Os meses que seguiram o final do reality show foram uma mistura de alívio e desconforto para Laura. A intensidade das críticas que a inundaram no início começou a diminuir, mas os comentários sobre sua confissão e o impacto que teve no programa continuavam vivos. Apesar disso, ela sentia que, aos poucos, o público estava começando a enxergá-la como uma pessoa de verdade, não apenas como a mulher por trás da ilusão de Isla.

Laura havia optado por se distanciar do mundo do entretenimento e, especialmente, de Andrew. Não era por falta de sentimentos; ela sabia que ele ainda ocupava um lugar especial em seu coração. Mas a frieza com que ele a tratara após a revelação e o peso de tudo que tinham vivido juntos a fizeram perceber que precisava de espaço para se curar.

Rafael, no entanto, estava sempre por perto. Ele se tornou sua âncora, alguém que não apenas entendia o caos pelo qual ela havia passado, mas também lhe oferecia um ombro amigo sem pedir nada em troca. Eles começaram a passar mais tempo juntos, saindo para cafés, caminhando por parques e até explorando lugares tranquilos longe das câmeras e da curiosidade pública.

Em uma dessas tardes, enquanto estavam sentados em um banco de praça, Laura não conseguiu evitar comentar:

— Você acha que algum dia tudo isso vai parar de me assombrar? — perguntou, olhando para o chão.

Rafael sorriu gentilmente e segurou a mão dela. — Acho que vai. Mas só se você deixar. Você está se reconstruindo, Laura. As pessoas já estão vendo a verdadeira você.

Ela sorriu de volta, agradecida, mas havia algo que a inquietava. Rafael tinha se tornado um ponto de conforto tão grande em sua vida que ela começava a questionar o que sentia por ele. Seria apenas amizade? Ou havia algo mais, algo que ela ainda não estava pronta para admitir?

Enquanto isso, Rafael lutava com seus próprios sentimentos. Ele sabia que gostava de Laura, talvez mais do que deveria, mas nunca pressionava. Ele a apoiava sem esperar nada em troca, embora cada sorriso dela, cada momento de vulnerabilidade compartilhado, tornasse mais difícil esconder o que sentia.

O dilema de Laura só se intensificou em uma noite, quando os dois estavam em seu apartamento. Rafael tinha levado pizza e vinho, e eles estavam assistindo a um filme, rindo e conversando como sempre faziam. Mas, em um momento de silêncio, Laura percebeu como ele a olhava. Não era um olhar casual; havia algo profundo, algo que ela reconheceu, mas não sabia como lidar.

— O que foi? — ela perguntou, meio brincando, tentando aliviar a tensão que começava a crescer.

Rafael desviou o olhar, rindo nervosamente. — Nada. Só... é bom ver você sorrindo de novo.

Laura sentiu o coração acelerar. Havia algo na maneira como ele disse aquilo que a desconcertou. Ela tentou ignorar, mas o momento ficou gravado em sua mente, deixando-a ainda mais confusa sobre o que sentia.

Enquanto isso, as notícias sobre Andrew continuavam surgindo. Ele havia assumido novos projetos e parecia mais distante do que nunca, mas Laura não podia deixar de se perguntar se ele ainda pensava nela. Ela sabia que precisava tomar uma decisão, não apenas sobre Andrew, mas também sobre Rafael e sobre o rumo de sua própria vida.