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02 - Cura mágica

Capítulo possuí 3482 palavras.

Boa leitura 💚

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Observar minha pequena é a parte alta do meu dia. Apesar de todo o sofrimento que passei, sinto-me recompensada por um ser tão resplandecente. Não consigo explicar o sentimento de ser mãe, é algo que não cabe em palavras. Meu coração está tomado por ela, de uma maneira que morreria para salvá-la, se fosse preciso.

Lembro do parto doloroso e difícil, e isso me faz agradecer aos Deuses por minha filha ter nascido saudável. Alya é uma menina tão especial.

Ela olha em minha direção como se entendesse o que falo, mesmo que eu use palavras doces e uma voz mais fina.

Por que as pessoas usam essas vozes para se referir às crianças?

Só sei que o sentimento que se apoderou do meu coração é tão grande, que mesmo com o sofrimento pela falta de meu Magnar, eu viveria muitos anos, lutando para estar ao lado da minha pequena.

— Seu pai amaria te conhecer, ficaria tão alegre em ter uma menina. Sempre quisemos uma menininha para ser nossa guerreira. — sorrio levemente com as lembranças. — Magnar te ensinaria tudo. Consigo vislumbrar ambos velejando, ele amava o mar.

Volto o olhar para a pequena, que está no meio da minha cama. Ela é tão linda, com aqueles olhos brilhantes e os cabelos de uma coloração estranha, mas que nela ficam tão fofos.

O pequeno rosto redondinho, sardinhas no nariz e bochechas, pele translúcida de tão branca, cabelos e olhos azuis.

Alya é toda fofa!

Suspiro, acariciando os pequenos fios azuis, imaginando as reações de Magnar. Ele seria o mais babão, disso não posso questionar, pois ele era muito amoroso.

Um brilho começa a preencher o local, deixando-me confusa, até notar que vem da bebê. Os olhos de Alya parecem dois pontos luminosos, similares às estrelas no céu, assim como os cabelos, são raios de luz azul.

— Por Odin!

Alya movimenta as perninhas em agitação, enquanto me dedica um sorriso banguelo.

Minha filha, de apenas um dia de vida, está sorrindo dessa maneira?

Pior, ela está BRILHANDO?

PELA BARBA DE ODIN, O QUE ESTÁ ACONTECENDO?

Os olhinhos dela são pura confusão em minha direção, deixando-me cada instante mais incrédula, pois ela parece perceber que aquilo não é normal.

— Devo estar cansada, é isso!

São muitas coisas para lidar sozinha, a filha não está brilhando, é apenas um engano... isso, um engano!

Amanhã será um novo dia e nada disso continuará!

Continuou!

Todos os dias deste primeiro mês, Alya brilhava sempre que estava alegre, com fome, chorando... ou seja, sempre que demonstrava seus sentimentos. Lembro disso agora e ainda vejo seu brilho, como se fosse hoje.

Mas o que é isso? Uma bênção dos Deuses?

Não tenho coragem de perguntar a ninguém, só o pensamento de verem a minha filha como uma aberração me aterroriza.

Para quem ousasse falar, no instante seguinte estaria indo ao encontro da Deusa Hel!

Em vez de chamar a atenção, prefiro me isolar. Assim, tenho mais liberdade com minha filha e evito que algo aconteça a ela.

A pequena é alheia a tudo. Ela é uma menina amorosa, inteligente, como se já fosse adulta, mesmo em um corpo de criança. Vejo em seu olhar uma sabedoria tão grande, algo que me fascina por completo.

Uma forte batida ecoa, fazendo-me suspirar. É pleno almoço, e logo a pequena acorda para mamar. Meu tempo de refeição é escasso até ela ser saciada, mas não posso ser rude com uma visita, mesmo que minha vontade seja chutá-la dali.

Abro a porta a contragosto, vislumbrando Leif com semblante sério.

Ele é um homem alto, robusto, com cabelos médios em tom de loiro, pendendo para o grisalho, e olhos escuros. Está mais velho desde a última vez que o vi, mas o olhar sério e centrado dele continua lá.

— Não estou convidado para entrar? — Leif pergunta, numa voz grossa e imponente.

Controlo a vontade de revirar os olhos, pois, mesmo 'sem querer', todas as suas falas carregavam ordens implícitas.

— Obviamente, seja bem-vindo! — respondo, dando-lhe espaço.

Leif entra, percorrendo o olhar por todo o canto, com curiosidade evidente, já que este local é novo. Desde o nascimento de Alya, tive que pagar para construírem esta casinha, pois não poderia ficar na vila com ela. Mas, no momento em que fomos para lá, não vimos mais ninguém.

— Imagino que seja difícil mudar. A casa de vocês era especial, mas este é um belo lar — Leif elogia.

A frase desce como uma pedra em minha garganta.

Este é outro motivo para a mudança: não suporto ver as lembranças em cada canto, insistindo em me quebrar todos os dias.

Minha filha merece uma mãe por inteira. Sei que Magnar também desejaria isso. Decidir lutar pela memória do meu amor e pela felicidade da minha filha dá-me forças.

É muito difícil. O luto é constante, mas estou aprendendo a lidar com ele. Não é esquecer ou se acostumar, é escolher viver por algo. Escolho viver por minha filha. Alya é minha alegria do amanhecer até o anoitecer, um motivo mais que especial para me fazer levantar da cama.

— Não consigo expressar a dor da perda de Magnar. Ele era uma excelente pessoa e jamais encontrarei alguém como ele — Leif continua a falar, com voz amena.

Olho em sua direção, sentindo-me um pouco brava, pois essa conversa está atrasada há meses. Faz quase um ano da morte de Magnar, ainda é difícil e doloroso, ainda mais com uma filha de quase dois meses. Não quero reviver o período em que todos pisavam em ovos ao falar comigo.

— Desculpe, Leif, mas o que quer? — suspiro, irritada.

O semblante dele fechou-se momentaneamente, assumindo uma postura que vi poucas vezes na vida, apenas em batalhas ou em casos graves como a morte.

— Minha Hilda morreu ontem à noite, durante o parto de Ralf — Leif murmura, triste.

Arregalo os olhos em puro choque. Conheço Hilda desde criança, ela era tão forte e estava animada com a chegada de seu bebê. Quando descobriu a gravidez, eu estava com dois meses de gestação, pouco antes de saber sobre Magnar. Ela foi uma das que mais me apoiaram durante esses meses.

— Sinto muito, Leif!

Leif sorri tristemente, senta-se no sofá de madeira ao centro da sala e eleva as mãos aos cabelos, num gesto desesperador. A dor estampada em cada respiração dele, como uma marca registrada e dolorosa, não é para menos. Ele e Hilda estavam juntos desde a infância, praticamente, no começo uma amizade protetora, claro, mas o tempo demonstrou o amor entre ambos.

Leif...

— Preciso de uma nova esposa. Sou líder, tenho que manter tudo em ordem, desde minha casa até meu povo, estão me cobrando por isso... — ele interrompe sem me olhar. — E não tenho ideia de como fazer isso sozinho. Ralf é um bebê que precisa de leite, de uma mãe... eu... estou sem chão.

Claro que não esperavam que ele vivesse o luto pelo seu amor, queriam uma solução rápida.

— Entendo, mas por que você veio até aqui? — olho incerta em sua direção.

Não gosto do rumo dessa conversa.

— Você é a única que teve filho recentemente, tem leite e... é forte o bastante para tomar o lugar de minha esposa. Rana, você é uma guerreira exemplar. Ao meu lado, seríamos invencíveis.

Mesmo esperando por essa resposta, confesso que ainda me peguei desprevenida.

Não pretendo me casar, muito menos apenas para unir forças. Lógico que não vou deixar uma criança morrer de fome, não sou contra amamentar Ralf, mas não preciso estar casada para isso.

— Não quero me casar — afirmo, criteriosa.

Leif sorri tristemente, como se esperasse essa resposta.

— Serei paciente. Por enquanto, não será um casamento genuíno, mas para ficarmos na mesma casa e você poder ter os privilégios como minha esposa — Leif retruca, sério. — Rana, não tocarei em você dessa maneira, não precisa se preocupar.

Por enquanto... Mas um dia terei, serei sua esposa em todos os sentidos. Logo, ele estará me tocando, e não estou pronta. Aliás, duvido que um dia estarei.

— Posso amamentar Ralf, não será problema, mas não me caso com você.

Os olhos dele escureceram ao me escutar, como se estivesse buscando paciência, algo que sei que ele não possui. Leif é um homem que não gosta de ser contrariado, todos os seus desejos são atendidos, não importa quais sejam.

— Está sendo burra! Estou oferecendo um bom acordo para ambos, pois meu filho precisa de uma mãe e sua filha de um pai. Somos fortes separados, mas eles merecem uma família!

— Está ficando surdo? — me aproximo, sem temer seu olhar irado. — Não vou me casar com ninguém, sou pai e mãe da minha filha, e essa é minha resposta final.

Leif levanta-se, parando perto de mim. Elevo a cabeça para olhá-lo, já que ele é uns bons vinte centímetros mais alto.

— Magnar teria se casado no dia de sua morte, ele não viveria no luto — Leif replica, ácido.

Ouvir isso doeu, não pelas palavras, mas pelo fato de ele usar um homem morto como arma de ataque.

Magnar não está aqui para se defender. E eu, muito menos, mereço ser coagida daquela maneira!

— Você é traiçoeiro!

Os olhos escuros de Leif brilham em fúria, igualados aos meus.

— Acha que não estou triste pela minha esposa? — Leif suspira, irado. — Amo Hilda, estou destruído pela sua morte. Lutei para ficar com ela, sabe que meus pais tinham um acordo com outra família, mas não desisti dela e usei a força contra meu próprio pai para ter o direito de tê-la como esposa! Você não tem ideia do que sinto, não sabe o quanto meu coração está despedaçado pela morte tê-la levado!

Leif segura os cabelos em desespero, respirando profundamente em busca de calma.

— Tão triste que está aqui! — retruco, irada.

— Meu filho está chorando desesperado de fome, não descansei desde o ritual em honra à Hilda! — Leif respira fundo, fechando os olhos, evitando o choro evidente. — Não quero me casar por desejá-la, sendo bem honesto, nunca estive com outra mulher e não desejo isso tão cedo! Apenas quero evitar as línguas ferinas, sabe que vão mencionar o fato de Hilda ter morrido no parto. Pode ser acusada de tentar matá-la para assumir seu lugar e ser minha esposa. Ninguém terá coragem de fazer isso.

— Isso é um absurdo!

Leif suspira, irritado.

— Rana, apenas quero evitar problemas, nada, além disso. Posso jurar nunca tocá-la se isso a deixar segura, pois farei qualquer coisa pelo meu filho e não quero que ele cresça pensando mal de alguém que o alimentará por conta das línguas estúpidas da vila!

Suspirei pesadamente, tentando controlar minha raiva.

Essa é uma chantagem muito barata, ninguém ousaria falar isso, principalmente por saberem que estou longe da casa deles, nem ao menos via Hilda!

— Leif, pela última vez, alimentarei seu filho, mas não me casarei com você!

Seu semblante se torna irado, e por um instante temo pela minha vida.

— Rana, deixa de ser burra! Case comigo, enquanto estou pedindo!

Týr, segura minha ira, pois vou matá-lo aqui mesmo!

— Acha mesmo que pode me forçar a fazer o que quer? — retruco, furiosa.

Leif suspira, irritado.

— Entenda como quiser. Preciso de uma esposa e escolhi você. Vou tê-la, nem que seja à força. Não espero amor, só preciso manter as aparências!

Olho furiosa em sua direção, pois não acredito em tamanho ultraje!

Se ele me obrigar, logo serei viúva, porque o matarei com prazer!

Uma luz intensa preenche o ambiente, nos paralisando. Ela brilha em um azul profundo, pulsando com ondas estranhas e poderosas.

Leif olhou horrorizado para onde deveria estar Alya, mas apenas uma potente luz azul permanecia. Era diferente das luzes suaves que ela costumava emitir, mesmo quando estava apavorada.

Esta luz era pura raiva, tão intensa que me deixou tonta.

— Rana, por que sua filha está brilhando? — Leif pergunta incrédulo.

Arregalo os olhos sem saber como respondê-lo, principalmente por entender seu choque.

A energia contida em Alya explode em um feixe pequeno de luz que atinge Leif no peito, derrubando-o no chão.

Estou em choque, incapaz de me mover para verificar se ele ainda está vivo. Tudo o que consigo pensar é em minha filha... e no poder inimaginável que ela possui.

Minha Alya corre perigo?

A primeira visão que tive foi daqueles olhos amorosos voltados para mim, transbordando sentimentos, principalmente amor. Ele se multiplicava a cada instante, fazendo-me sentir algo que jamais imaginei: o sabor de amar e ser amada.

É sublime.

Não que eu desconhecesse o amor. Pelo contrário, em meus incontáveis anos de existência, já o vi sob muitas formas. Também senti amor pelos amigos, especialmente por Máni, como um irmão mais novo. Mas o sentimento por Rana era diferente: um amor imenso e sem precedentes.

É amor de mãe e filha, algo que nunca experimentei. Apesar de ter sido criada, nunca tive uma mãe, nem alguém que me guiasse.

Havia aprendido tudo sozinha desde os primórdios, sendo uma força pulsante de energia disposta a preencher vazios, mas nunca preenchida, pois era isso que faltava em minha existência.

O amor.

Contudo, nem tudo são flores. Sei que os humanos sofrem, mas não imaginava a extensão desse sofrimento até vivê-lo na pele. Eles experimentam dores, fome e desconforto. Para um bebê, tudo se intensifica, parecendo o fim do mundo. Minha linguagem é o choro, uso-o para tudo o que sinto, pois é minha única forma de comunicação. Apesar de ter uma consciência antiga, este corpo não é meu. Por isso, preciso aprender gradualmente, como um ser humano comum, ao lado do pequeno ser que também descobre o mundo dia após dia.

Somos um, separadas telepaticamente, unidas no corpo. Esta carne pertence a ela, mas agora também sou parte. Tenho consciência de tudo. Ela continua aprendendo os sentidos humanos, e estamos caminhando juntas rumo ao entendimento. É estranho, pois consigo verbalizar mentalmente minha voz, mas ela ainda não aprendeu isso.

Dois seres distintos habitando o mesmo corpo... nada poderia ser mais estranho!

Mais um dia em que escuto o suave choro de Rana. Apesar da alegria que sente ao meu lado, ainda sofre por Magnar. Não a condeno, pois ele é seu amor, um sentimento completamente distinto.

Foi mais uma lição, uma que vivi agora: os humanos podem sentir mais de um sentimento ao mesmo tempo.

Uma onda de dor me paralisa, não é algo que vem de mim ou de Rana, é emocional, uma energia pesada de uma terceira pessoa. Sentir isso me deixa alerta, pois estamos isoladas, sem contato com ninguém.

Sabia que Rana fizera isso para me manter protegida, pois temia que outras pessoas se assustassem ou fizessem algo. Não a julgava por isso, não era momento para chamar atenção.

Escuto tudo calada, tentando não chamar atenção para mim, embora a empatia pela dor daquele homem queime meu coração. Mas ouvi-lo dizer que obrigaria Rana a unir-se a ele é demais.

Como se meus poderes agissem em conjunto com meus sentimentos, explodo em raiva pura e desejo de proteção, querendo apenas que ele fique longe dela, pois não quero que Rana sofra mais.

Analisando o rosto assombroso daquela que é minha mãe nesta vida, percebo que talvez tenha passado dos limites, mas já é tarde demais.

O que mais me intriga é o fato de meus poderes continuarem como sempre.

O fato mais estranho é que eles não deveriam existir mais, sou um ser humano agora, devo ser comum, mas não é o que acontece.

Então, o que eu sou?

Os primeiros anos não foram fáceis, precisei me controlar para não demonstrar meus poderes. Não queria mais ver minha mãe assustada ou causar algo que chamasse a atenção dos Deuses.

Confesso que, agora com dezoito anos, consigo controlá-los melhor, embora soubesse como meus sentimentos e sensações humanas atrapalhavam no controle. Diferente de quando era uma estrela, fria e calculista, mantendo tudo na mais perfeita ordem, mas como humana não. Tive que aprender do zero, sempre me mantendo na linha entre razão e emoção, sem conseguir nunca o equilíbrio necessário.

Eu e Alya coabitamos harmonicamente, tanto que não diferenciamos uma da outra, nossas ações e sentimentos são apenas um só, pois somos o complemento uma da outra, metade da alma dela e a outra a minha. Mesmo assim, ela é mais como um guia, me deixando sempre na liderança desse corpo e mente.

Gradualmente, mamãe e eu voltamos a nos conectar com a vila. Inicialmente, todos tinham medo de mim, devido à minha aparência diferente, incomum naquele lugar e em todos os lugares de Midgard.

Contudo, consegui conquistar todos e ser aceita, claro que para isso precisei esconder quem sou, meus poderes principalmente, pois sei o caos que geraria.

Meu olhar se volta em direção à Rana, mesmo após dezoito anos, a aparência dela continua a mesma, como se ela tivesse a mesma idade que eu, fato que todos da vila compactuam, pois os mais novos custam a crer que ela é minha mãe.

— Querida, começarei nosso almoço, pode buscar água? — Rana olha-me amorosamente, fazendo-me sorrir em resposta.

Apenas pego o pequeno balde perto da porta, o poço não fica muito longe da nossa casa, então não há necessidade de estocar água ali, já que é necessário apenas uns dez passos até ele.

A propriedade é enorme, repleta de verde dos pastos, com algumas plantações ao redor, há também poucos animais que criamos para o sustento, tudo dá um charme extra para o local.

Suspiro, enchendo o balde.

É impossível não comparar a maneira como os humanos vivem com os Deuses, pois é um contraste enorme. A humanidade ainda não tem luz nas casas, encanamento e menos ainda tecnologias, ao contrário dos Deuses que detinham tudo da mais alta qualidade, desde as pequenas coisas até as grandes.

Não conheço muitos Deuses pessoalmente, menos ainda suas moradas, apenas a de Máni, seu palácio funciona pela energia do sol e da lua, irradiando em cada canto, altas tecnologias e tem água encanada.

O próprio lugar onde morava era assim, a energia é das estrelas, estas que iluminavam o lugar, tão diferente daqui.

Um grito estridente me tira das lembranças, arrepiando-me por inteira, pois sinto o gosto da morte, embora nunca tenha visto de perto. O balde cai, em automático, minhas pernas seguem em direção ao grito, tão contrário à minha mente que me manda parar. Não consigo, apenas sigo meus instintos, estes que se intensificam à medida que chego perto do rio, onde os gritos estão.

Uma mulher tenta desesperadamente sair dali, mas é visível que ela não sabe nadar, ainda assim, segura sua pequena criança com todas as forças.

Aquele é puro amor de mãe.

Mesmo com chances de não sobreviver, ela ainda tenta manter a filha salva.

Não contenho o ímpeto de ir até elas, embora eu mesma não saiba nadar, uso meus poderes para me manter instável, até tirá-las da água, mesmo sabendo que para a pequena já é tarde, pois ela não respira.

Aquela é uma decisão que tenho que tomar, intervir novamente ou deixar seguir.

Contudo, como ficar indiferente ao ver uma mãe gritar desesperada por sua filha?

Coloco ambas as mãos sob o peito pequeno e frágil da criança, manipulando a energia pura em vibrações. Curando e purificando os pequenos pulmões para expulsar a água, sem danificar nada.

Um trabalho feito com toda calma, apesar do caos instaurado no lugar, pois já sinto que não estou apenas na presença da mãe da criança, mas não posso retroceder, somente sigo com a cura.

A pequena levanta-se num pulo, como se fosse obrigada a respirar, tossindo continuamente para o espanto de quem vê a cena.

— É um milagre!

— Ela é mensageira dos Deuses!

— Ela é uma Deusa!

— Fomos abençoados!

As vozes se misturam continuamente, deixando-me tonta, mas não as condeno, pois não é uma cena vista com regularidade.

Uma pessoa foi retirada dos braços da morte, lógico que os humanos estariam em choque.

Percorro o olhar pela pequena multidão, procurando alguma familiaridade, mas apenas encontro Leif ao lado de Rana, ele com um olhar astuto e ela apavorada.

Leif jamais questionou o acontecido há anos, mesmo que soubesse que algo estava errado. Ele simplesmente desistiu de querer Rana como sua companheira e seguiu a vida sozinho com Ralf, que tinha minha idade.

Mãos firmes me tiram do torpor, só noto que estou sendo carregada quando Ralf passa a correr ao lado de Leif e minha mãe.

Nem ao menos tinha notado sua presença, mas ele estava ao meu lado, em proteção, pois todos da vila continuamente começaram a questionar sobre qual seria esse poder e como poderia ajudá-los.

Olho para o rosto sério e concentrado de Ralf, ele tem apenas um objetivo: me manter a salvo.

Ralf é extremamente alto, ombros largos e músculos visíveis, loiro de olhos negros, com uma barba que o deixa mais velho do que realmente é, mas ele diz que é para impor respeito.

Assim que entramos na casa, Leif encarrega-se de fechá-la.

É a casa principal da vila, morada de Leif e Ralf, de quem ambos são líderes.

Apenas quando Ralf me coloca sob a cama, que parece ser seu quarto, noto minhas pernas tremendo, assim como as mãos.

— Rana, nunca questionei por respeitá-la e principalmente por medo de ouvir a verdade, mas agora preciso saber de tudo — Leif inicia, olhando em direção à mamãe.

— Não sei... juro que não sei — Rana balbucia nervosamente.

Ela treme, mais branca que a própria morte e com os olhos arregalados pelo medo.

Claro que ela está assim.

Todos estão!

Aquilo não é normal nem para mim, o que está acontecendo?

Leif

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