Porque somos todos tolos. Tolos por achar que sabemos tudo sobre o amor.

Quando demos o beijo por terminado, senti olhos me observando. Ao desviar minha atenção de Valentin para o local que sinto a estranha presença, vejo meu corpo todo tremer em reconhecimento. Os segundos que seguem são angustiantes, ouço minha voz gritar em uma sintonia tão diferente do normal, parte de mim deseja correr e proteger o seu corpo que jaz no chão coberto por uma cama fina e fria de neve, a outra não sabe como exatamente conseguirá atender aos comandos cerebrais. Deixo meus pensamentos para trás e vou de encontro a ele, por mais que estivesse com raiva e ódio dele nos últimos tempos, temo por seu destino, não desejo que seja o mesmo de minha mãe. Quando toco a sua pele percebo que ainda está morna, suas veias pulsam fracamente e pessoas já pedem por ajuda, enquanto nos rodeia. Mesmo sabendo que não é o certo, ponho sua cabeça sobre as minhas pernas, estiradas na neve que parte se encontra manchada com seu sangue. Peço aos céus que o deixe vivo, que não o tire de mim por mais ingrata que eu seja, por mais estranho que isso pareça e sussurro orações que antes não me recordava. Os segundos parecem horas enquanto esperamos a ajuda de equipes médicas, não deixo que ninguém se aproxime, aquele quem o atropelou fugiu logo depois sem oferecer ajuda e desejo que pague por isso. No instante que chega o socorro, faço questão de ir junto a ele para o hospital que ele ficará, os paramédicos fazem de tudo para que a situação não piore, pois com toda certeza ele fraturou alguns ossos e passou pelo primeiro estágio de uma hemorragia. Não me importo com aqueles que deixei para trás, Derek não tem mais ninguém que possa cuidar dele e eu jamais me negaria a estar ao seu lado nesse momento.
Ao chegar na enfermaria do hospital, já sabíamos que seu quadro está estável e sem risco de mais problemas, me sinto tão exaurida que as lâmpadas claras fazem arder meus olhos e os deixar ainda mais pesados e sonolentos. Não sei por quanto tempo permaneci acordada aguardando notícias, não recordo de quantas picadas foram necessárias para que eu pegasse no sono. Em nenhum momento deixei de ver, mesmo que nos sonhos, o seu corpo no chão tão frágil e indefeso, meu peito parte por saber que se ele não houvesse resistido, sua morte também seria minha culpa, que teria sido em um momento de decepção e que quando ele acordar a sua primeira recordação será de minha traição, quando me viu aos beijos com outro.

Alguns dias se passaram e os doutores acharam melhor e mais confortável trazer o Derek para o Palácio de Limbell. Me deixei disponível para cuidar dele junto a um enfermeiro que cuidará dos seus curativos, higiene e dos primeiros procedimentos necessários no momento que ele acordar. Não vou ser desonesta, sinto uma angústia em imaginar sua reação ao abrir os olhos e não sei o porquê, no entanto a sua opinião sobre mim tem uma relevância que antes não existia.
Observo seu respirar tranquilo e sua fisionomia serena, às vezes, durante a noite, eu ouço meu nome sair de seus lábios com um desespero incomum, então eu levanto de meu assento, que se tornara o meu leito, e sussurro histórias que costumava ouvir quando criança, é nesses momentos que eu coloco meus sentimentos em prova e imagino o porquê de minha vida ser tão complicada.
Lucas não apareceu para visitar o seu irmão ou saber como ele está, não o encontraram em nenhuma parte do reino ou nos arredores, seu sumiço é questionador e ponha a prova o que todos estão comentando. Quando Belle veio trazer novas mudas de roupa para mim, me disse que ele era quem dirigia o automóvel do acidente e que provavelmente foi tudo proposital, mas me custa acreditar que o menino que conheci seja capaz de fazer isso com o próprio irmão. Lucas e Derek sempre foram próximos, mas tudo mudou quando o príncipe de sangue sumiu sem deixar rastro. Escuto um baixo gemido e mudo a direção do olhar, da janela para o leito, Derek me observa confuso e aproveito o momento para chamar Francis, que está responsável por me ajudar a cuidar dele.
O enfermeiro passa um tempo incontável em seu aposento, ando em todas as direções possíveis aguardando o instante que ele sairá e eu tomarei meu posto.
Francis ao sair do aposento me dá um olhar de cumplicidade e não fala comigo ao passar por mim. Adentro o cômodo já sentindo meu peito ganhar uma nova batida e minha mãos suarem com o nervosismo.

- Oi, Derek. Como está se sentindo?- minha voz sai mais baixa que o normal, minhas bochechas esquentam ao analisar sua face nada receptiva.

- O que você tá fazendo aqui?- miro o chão ao me recordar do porquê de sua frieza comigo, sei que mereço e pela primeira vez me arrependo de algo que pensei precisar.

- Tenho estado com você nos últimos dias, não havia ninguém que pudesse cuidar de você junto ao Francis.- enquanto tento me explicar, ele tenta sentar, porém sem êxito, me adianto para colocar ele em uma posição confortável e sinto seu cheiro tão agradável de perto.

- Obrigado, não vou ser injusto com tudo que fez, no entanto  não quero te ver nunca mais.- arregalo os olhos e sinto o tremor tomar conta de mim novamente, apesar de tudo sua voz é calma.

- Por favor, Derek, não me peça para que o deixe nesse momento. É só o que te peço.- seu olhar transforma-se em um muro de pedra, é tão frio que um arrepio passa por minha coluna.

- Não era isso que queria? Sinta-se livre, não irei atrás de você, nunca mais. Do que adianta está cuidando de mim hoje e amanhã estar aos beijos com outro? Preferia ter morrido naquele acidente.- abro minha boca para contestar, mas ele não permite.

- O que está esperando! Saia do meu quarto, me deixe sozinho.- tento me aproximar dele, no entanto ele muda a direção de sua face e estende suas mãos para me afastar.

- Derek, deixa eu me explicar, por favor!- sua face fica avermelhada e seus olhos duas chamas acesas. Sei que, apesar do seu quadro de saúde estável, ele não pode ficar aborrecido ou sofrer grandes emoções.

- Não tem nada para explicar, quero você fora daqui. Fora!-  para não piorar as coisas, saio de quarto sem mais tentativas e sinto as lágrimas pesaram em meus olhos, sei que queria que tudo tivesse um fim, porém não dessa forma. Derek foi a primeira pessoa pela qual eu largaria minha vida e pensei durante muito tempo que ele seria o último, talvez, ele seja o último.

Olá, princesas e príncipes!❤❤
Capítulo novo, espero que gostem e deixam seus comentários e votos 😍😍