08 - Brilho da estrela
O Loki usado na imagem é apenas uma representação, as características dele na história são outras.
Contém 3500 palavras.
Boa leitura 💚
┯━━━━━▧▣▧━━━━━┯
┷━━━━━▧▣▧━━━━━┷
A brisa quente bagunça meus cabelos de forma abrupta e intensa, como um aviso dos céus. Embora não possa realmente escutá-los, ainda assim sinto meu sangue congelar.
Eles estão vindo?
Olho ansiosa para o céu, observando o entardecer repentino. Passa um pouco do meio-dia, o sol está no pico, mas agora parece se apagar, como se não quisesse presenciar a batalha eminente.
Vem todos?
Ou somente Odin com sua fúria?
As nuvens começam a se acumular, aumentando minha aflição. Corro feito louca em direção à casa de Leif, onde ele está com Ralf, ambos observando atentamente os céus.
— Isso tem algo a ver com seus poderes? — Leif me olha sério.
Apesar de sentir um pouco de animosidade em sua voz, ele não me acusa abertamente, mesmo que seja a coisa certa a se fazer, pois sei que cada humano sofrerá pelas minhas escolhas.
— Os Deuses já sabem de tudo, certamente querem vingança e a minha morte — admito séria.
Os olhos escuros de Leif miram os meus por um tempo longo demais, me deixando nervosa, pois, sendo honesta, jamais gostei de estar em sua presença, talvez pela maneira como ele tratou Rana anos atrás. Ainda guardo rancor dele.
— O que pretende fazer? — Leif pergunta sério.
— Vamos lutar contra eles, não vamos permitir que encostem em Alya! — Ralf responde energeticamente.
Sorri meigamente para o loiro.
— Admiro seu instinto protetor, mas não poderá nem encostar neles, os Deuses estão aqui por mim, então os enfrentarei — anuncio sem reservas.
Ralf me olha em choque.
— Pode morrer! — as mãos grandes dele vão para ambos os lados do meu rosto, com o semblante aflito ao perceber que não mudarei de ideia — Prefiro morrer lutando ao seu lado, deixe-me ajudá-la.
Seguro suas mãos, sentindo um aperto no peito por fazê-lo sofrer.
— Ralf jamais me perdoaria se morresse, mas se quer fazer algo por mim, leve todos para o abrigo subterrâneo, naquela montanha. Leve todos os mantimentos possíveis e não deixe que ninguém saia — peço angustiada.
— Alya, não posso deixar que se sacrifique!
Ralf me puxa para seus braços, me abraçando fortemente com o corpo trêmulo.
— Isso tudo se iniciou pelos meus desejos, não pensei nas consequências dos meus atos quando mexi com o destino. Somente eu posso pará-los, mas vou lutar para que vocês não sejam atingidos, então me escute, por favor! — sussurro ansiosa.
Ralf se afasta levemente, segurando meu rosto com o semblante decidido. Sinto um certo medo pela intensidade de emoções que seu coração transborda, principalmente pelas pulsações de amor.
— Alya, preciso dizer que eu te...
— Não! — grito, interrompendo.
Ele me olha atônito e envergonhado.
— Estou prestes a entrar numa batalha mortal, não quero sentir culpa nesse momento. Ralf, eu amo você como um irmão. Me desculpa, mas não posso deixar que se declare. Jamais me perdoaria por magoá-lo — admito, minha voz cheia de angústia.
Ele assente, triste, e isso quebra meu coração.
Como posso deixá-lo agir apaixonadamente, sendo que não posso nem ao menos respondê-lo?
Ficaria quieta e isso iria magoá-lo, ou então negaria sua declaração, o que é pior.
— Sempre soube que seu sentimento por mim não era o mesmo que o meu. Não me importo em ser seu irmão pela eternidade, apenas volte viva — Ralf pede com a voz embargada.
Pulo novamente em seus braços, apertando-o num abraço caloroso.
— Sinto muito por não te amar como merece, saiba que você é muito importante para mim, nunca duvide disso! — murmuro calmamente, sentindo-o me apertar em seus braços. — Se algo acontecer comigo, cuide de Rana, não deixe que ela cometa nenhuma besteira.
Ralf se afasta levemente, sorrindo triste.
— Prometo que a cuidarei com minha vida!
Me afasto por completo, sentindo minhas bochechas coradas ao ver o olhar atento de Leif em nossa direção.
— Não se preocupe, deixarei todos num lugar seguro — Leif se aproxima, segurando firme minhas mãos — E nada acontecerá com Rana, farei de tudo para que ela viva bem, prometo isso.
Sorri em meio às lágrimas.
Sei que eles vão cumprir o prometido, que ela ficará segura, mesmo que nunca mais a veja.
— Alya, o que está acontecendo? — a voz confusa dela ecoa, chamando nossa atenção.
Corro em direção a ela, alcançando seus braços antes que ela possa processar totalmente o que está acontecendo. Sinto-a levemente atordoada, mas logo corresponde ao meu carinho. Não preciso falar nada, de alguma forma ela parece sentir, acredito que seja algum instinto materno, pois o abraço se intensifica e ela não parece querer me soltar.
— Por que sempre te perco? — a voz chorosa dela me destrói.
É meu erro, mas todos pagarão por isso, ela não deve sofrer dessa maneira, principalmente por mim.
Minha existência será resumida numa explosão de luz, o final da vida de estrela, nada, além disso. Não a verei nem ao menos de longe, e isso é injusto!
Errei ao mexer com a vida e a morte... nunca se deve mexer no destino. Tudo que está destinado a ocorrer, sempre ocorre, mesmo que tentemos evitar. Isso sempre cria um loop infinito de erros tentando ser consertados em vão.
— Esses anos foram os melhores da minha existência, saiba que você me ensinou o amor mais puro que existe: o amor de mãe, e não tenho palavras para agradecê-la por isso — aperto mais ela em meus braços, enquanto começava a chorar copiosamente.
Espero que ninguém seja punido além de mim.
— Alya!
— Prometo que lutarei para ficar viva, principalmente para mantê-los seguros, mas quero que me prometa ser feliz mesmo sem mim, pois sempre serei uma parte de você — peço angustiada.
Os soluços dela ecoam como chuvas afiadas, como uma tortura sem fim.
Rana suspira, se separando, e então segurou meu rosto com determinação.
— Você é uma guerreira, sei que conseguirá sair vitoriosa, pois é minha filha! — ela vocifera determinada.
Sorri em meio às lágrimas, sentindo o amor profundo dela me inundar.
Se um amor de mãe é tão grande ao ponto de superar tudo, o amor de filha também pode fazer o mesmo!
Lutarei com todas as minhas forças, mas sairei vitoriosa!
☆
O clima parece mais frio à medida que sinto todos indo para longe, na caverna da montanha do norte, há uns bons quilômetros de distância. Talvez isso dê uma certa segurança, pois não quero ferir ninguém por conta do impacto. Os poderes de Odin são absurdos, ainda mais que sei que ele vai simplesmente me explodir sem qualquer chance.
Olho para os céus, notando agora o brilho intenso das estrelas, numa vasta imensidão, como se de fato estivesse no espaço.
Ele quer me torturar?
Uma vibração intensa vinda da praia chama minha atenção, suspiro, erguendo as mãos para os céus, me comunicando com os astros. De imediato, surge um cetro prateado feito de poeira estelar, com uma bola de fogo azul crepitando na ponta.
Sei que essa arma só está aqui com a permissão dele... de Máni... mesmo longe, cuidando de mim!
Obrigada, farei o possível para que não seja punido também...
O intenso impacto contra a barreira ecoa no local, como a colisão de dois astros poderosos, me deixando levemente atordoada, pois pensei que, sendo que é ele, poderia partir diretamente para cá.
Ao menos isso está a meu favor!
Corro em alta velocidade, sentindo com nostalgia o vento contra meus cabelos. Apesar de esse corpo não estar acostumado à minha forma real, ele está reagindo bem aos meus poderes.
Isso é para você, o controle é apenas seu, apenas sinta os poderes como se fossem no seu corpo, não nos separe mais, essa barreira só existe na sua cabeça.
A voz doce e infantil ecoa em minha mente, me fazendo parar de forma abrupta.
É você, Alya?
Acredito que esse nome é seu, então pode me chamar de Rasa, peguei seu nome e abreviei!
O quê?
Todos esses anos, nunca a escutei, como isso aconteceu?
O leve riso dela ecoa na minha mente, me deixando atônita.
Sei que tem perguntas, mas não possuo as respostas de que precisa, apenas se concentre no momento.
Me concentro na luta, então ela estará comigo!
Está aqui para me ajudar?
O silêncio foi tudo que ouço, mas é suficiente para me dar coragem. Jamais imaginei me comunicar com ela, a verdadeira Alya ou Rasa, nada mais justo que ela se apropriar do meu nome, já que fiz isso com a vida inteira dela, agora a sinto como parte de mim, como deve ser.
A força que se espalha pelo meu corpo me dá impulso para pular até a praia, onde o Deus me aguarda ansioso, mas não aquele que esperava.
Ao invés de Odin, esta um de seus filhos, o mais irritante deles para ser exata, o Deus do caos, trapaça e mentira.
Não acredito nisso!
— Só pode ser castigo! — rosno, perdendo toda a minha compostura.
O riso divertido dele ecoa, me fazendo olhá-lo.
— Olha, não estou alegre também, mas trabalho é trabalho! — a voz rouca dele ecoa de forma totalmente perversa — Não que tivesse alguma escolha...
Os olhos dele vagam pelo meu corpo com interesse curioso, me deixando atônita por alguns instantes antes de perceber que faço o mesmo com ele.
Seus cabelos verdes e curtos pela nuca lhe dão um ar rebelde, principalmente por estar apontando em todas as direções. Os olhos numa intensa cor de roxo brilham malícia pura, seus músculos tencionam, evidenciando que, apesar do corpo alto e esguio, ele não é de fato totalmente magro, existem músculos aí!
Loki é o ser mais diferente que já vi em minha vida, o ar de perigo e mistério emanado dele é assustador e atraente de uma forma quase insana, principalmente quando ele sorri encantador e malicioso em simultâneo, mas o que me deixa completamente desnorteada foi sua energia.
Selvagem, indomável e caótica.
Como uma tempestade furiosa e mortal, mesmo estando um pouco afastada, aquilo me atingiu de forma tão brutal que me deixou tonta.
Não consigo desviar os olhos dele, sua energia suga minha atenção e me mantém fascinada.
Suas emoções caóticas são difíceis de visualizar, não consigo ver seus sentimentos e nem seu coração, ele é simplesmente uma escuridão completa!
Sinto-me tão perdida que é como se minha alma estivesse flutuando na tempestade furiosa que vem de seus sentimentos, sem nenhum destino, me deixando completamente envolvida com sua presença.
Acorde!
Pisco, atordoada, como se saísse de um sono profundo.
Ele é o Deus do caos, trapaça e principalmente da mentira!
É por isso que ele está aqui, o único que pode me enganar ao ponto de me perturbar dessa forma.
Se Odin quer dessa maneira, melhor que ele esteja preparado para perder!
A armadura pesada contra minha pele é o suficiente para que uma careta surja, pois apesar de amar lutar, detesto que minha presa seja escolhida, ou praticamente dada.
Que graça tem em lutar assim?
Sinto a tensão sob meus ombros à medida que caminho pela Bifrost com meus pais e Thor ao meu lado, um acompanhamento um tanto exagerado.
Me sinto com cinco anos!
— Não seja imprudente, lembre-se de que não está lá para brincar! — Jord murmura, segurando minha mão com mais força que o necessário — Juro que, se morrer, vou até Helheim apenas para bater em você!
Gemo pela dor, soltando-me rapidamente, sob seu riso adorável.
Thor ri, batendo levemente contra minhas costas. Sua mão, com o peso de uma montanha, quase faz meus pulmões saltarem.
Ofego, atordoado, olhando para ambos que contém um sorriso estúpido na face.
Qual é o problema deles? Querem que eu morra antes de lutar?
Odin suspira, puxando ambos e parando em minha frente. Por um instante, desejo ser estapeado por Thor novamente, só para evitar esse olhar.
Ele me julga, como se fosse incapaz de trazer uma mera estrela. Odin espera que eu falhe somente para ter razão no que sempre pensou a meu respeito.
— Traga-a com vida, não deixe que ela se exploda lá, mesmo que pareça justo, ocasionará a extinção dos humanos, não vamos puni-los assim, eles vão ter o que merecem de outra maneira — Odin ordena sério, cerrando os olhos para mim — Melhor que não falhe nessa missão, espero que seja um Deus digno uma vez ao menos!
Se ele quer tanto ela, por que não vai?
Velhote preguiçoso!
Aposto que tem medo dela, como sou descartável, fui escolhido!
— Velho, me dê um dia e ela estará de joelhos na sua frente! — provoco com malícia.
Odin somente revira os olhos, saindo sem mais nenhuma palavra, nem mesmo um incentivo.
Vou ficar bem, pai, obrigado por confiar em mim!
Sinto um certo ressentimento por vê-lo sair sem dizer mais nada, mas quando foi diferente?
Ele nunca vai me reconhecer, não passo de um erro em sua vida, um do qual ele não consegue se livrar, mesmo que tente.
Como se precisasse dele!
Jord surge em minha visão, tomando ambos os lados do meu rosto em suas mãos, os olhos marejados e semblante totalmente preocupado, fazendo meu coração apertar, pois odeio vê-la assim.
— Ele é um pouco duro, mas ama você, a prova de que ele confia em você, é uma missão importante dessas em suas mãos! — Jord murmura amorosamente.
Esquecendo o fato de que fui escolhido por ser o Deus da Mentira!
Não posso julgar minha mãe por acreditar no melhor da nossa estranha família, não quando sei que tudo que ela realmente quer é que sejamos amados por ele, tanto quanto ela nos ama, mas é impossível, pois fomos desejados por ela, já o pai somente quis Thor.
Reviro os olhos, beijando suavemente sua bochecha.
— Se cuide, que a natureza o proteja! — ela murmura, enquanto faz uma runa de proteção sob minha testa e beija a mesma.
— Não se preocupe! — afago seu rosto com carinho.
Ela me puxa para um abraço, apertando tão forte que sinto meus ossos comprimirem.
— Te amo, você e seu irmão são tudo para mim, então pense na dor que vai me causar se for morto!
Me solto dela com um pouco de dificuldade, pois ela não quer me soltar.
— Mãe, preciso ir!
Jord suspira, se afastando, me deixando levemente culpado.
Beijo sua testa carinhosamente, fazendo-a fungar.
Sei que, por ela, não estaria indo rumo a uma batalha. Se ela pudesse, colocaria Thor e a mim numa bolha, nos mantendo protegidos.
— Não a subestime, Rasalhague é forte, mesmo que não se iguale a um Deus, tente não brincar tanto, ou ela chutará sua bunda até Asgard — Thor anuncia sério, chamando nossa atenção.
Ah! Como se ela pudesse fazer isso!
— Acabarei rápido, logo tô aqui! — pisco maroto para ele, antes de começar a caminhar rumo a Midgard.
Ainda escuto os xingamentos de Heimdall enquanto atravesso a ponte, o babaca está furioso por eu ser o escolhido, julgando que não sou digno, não somente ele, mas todos os demais acreditam no mesmo.
Vou fazê-los engolir cada palavra!
☆
O povoado de Njal é à beira-mar, aninhado entre as montanhas, durante o inverno provavelmente fica coberto de neve, evidenciando um bonito contraste com o oceano.
A barreira em volta me permite chegar apenas até a praia. Consigo vislumbrar o vilarejo de longe, mas não posso ir, além disso. As casas do povoado são construídas de madeira e cercadas por uma densa floresta de pinheiros, provavelmente fornecendo uma proteção contra os ventos do mar.
Não consigo ver além, pois a barreira parece intensificar-se à medida que uma presença aumenta, advinda da floresta, correndo até a praia.
O céu escurece gradualmente, as estrelas brilham intensamente em cumprimento a ela.
Ela consegue manipular tanto assim?
A estrela para uns bons metros de distância, mas o suficiente para notá-la e admito que não esperava por isso. Estou acostumado com a beleza das Deusas, apesar de serem tão absurdas e deslumbrantes, elas têm uma aura ameaçadora, isso sem falar das demais raças como as Jotun, Angrboda, possuí uma beleza brutal. A mulher em minha frente não tem nada disso.
Uma mulher de estatura média, longos cabelos que fluem ao redor dela como uma cascata de estrelas, numa cor azul intensa, assim como os olhos, a pele tão branca que parece quase translúcida, tanto que mesmo de longe percebo algumas sardas ao longo de seu rosto, principalmente sob o nariz arrebitado e as bochechas redondas, seu rosto um pouco cheio, apesar de ser desenhado com delicadeza num formato que a deixa fofa.
É realmente uma linda mulher, mas exala algo tão puro que, por alguns instantes, me sinto profanando o local com minha presença.
A luz emana dela é como as próprias estrelas, algo que jamais vi, como a pura luz da criação!
Ela murmura irritada com minha presença, e solto a primeira coisa que vem em minha mente, pois pela primeira vez não consigo pensar no que dizer, pois concordo que ela não merece estar na presença de alguém como eu, ainda mais emanando uma luz tão pura, mesmo que esteja com um cetro prateado feito de poeira estelar e com uma enorme chama azul na ponta, mas ao invés de deixá-la assustada, fica fofo nela.
O semblante dela fica repentinamente decidido, então, com uma graça estonteante, passa a caminhar, ou melhor, deslizar em minha direção, seus passos tão leves quanto a dança das estrelas.
Ela é perfeita assim ou todas as estrelas são?
Nunca estive próximo de uma para saber a diferença.
Quando a presença dela fica perto o suficiente para senti-la fora da barreira que protege Njal, um aroma suave e cativante preenche o ar, tão misterioso quanto a estrela em minha frente. Por breves segundos, fecho os olhos sentindo o aroma de flores silvestres, fresco e suave, com um toque profundo de algo que não sei identificar, mas que mantém o caos em minha mente numa paz surpreendente, como nunca antes.
Olho atordoado em sua direção, sentindo uma vertigem e uma leve dor de cabeça.
Ela está fazendo algo?
— Estrelinha, colabore comigo e vamos sem bagunça, apesar de tá louco para lutar. Quanto antes acabarmos com isso, melhor! — resmungo numa careta, que dor mais chata! — Minha agenda tá cheia e não quero perder tempo.
O riso fraco dela ecoa pelo recinto, me fazendo rir malicioso.
Que bonitinha, ela acha que estou brincando!
— Escuta, melhor vir antes que fique ferida, odiaria machucar seu rosto de neném — pisco maroto para ela.
— Está com tanto medo de lutar contra mim? — ela pergunta suavemente.
Que petulância! Isso é convivência com os humanos?
— Medo? Não tô sentindo nada perto disso, mas você deveria, se lutarmos, destruiremos esse lugar, já que preciso me conter para deixá-la viva — respondo bem-humorado.
Os olhos azuis intensificam o brilho, enquanto ela olha por entre o ombro, seu semblante preocupado a entrega por completo.
— Eles não vão se ferir, se for boazinha e vir comigo sem resistir — sorri, colocando a mão sob o peito em juramento — Prometo que não farei nada com eles, se for inteligente e vir até Asgard.
Ela ri em deboche.
— Não sou tão burra ao ponto de acreditar no Deus da Mentira — ela retruca entredentes.
— Não tô mentindo, falei que EU não vou machucá-los, não disse nada dos demais — dou de ombros e aponto sorrindo em sua direção — A culpa não é minha, se atraiu à raiva dos Deuses!
O semblante dela fecha, quase me fazendo rir das bochechas ficando tão vermelhas que as sardas sumiram.
Como posso levá-la a sério como guerreira se ela parece uma boneca fofinha?
— Não saio daqui, protegerei essas pessoas! — ela rosna furiosa.
Reviro os olhos em descaso.
— Os humanos sujam o planeta, matam, mentem e são indignos, o que tem de bom em salvá-los? — pergunto entediado.
— Primeiro, você não tem moral para julgá-los, dada as coisas horríveis que faz — ela responde com desdém, me olhando superior — Segundo, mesmo se explicasse, não entenderia, duvido que tenha algum coração.
Mas que vadia!
Quem ela pensa que é para me tratar dessa maneira?
Pior, presumir coisas sobre mim, sendo que nem me conhece!
— Estrelinha, é bom aprender a respeitar seus superiores. Pode não parecer, mas sou um Deus. Exijo mais educação! — rosno, indignado.
O rosto dela fica tão vermelho pela raiva que a deixa parecendo um tomate com a casca azul.
Tenho que rir do seu semblante irritadiço, será que ela vai me bater com suas mãozinhas do tamanho de uma azeitona?
Ela é fofa!
Como vou enfrentá-la sem rir?
— Meu nome é Alya! — ela resmunga, contrariada.
— Tá, saúde!
A chama em seus olhos azuis alimenta minha diversão, prova clara de que o tomatinho é bem fácil de irritar e isso só me dá mais vontade de brincar.
— Vamos lá, benzinho, darei a última chance de sair daqui como uma boa menina, seja inteligente e venha comigo — ergo a mão em sua direção num convite.
O cetro vibra na mão dela e uma pequena chama dispara em minha direção. Imediatamente, um portal surge em minha frente, transportando o ataque para outra dimensão.
— Tomatinho, quer brincar antes? — estalo o pescoço, sorrindo sacana para ela — Vamos nos divertir, bebê, prometo que cuido bem de você, com muito prazer!
Seu semblante transborda raiva, vibrando em constantes ondas, a tensão que emana de cada gesto me enche com um prazer doentio, como se sua fúria fosse uma doce melodia.
— Você é um maldito!
Meu sangue pulsa com satisfação perversa diante da perspectiva de levar um ser tão puro a uma raiva abominável.
— Não viu nada, bebê, mas não se preocupe, que te mostrarei tudo. Já que escolheu essa raça estúpida, a farei se ajoelhar bem submissa, assim como os demais seres podres de Midgard.
Meu sorriso desdenhoso apenas amplifica o contraste da ira que emana dela.
Não pensei que fosse me divertir, mas parece que estava errado...
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro