A dor do momento
Com seu doce beijo o deleite era imenso. Ele sabia. Não à toa havia caído em uma quentura terrível por todo o seu corpo. O ardor, por vezes, era anunciado por um gelo que dava prelúdio ao que viria logo em seguida. O amor queimava e machucava e maltratava. Ele suportava, mas era difícil.
O sino batia e ele ia ao seu encontro. Enchia-a de carícias, um beijo aqui, outro acolá. Ela também gostava, é verdade. Ela o correspondia na medida do possível. Ambos se amavam. Mas… Seria efêmero? Eles davam tudo de si, mas sentiam a dor. A dor no peito que significava algo que ainda não estava ao alcance deles.
Doía demasiadamente. E essa dor vinha mais forte quando a despedida era o derradeiro presente. Eles caíam em um afago libertino, ninguém os via, é claro. Eles aproveitavam à sombra da árvore do campado. Riam, davam abraços roçantes, o corpo balançava. O longo vestido branco dela ia junto ao vento. E ele, ao olhar aquela imagem, com a cabeça recostada ao ombro dela, sentia uma imensa paz. Algo mais, aliás. Seu corpo caía em um tremor, suas pernas ficavam estiradas ao máximo, tal e qual uma vara.
A voz dela vinha em sussurros e ele não mais aguentava. As gotas escorriam pelo véu branco, e eram tantas que deixavam as costas dela visíveis pelo pano.
As mãos cruzadas ao redor do pescoço dele, ela apertava ainda mais. Fechava os olhos fortemente e seu rosto era jogado aos céus, seus quadris oscilavam e ela morria naquele momento.
O único som do instante era o rugir do tecido branco. Afora isso, o sino batia. Era hora de ir, afinal.
A chama tinha um pico de elevação. A libertinagem causava isso, a sensação de que era errado e a ideia de que qualquer segundo a mais seria quebrar a regra, sair das estribeiras.
Ia queimando mais e mais. Mais e mais…
A partida era inevitável, então. Ainda de pé, eles se desgrudavam do abraço. Um último beijo, um último toque.
- Adeus! - falavam em uníssono.
O eclipse encerrava. O mar voltava ao normal.
fim
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