Capítulo 12: Um Romance de Verdade?
Nos dias seguintes, Laura tentou se focar em sua estratégia no programa. Ela sabia que precisava reforçar a persona de Isla Frost, uma mulher misteriosa e imperturbável, se quisesse continuar no jogo. Mas cada vez que Andrew estava por perto, a linha entre Laura e Isla parecia se desfazer um pouco mais.
A próxima competição foi anunciada como uma atividade ao ar livre – uma trilha em uma floresta tropical seguida por uma prova de sobrevivência. Era a oportunidade perfeita para as candidatas mostrarem não apenas carisma, mas também resistência e habilidade. Para Laura, seria um teste duplo: manter sua personagem intacta enquanto controlava as emoções que começavam a emergir.
Na manhã da atividade, as cinco mulheres se reuniram no ponto de partida, vestidas para a aventura. Andrew chegou logo depois, com um sorriso caloroso e um brilho nos olhos que parecia iluminar o ambiente. Ele parabenizou Dahlia por sua vitória na noite anterior, mas fez questão de cumprimentar as outras candidatas de forma igualitária – ou quase. Quando seus olhos encontraram os de Laura, ela sentiu um momento de hesitação, como se ele estivesse tentando decifrar algo além da máscara de Isla Frost.
A trilha começou com brincadeiras leves e conversas ocasionais, mas não demorou para que o verdadeiro desafio surgisse: atravessar um rio estreito e cheio de pedras escorregadias. Cada candidata precisava confiar em sua própria habilidade para cruzar, mas Andrew, como sempre, estava à disposição para ajudar.
Dahlia foi a primeira, movendo-se com elegância e confiança, atraindo aplausos das outras participantes. Riley, com seu espírito animado, tropeçou uma vez, mas riu da situação e transformou o momento em uma piada que arrancou risos de todos. Camille e Sophia cruzaram sem dificuldades, cada uma exibindo suas respectivas forças – determinação e graça.
O rio não era largo, mas suas águas cristalinas corriam rápidas, refletindo a luz do sol como um espelho ondulante. As margens estavam cobertas por uma vegetação exuberante, com folhas tão verdes que pareciam sair de uma pintura. O ar estava carregado com o perfume úmido da floresta, misturado ao som ritmado da correnteza e ao canto distante de pássaros tropicais.
Laura, no papel de Isla, sentia o peso das expectativas. Cada passo sobre as pedras do rio parecia uma decisão cuidadosamente calculada, um movimento em um tabuleiro onde um erro podia custar sua credibilidade – ou sua posição no jogo. Ela tentava ignorar o olhar de Andrew, mas podia senti-lo. Era intenso, uma presença quase palpável.
Quando a pedra sob seu pé se moveu de forma traiçoeira, Laura sentiu o coração disparar. Seu corpo inclinou-se para frente, e por um momento que pareceu eterno, ela viu a possibilidade de cair na água. Mas antes que o inevitável acontecesse, um toque firme e quente a puxou de volta.
Andrew.
Ele a segurava com força, uma mão firme em sua cintura e a outra segurando seu braço, como se temesse que ela pudesse se machucar. Seus olhos, normalmente tão descontraídos, estavam cheios de preocupação, e sua voz, quando falou, veio carregada de uma ternura inesperada.
— Você está bem? — perguntou, inclinando-se ligeiramente para encontrar seus olhos, o que o fez parecer ainda mais próximo.
Laura tentou responder de forma neutra, como Isla faria.
— Estou bem, só perdi o equilíbrio — disse, forçando um tom calmo que mascarasse o turbilhão de emoções que sentia.
Mas Andrew não parecia convencido. Ele a manteve firme por mais alguns segundos, seu olhar percorrendo o rosto dela, como se buscasse algum sinal de que ela não estava dizendo a verdade. O toque dele, quente contra a pele dela, fez Laura se sentir exposta, como se ele pudesse ver através de Isla e enxergar Laura.
— Tem certeza? — insistiu ele, a voz mais baixa agora, quase como um segredo compartilhado entre os dois. — Não precisa forçar, sabe? Você não precisa provar nada pra ninguém.
Essas palavras, ditas com tanta sinceridade, foram como uma fissura na máscara que Laura usava. Por um instante, ela quase esqueceu onde estava, quem era. Isla Frost teria respondido com um sorriso frio e uma frase enigmática, mas Laura se sentia perdida, presa entre o papel que criara e o que seu coração estava começando a sentir.
— Estou bem, Andrew — repetiu, finalmente, com um pequeno sorriso. Não era totalmente fingido, mas carregava algo que ela não queria admitir. — Obrigada.
Ele a ajudou a finalizar a travessia, os dedos dele soltando-a com relutância, como se ainda quisesse protegê-la. Quando chegaram à margem oposta, Andrew abriu um sorriso descontraído, mas seus olhos ainda carregavam aquele brilho de preocupação.
— Está vendo? Você consegue. Não precisa de mim para atravessar, mas eu estarei por perto, se precisar.
Laura sentiu o peito apertar com aquelas palavras. Ele falava como se estivesse se referindo apenas à travessia do rio, mas algo no tom sugeria mais. O mundo ao redor parecia se dissolver por um momento – o som da água, o murmúrio das outras candidatas, até mesmo a tensão do jogo –, deixando apenas os dois ali, como se fosse uma realidade paralela.
Mas a magia se desfez rápido. Um suspiro alto de Riley trouxe Laura de volta ao presente, seguido por um comentário brincalhão:
— Olha só, Isla, até Andrew virou seu salvador particular!
A plateia riu, mas Laura percebeu o olhar de Dahlia. Era afiado, quase predatório, como o de alguém que havia notado algo que não deveria. Dahlia sorriu de forma tão doce que parecia gotejar veneno.
— Que cena adorável. Quase parece... real, não é?
Laura apenas manteve seu sorriso enigmático, o mesmo que Isla usaria. Por dentro, porém, seu coração batia como se tivesse corrido uma maratona. O toque de Andrew ainda parecia gravado em sua pele, assim como as palavras que ele dissera.
Ela sabia que estava caminhando por um fio muito fino. Isla Frost era uma personagem, e Andrew era apenas parte de um jogo. Mas, naquele instante, enquanto sentia o calor de suas emoções ameaçando transbordar, Laura não sabia mais onde terminava a farsa e começava a verdade.
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