Capítulo 10
Evie
Me aproximo da recepção e ajeito aquela saia lápis do terninho que Gina me emprestou. Estou tão ansiosa que não consigo respirar direito.
Como se respira?
-Oi, boa tarde.- sorrio quando chego.
-Oi. Evie Brooks?- ela levanta.
-Isso mesmo.- assinto.
-Ótimo.- ela sorri saindo de trás da recepção.- O tuor vai começar em alguns instantes. Pode ficar na sala com os outros.
-Ok, obrigada.- sento em uma das cadeiras.
Cruzo as pernas e aperto as mãos em cima do colo, começo a massagear minha mão assim como faço quando sempre estou nervosa.
Respiro fundo e mais uns dois chegam, então alguém entra na sala e começa a pedir para as pessoas os seguirem enquanto ela apresenta a empresa.
-Vocês trabalham no andar seis.- ela explica.- Vão dar seus crachás na saída e amanhã vocês começam no turno da tarde.
Entramos no elevador enorme e eu fico apertada com outra garota, sigo o visor até chegar no sexto andar e quando ele abre vejo um andar cheio de mesas colocadas aleatoriamente.
Tem umas coisas legais como brinquedos e TVs enormes, parece uma área de recreação e no fundo tem um escritório enorme separado por vidro.
-Aqui vocês vão ter as ideias.- ela explica apontando para as mesas.- Escolham uma vazia e vai ser sua. Vocês tem que dar ideias semanais para o cara naquela sala e se sua ideia for boa o bastante os jornalistas do andar de cima vão atrás.
-Nosso nome vai aparecer na matéria?- um dos caras perguntas.
-Claro, embaixo do nome do jornalista principal.- ela sorri animada.- Por que não ficam familiarizados com o local?
Escolho uma mesa perto das janelas e tiro meu casaco, eu vou amar estar aqui e fazer esse estágio. Eu acho que já estou me sentindo em casa.
🎤
Ryan
Entro na lanchonete e sento na mesa de trás com o número vinte, tiro o casaco e vejo no relógio que Adam já deveria estar aqui.
A aula dele acabava mais ou menos agora, ele tinha umas aulas na parte da noite e toda quinta a gente jantava nessa lanchonete.
-Boa noite, o que você vai querer?- um cardápio surge na minha frente e viro o rosto.- Ah, não.
-Ah, sim.- sorrio lentamente.- Não acha que o destino é engraçado, Brooks?
-Bosta.- ela bufa apertando o caderninho de blocos.
-Você trabalha aqui?- abro os braços nas costas na cadeira de dois lugares vermelha acolchoada.- Nunca vi você por aqui.
-Eu troquei de turno.- ela olha envolta.- Mas acho que vou me demitir agora...
-Não é para tanto.- observo ela no uniforme.- Como vai?
-Estava ótima cinco minutos atrás.- ela pega a caneta.- Vai querer alguma coisa?
-Não, ainda não.- balanço a cabeça.- Vou esperar meu amigo chegar.
-Ótimo.- ela começa a se afastar para atender outra mesa.
Isso tudo tinha acabado de ficar muito mais interessante. Evie Brooks trabalhava no turno da noite na lanchonete em que eu e Adam quase sempre jantamos.
O destino é tão engraçado...
-E aí?- Adam senta todo espalhado e desce o capuz do moletom que coloca por baixo da jaqueta.
-Tudo ótimo.- sorrio.- Quer pedir o que?
-O de sempre.- ele coloca as coisas do lado.
-O que foi?- percebo que ele está irritado.
-Eu ia fazer um trio com umas meninas e elas desmarcaram. Me pergunta por que?- ele levanta as sobrancelhas com raiva.
-Por que?- pergunto quase rindo.
-Charlie chamou elas.- ele bate na mesa e controlo minha risada.- Agora ele está com duas meninas na cama e eu nenhuma!
-Que horrível.- balanço a cabeça.- Uns com muitos e outros com nada...
-Vai se foder, Ryan.- ele tenta não sorrir.- Pede minha comida, você paga.
-Falei que só faço caridade no sábado.- olho envolta e vejo Evie no balcão.- Mas quer ver uma coisa engraçada?
-Sempre.- ele se anima.
Assovio e Evie começa a vir, Adam sorri lentamente e ela fecha a cara quando percebe que tem uma plateia. Mas apenas pega sua caneta e o bloquinho.
-Queremos dois milk-shakes de chocolate, dois cheeseburguers sem a salada e um prato de batata frita.- eu falo me lembrando.
-Você trabalha aqui?- Adam pergunta e o encaro.
-Eu troquei de turno.- ela fala irritada e termina de anotar.- Vou entregar o pedido para o cozinheiro.
-Quando termina seu turno?- Adam dá em cima dela de novo e cruzo meus braços.
-Na hora que vocês saírem daqui.- ela sorri e vai embora.
Sorrio lentamente enquanto ela se afasta e ele revira os olhos, bato meus dedos na mesa e ele olha para a janela. Tem algo errado ainda sim.
-O que é, Adam?- cruzo meus braços.
-Meu pai ligou.- ele explica.
-Ótimo....
-Nem todos os pais são como os seus.- ele revira os olhos.
-Tá bom.- afasto o assunto.- Deu em cima dela?
-O que? Só você pode transar com ela?- ele sorri e eu rio.
-Fica fora disso.- paro de rir.
-Idiota.- ele me chuta por baixo da mesa.
Olho para o lado e vejo Evie atendendo um casal de idosos, ela sorri educadamente e conversa com eles animadamente. Já tenho um plano para isso.
🎤
Evie
-Boa noite, Lenny!- grito enquanto saio.
-Boa noite, Evie!- ele grita da cozinha.
Guardo as coisas dentro da bolsa e me viro para ver se eu tenho sorte de pegar um táxi, mas assim que dou uns dois passos vejo o que eu não queria ver.
Ryan está encostado em um Porsche e com as mãos dentro do casaco, respiro fundo e tento ignorar enquanto passo por ele para ir até o ponto.
-Você prefere pagar do que pegar uma carona?- ele pergunta.
-Lembro como a última carona acabou.- passo do lado dele.
-Qual é, Evie.- ele dá um passo pro lado e fica na minha frente.- É só uma carona.
-A primeira carona acabou com sexo, a segunda acabou com briga.- falo estressada.
-Eu não falo nada.- ele fala como se resolvesse.- E não dou em cima de você.
O encaro e ele sorri, eu assinto e ele abre a porta do carro rapidamente para mim, assim que entro no carro coloco o cinto e vejo ele rodar até o lado do motorista.
Ryan entra e dá a partida, cruzo meus braços enquanto ele começa a dirigir. Tudo está bem silencioso e espero que continue assim até o dormitório.
Meu telefone toca e eu pego na bolsa.
"-Querida!- minha mãe grita e bufo.- Cheguei hoje e queria ver você!
-Agora?- fico confusa.
-Não, amanhã, bobinha.- ela ri.- Pode almoçar comigo?
-Claro.- passo a mão pela nuca.
-Pode usar algo bom? Não quero você usando aquelas roupas feias perto de mim e do seu futuro papai.- ela fala animada e isso me faz ficar séria.
-Sim, te vejo amanhã.- me sinto horrível, ela sempre faz isso.
-Ok, tchau, querida!"
Guardo o telefone na bolsa e passo a mão pelos meus cabelos, respiro fundo e contenho minha vontade de chorar, minha mãe sempre faz isso.
Sempre que ela vem eu fico tão mal que depois que ela vai embora eu me encaro duas vezes no espelho antes de sair do quarto. Eu odeio isso.
-Tudo bem?- Ryan pergunta.
Olho para ele e lembro que ele me fez sentir muito bem naquela noite, eu só preciso desse sentimento de novo. Preciso me sentir bem antes de sair com a minha mãe.
-Podemos ir pra sua casa?- pergunto.
-Sim.- ele parece confuso.- Certeza?
-É.- assinto.- Certeza.
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