Lorenzo estava na sala sentado e lia um jornal, quando observou Maria se aproximar e sentar a sua frente em um pequeno sofá.

Ele deixou o jornal enquanto a perguntou sem desviar os olhos dela que o fitava.

__ sente-se bem?

__ talvez nunca.

Ele suspirou

__ podemos dar um passeio a algum lugar interessante.

__ para que? Para talvez ser sequestrada?

__ isso não vai acontecer e te garanto que nunca mais.

__ eu não acredito em você, Lorenzo.

__ é uma pena realmente, pois sou seu esposo e me deve isso.

__ eu devo a você? Eu nao me importo como você acredite nas coisas que diga.

__ esta disposta a me deixar.

__ sim. Estou. Parece que você percebeu.

__ façamos um acordo.

Maria o observou e suas maos estavam trêmulas.

__ seus acordos nunca são bons para mim.

__ este será.

__ diga.

__ estou planejando matar o homem que a feriu.

__ claro que está, você vive este universo violento onde pessoas saem feridas.

__ parece que também me feri. E sua desobediência também nos feriu.

Maria desvia o olhar, Lorenzo estava sofrendo e isso era nítido e claro.

__ e o que este fato mórbido tem a ver com algo bom para mim?

__ te darei o divórcio e estava livre.

Quando Maria ouviu aquelas palavras seu coração doeu.

Ele a vê se levantar e caminhar até a janela observando através do vidro fechado, sobre as cortinas enormes de seda pura que cobria a janela.

__ é o seu desejo, não é?

De costas para ele, Maria não tinha esta clareza, mas seu coração estava ferido e acreditava não haver mais um futuro feliz para ambos se estiverem juntos.

__ somos diferentes.

__ e isso nos tornar loucos um pelo outro, mas você não aceita. Você não me aceita, Déa.

Déa. Sempre que ele a chamava assim, Maria sentia vontade de abraça-lo...

__ se eu soubesse o que era não teria me aproximado.

Ele se levantou e antes mesmo que ela notasse, ele a tomou nos braços.

Em silêncio apenas a observava e Maria se sentiu estremecer quando ele apertou sua cintura em um ímpeto demostrando quanto desejo sentia.

__ tenho a absoluta certeza de que me quer. Eu sou paciente, Déa. Este mundo ao qual vivo me fez assim, então posso esperar pelo momento a que ao menos me dará uma despedida.

Ele a vê fechar os olhos, pois seus labios quase se tocaram, mas desta vez Lorenzo não a beijou.

Ele a soltou devagar e virou-se caminhando ate o pequeno barzinho se serviu de uma bebida.

__ se é desejo o que se sente, não vai se importa de por outra em meu lugar que o aceite.

__ acha mesmo que o que sinto é somente desejo? Déa... Não seja tão ingênua. Não teria me casado com você sendo apenas isso. Eu a tive em meus braços na primeira noite.

Era verdade! Maria havia se entregado de forma quase vulgar...

__ esta me julgando por ser livre de amarras?

__ eu adorei cada ato profano que você cometeu comigo aquela noite, sua entrega a forma feroz que me ama é o que me faz acreditar no que temos.

__ nada profano. Foi sexo.

__ o melhor de minha vida.

Maria riu de forma irônica.

__ um homem rico como você é cheio de contatos, imagino quantas mulheres cai ao seus pés.

__ nisto eu concordo, se fala de sexo.

Maria sentiu o ciúme invadi-la...

Calou-se.

__ prometo não toca-la e deixar que parta de minha vida se assim o quer.

Lorenzo viu que ela pareceu inquieta.

Ele conhecia cada detalhe de sua amada, cada olhar e cada centímetro daquele corpo que o enlouquecia.

__ me sinto presa neste lugar, e sinto falta de minhas pinturas.

Maria mudou de assunto pois aquele a deixou tensa.

__ certo, darei um jeito nisto.

__ não quero que faça nada por mim.

__ eu faço o que eu desejo, Déa e eu sempre consigo tudo.

__ sim, quando você paga por isso.

Lorenzo entendia que os ataques de Maria era mesmo para feri-lo, pouco caso fazia quando a olhava apenas queria conforta-la. Nada mais.

__ esta fechando todas as portas para mim, Maria. Estou ficando cansado.

__ eu não me importo.

__ certo. Então veremos.

__ não me trate como um dos seus cassinos ou empregados.

__ eu deveria carrega-la ate o quarto e fazê-la entender qual o seu lugar em minha vida.

Ele diz e sorri o que irritou Maria.

__ eu não quero que me toque.

__ é mesmo? Eu posso provar o contrário a tudo o que diz, pois seus labios dizem não, mas seu corpo ele diz sim o tempo inteiro!

Ela o ve se aproxima e se afasta receosa, Ele a fitou ela tinha o semblante apavorado, a respiração acelerada e estava trêmula.

__ não ouse.

__ eles tocaram em você?

Maria silencia e Lorenzo fica tenso.

__ me diga! Tocaram em você?

__ não!

__ espero que esteja me dizendo a verdade, Déa.

__ não fui estuprada, porém preferia ter sido, e em seguida morta ao ter que perder o meu bebê.

Lorenzo ficou em silêncio por um momento, ouvi-la dizer aquelas palavras o feria profundamente.

__ de qualquer forma vou matar cada um deles.

Lorenzo disse amargurado e visivelmente abatido.

__ eu odeio tudo isso! E toda a sua violenta forma de agir!

__ estará livre disso, não se preocupe.

__ espero não demore tanto.

Ele a vê se retirar enquanto se afoga em mais um copo de bebida.

Lorenzo fez algumas ligações importantes aquele dia. Ainda que estivesse sem nenhum ânimo por seus problemas pessoais ainda liderava um império.

Giuseppe entrou na sala com um assunto que interessava Lorenzo.

__ tenho boas notícias, capo.

Lorenzo levantou uma das sombracelha e o fitou.

__ espero sejam mesmo boas.

__ ele está em sua busca, esta em sua mansão.

Lorenzo sorriu.

__ isso é maravilhoso, e ele deve estar me esperando.

__ parece que ele não tem nenhuma noção, pois esta sozinho.

Lorenzo não acreditava nisso.

__ eu duvido que esteja sozinho, posso fazer apenas uma ligação e matar esse miserável agora mesmo.

__ mas isso não o deixaria completamente feliz.

Os dois gargalhavam.

__ talvez eu perca a mulher de minha vida por conta disto.

Giuseppe deu um " tapinha" no ombro de Lorenzo.

__ eu duvido muito que Maria o deixe.

__ ela está irredutível.

__ você sabe o que fazer, capo.

Na verdade, Lorenzo sabia muito bem o que fazer...