Capítulo |2|
Casa do General Ralf 2 dias para o casamento
Keira acordava toda manhã contando os dias para o casamento com o homem que a tinha feito corar pela forma que a olhava, era invadida por sentimentos contraditórios como nunca antes, não sabia dizer se era ansiedade ou medo, confusão ou receio de casar com um desconhecido que a fazia ter a sensação estranha instalada no estômago, mas ela conhecia o sentimento que sentia hoje, tivera sentido todas as vezes que seu pai voltava da guerra, estava feliz, sentia borboletas no estômago, embora se repreendesse por isso.
Como podia estar feliz sendo que seu pai tivera morrido a tão pouco tempo?
Seu sorriso foi consumido pelo sentimento de culpa, outra vez, pensava em seu pai enquanto seus delicados dedos acariciavam o colar que o mesmo a tivera dado.
Era difícil afastar o Duque dos pensamentos da jovem, a forma como olhava para ela, o sorriso e a elegância do homem a fazia contar os dias para voltar a ver Edward o Duque de Intropeda.
Aproxima-se da janela de seu quarto com vista ao jardim, onde seu amigo acena e a convida a se juntar a ele, antes que pudesse responder a seu entusiasmo, Clementina, a acompanhante de sua mãe surge em sua porta.
— Com sua licença Srta. a sua mãe a chama na sala de estar — diz a serviçal, não antes de passar seus olhos pela janela e averiguar com quem a moça conversava
— Obrigada Horatia — levantou-se e caminhou até o andar de baixo
— Mandou me chamar?
— Sim querida, senta-te, o duque enviou-lhe um presente de casamento.
Vasculha rapidamente o lugar com os olhos e encontra o homem com vestes do ducado de Intropeda. Aproxima-se da moça e abre a caixa vermelha aveludada, com ferros dourados dando vista ao colar de prata com banho de ouro Firenze e pequenas pedras ambers.
— O duque Edward de Intropeda deseja que use o colar na cerimônia matrimonial
Lady Dayane sorria, enquanto Keira encantada olhava para peça de joia, sorriu, não pela beleza do colar, e sim porque o presente parecia ter sido feito especialmente para ela, o que significava que Edward, quer dizer, o Duque de Intropeda tivera pensado nela por todo esse tempo e que, talvez casar-se com um desconhecido não fosse tão difícil assim.
Com a retirada do homem a costureira acaba de ajustar o vestido, à noite tinha finalmente caído dando lugar a lua quase cheia no céu, ela adorava estar na floresta em noites como esta e, talvez fosse a última que ainda podia contemplar os pirilampos e outros insetos noturnos pela mata.
Sozinha no seu quarto, prende o cabelo de modo desajeitado, um vestido confortável e livres de grandes enfeites com um frade encapuzado.
Correu para a saída traseira da enorme casa em direção à floresta que se avizinhava, não sem antes averiguar se tivera sido seguida.
Após caminhar por um longo tempo sentou-se debaixo da árvore em que várias vezes quando era mais nova, encontrava-se com Ethan, antes do mesmo ter sido contratado por Ralf, para que cuidasse da segurança da moça, não que a mesma precisasse, ela podia agilmente manejar uma espada, mas, para que a menina tivesse alguém para confidenciar conflitos e segredos quando algum dia ele não voltasse de suas missões, como foi dessa vez.
Suspira nostálgica, sua paz e tranquilidade logo é dissipada quando sons vindos dos arbustos tornam-se mais forte, seu corpo retesa em alerta, seus pés firmes no chão e olhos atentos a espera do ataque de seu invasor
O homem salta para sima da moça aos gritos quando a mesma leva um susto que faz seu agressor rir vitorioso.
— Pensei que nada a assustasse— diz homem logo após ver o rosto de Keira em fúria o que não o impediu de soltar uma risada
— Ethan, não cresces nunca! — Repreendeu-lhe
— Não sou eu quem foge pra mata no meio da noite
— Precisava me despedir desse lugar
— E não ia despedir-se de mim?
— Sabia que estaria aqui — o homem suspira nada satisfeito com a decisão da amiga
— Sabe, você irá casar em breve, não é adequado estar aqui sozinha a essa hora da noite, as pessoas podem começar a comentar
A moça estranha o comentário do amigo, afinal, desde quando eles ligavam para os rumores?
Já Ethan, estava farto de ouvir comentários maldosos sobre a amiga, isso podia facilmente estragar a reputação da moça. Ainda mais agora que a mesma estava prestes a casar.
Sem contar que, o pedido de lady Dayane, para que o moço se afastasse da filha, ainda fazia-lhe confusão
— Vamos — estende a mão para a amiga — vamos voltar, precisa descansar amanhã levantará logo cedo para a viagem — sorri gentil
Caminham juntos de volta a casa em silêncio, apenas pretendiam aproveitar a companhia um do outro no tempo que ainda os restava, sem ter a necessidade de expressar o sentimento que havia um pelo outro. Keira sabia que talvez não voltasse a ver o amigo, e talvez, hoje e agora sejam seus últimos momentos na companhia do mesmo.
— Ethan?
— Hum?
— Você irá me visitar? Quer dizer... como irei vê-lo agora, se eu for para o leste?
Sorri ao ver a forma receosa como a amiga perguntou.
— Daremos um jeito! — Sorri para tranquiliza-la
Nesses momentos Keira pesava as vantagens de se casar e mudar para longe, ficar longe de Ethan seria muito difícil.
Não tinha chances deles voltarem a ver-se, Ethan jamais poderia entrar na mansão do duque se não fosse convidado, e Keira, não o podia convidar, pois nobres não convidam plebeus ao palácio, se não possuísse ao menos um título nobre. Outra maldita regra da autarquia!
Mas ele a daria esperança, de algum jeito ele a veria, essa foi sua silenciosa promessa.
Há alguns passos da casa Ethan retira do bolso um broche para cabelos.
— Keira, quero que fique com isso. Mantenha sempre perto de você, até eu puder vê-la.
Coloca o pequeno objeto na mão da amiga que aperta junto ao peito.
— Vai ser logo!
Diz Keira, Ethan assente com a cabeça e abraça forte a amiga que retribui
— Agora vai, antes que alguém apareça.
A moça se afasta com os olhos marejados. Para, antes que pudesse continuar e se vira.
— Ethan...?
Olha para trás e vê Keira em passos largos na sua direção, antes que pudesse falar alguma coisa é tomado pelo abraço
— Sentirei sua falta. Não sei como aguentarei tudo sem ti.
Diz chorona
— Estarei sempre por perto
— Promete?
— Prometo.
Caminha para dentro, livra-se de suas roupas e deita-se na cama, e então descansar para o dia que se aproxima, não sem antes olhar para joia que recebeu mais cedo. Não pode deixar de notar como são diferentes, o colar bonito, caro e sofisticado que recebeu do futuro marido e, o simples prendedor de cabelo cheio de valor sentimental, feito pelas próprias mãos do amigo, ambos significam fases da sua vida, tanto o que passou, como o que a espera.
Na manhã seguinte, Keira era vestida por duas mulheres na companhia de sua mãe, diferente de ontem, hoje ela estava calada, aos poucos caia a fixa que iria casar e se mudar pra longe de Londres, de tudo que conhecia, distante da família e amigos, embora pudesse voltar para visitar a mãe, nada seria como antes.
Com a bagagem arrumada, a jovem estava pronta para mudar-se de Londres para Indropeda, uma viagem de 5 horas se não ocorresse imprevistos pelo caminho.
O veículo estava pronto, agora só precisaria despedir-se de tudo que ama, convenceu a mãe que seria melhor que ela tomasse seu tempo com a despedida, passou por cada cômodo emergindo as mais lindas, dolorosas e divertidas lembranças.
Quando quebrou o pulso e precisou afastar-se do piano porque escondida do pai, na parte traseira do estábulo praticava com a espada que tivera achado algures na casa.
Quando seu pai a ensinou a montar a Artemis, sua água, que embora já velhinha continua sendo sua companheira.
Segue até aos estábulos para despedir-se do animal.
— Minha amiga, sentirei tua falta — aproxima sua cabeça junto a égua, sua mão desliza por toda extensão de pelos brancos do animal. Fecha seus olhos e a abraça — virei visitá-la, enquanto estiver longe Ethan cuidará bem de você. – Relincha em resposta o que a faz sorrir — Sei que não gosta dele... — Sorri ao lembrar das patadas ciumentas que Ártemis deu no amigo — ele é um bom moço, tenta confiar nele, Artemis — dessa vez a animal guincha na defensiva, Keira sabia exatamente o que sua garota de pelos brancos a queria dizer emitindo estes sons.
— Não seja tão exigente, ele é só um pouquinho rabugento, igual a você — afastasse e beija o rosto do animal — até breve Artemis
O animal continuou com seus sons à cada passo que a jovem dava, era de partir-lhe o coração não poder levar o animal que a tanto tempo a tinha
Logo a seguir ao ritual de despedidas, Keira, sua mãe e duas moças sobem no veículo puxado por cavalos e um cavalheiro, a caminho de Intropeda, onde pernoitariam até o casamento.
Seria uma longa viagem até seu futuro!
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