Contém 3738 palavras.

Boa leitura 💚

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O local escolhido por Loki difere do último, totalmente isolado, os ventos dançam ao nosso redor num vórtice forte e sagaz. A atmosfera carregada pela aura sombria do Deus, em contraste com os aromas do lugar, o deixa um pouco sombrio e misterioso.

Um largo arrepio percorre minha espinha ao analisar cuidadosamente a terra levemente molhada, os pinheiros ao redor e o vento uivando furioso, pois é como um cenário feito para me deixar apavorada, é igual à clareira que tem perto da minha casa, mas sombria, tudo para me desestabilizar.

Loki me observou o suficiente, quantas horas ele levou para isso?

Ele deve conhecer meus hábitos, quem são próximos a mim e sabe exatamente como me manipular.

O vento serpenteia ao meu redor, trazendo consigo um aroma diferente. Olho ansiosa para os lados, procurando por algo, quando um vulto entra no meu campo de visão, uns cinco metros à minha frente. Nossos olhos se encontram, roxo no azul, os dele brilham em determinação dominada pela raiva e os meus pela esperança de paz, a tensão palpável no ar.

Loki sorri em puro desafio, aproximando-se lentamente. Cada instante, o vento bate contra ele e em minha direção, trazendo o aroma misterioso.

Seu perfume!

Uma mistura intrigante, algo que exala o perigo puro. Fecho os olhos, permitindo que o aroma me serpenteie. As memórias da nossa luta se misturam com o momento atual, notas amadeiradas e picantes intensificam, deixando uma sensação estranha no meu corpo, algo como urgência e um leve formigar.

Meu coração acelera pela sensação de perigo me rodeando, como se tivesse um aviso pairando no ar, algo que me diz para correr para longe, mesmo que não consiga mover meu corpo.

— Já teve perto de homens? — a voz de Loki soa brincalhona.

Abro os olhos, vendo-o parado na mesma distância sob um olhar divertido.

— Claro! — resmungo, ofendida.

Ele acha que fiquei presa esse tempo inteiro em Midgard?

Convivi com inúmeros humanos, de ambos os sexos, antes disso também já estive em contato com alguns Deuses, então essa pergunta é estúpida e sem sentido!

— Não estrelinha, digo no sentido de prazer — ele pergunta malicioso e seus olhos arregalam-se diante da minha face confusa — Porra! Alya, nunca teve com ninguém?

Ele está dizendo... que ultraje!

Não é da conta dele se estive com alguém!

— Pela barba de Odin! O que isso tem a ver com a luta?

O sorriso estúpido dele aumenta ao ver meu embaraço.

Presunçoso, arrogante! Com tantos Deuses, por que Odin mandou o mais imbecil?

Prefiro Thor com sua frieza nas lutas, ou talvez a imprevisibilidade de Týr, pois ele nunca demonstra sentimentos, não chega a ser um guerreiro frio como o Deus do Trovão, mas suas lutas são épicas.

— Tem muita coisa, acredite, é inesperado até para mim — Loki sorri triunfante. — Não imaginei que ficaria dessa forma, mas também não poderia vir aqui sem um belo banho de sais, sabe, minha pele é sensível, precisa ser bem perfumada.

O quê?

— Não estou entendendo onde quer chegar!

— Ah! Ainda é ingênua! — ele cruza os braços numa postura arrogante — Quase me deixa com pena, mas não tenho coração.

— Espera, o que está falando? — olho exasperada em sua direção.

— Tá excitada com meu perfume, por isso perguntei se teve na presença de homens — ele dá de ombros simplista. — Não presto, mas não acho justo seduzi-la para levá-la até Asgard.

Excitada? Ele acha que eu... estou desejando ele?

— Até porque não me dariam tempo, então nem posso aproveitar seu corpo delicioso — ele continua resmungando — Acredite, gosto de prazer prolongado, afinal, não tem a menor graça durar segundos!

Olho em choque em sua direção.

Ele continua com seu discurso idiota, como se fosse algo de suma importância.

Não acredito nisso! Ele acredita que estou excitada com ele?

Pior, que permitiria que me tocasse?

— Ficou maluco? — rosno irritada, interrompendo seu monólogo — Nem nos seus sonhos!

— Suas pupilas estão dilatadas, face tão vermelha que suas pintas sumiram, respiração ofegante e me olhou com desejo, isso é sinal de excitação — ele da de ombros, sereno, apontando para si mesmo — Não julgo, sou maravilhoso, sei que posso dá-la o maior prazer da vida, sexo comigo é bem excitante, mas tem que pensar em mim aqui, tenho uma missão e não posso me distrair.

Que idiota!

Essa é a pior tortura que Odin poderia me dar!

— Seu ego é impressionante!

— Não é só o ego — ele pisca maroto — Sou um verdadeiro delírio.

— É um idiota, isso sim!

— Tá escrito nos seus lindos olhos como se sente.

Loki cruza os braços, me olhando tão seguro, a certeza exalando por cada poro, apenas me exasperando ainda mais.

— Sim, estou quase vomitando a minha repulsa aqui! — resmungo.

— Oh? Não, amorzinho, seja honesta com suas emoções! — os olhos roxos brilham em malícia, enquanto um estúpido sorriso surge em sua face. — Não pode mentir o que tá sentindo, não para mim.

Frigga, me dê paciência!

— Acredita que estou mentindo? — rosno, apontando para ele. — Não vejo nada de mais em você!

Ele arqueia a sobrancelha com um estúpido sorriso.

— Sim, sou alto, corpo bem definido, diria esculpido pelos Deuses, mas é ser honesto demais — ele ri em deboche — Tenho grande... grandes músculos, ninguém jamais reclamou da minha... companhia, minha fila é bem extensa...

Ele só pode ter batido a cabeça quando nasceu, não é possível ser tão idiota assim!

Será que Jord o derrubou? Ou até mesmo Odin?

— Está sendo exagerado, mas é compreensível dado seu ego!

— Mesmo? — ele faz uma careta de desagrado. — Juro que senti seu olhar pelo meu corpo como se me desejasse.

Meu olhar automaticamente foi ao encontro dele.

A fraca luz revela cada detalhe do seu corpo com uma precisão desconcertante. Ele é alto, bem alto, diria, seu corpo também é bem evidente, não igual ao Thor. Loki é esguio, seus músculos definidos, mas não de maneira exagerada, criando uma linha perfeita entre elegância e força. Sua túnica negra contrasta com a pele cremosa, dando mais evidência para seus músculos, pois é bem justa ao seu corpo, deixando a minha imaginação fluir à medida que olho para ele.

Meu olhar sobe e desce tão lentamente, contemplando com um certo desejo a beleza dele. Os cabelos ao vento, apesar de bagunçados, emolduram seu rosto simetricamente perfeito.

Um sorriso maroto surge no seu rosto estupidamente desenhado, os olhos roxos brilhando em alegria, de maneira provocativa e irritante. O vento serpenteia ao redor dele, bagunçando mais seus cabelos verdes, fazendo-os ficarem mais rebeldes.

— Ainda bem que não sou nada de mais — a voz rouca preenche o lugar — Seu olhar tá secando meu corpinho normal aqui.

Idiota!

— Pelos cabelos de Sif! Cala boca!

Ele ri, aproximando-se tão lentamente como um predador, os olhos brilham perigosamente, o vento continua a trazer seu aroma, me forçando a ignorá-lo por completo, pois, por mais que pense que ele está errado, seu aroma ainda parece como um feitiço, me envolvendo de uma forma bem irritante.

O idiota deve estar usando algo para me distrair, pois não senti nada disso na primeira luta!

Loki está agindo confiante demais, ele tem algo em mente, mas o quê?

Isso não é algo que consiga ver, seu coração está mergulhado numa densa névoa, tão impenetrável que é impossível visualizar, já seu semblante varia a cada instante, suas emoções agem de acordo com o momento.

Ele é totalmente imprevisível!

O aroma dele se intensificou, forçando-me a tentar manter a calma.

Frigga, me ajude!

— Isso, precisa resistir a mim, ou essa luta vai ser de outra forma, não que seja uma ideia ruim — ele sorri, deslizando o olhar pelo meu corpo. — Só de pensar na reação dos Deuses, principalmente meu pai, ao saber como consegui levá-la para Asgard, fico mais excitado!

Como Jord pariu um idiota desse?

— Você é um completo imbecil!

— Estrelinha, não fique chateada, também me anima a possibilidade de desfrutar desse corpo gostoso — ele pisca maroto — Mas ainda quero matá-la.

O brilho malicioso em seus olhos somente demonstra a verdade em suas palavras, ele não se importa com nada além de me ferir. Olhá-lo estremece minha alma, pois sei o quão perigoso ele é, suas intenções são as piores, é provável que ele se aproveite para me matar nessa luta, ele é imprevisível e jamais obedeceu ninguém.

Por que faria agora?

— Sua missão é me levar até Asgard, mas não importa se eu morrer aqui.

— Finalmente percebeu! — ele bate palmas — Não dou a mínima para os idiotas de Asgard, tudo que quero é quebrar você!

Os céus começam a se agitar, cada instante que o olhar dele inflama, as nuvens se contorcem e tapam as estrelas, deixando tudo num breu total. Lentamente, chamas surgem ao nosso redor, num grande círculo, iluminando onde estamos, embora não deixasse o ambiente mais acolhedor.

Nunca fiquei na escuridão completa, ainda mais sem sentir nenhuma conexão com os céus. Mesmo aqui em Midgard, no corpo dessa humana, ainda consigo entrar em contato com os astros, mas Loki barrou totalmente nossa comunicação.

— Sinto muito, mas nessa luta não terá comunicação com o cosmos, mas não se preocupe, que vou deixá-la usar seus poderes, mas sem visão que permita antecipar meus movimentos — Loki anuncia sério.

Ele jamais cometeria o mesmo erro...

Droga! O que farei?

Ele não pode ser enganado, na última luta, consegui enganá-lo pura e simplesmente por agir no momento, mas agora é diferente, ele cortou os meios de uma possível intervenção do cosmos.

A fraca luminosidade das chamas começa a ser absorvida por sua capa longa e fluida, provavelmente feita para absorção da luz, uma precaução a mais contra meus poderes. Analiso cuidadosamente o tecido, todo bordado com runas antigas, não somente na capa, mas sua túnica também contém as runas. Alguns padrões reconheço como feitiços de ilusão e disfarce, desço o olhar até seus pés, a bota de couro preto não é exatamente uma armadura, mas as runas gravadas são para lhe conceder agilidade e eficiência no escape.

As vestes dele se iluminam com as runas antigas de proteção e preparo para a guerra, muitas com assinaturas do próprio Odin, o que demonstra sua proteção para com Loki, o pai de todos o preparou em cada centímetro de suas roupas e possivelmente seu corpo também.

— Aprendeu com a primeira vez? — pergunto ácida.

Não consigo ver nada, nem mesmo a sua malícia, tudo está um breu total como o céu, me sinto perto de um buraco negro e isso não é confortável.

— Não achou que lutaria contra você agindo como antes, né?

Ele pisca maroto, então simplesmente some e reaparece numa velocidade impressionante, agindo assim continuamente ao meu redor, deixando apenas rastros de ilusões no ar.

Olho intrigada em todas as direções, até sentir uma chuva de socos por todo meu corpo. Seus punhos parecem vir de todas as direções, me acertando com a potência de meteoros, cada um deles mais pesado que o anterior.

Meu corpo colapsa, apesar dos poderes, essa carne é humana, não é feita para aguentar uma batalha dessa magnitude. Tento usar as constelações para me proteger, mas os ataques dele não param, cada vez mais aumentando até parecer um borrão e simplesmente sumir com a velocidade da luz.

Como?

Loki é forte, mas não é veloz como a luz, ele não pode estar em todas as direções, mesmo que o veja!

Estou vendo-o...

Ele não está sendo rápido, isso é uma ilusão!

Manipulo a luz em minhas mãos, forjando uma lança e um escudo que se cria, desfazendo suas ilusões.

Isso é diferente, ele está mais... intenso!

— Gosto de como é inteligente, isso deixa meu sangue fervendo! — ele sorri sádico. — Ah... droga... tá me deixando maluco!

As mãos dele iluminam num tom escuro, invocando a magia etérea, lançando correntes ao meu redor. Não tenho tempo de barrá-las com a lança. A força dele parece multiplicada. Gradualmente, as correntes brilham num verde-esmeralda, esmagando meu corpo conforme aperta, a dor alucinante se espalha em meus órgãos, tanto que minhas vistas gradualmente ficam embaçadas.

— A dor que sente foi o que me fez passar — ele resmunga, aumentando o aperto das correntes — Dói, né?

Idiota, está se aproveitando! Isso não é uma luta, ele está somente se vingando.

Mas ele acha que me entregarei tão fácil?

Ele esqueceu de um detalhe bem importante: sou mais velha, estou nesse universo há muitos milênios, conheço a mente dos homens.

— Nunca imaginei... que fosse... forte... mais que... qualquer Deus... impressionante...

Os olhos dele se perdem nos meus por alguns segundos, o suficiente para a constelação de touro se consolidar no meu corpo inteiro, emitindo magia defensiva e explodindo as correntes.

— Tomatinho, tentar me distrair com elogio é golpe baixo! — ele resmunga indignado.

Sorri maliciosa.

Deuses arrogantes gostam de ter sua força elogiada, seus egos precisam ser massageados, todos são assim.

— Funcionou porque precisa ter o ego massageado! — dou de ombros. — Não é minha culpa se é tão arrogante que quer ser elogiado durante uma luta.

Sob seu semblante irritadiço, a constelação no meu corpo muda para câncer, a luz começa a me iluminar, de maneira tímida, até atingir o pico. Com o poder da iluminação estelar que habita em mim, uma forte armadura surge ao meu redor, parto para cima dele, o impacto da minha lança contra seu próprio punho é devastador, o solo treme, mas Loki não se move, ocasionando uma vibração intensa, até o chão sob nossos pés se romper.

Pulo para longe da cratera, assim como Loki.

— Sabe, se não estivéssemos em lados opostos, até que nossos poderes combinariam — ele sorri animado — O estrago que faríamos, o universo seria nosso!

— Claro, a mentira anda ao lado da verdade, assim como sua escuridão e malícia, combina com minha luz e esperança! — resmungo desdenhosa.

Os olhos roxos faíscam em fúria em minha direção, mesmo que não consiga ver seu coração, ainda sei que o deixei bravo por minhas palavras.

Por quê?

Ele é tudo isso!

Os lábios dele se movem tão rapidamente, com ele murmurando feitiços que não consigo identificar, fios de sombra saem de suas mãos em direção a mim, a armadura protege no primeiro impacto, os fios continuam o ataque continuamente até quebrar a armadura numa explosão de luz.

— Peguei você! — ele ri arrogante, apontando para os céus — Veja a serpente emergir.

O céu está como antes, todas as estrelas brilham intensamente, mas uma enorme constelação sobre nossas cabeças chama por completo minha atenção, pois é no formato de uma enorme serpente, não como era minha morada antes, agora existe algo como uma cauda sob a cabeça dela, a prendendo como um objeto.

— Nunca deveria ter se metido com os humanos, esse será seu castigo — Loki sorri triunfante.

Os fios de sombra perfuram meu corpo inteiro, me prendendo enquanto Loki continua a usar seus encantamentos contra mim. Um tremor me percorre por inteira, meus joelhos tremem até que não consigo mais me manter em pé, caio de joelhos em sua frente.

— Disse que a veria ajoelhada perante a mim — Loki sorri com intenso brilho no olhar — Confesso que imaginei isso várias vezes, mas prefiro seu semblante mais submisso.

— Babaca!

Ele sorri, apertando os fios, calando qualquer som que pudesse emitir.

— Bebê, fique quietinha.

A raiva corrói minha alma, mas não consigo nem ao menos falar, sequer me movimentar por conta própria.

Ele abaixa até estar na mesma altura que eu, circulando os braços ao redor da minha cintura, a mão firme segurando com precisão minha pele, queimando no local tocado. Rapidamente sinto um puxão forte, a força fez meu corpo ficar contra o dele, nossas faces próximas demais, tanto que o hálito mentolado serpenteia meu rosto, os lábios próximos demais dos meus, enviando arrepios pelo meu corpo, de forma estranha.

A ansiedade me cobre diante de seu olhar intenso, não gosto do calor emanado contra minha pele, isso é perturbador!

— Gostei de vê-la de joelhos, subjugada e à mercê dos meus... desejos, mas precisamos ir — ele murmura rouco, sem tirar os olhos dos meus. — Infelizmente, não posso aproveitar o momento.

Não saio daqui!

Ninguém vai morrer sob minha proteção, não permito isso!

Olho para os céus, não existe mais o breu, mas ainda não consigo sentir o cosmos, mas as estrelas estão ali, sei que elas jamais me abandonariam, são parte de mim, quem sou, mesmo que não seja mais a mesma, meu coração não mudou, possuo a mesma determinação.

Numa prece ansiosa, ansiosa para que minhas irmãs escutem meu chamado, mesmo que seja para derrotar um Deus. Ainda temos a mesma matéria, somos feitas do mesmo material e elas têm mais em comum comigo que os Deuses. Elas não devem obediência a seres que não conhecem seus corações.

Irmãs, sinto muito por abandoná-las, não tem perdão para isso, mas saibam que agi por amor, não foi egoísmo, esse mesmo amor me deixou nessa situação.

Me ajudem... por favor... concedam suas bênçãos para mim...

Rogo fervorosamente, mesmo que não fale em voz alta, não é preciso para que elas escutem o clamor que meu coração exala.

Uma luz intensa surge do meu interior, na mistura de todas as cores, explodindo e rompendo os fios de sombra. Olho para seus olhos atentos nos meus, vendo-me em seu olhar, o brilho das estrelas cobrindo meus olhos.

— Ninguém controla uma estrela, somente poderia mandar no meu coração se habitasse nele — murmuro contra ele.

Loki sorri, absorvendo a luz intensa que explode de mim. Ela cega tudo à nossa volta, o corpo dele some repentinamente. Durante todo o tempo em que a luz pulsa, quando a luminosidade diminui, observo o Deus ao redor de uma cúpula negra, o protegendo por completo. Ele não somente aguentou o ataque, como permaneceu diante de mim.

Como ele conseguiu?

Loki sorri arrogantemente, apontando para os céus, onde a enorme constelação em formato de serpente agora contém outra enrolada a ela, a cauda prendendo a cabeça da primeira.

— Como? Isso... isso é uma representação de nós dois! — grito assustada.

Um sorriso astuto surge na face dele, enquanto ele ergue o dedo anelar da mão esquerda. Um anel prateado chama minha atenção, até ele mostrar o mesmo anel sob meu dedo.

O quê!

— A constelação começou a se formar no início da nossa luta, cada vez mostrando o vencedor, no caso eu, como pode ver — ele sorri, apontando para a serpente.

Meus poderes não estavam agindo de acordo com as estrelas, minhas irmãs não me escutaram, o destino da luta já estava escrito.

— Quanto a esse... anel? — balbucio nervosa, tentando tirá-lo sem sucesso.

— É um poderoso metal de Asgard, tá presa, já que não posso forçá-la a ir de encontro aos Deuses e você não vai permitir que eu fique aqui. Tive que usar isso para impedir que me matasse e, de quebra, prendê-la, então vou torturá-la com minha presença — ele sorri maroto.

Idiota! Que ódio, quero matá-lo lentamente!

A raiva, potente como nunca senti, preenche cada canto do meu ser, tanto que meu corpo começa a ferver.

— Aí!

Olho incrédula para meu dedo anelar, que está vermelho como se tivesse mergulhado em água quente.

— Sempre que quiser me matar, esse lindo anel vai te machucar — Loki sorri orgulhoso.

Maravilha!

Isso é mais para deixá-lo seguro do que para me prender!

— Não acredito nisso! — rosno, irritada.

— Também preferia outra abordagem, mas infelizmente tenho que jogar com as cartas que possuo — ele faz uma careta — A ideia é propor uma trégua, mas você jamais confiaria num Deus, então tivemos que apelar.

— Seu plano é ficar preso aqui? — olho incrédula para ele.

Loki faz uma careta de desgosto.

— Preciso ficar de olho em você, o poder do anel vai tirá-la a força daqui — ele explica orgulhoso. — Ele fica na mão esquerda por conta da "vena amoris", não preciso explicar sobre ela, né?

A veia do amor vai comandar meu coração e enfraquecer a barreira!

— Droga!

— Sim, esse anel vai me ajudar já que não posso levá-la à força — ele responde sereno — Também serei seu segurança, para impedir que os demais Deuses se aproximem para obter seu poder. Ninguém vai vê-la, pois esse anel a deixa com a minha aura.

— Espera... está dizendo que esse anel exala sua aura ao meu redor como se eu pertencesse a você?

Loki sorri, extremamente alegre.

— Exatamente!

Não acredito nisso! É um pesadelo, precisa ser um!

— Como fez isso? — olho curiosa para ele.

— Não fui eu... — ele da de ombros, sereno.

A confusão em minha face o faz rir levemente.

— "Ninguém controla uma estrela", a não ser que essa estrela já tivesse presa numa constelação. Como você já tava sendo presa a cada movimento, no último golpe aproveitei nossa aproximação e induzi seu poder ao máximo para explodir e colidir com o meu.

— Esse anel é a união dos nossos poderes? — balbucio nervosamente.

— Avisei que nossos poderes juntos são interessantes...

Reviro os olhos diante de sua face irritantemente presunçosa.

— Não poderia escolher outra coisa? Tinha que ser um anel? — olho com desgosto para minha mão.

— Deveria se sentir honrada! — ele resmunga, contrariado — A ideia de Odin era usar uma corrente, mas não sou um animal para ficar preso!

Não precisa ser a droga de um anel na porcaria do dedo anelar esquerdo!

— Qual o problema? — ele me olha confuso.

Meu rosto esquenta, não sei se pela raiva ou vergonha.

— Nada!

Loki me olha confuso por longos segundos, até rir descontrolado.

— Ah! Fui o primeiro a colocar uma joia na mão do coração, sinto em decepcioná-la, mas tá longe de ser um compromisso! — ele ri debochado.

Céus! Como quero matá-lo!

— Aí! — a dor alucinante se alastra, me tirando do sério.

— Melhor se acostumar, vai perder o dedo se continuar com essa raiva — ele debocha, apontando para minhas mãos — Se perder, será doloroso, pois ele já está alinhado à veia, além de que o anel vai surgir noutro dedo, será assim até perder todos.

Maravilha!

— Vamos, preciso de um banho quente e sono tranquilo — ele se espreguiça.

Como assim?

— Onde pensa que vai ficar?

Ele me olha confuso.

— Na sua casa.

— Nem que me matem! — rosno furiosa.

— Ok, existem outras casas em Njal, acredito que eles vão amar me receber, pois não têm escolha! — ele debocha alegremente.

Pelo martelo de Thor! Não posso permitir que ele entre em contato com os moradores, quais confusões ele pode aprontar?

Terei que ficar de olho nesse idiota!

Olho emburrada para os céus, imaginando a face debochada de Odin, pois já que não conseguiu me matar, vai me torturar lentamente, começando com a presença desse boçal.

— Vai para minha casa — resmungo, contrariada.

— Ótimo! — ele abre um portal perto da minha casa, indicando o caminho com a mão. — Primeiro você, aproveite e corra para fazer meu banho, gosto dele quente e perfumado.

Olho, incrédula, para ele.

Ele acha mesmo que serei sua empregada?