De volta para o futuro
Ao cair da noite, Ellie se prepara para ir dormir, veste o seu pijama favorito e se deita na cama após apagar as luzes. Com o decorrer das horas, revirando-se na cama por não conseguir dormir, ela decide acender as luzes do quarto novamente. Com o intuito de pegar algo para ajudá-la a pegar no sono mais rápido, ela caminha até a cozinha, com passos leves e silenciosos para não acordar a mãe, e pega um copo vazio na prateleira acima da pia, e a enche de leite que pegou na geladeira, tomando após a adocicar e mornar no microondas. Após o último gole de leite, ela limpa o bigodinho branco que se formou em seus lábios, e retorna para o quarto. Ela pára por alguns instantes para observar o silêncio que estava na casa, dado a hora, era provável que sua mãe já estivesse dormindo, mas algo ainda estava a incomodando, pois tinha certeza que não estava sozinha ali, se sentia sendo observada a cada passo que dava na direção de seu quarto. Lembrando da promessa que fez para ela mesma, simplesmente ignorou esse fato, e entrou com um pouco mais de presa em seu quarto, trancando a porta ao entrar.
Ela respirou profundamente, antes de caminhar para perto da janela, onde pegou uma cadeira que apoiava a sua bolsa, e, após abrir a janela um pouco, sentou para observar a belíssima lua que estava dando a cara naquele céu incrivelmente estrelado, escutando apenas os barulhos dos grilos cantando nos matos, e os sons maravilhosos vindo do sino dos ventos pendurados perto da porta dos vizinhos ao lado. Como ela gostava daquela paz que a natureza, em seu estado puro, trazia consigo através dos ventos que sopravam em sua face, lembrando da sensação que era estar sentada debaixo de sua árvore favorita perto do lago, na floresta que tanto amava, o que também a deixou triste e com vontade de chorar, por essa lembrança e a lembrança de seus amados amigos animais, estar se apagando pouco a pouco de suas memórias.
Em seus devaneios, não notou o tempo passar, e nem notou que seu corpo estava exausto, pois acabou pegando no sono ali mesmo, dormindo tão confortavelmente e tranquilamente como a tempos não dormia antes.
Na manhã seguinte, após acordar de seu maravilhoso sono, esticando os seus braços para espreguiçar-se, Ellie parte para o banheiro para fazer a sua habitual rotina, mas, uma surpresa que descobriria no banheiro, a amedrontaria e faria com que entrasse em pânico. Depois de tomar um longo banho quente, e vestir o seu roupão de banho após se secar, ela caminha até a pia do banheiro, pega a sua escova no armarinho acima da pia, que já estava com a porta de vidro aberta, e uma pasta de dente ao seu lado, e despeja o conteúdo na escova, fechando a portinha em seguida. Quando olha para a imagem refletida no espelho, deixa cair a sua escova, derrubando-a no chão molhado, após vê que o pesadelo tinha voltado, era ela novamente em um corpo mais velho.
— Não, não, não, não, não…não pode ser! De novo não! — ela limpava o vidro do espelho, no intuito de mudar a imagem que estava sendo refletida. Ela dá dois tapas fortes em seu rosto, e belisca o seu braço esquerdo — Acorda Ellie, você está sonhando! — ela tenta se convencer — Você não pode estar realmente no futuro!
Depois que percebeu que nada que fizesse faria alguma diferença, ela decide sair do banheiro, reparando em algumas novidades que estavam espalhadas pelo quarto, como uma smart Tv de aproximadamente 43 polegadas, um home theater e uma luminária extremamente bonita, com detalhes minuciosos incrustados a ouro. Ela ficou se perguntando, o que poderia ter feito para mudar tanto assim de vida? Pois estava na cara que aquilo tudo não era barato. Será que ela virou algum tipo de criminosa? Foi um dos pensamentos da garota. Reparando em uma porta, que não era para existir ali no canto da parede, ela caminha em direção a ela, e a abre, encontrando uma surpresa maravilhosa, com certeza não esperava por aquilo, era um closet estupidamente grande, que poderia jurar que era maior que seu quarto, com várias roupas e acessórios variados de luxo. Entretanto, optou por vestir algo bem mais simples, como uma calça jeans básica, e uma camisa branca larga escrita "Meu pequeno panda", com o desenho do animal logo abaixo.
Logo após de se vestir, a garota sai do closet, e caminha até a porta, na intenção de sair do quarto e ir para a cozinha, todavia, se lembra de quem poderia estar do outro lado esperando por ela, ficando apreensiva com o fato de ter que "conversar'' com o seu irmão supostamente morto.
Engolindo a seco, ela sai do quarto fazendo a cara mais animada que conseguia fazer, preparada para qualquer coisa que poderia aparecer, inclusive, trataria o seu irmão imaginário como se ele fosse real. Atravessando a porta, ela repara em mais mudanças feitas na casa, onde móveis estão onde não deveriam estar, objetos estranhos que não conhecia o que eram, espalhados pela casa, e o pior de todos, o quarto de sua mãe, onde o Nicholas estava ficando, não existia mais, em seu lugar, era uma sala exclusiva de malhação, com vários aparelhos de academia espalhados no lugar, incluindo um saco de pancada bem no centro da sala.
— Oi…tem alguém aí…? — ela andava pela casa, em busca de alguma companhia que estivesse presente — Nicholas, está em casa? Oi… Bart, vem aqui garoto — a casa só respondia com um enorme silêncio — Que estranho, eles devem ter saído.
Então, vendo que estava sozinha em casa, ela decide aproveitar a chance para bisbilhotar o lugar, e descobrir, o que esse sonho estava realmente querendo mostrar a ela, pois deduziu, que tudo isso passaria se desvendasse o mistério que estava por trás daquele horripilante pesadelo. Sem perder tempo, ela começa a revistar o lugar, começando pelo quarto de academia, e seguindo para a cozinha e depois para a sala, não encontrando nada de importante, apenas mais dos mesmos materiais novos.
Depois de já ter revirado a casa de cima a baixo, com os seus pés doendo de tanto que se moveu, a garota decide retornar ao seu quarto, se jogando na cama após avistá-la e descontando a sua frustração nos travesseiros que abafaram o som de seus gritos. Se dependesse de Ellie, ela ficaria trancada para sempre naquele quarto, era o único lugar que se sentia segura e confortável. Logo após de se acalmar, virando o seu corpo para cima sem largar o travesseiro, ela começa a encarar o teto, enquanto pensava em como prosseguiria daqui pra frente e que hora ela iria despertar desse pesadelo e acordar no mundo real.
— Eu…não estou entendendo mais nada! O que esse sonho, ou melhor, esse pesadelo idiota está querendo que eu faça? — ela se debatia na cama — Porque eu não posso ter um sonho normal como qualquer outra pessoa? — o seu olhar foi atraído pelo objeto grande na parede do quarto — O que será que acontece caso eu ligue a televisão?!
Levantando-se da cama e indo para perto do objeto em questão, algo peculiar chama ainda mais a atenção da garota, um caderno rosa na estante abaixo da televisão, no qual, soube que era importante assim que o viu, pois nele estava escrito " Me leia, Raposinha", com a letra dela, em um pedaço de papel colado na capa. " Raposinha" era como o pai dela a chamava quando queria discutir alguma coisa séria, na época que ela era apenas uma criança travessa, que sempre se metia nos lugares mais perigosos da floresta e sempre aprontava das suas com os animais de lá.
Abrindo o caderno, uma mensagem importante estava presente na primeira página. Nele estava escrito:
" Olá, eu. Eu sei o que você deve estar pensando, mas quero que preste bastante atenção no que eu vou te contar. Para começar, você não está sonhando!!! Isso mesmo, não pense que isso é um pesadelo, pois é bem real. Eu vou lhe contar todos os detalhes daquilo que eu sei, e por favor, eu te peço, acredite em mim, ou melhor, em nós! Eu sei que não vai ser fácil acreditar, pois acredite, eu entendo, afinal, eu sou você, só que mais bonita hahaha! Piadas à parte, vamos para o que interessa. A primeira vez que a gente viajou para o futuro, achamos que era apenas um sonho bobo, contudo, com o decorrer dos anos, eu percebi que não era. Passei a minha vida toda ignorando as aparições sobrenaturais, como eu sei que está fazendo nesse exato momento. Não faça isso! Por favor, eu te peço.
Pelo que conheço de nós, temos um sério problema de confiança, não acreditando nas coisas e nas outras pessoas, mas eu sou você, e em nós, a gente pode confiar. Deve ter entendido a mensagem que estava na capa deste caderno, por isso confirmo que sou eu mesma.
Eu estou rezando que consiga ler essa carta a tempo, antes de ter completado os seus 20 anos, foi quando eles apareceram pra mim, e me fizeram a tão importante pergunta, e, ao contrário da minha versão do futuro anterior, eu não soube o que responder. O que foi um erro! Os anciões exterminaram todos os seres vivos do planeta, deixando apenas nós para trás. Isso mesmo, você é o último ser humano viva em todo o planeta. Eu confirmei isso, após viajar para todo o canto do mundo. Deve estar surpresa agora, não é? Deve estar se perguntando, o porquê que eu ainda continuo viva? Por que eu mesma não coloquei um fim a tudo isso? Simples, eu não consigo morrer! Eles me impedem disso. Me transformaram em um ser imortal, para me torturar com uma vida solitária e eterna. Não viva a vida como eu fiz, pense muito bem no que vai responder aos Anciões.
Ps: Me falaram que nós poderíamos viajar só essa vez, então tudo depende de você agora, não desperdice essa chance que nos foi dada. E,Ellie, você realmente tem um irmão, e ele está vivo! Ache-o! Ele pode saber de alguma coisa sobre o porquê que a gente foi escolhida.
Boa sorte!
Um semblante de pavor e medo estava presente no rosto da menina, que não soube como reagir àquela importante informação que foi jogada em seu colo. Como que ela vai prosseguir daqui pra frente? Nem ela mesmo sabia.
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