Encarando a realidade
Com o barulho do despertador que avisava a hora, Ellie desperta de imediato, sofrendo com uma dor que estava presente em sua cabeça. Ela levantou da cama e desligou o som de seu aparelho que perturbava os seus ouvidos, o jogando contra a parede, por ele ter teimado em silenciar-se. Repara então, no ambiente em sua volta, percebendo que estava em seu velho e amado quarto. Caminhando devagar por conta da leve tontura que estava sentindo, ela vai até a janela e encara o dia que estava nascendo, enquanto pensava vagarosamente em tudo.
" …você não está sonhando!!!..." Essas palavras que estavam escritas no caderno, ressoavam na mente da menina, junto com as informações contidas nele. Lágrimas percorrem o rosto de Ellie, que observava em silêncio os pássaros sobrevoando a área, desejando que a vida dela fosse livre como a deles.
O dia foi passando demasiado devagar para a garota, que mal conseguia se concentrar nos deveres de casa, pensando sempre nos problemas que, hora ou outra, teria que enfrentar. Ela já viu a consequência de duas escolhas que tomou no futuro, e como isso acabou com o restante do mundo, entretanto, restava apenas uma última escolha. Mas isso significaria, que ela teria que deixar as pessoas que ama, morrerem na sua frente, o que a deixaria sozinha e desprotegida no mundo.
— Filha, você está com algum problema? — indagou a mãe para a filha, reparando que a mesma, estava com os pensamentos longe dali. — Não é do seu feitio ficar tão calada por tanto tempo.
Percebendo a preocupação no semblante da mãe, a garota pára de varrer o chão da sala e fita diretamente em seus olhos.
— Eu estou bem, mãe! — respondeu abrindo um sorriso forçado. Ela reparou, que ultimamente anda falando muito isso, e que sua mãe provavelmente, não acreditaria mais em tais palavras. Com um rápido pensamento, decidiu completar a sua resposta, no intuito de acalmar a sua mãe — Eu… estou só pensando…em como será voltar para escola amanhã, depois do que fiz…eu realmente perdi a cabeça na hora.
— Fico feliz que esteja pensando em seus atos e nas consequências que isso possa trazer — ela coloca a mão no ombro da menina — não se martirize tanto, você deve ter puxado isso de mim. Na sua idade, eu aprontava sempre que podia, quase sempre, na intenção de irritar os meus pais.
A garota faz uma cara de surpresa ao ouvir a confissão da mãe. Com certeza não esperava que a "careta" dona Cláudia, tivesse sido uma rebelde em seu tempo.
— Mãe, eu… — ela pensa em contar a verdade para a mulher em sua frente.
— Não quero que isso sirva de desculpas, mocinha. Não me apronte mais nada, okay? — ela sai andando da sala e caminha em direção ao banheiro.
— É o que estou tentando fazer ultimamente…ficar longe de problemas — murmurou para si — Seria mais fácil se… — ela lembrou de outra passagem escrita no caderno — Eu preciso encontrar o meu irmão! Embora eu ainda não saiba como. — riu da situação.
O dia foi passando e com ele, alguns anos também. Ellie acaba de completar os seus 17 anos de idade e já era, a melhor aluna de sua amada academia, onde decidiu deixar de lado os seus problemas e focar nas lições dadas de seu sensei, o que acabou resultando em grandes melhorias em seu comportamento perante a sociedade e com isso, a sua primeira paixão.
Jefferson, o nome de seu interesse amoroso, tinha acabado de se mudar para casa de seus avós, após de ser expulso de casa pelos pais, que não gostaram da idéia de seu filho, ter deixado a carreira de medicina para seguir viagem com sua banda de rock, os the cry babies, pelo mundo afora, o que resultou em apenas uma única apresentação antes da banda se desfazer. Ele era 3 anos mais velho que Ellie, o que não impediu da garota se apaixonar por ele. Talvez seja por causa de seu cabelo longo e solto, que aparentava ser bem cuidado, ou de seu olhar profundo, que era ressaltado pelo contorno escuro em seus olhos, outros diriam, que seja por causa de sua tendência de usar roupas escuras, que eram sempre acompanhadas por uma jaqueta preta de motoqueiro, não importando o clima que estava presente.
Ellie ficou um bom tempo admirando o novo vizinho pela janela de seu quarto, mas sempre tentava se esconder quando ele reparava, a olhando de volta. Ele percebia as intenções dela e sempre que podia, a provocava de todas as maneiras que conseguia, pois achava engraçado e fofo o jeito tímido dela. Até que certo dia, decidiu acabar com o sofrimento da menina, a chamando finalmente para sair, deixando-a completamente surpresa com o pedido inusitado dele. Com o seu rosto pegando fogo, Ellie não conseguiu se conter, e acabou tropeçando em sua própria perna, caindo por cima do rapaz, que riu da atrapalhada dela.
Eles ficaram juntos por um tempo, Ellie parecia uma menininha quando estava perto de Jefferson, que sempre demonstrava ser um exemplar cavaleiro ao seu lado.
— Eu acho que…— ela sentia seu coração acelerar cada vez mais rápido, a medida que seu amado chegava mais perto, enquanto o vento assoprava com mais fervor as folhas das árvores que cobriam os dois em meio ao parque — … Eu te amo — desferiu as palavras que tanto queriam sair, esperando o retorno das mesmas sair do homem em sua frente, todavia, ele olhou diferente para ela, soltando a primeira coisa que aparece em sua cabeça.
— Legal! — A garota ficou triste por não ouvir as 3 palavras que tanto ansiava, mas não correu o risco de comentar nada com ele, para não assustá-lo ainda mais naquele momento, afinal, entendeu que ainda estava muito cedo para tal sentimento, já que fazia apenas dois meses que estavam juntos, e que um dia, escutaria o que tanto ansiava ouvir saindo da boca do rapaz.
Ellie estava feliz ao lado de Jefferson, achando que nada poderia estragar essa felicidade, porém, uma descoberta que a garota não esperava, acabou destruindo o frágil coração dela, o estraçalhando em vários pedaços, resultando em um grande lacre nas portas de seu coração. Um certo dia, saindo da escola, algo chama atenção da menina que andava no meio da rua. Ela sente uma voz que começa a sussurrar em seus ouvidos, fazendo-a andar em direção a um canto escuro da calçada, do outro lado da rua, onde uma árvore estava presente em meio às sombras do lugar, e nele, encontra o seu namorado agarrando outra mulher, beijando-a com vontade. Ellie ficou incapaz de se mover, apenas lágrimas brotavam de seus olhos, acompanhados pela chuva que decidiu se manifestar, encharcando a garota. A chuva não foi o suficiente para apagar as chamas que estavam saindo do casal debaixo da árvore, e nem afastar os sentimentos dolorosos que invadiam o corpo da menina, a destronando por dentro. O ódio que sentiu daquele que se dizia, seu namorado, a fez querer partir para cima dele, querendo aplicar os golpes mortais que tanto dominava, entretanto, as lembranças dos ensinamentos de seu professor, a impediam de realizar tal ato. Apenas saiu a disparada daquele lugar, sem se importar para onde iria parar, pois queria ficar o mais longe possível dali, e quem sabe, recuperar pelo caminho os cacos de seu coração. Ela se perguntava se estaria amaldiçoada, ou, do porque que o destino era tão contra a sua felicidade, já que sempre que encontrava algo que a fizesse feliz, aparecia alguma coisa, ou alguém, que retirava isso dela.
Ellie apenas correu, deixando que as gotas da chuva unisse aos de seus olhos, que eram empurrados pelos ventos que batiam em sua face, na direção oposta de sua direção, deixando a sua vista completamente embaçada, até que algo interveio em seu caminho, jogando ambos para trás pela trombada brusca.
— Me desculpe… você está bem? — um homem se pôs em sua frente, oferecendo a mão para levantá-la. Ela acabou aceitando essa gentileza do rapaz.
— Eu que peço… — enxugando os seus olhos, ela analisa o homem em sua frente. Com uma olhada mais apurada, ela fica chocada com a descoberta da identidade do rapaz — Nicholas… é você?
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