
3
Elior colocou tudo que sobrou em sua dispensa e com a ajuda de Martin, tudo foi ficando limpo em segundos. E mesmo cantalorando , enquanto Elior estava lavando a louça, Martin não deixará de analisar tudo por dentro.
A cozinha era de madeira é claro, mas era muito bem pintada, com detalhes florais em toda a sua extensão . Tudo desenhado e de modo tão delicado que certamente Martin iria registrar isso em seu livro com o máximo de informação que pudesse gravar em sua memória.. A forma como tudo era melimetricamente organizado. Claro que havia suas horas de bagunça, mas, Elior sempre foi um sidhe um tanto metódico, extremamente higiênico.
Também havia caixotes de madeira escura mais envergada, o desenho da própria,talvez um tronco quem sabe.. perto da entrada da cozinha. E encima destes, um suporte para garrafas que Martin jurou ser vinhos.
—São vinhos por um acaso?— perguntou Martin olhando para o suporte, um tanto curioso pela forma como eram..
Elior sacudiu as mãos e pegou um pano de estopa para secar o restante da louça e guardar em sua estante.
Enquanto ele fazia isso, olhou para o humano e dera um sorriso de canto.
—Se adivinhar, lhe deixarei beber um pouquinho dele. Mas só se adivinhar!— ele dera um sorriso de canto, brincalhão.
—É cerveja?— perguntou Martin, mais como uma afirmação.
—Não, é algo mais forte que cerveja e o vinho. Na verdade, não sabemos o que é vinho. Sabemos o que é cerveja.
—Bem, vinho é uma bebida feita direto de uma fruta, ela fermenta e o processo é meio complicado de explicar.. Mas depois disso, quando se bebe, lhe deixa um pouco zonzo. Sabe?
—Sei, sei o que quer dizer. Na verdade, a gente sabe o que é vinho, só estava brincando com você— Elior deu risada e Martin sorriu.— venha! Vamos ir lá fora ver se já passou o tempo ruim.. caso não, teremos de ir mesmo assim. Espero que me ajude a levar algumas coisas além das suas. Já que estamos de viagem, até a colina Branwen, vai ser um longo caminho.
Ambos se dirigiram até a porta, ao abrir, notaram que a neblina ainda estava densa. Mas isso não iria impedir de ambos irem até o rei de Elior. Na verdade, Elior sabia bem como ir sem lhes causar danos. Pelas tocas de Sabrions..
Túneis subterrâneos que poderiam levar eles em segurança até o outro lado do rio Ozin, onde metade do reino abastecia seus lares e outros seres que ali viviam também consumiam a água.
Claro que teria de pedir permissão. Mas, Elior sabia que não iria ser nada fácil. Já que o acompanhante, era um humano, e o povo, odiava o odor. E o guardião de Sabrions não iria ser nada amável caso visse Martin ali. Mas Elior sabia bem o que fazer. Nada que água de cogumelos com musgo não resolveria isso.
—Preciso lhe tirar esse cheiro de humano. Quero dizer, o seu cheiro incomoda. Terá de por roupas minhas, e tomar um banho. Vamos voltar. Precisamos nos apressar se quisermos ir cedo sim!
—Como meu cheiro incomoda?—Martin pegou um pouco de sua camisa e cheirou, era perfume de rosas, e não sabia bem o porque isso poderia ser incômodo.
—Não é o cheiro de suas roupas, é o seu sangue. Somos criaturas que conseguem sentir o cheiro a distância, e provavelmente alguém deve ter sentido isso.. bem, vou por água em minha banheira, tomara banho e vestirá minhas roupas, vou ajustar visto que sou um pouco mais alto que você. Se dirija até ali— Martin olhou para onde Elior apontava, e caminhou até um corredor.
Ao chegar ao corredor ele viu que havia uma separação no cômodo, uma separação feita de gravetos e folhas amarelas. Era incrível como ele podia ser tão bem criativo com tudo.
Elior chegará com dois baldes cheios de água e cogumelos e alguns musgos. Claro que Martin estranhou, mas, ele teria de fazer isso se quisesse ir até o rei. E sem alardes algum.
O jovem Sidhe então lhe deixou sozinho, já o humano entrou na banheira simples de madeira, após se despir, se lavou e relavou até os cabelos, as unhas, entre os dedos e os pés. O cheiro não era agradável, mas, não era tão ruim. E mesmo depois de se vestir, ele ajeitou a camisa marrom comprida por dentro das calças marrom, arrumou a gola do casaco bege, que mais parecia um colete, mas, não havia abertura e somente uma fenda ao lado, mais parecia um pano comum, porém, muito bem costurado e havia bolsos grandes, o que caberia uma mão inteira e sobraria espaço.
Ele se dirigiu até Elior que com uma agulha fina, que mais parecia de pedra, e linhas douradas reluzentes, ele começou a ajustar as roupas no humano. O processo de costura era rápido, mas, Martin se impressionou com o cuidado e de certo modo, atento que o jovem Sidhe, tinha.
Feito tudo que podia fazer, eles terminaram de embrulhar em panos as comidas, o mesmo faria mais bolos e outras comidas para se abastecer quando voltasse para casa, e ele lembrou de levar três sacos de água e cogumelos, não poderia faltar.
Elior por sua vez, usava roupas escuras, não esqueceu das capas, até mesmo para lhes cobrirem a noite.
—Vamos até a toca de Brin, uma das melhores Sidhes que vai conhecer. Ela nos dará passagem para Sabrions. O velho é Karan, costumava ser mais chato que agora. Mas pelos seus trezentos anos, ele está bem. Farei o impossível pra lhe levar até meu rei.
—trezentos anos? Quem vive tanto assim?
—Bem, eu tenho cento e um, sou jovem. E Brin tem cem.. mais jovem que eu, mas, somos bem de vida. E quanto menos nos arriscarmos, mais viveremos. As guerras não deixaram o povo de vocês juntamente com o nosso, viverem em harmonia. Por isso muitos mal sabem sobre. Mas se não fosse a neblina, você veria como é Ellwe. Vamos! Preciso das passagens de Brin. Antes que anoiteça e os guardas do rei começarem a vasculhar a floresta.
—Eles são rigorosos? — perguntou Martin ao sair da casa de Elior, que assim que eles saíram, fechou a casa e comecou a caminhar por uma escada a frente deles.
—Se fosse diferente, do que é agora, você estaria sendo escoltado até o rei, e se fosse ordenado.. seria feito um feitiço para você esquecer, eles iriam te soltar na floresta platina..e lá você teria de se virar. Visto que até mesmo os Nevoanos não iriam ser tão pacientes também, a guerra fez com que todos ficasse um tanto receosos.
— Bem, aonde vivo, o rei Abriram está em um momento diferente, aparenta estar enlouquecendo. Deve ter algo que sua Mater Arbor falará para mim?
—Se ela ver,sim, seu destino, sua vida, tudo está ali, gravado nos panos.
—Eu prometo, que se eu for sair disso vivo, vou escrever sobre vocês.
—bem meu caro, não será ao único—disse Elior enquanto descia um desfiladeiro de pedras sob um monte..onde ficava a casa de Elior.
Martin acompanhou os passos até chegar em um cogumelo gigantesco, envolta havia alguns vagalumes, perdidos na neblina. Havia também pequenos gris gris coloridos envolta do enorme cogumelo, era algo diferente de tudo que Martin já tenha visto em toda sua vida.
A porta do cogumelo era de madeira, as janelas vazadas dava para ver com perfeição tudo por dentro. E uma Sidhe com cabelos vermelhos curtos, que usava um vestido vermelho e uma calça por baixo vermelha, sapatilhas amarradas e sua pele era extremamente pálida e a boca avermelhada, olhos vermelhos e dava até um pouco de medo em lhe encarar, o nariz empinado e a ponta um pouco redonda quase que uma bolinha, ela era a definição de pureza e um pouco de agressividade em um ser só.. ela olhou para fora e um sorriso se alargou ao ver pela janela que era mais como uma porta do seu cogumelo..avistando Elior chegando acenando.
— Elior, nossa, o que lhe trás nesta manhã tão diferente?— saindo de dentro de sua casa alegre.
Elior.. por sua vez lhe sorriu novamente ao ver Brin saindo de dentro do cogumelo gigantesco.
O perfume dela era de anis estrelado misturado com maçã.
—O que um humano faz com você?— perguntou ela séria à Elior. Ao ver A cara dela, Martin recuou dois passos.
—Olha Brin, precisamos de passagens para Sabrions, iremos até a colina Branwen, não podemos nos demorar.— disse Elior com a expressão mais assustadora possível, não de forma que queria assustar ela, mas, por preocupações com seu povo.
Ela balançou a cabeça fazendo sinal para eles a seguirem.
Ao entrar se via muitas pequenas flores que crescia das paredes do cogumelo, as estantes cheias de livro na sala, uma mesinha de centro conjunto com o sofá de flores, e claro tudo por dentro era parte do cogumelo.. nada fugia disso. Martin ficou encantado com o poder do povo, eles não eram nada comuns..e nem deveriam de ser, visto que são elementais e histórias do povo elemental era de fato pobre para os humanos, já que as guerras por territórios fizeram o povo Sidhe se esconder, o que era sábio da parte deles, fazendo com que o pouco que se conhecia, era isso, pouco.
Ela se abaixou perto de sua lareira de pedra, claro que haveria outras partes além do cogumelo,mas, também havia o fato de que ela era uma Sidhe diferente, ela dominava o elemento fogo.
Brin se posicionou e com o dedo indicador longo, uma pequena chama cresceu até ela atirar para dentro da lareira pegando na madeira que instantemente, começou a pegar fogo.
Feito isso ela se levantou e subiu as escadas que Martin podia jurar serem fofas, devido a sua casa, mas, ao tocar o chão, viu que era mais forte e duro que madeira.
—Isso é incrível, vocês conseguem fazer tudo a sua volta ser a favor de vocês.
Disse Martin ainda abismado com tudo.
—Vocês humanos não ficam muito atrás, já que são inteligentes o suficiente para gerar a luz, para terem comidas e onde deitar.
—Se ela é elemental do fogo.. você é..
—Terra. Cultivo e a minha sina é a terra, vocês chamam de dom, nós, de sina. Ou..destino. há vários aqui, alguns nasceram para proteger, outros como grandes mestres, habilidosos fazem nossas armas. Nada muito extravagante. Mas como os que tem isso, a sina, é difícil, o rei muitas vezes foi um pouco difícil, ele queria um batalhão somente de Sidhes que tinham isso, que sabiam usar os elementos ao seu favor, mas, seu filho Lux, disse que não. Que cada um contribuí de forma diferente para o reino, para a floresta. Brin e eu somos os que tem a sina.. a gente muitas vezes não consegue ir longe.. então, temos que nos cuidar para não nos irarmos, já que muito de uma coisa, faz mal.
—Como isso é possível?—perguntou Martin curioso.
—Vou me usar como exemplo—disse Brin descendo as escadas com dois frascos cheios de um líquido vermelho, ela largou eles numa mesinha de canto perto da escada, e olhou com um pouco de seriedade para Martin— se eu me irar com você, se machucar meu povo, posso ativar o fogo em mim e o descontrole pode ser fatal. Posso acabar com tudo a minha volta, o mesmo com o Elior, se ele ficar bravo, pode causar abalos na terra, separando a mesma e isso poderia repercutir no povo.. E outros como grandes mestres da realeza que também tem a sina, podem muito bem causar danos. Por isso, permanecemos isolados. É para o bem de todos.
Ao entender isso Martin encarou os frascos e olhou para Brin, ela pegou um dos frascos e retirou a pequena rolha. Deu ao humano que curioso cheirou antes de tomar. Claro que ele não perguntou, ele somente virou o fresco até não restar nada dentro.
—Esse líquido vermelho é uma poção das mama old tree, não iria querer ele lá, então, eu sempre tenho comigo.. eu sempre me perguntei o motivo de ter isso em casa.. hoje eu entendo. As Tecelãs tinham um propósito. — disse ela que encarava Elior.
—O que significa isso? O líquido vermelho?—perguntou Martin ainda segurando o frasco.
Ela sorriu e pegou bruscamente de sua mão o frasco e o colocou novamente na mesinha.
—Esse líquido vai fazer com que seu sangue seja modificado por um tempo. Até passar por Sabrions. Ele não iria deixar você passar assim, então, acredito que serve. Leve esse —ela alcançou a Elior e mais dois papiros e mais duas sacolas com algo pesado que certeza Martin estava curioso para saber o que era.— vocês tem até meia noite antes de Sabrions ir dormir. Sugiro que vão logo até lá. E entrem de uma vez nas tocas. Há uma pixie, Suz, que vai lhes levar até a entrada de Branwen.. e ela precisa dos grãos como troca de passagens. Na volta tenho certeza que Mater Arbor,fará o que tiver que ser feito. Boa sorte.
— Você vai não vai perguntar o que eu estou fazendo aqui?—perguntou Martin.
Ela negou e ele somente olhou para baixo.
—Não é comum um humano entrar em Ellwe,mas, se as Tecelãs te escolheram e a Mater Arbor não lhe delatou, é por que você precisa estar aqui.
—Temos até meia noite?—perguntou Martin antes de encarar o rosto de Brin.
—Contando desde agora.
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