Eu amei um lobo, em pele de cordeiro...
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Olá querids, recomendo que leiam o conto escutando esta belissima musica. O conto foi escrito usando outra musica como inspiração, mas no fim, Love And War sempre me cativou então usei ela. Por favor deixe seu voto e comentario (caso queira). Obrigado!
Morte. A primeira coisa que vem à mente de alguém que pensa em guerra. Eu pensava diferente, eu cheguei a pensar que o amor, a fidelidade e o companheirismo seriam mais que suficientes para me dar a força necessária para conquistar a liberdade. Tolice! O amor cega, ele te dilacera, ele te deixa fraco, vulnerável e por fim, causa sua derrota. Eu amei. Oh e como eu amei. Amei ao ponto de sentir meu coração quase saltar por minha garganta, amei ao ponto de pensar que aquele era de fato minha alma predestinada, eu confiei, eu fui leal. Eu quase não consegui respirar quando o vi com aquele uniforme, com aquele sobretudo negro.
Deus, por que me doeu tanto? Eu abri minha mente, meu corpo e meu coração para alguém que não exitou em me trair. Eu jamais confiei tanto em alguém, como confiei nele. Aquele maldito simbolo estava estampado em sua farda, ele estava cravado na altura de seu peito. O peito em que eu me deitava, o peito em que eu gemia e suspirava de amor. Eu fiz uma força além de mim para conter as lágrimas, eu tentei com todas minhas forças esconder meu medo e desespero. Eu sou o líder dessa resistência, se eu não demonstrar coragem, que imagem irei passar aos meus companheiros?
Oh Caleb, porque você não cravou uma faca em meu coração? Por que preferiu me torturar assim? Eu teria morrido em seus braços, morreria magoado, mas agradecido.
Eu lutei na linha de frente, defendi meus companheiros como pude. Em meio a guerra, você não tem tempo para raciocinar direito, ou você ataca ou morre. Nas poucas vezes em que o vi, ele estava dilacerando meus amigos, meus guerreiros. Eu sentia meu peito se apertar a cada grito que ouvia, a cada homem meu que morria. Deus, eu sou o culpado disso.
Caleb denunciou a nossa localização, eles se armaram para um ataque a noite e nos cercaram, quando a segurança notou, avisou a todos, mas já era tarde e fomos pegos de surpresa. Rezando pela ajuda de Deus, pus em prática nosso plano, um terço de nossos homens saíram evacuando o máximo de casas possíveis, para salvar o máximo de pessoas que pudessem, havia uma rota de fuga preparada caso um dia precisássemos. Claro que isso não seria algo a ser feito tão rápido, então eu e o restante dos homens ficaríamos na cidade para defendê-la e retardar a entrada dos soldados inimigos.
Eu rezei para que ao menos as mulheres, crianças e debilitados conseguissem fugir, era a única opção que tinha. Eles iriam fazer uma chacina. Meu povo estava sendo chacinado por minha fraqueza. Eu o amei. Quando Caleb encontrou meu olhar em meio batalha, sua expressão suavizou por alguns segundos, antes de voltar a ser fria e impassível. Eu continuei a lutar, eu sei que meus homens estão cansados, sei que estamos em menor número, sei que vamos morrer, mas jamais seremos escravos de novo. A guerra é tão fria, o cheiro de sangue e terra impregna o ar. Posso sentir meu corpo reclamar pela dor, pedindo que eu desista e me deixe ser morto. Ele está à beira da exaustão.
- Desistam! - Ele gritou - Se rendam e nós deixaremos o restante dos homens vivos.
- Nunca - Gritei a plenos pulmões em resposta - Jamais... - Eu encarei os poucos sobreviventes de meu grupo - Se o fim é a nossa morte, que ela nos liberte.
Estávamos acabados, nossos corpos estavam fatigados, mas nosso espírito era forte e valente, nosso corpo morreria, mas nossa alma estaria liberta e pura. Nós lutaremos até o fim, eu lutarei até o meu fim. Partimos para o ataque final e nossa ida ao submundo.
Eu estava defendendo um ataque direto, quando senti algo me perfurar, uma dor lancinante invadiu meu ser. Minha perna esquerda foi perfurada por uma lança, ele a puxou de volta.
- Não! - Meu corpo tombou - Ele é o líder.
Era a voz de Caleb, ele deu a ordem para que não atacassem mais.
- Essa é sua última chance - Eu tentei me erguer - Rendasse, deixarei que o restante sobreviva.
- É melhor você me matar enquanto ainda pode - eu suprimi minha dor e ergui meu corpo - Enquanto ainda houver força em mim, vou lutar contra você.
Caleb continuava com uma expressão impassível. Ele suspirou.
- Matem todos - Ele avançou em minha direção - Deixem o líder para mim. Toquem fogo na cidade.
Sua voz era autoritária e ríspida. Nunca pensei que ouviria isso dos lábios que tanto beijei. Porque ele me encarava de forma tão fria?
- Se assim você deseja - Ele tirou seu sobretudo - Farei dele seu último pedido.
Avancei para atacar, devido minha perna, não consegui me mover tão rapidamente, mas ele sabia que não era totalmente ela que me impedia de acabar com ele. Caleb sabia o quão bom eu era, ele sabe que eu seria capaz de matá-lo, sabia que se ele batesse de frente comigo, encontraria a morte. Ele explorou meu único ponto fraco, me enfraqueceu. Ele sabia que eu tinha sentimentos por ele.
- Você me traiu - Minha espada cortou o ar a centímetros do seu rosto quando ele desvio - Eu confiei em você.
Caleb desviava de meus ataques revidando de forma mais branda, ele queria me cansar.
- Lycan - Eu travei ao escutar ele dizer meu nome - Você sabe o quanto eu o amei?
- Se eu pudesse voltar atrás - Eu ofeguei, meu corpo queria ceder ao cansaço - Jamais olharia em sua cara.
Me arrependo de tudo o que fiz por ele, tudo o que eu senti foi efeito de uma mera manipulação. Tudo que ele jurou ter por mim, não passava de mentira.
- Por que? Por que fez tudo aquilo? - Eu caí de joelhos, meu corpo estava exausto pela batalha, minhas feridas doíam tanto que eu não sabia mais como reagir a dor.
- Eu sabia que você jamais revelaria a localização da cidade a força, sabia que você preferiria morrer do que falar - Ele deu um riso amargo - Mas eu senti que você não mentiria para mim, seu fiel amante.
Deixei que minhas lágrimas caíssem, eu já não pretendia mais segurá-las. Caleb estava diante de um homem destroçado, arrependido e derrotado. Eu cai pelo amor, pelo doce e caloroso amor, não pela fria e amarga dor.
Eu queria que tudo isso acabasse, não queria mais estar ali, relembrando os gritos de morte que infelizmente ouvi, as imagens horrendas de meus amigos mutilados.
- Só acaba com isso - Minha cabeça pendeu para frente. Não sei se pela dor da derrota e traição, ou pelo sangue que eu gradualmente perdia, minha visão estava ficando turva.
- Devo admitir que a resistência e bravura de vocês é louvável - Ele se aproximou - Eu quero que seu último suspiro seja ao meu lado, Lycan.
Fechei meus olhos, Caleb rasgou algo que parecia ser um pano, logo eu senti ele amarrar minha ferida com força, como se quisesse estancar o sangue. Eu não reagi. Ele ergueu meu corpo e o carregou como se pouco pesasse.
- Lembra quando fomos naquele lago? - Tentei borrar minhas memórias - Você estava tão lindo, nem a própria lua chegou aos seus pés naquela noite.
Caleb sempre exaltou minha suposta beleza, dizia que meu corpo foi banhado pela lua. Minha pele era pálida e isso destacava minhas cicatrizes, mas ele jamais as achou feias.
- Nunca vi olhos tão azuis quanto os seus - Segundo ele, meus olhos eram mais profundos e expressivos que o mar - Seus lábios sempre me foram mais doces que o próprio mel.
Meu peito continuava a se comprimir, o ar parecia me escapar dos pulmões.
- Eu nunca vi um homem ou mulher mais perfeito que você - Ele continuou falando com calma mesmo enquanto me colocava sobre um cavalo - Eu nunca pensei que poderia ter algo tão perfeito ao meu lado.
Mentiras. Tudo o que ele disse e dizia não passava de mentira.
O cavalo seguia galopando com rapidez, eu via tudo se mover de forma borrada, minha ferida doía por causa da rude movimentação.
Caleb se afastava mais e mais de tudo, ele parecia seguir caminho até o lago onde fomos.
- Aguente mais um pouco - Não sei se por dádiva ou maldição, eu aguentei até o fim da viagem.
O lago não era tão distante, ele só estava localizado um pouco para dentro da floresta que nos rodeava. Ao chegarmos, Caleb desceu do cavalo e me ajudou a descer da melhor forma que podia.
Ele voltou a me carregar, me levou até a beira do lago e me colocou no chão.
- Seu corpo se encaixou tão perfeitamente ao meu, achei que nunca encontraria alguém assim. Eu amei cada momento que estive com você, Lycan.
- Pare.... Não di-diga meu nome - Eu não queria ouvir meu nome sendo dito por ele - Eu ... te odeio.
- Eu fui treinado e preparado para isso - Virei meu rosto - Eu sou o que sou, fiz o que fiz, mas não deixei de te amar.
- De que me serve essas palavras? Você deixou bem claro o que eu não fui... - Minha voz falhou, dolorosamente tentei me recompor - Não fui nada para você...
- Eu não contei sobre a rota de fuga - Continuei sem olhá-lo, eu me sentia o homem mais fraco do mundo - É provável que uma grande parte deles tenha conseguido fugir.
- É sua tentativa ridícula de me consolar? Só me mate logo ao invés de prolongar meu sofrimento - Caleb se calou - Eu desejo o pior dos castigos para você.
Deitei de costas para o chão e fitei o céu por entre as árvores, respirei fundo. Caleb sempre me hipnotizou com seu caloroso sorriso, seu olhar misterioso e às vezes sombrio. Sua pele cor ébano e seu corpo escultural me fascinavam, foi o primeiro homem por quem tive desejo.
- Aqui foi onde tivemos nossa primeira vez, eu sei que parece clichê, mas desejo que nosso túmulo seja aqui - Eu fechei meus olhos - Suas últimas palavras? - Caleb posicionou uma adaga em meu peito.
- Eu nunca vou te perdoar - Eu respondi com todo ódio que sentia, as lágrimas insistiam em deslizar por meu rosto.
- Isso é bom - Senti a ponta afundar levemente em minha carne - Assim eu posso te encontrar no inferno - Me debati ao sentir a lâmina cravada em meu peito de forma rápida e fria - Eu te amo, Lycan.
Caleb beijou suavemente minha testa uma última vez e então... tudo escureceu...e eu fui mais um tolo que acreditou no amor...
1730 palavras
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