães são iguais mesmo em raças diferentes?
— Ah! Frigga, obrigada!
A humana começa a soluçar, clamando agradecimentos a Frigga, alegre pela Deusa interceder e poupar a vida de sua filha.
Os humanos são burros!
Frigga jamais iria interferir se isso a colocasse contra Odin.
Não consigo controlar o riso diante da cena, a humana se afasta de Alya, me olhando em choque, percebendo minha presença apenas nesse momento.
— Frigga é a primeira a querer a morte dela, se fosse você, pararia de agradecê-la — cantarolo maroto.
— O que ele faz aqui? — ela sussurra para Alya, me ignorando totalmente.
— Longa história... — Alya resmunga, evitando me olhar. — Não se preocupe com ele, está tudo bem.
A humana olha intrigada da filha para mim.
— Não gosto disso! — ela murmura para Alya.
Audácia! Humanos estúpidos! Ela deveria estar de joelhos clamando por minha misericórdia!
— Primeiro, não sou surdo, tô escutando tudo que fala — aponto irritado para ela — Segundo, deve mostrar respeito, sua ignorante, sou um Deus!
Ela me olha chocada, se encolhendo levemente, suspiro em contentamento pelo efeito.
O vento assobia, trazendo uma mão pequena, mas poderosa, para minha nuca. A dor insuportável se espalha.
— Aí!
Alya, me bateu?
Esse gnomo tá achando que é quem?
— Fale direito com minha mãe, seu nome é Rana! — Alya rosna, irritada.
Me viro furioso em sua direção, o corpo pequeno serpenteia o meu, tão perto que deixa evidente nosso contraste de altura.
— Tá brincando com sua sorte, lembre-se de que posso matá-la quando quiser! — vocifero irado.
Alya levanta a cabeça sem vacilar, olhando fixamente em meus olhos. Posso ver a raiva neles, tanta que o anel vibrou, queimando sua pele. Mesmo assim, ela continua a me encarar.
— Faça o que quiser comigo, mas não atinja minha mãe! — ela rosna.
Ela acha que devo obedecê-la agora?
Mulher do cão!
— Escuta aqui, voc...
A mão pequena circula meu braço, apertando-o e interrompendo minha fala, as unhas cravando em minha pele, de uma maneira que não gosto, minha pele queima pelo ardor.
Seu olhar feroz nada igual ao que vi na batalha, nesse momento apenas jaz uma fúria intencionada apenas com o pensamento de ferir sua mãe. Isso me paralisa totalmente, pela primeira vez minha mente está em branco.
Ele iria tão longe...?
— Loki, estou falando sério! — ela vocifera furiosa. — Não precisa fazer nada, basta não a tratar dessa forma.
"Loki, jogue o jogo dela se quiser sair vencedor", a lembrança da conversa com o pai ecoa em minha mente, me fazendo rosnar irritado.
Não acredito nisso!
Sério que tenho que recuar?
Me viro para a humana... Rana, que nos olha curiosa e atônita, compreensível dada a nossa situação.
— Rana, prazer em lhe conhecer — me curvo levemente como um cavalheiro. — Sou Loki.
Rana me olha com espanto completo, ao contrário de Alya, que revira os olhos, percebendo meu claro deboche para com sua mãe.
Quase sinto pena da humana por achar que me curvar é sinal de respeito, faço isso nem com meu pai.
— Senhor Loki, perdão... por minhas palavras, mas somente... pensei na minha filha — Rana balbucia nervosamente.
Bom mesmo que mantenha o respeito! O fato de estar pacificamente aqui não significa que não possa mudar de ideia.
— Apenas mantenha o respeito e me chame pelo nome — resmungo.
— Certo, mas o que realmente faz aqui? — Rana olha ansiosa de Alya para mim.
— Mamãe...
Observar Alya gaguejar para falar toda a luta é o ponto alto. Suas bochechas coram e ela adquire um olhar irritado à medida que narra, desde o início, de como a guiei para que ficasse presa a mim e isso apenas aumenta meu ego.
— Isso... é um casamento? — Rana olha confusa para os anéis em nossas mãos.
— Nem morto!
— Nem morta!
Falamos juntos, fazendo a humana rir levemente.
Nunca vou casar de novo, uma vez basta para ter certeza de que só dá merda!
Ainda mais com esse tomate!
— É apenas para prender sua filha e evitar que ela me mate, até conseguir quebrar essa barreira — resmungo.
— Então pretende levá-la para Asgard? — Rana murmura, sofrida.
— Toda ação desencadeia uma reação, Alya provocou isso quando venho para cá, apenas tô cumprindo ordens... — retruco entediado.
Os olhos escuros da humana marejaram, claramente temendo pelo futuro da filha.
— Loki, vou mostrar onde vai ficar — Alya murmura antes que a mãe colapsasse.
Não vejo a hora de um bom banho de sais!
— Maravilha! Quero meu banho bem quente!
— Pegue a água e esquente! — Alya resmunga, apontando para o poço.
Sigo o olhar do poço até sua casa, sentindo um pânico me tomar.
Elas não têm água em casa?
— Vocês têm que levar a água até lá? — minha voz sai aguda demais, fazendo-a suspirar — Onde tomam banho?
— Tem um balneário dentro de casa, só é preciso pegar a água enquanto as pedras esquentam e depois colocar tudo no tanque — Alya resmunga, evitando me olhar.
E quanto às banheiras?
Preciso do meu banho de sais!
— O QUÊ?
O semblante tedioso de Alya apenas aumenta minha aflição.
— Ficou surdo? — Alya arqueia a sobrancelha em deboche.
Ela tá brincando comigo!
— Isso não é trabalho para mim! — rosno, indignado.
— Fique sem banho, não poderia me importar menos! — ela dá de ombros, seguindo para a casa.
Sua estúpida! Tenha consideração com meu sofrimento!
— ESPERE! Como quer que eu faça algo que nunca fiz? — resmungo ansioso.
Alya suspira, olhando irritada para o céu e então para mim.
— Loki, é só pegar água no poço enquanto as pedras aquecem na lareira e depois levá-la ao balneário. Tem um tanque lá onde você despeja a água junto das pedras quentes para mantê-la aquecida — ela explica lentamente como se eu fosse um idiota — Você ainda pode usar seus poderes para isso!
Isso é trabalho para os servos!
— Nem morto!
Ela me ignora por completo, adentrando na pequena casa.
Não acredito que ela fez isso! Seu coração só tem consideração por poucos!
— ALYA, PELO AMOR DO MEU PAI! NÃO SEI FAZER ISSO E NÃO QUERO FICAR SEM BANHO! — corro atrás dela, entrando na casa sem prévio convite.
Alya se vira com o semblante irritado.
— Loki, não é difícil!
É, sim, sou contra afazeres domésticos! Minhas maravilhosas mãos não podem ficar estragadas!
— Faça você então! — resmungo emburrado.
— Não, vou arrumar o meu banho, se quer o seu, faça você! — ela rosna.
Suspiro irritado, virando para a humana mãe.
— VOCÊ! Faça um banho para mim!
Rana nos olha atordoada, mesmo sem encarar Alya, ainda sinto sua raiva direcionada para mim.
— Ela não é sua empregada!
Pelo amor dos peitos da Angrboda! Preciso bajular a humana para conseguir o que quero?
— Hum... Rana... faça meu banho... por... favor — as palavras saem com dificuldade para a alegria da humana.
— Claro, querido, vou lhe mostrar como fazer — Rana responde gentilmente.
Ao menos, ela é uma boa pessoa!
Olho triunfante para Alya, que somente revira os olhos em descaso.
☆
A casa de Alya fica aninhada entre os altos pinheiros que a cercam, num terreno inclinado, que proporciona a vista parcial da floresta, de uma maneira intrigante. Diferente dos palácios de ouro ou prata em que os Deuses moram, a fachada da casa é revestida em toras de madeira de pinheiro empilhadas horizontalmente e entrelaçadas nos cantos com postes de madeira fincados no chão para a firmeza da estrutura, paredes bem robustas para isolar o frio, grandes janelas que permitem iluminação natural e ventilação, telhados cobertos por telhas de ardósia ao invés de materiais preciosos, um grande contraste com o que conheço.
Me aproximo da varanda ampla que envolve a casa, onde jaz duas cadeiras de madeira, provavelmente onde Alya e a mãe sentam para apreciar a companhia uma da outra. Apesar de ser de um material comum, o trabalho é até perfeito.
Ao menos não é uma espelunca!
Suspiro, entrando novamente na casa.
Logo na entrada, o primeiro cômodo é uma sala retangular com teto alto. O interior da casa contém um piso de tábua escuro, mas bem limpo, lareira feita de pedras empilhadas no canto com uma chaminé para a saída da fumaça. Alguns bancos de madeira ao redor das paredes, cobertos por peles de animais, têm até um banco de dois lugares que possivelmente serve de cama também.
— Querida, vá preparar seu banho, o levarei até meu quarto, podemos dividir o seu — Rana murmura para Alya.
Os olhos azuis se voltam para mim, numa clara desconfiança, e então ela mira ansiosa a mãe.
— Mamãe, melhor ficar na casa de Leif, não confio nele perto da senhora — Alya resmunga.
Ei! Não ataco ninguém!
— Não a quero sozinha com ele — Rana retruca.
Senhora? É sua filha que quer me matar aqui!
As duas continuam conversando como se eu não estivesse aqui, um ultraje bem irritante!
— Alya não pode ficar sozinha com ele em casa! — Rana balbucia nervosamente.
— Por quê? — Alya olha entediada para a mãe.
A face horrorizada de Rana quase me faz rir, principalmente pelo real sentimento de confusão de Alya.
— Ele é um homem... você... você é mulher... ficarei aqui, para sua segurança! — Rana balbucia nervosamente.
Não aguento a gargalhada pelo seu embaraço, fazendo ambas corarem como tomates maduros.
— Não precisa de uma casa para ter sexo — respondo divertido. — Na floresta também é interessante, até mais excitante com a possibilidade de alguém ver.
— LOKI!
A face de Alya, antes vermelha, agora começa a ficar quase roxa, não sei se pela vergonha ou raiva.
Sorri malicioso por vê-la tão embaraçada, quase consigo sentir sua inocência e é mais excitante do que gostaria de admitir.
Talvez seja bom a mãe ficar, Alya é gostosa demais para seu próprio bem, ou para minha sanidade mental, pois sei que ela não vai permitir nada e não curto nada à força, gosto sim de conquistar, mas nada dá mais prazer que uma presa se entregar.
— Mamãe, não acontecerá nada, então não se preocupe com isso! — Alya resmunga, evitando me olhar — Mas a quero longe, você é meu ponto fraco e estar perto dele facilita dele fazer algo. Ficarei mais tranquila se ficar longe, ao menos à noite, quando dorme.
Ela acha que vou atacar sua mãe enquanto a mesma dorme?
Calúnia! Posso atacar ela, é mais prático!
— Se ele prometer manter as mãos para si! — Rana resmunga, me olhando seriamente.
Manter minhas mãos longe dela?
A humana acredita que sou um pervertido?
Desvio o olhar para Alya, analisando seu corpo minuciosamente sem querer, realmente não é algo que evitaria.
É... não posso negar que ela é atraente... até demais...
— Não posso prometer isso — respondo rouco. — Será um juramento em vão, e é golpe baixo até para mim!
— Mas eu posso! Ainda não enlouqueci, jamais dormiria com alguém como ele! — Alya resmunga entredentes.
Olho confuso para ela.
— Alguém como eu?
— Um mentiroso, frívolo, que pega qualquer coisa que respire! — ela responde ácida.
Que vadia!
— Maior calúnia! — coloco a mão direita sob o peito, numa cara de coitado. — Já estive com espectros, elas não respiram, então não "pego qualquer coisa que respira".
O olhar de ódio dela me faz rir mais, principalmente por ver seu dedo anelar queimando.
Isso vai ser divertido...
— Querida Rana, poderia me mostrar onde vou ficar? — pergunto sereno para a humana mãe. — Quero deixar minhas coisas e preparar um banho.
Rana olha para Alya em busca de orientação.
— Ele fica no meu quarto, deixe que mostro, assim tiro minhas coisas para levar ao seu — Alya responde de má vontade.
Rana assente, indo em direção ao seu quarto, provavelmente para pegar suas coisas. Alya faz o mesmo, me chamando num resmungo.
O pequeno corredor separa o que parece dois quartos, um em frente ao outro e ao fundo do corredor, o que deve ser o balneário. Alya adentra ao cômodo do lado esquerdo e me dá espaço para entrar ali, quase enfarto ao ver o cubículo.
NÃO DORMIREI NISSO!
Paredes de toras de madeira entrelaçadas para proporcionar isolamento térmico, a cama de solteiro feita de madeira de pinheiro, forrada com fino colchão e peles de animais, que certamente a deixam dura, uma cadeira de descanso de madeira coberta de peles e uma mesa rústica no centro, onde jaz alguns pergaminhos e carvão. Parece que a estrela gosta de escrever, pois ao ver meu olhar, rapidamente corre até a mesa os recolhendo.
Continuo minha inspeção sem alarde, pois meu choque no momento é maior do que tudo, nem ao menos iluminação tem!
É lamparina a óleo!
Alguns baús de madeira ao canto e um na frente da cama, onde são guardados os pertences, já que Alya começa a tirar todas as suas coisas.
Algumas tapeçarias nas paredes, utensílios de cerâmica para decorar e uma pequena lareira de pedra no canto, peles de animais espalhadas no chão, mas, em geral, tudo muito pobre.
— TÁ FELIZ COM ESSE CASTIGO? — berro, olhando para o teto, como se Odin estivesse ali.
Alya para no meio do quarto, me olhando como se eu fosse louco, talvez seja!
Ou vou ficar, um dia, nesse lugar sem conforto, vai me enlouquecer.
— Mulher, seu castelo era lindo, como largou tudo para ficar nesse lugar... — olho descrente em volta e para ela. — HORRÍVEL!
Alya suspira, voltando a organizar suas coisas sob a cama na pequena colcha de pele de animal para levar ao outro quarto.
— Loki, fiz isso por amor, quando se ama alguém, a felicidade dela é mais importante — ela responde sem me olhar — Fora que, quando somos felizes, luxo não é nada.
Olho descrente em sua direção.
— Não tá falando sério!
— Antes era rica sim, tinha meu enorme palácio, cheia de joias e ostentação, mas me faltava o mais importante e, mesmo em meio a tanta riqueza, me sentia infeliz — Alya sorri leve com a lembrança. — Agora posso não ter nenhuma riqueza, mas tenho algo melhor, o amor e uma família.
Não acredito nisso!
— Besteira!
Tenho amor, meu irmão sente isso por mim, ao menos Thor demonstra, a mamãe também me ama, meus filhos... acredito que Hel sente isso também e sinto o mesmo por eles, mesmo assim gosto do meu conforto!
— Está confundindo! — Alya resmunga, atraindo minha atenção. — Não precisa abandonar o conforto, falei da minha experiência, onde tinha tudo que poderia imaginar, mas não tinha amor, e você tem as duas coisas.
Reviro os olhos, lhe dando as costas.
— Tô cansado, onde posso tomar banho? — resmungo indignado.
Alya suspira, resignada, saindo do quarto e apontando para o cômodo no final do corredor.
Sigo sua orientação, observando Rana dentro dele, preparando meu banho.
O balneário é ricamente construído em madeira com telhado de colmo para manter o calor, o tamanho minúsculo, chão de pedra e ao centro um sistema de aquecimento feito de uma lareira, onde são aquecidas as pedras e depois transferidas para o canto no chão da stofa, criando um ambiente quente e úmido, além de um tanque de madeira que certamente dá para as duas, mas jamais vai caber meu corpo ali.
Vou tomar banho em pé, sem poder relaxar meu corpo, MARAVILHA!
— As pedras já estão aquecidas, só jogar na água para aquecê-la — Rana responde serena.
Que adianta se vou ficar em pé nessa merda e provavelmente a água vai ficar fria mais rápido!
Entendo que as duas moram sozinhas, se houvesse um homem, o tanque seria maior, mas não consigo impedir o ranço que sinto por isso.
Viro para a humana que manteve o olhar amoroso como uma mãe em minha direção, travando qualquer xingamento que viesse a surgir.
— Certo... hum... obrigado.
Rana sorri meiga em resposta.
— De nada, querido, pode levar o tempo que precisar.
A observo sair sem acrescentar nada.
Nem morto, tomarei banho nisso novamente, hoje basta!
Amanhã vou construir um banheiro de verdade, com uma banheira para relaxar!
Sem falar no quarto, preciso de uma cama confortável, com um colchão de verdade, não aquilo duro que provavelmente vai me render uma bela dor nas costas!
Olho irritado para o teto, minha raiva pelo meu pai aumenta, pois sinto que ele está se divertindo com isso, essa missão mais parece um castigo.
— Quero conforto ou vou me rebelar! — resmungo irritado.
Espero que Odin me atenda!
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