Ele sabe que há algo, no entanto o medo o fez esquecer. As lembranças são recorrentes, as memórias confusas, os sonhos ausentes e as verdades ocultas.

♧ Por Derek ♧

Sei que estão me considerando o pior homem da existência humana e eu sou. Não posso descrever o que sinto e muito menos todas as coisas que passam por minha mente, mas a ideia de estar fazendo a Jade sofrer é o pior de meus pensamentos. Na última reunião eu disse não para o nosso casamento, queria cumprir com o combinado, porém todos que estavam presentes disseram sim, uni a minha vontade a decisão de todos e acabei por tornar tudo mais difícil. Eu estava lá, vi quando atirou em minha mãe e não sinto nada. Stella fora muito cruel comigo, me dissera coisas horríveis e capazes de fazer qualquer pessoa querer matá-la. E não, não fiz nenhum trato para salvar a vida de Jade em troca da vida de outras pessoas, apenas demonstrei o meu interesse e devoção por sua pessoa. Minha mãe era quem tinha interesse nela, em seus dotes racionais e em como ela resolvia todos os seus problemas. Claro que tenho uma parcela de culpa, não nego, sabia dos seus planos o tempo todo e realmente pensei que poderia detê-la e acabar com toda a loucura que planejava. O x da questão é que o contexto foi desmembrado e desorganizado, enquanto minha mãe matava as dezenas de pessoas que passavam por seu caminho eu estava tentando esconder outras no Palácio para que não tivessem o mesmo destino. Se o rei Ulyel e a rainha Mallory estão vivos é porque os salvei no instante que coloquei meus pés em Ulyere.

Estou em meu gabinete preparando tudo para a recepção de amanhã, como rei decidi estabelecer uma relação de paz com todos os outros reinos e tentar desfazer a má impressão causada por minha mãe. O cômodo está escuro e mal arejado, lembro que Stella passava horas nesse assento programando suas más ações para com os outros e a primeira coisa que devo fazer é me desfazer de todas essas lembranças ruins. Ouço batidas na porta e libero a entrada de Lucas.

- Derek, não acredito que irá casar-se com a assassina de nossa mãe.- Lucas está transtornado por Jade ter matado mamãe, ele não passou por todas as situações que fui obrigado a passar e por isso entende que tudo foi injusto.

- Não esqueça que ela é a assassina de várias mães, pais, filhos e amigos. Se não viu, posso lhe mostrar as gravações de todas as pessoas mortas e de forma cruel.- seu punho acerta a mesa e o barulho ecoa no aposento. Os olhos de meu irmão estão inchados, ele chora há dias e noites sem intervalo.

- Ela era a minha mãe e não vou virar as costas por causa de alguns erros. Parece que já fizeram a sua cabeça de qualquer maneira, não entende que ela queria nos defender dos interesses dos outros reinos.- respiro fundo, não acredito que estou ouvindo uma barbaridade dessa magnitude do meu irmão. Não parece o garoto que falava sobre igualdade de direitos e a sua repugnância por toda a ganância.

- Não estou pedindo para que deixe de amá-la, no entanto não venha romantizar os seus atos; até porque você sempre fora seu filho favorito e não sofreu nas mãos dela. Ela jamais descontou sua ira em você e agradeça por isso. - meu irmão vira a face e passa a mão sobre ela de forma nada delicada.

- É impossível ter um diálogo saudável com a sua majestade, com licença.- sinto algo em meu cerne, uma necessidade urgente de fazer algo para que as ideias de minha mãe não sigam adiante pelas mãos do meu irmão. A morte o fez mudar e creio que é chegada a hora de limpar a casa e jogar a poeira fora; contar a todos as tramas que minha mãe já cometera na vida, o que presenciei e o que vivi.

Passeio pelos jardins do Palácio de Limbell em busca de pensar em uma maneira de falar com Jade sem ferir ainda mais os seus sentimentos. Quero contar o meu lado da história e tentar, pelo menos, me redimir um pouco. Eu sinto o aroma dos jasmins e das flores de laranjeira enquanto me sento no banco, recebo a luz do sol sobre a face e me recordo de todos os momentos que senti o mesmo sentimento. Anos atrás eu sentei neste mesmo banco e senti o nó na garganta ao saber que não veria a Jade naquele dia e talvez nunca mais em minha vida. Stella tinha descoberto o nosso plano de fuga e estava a decidir qual seria o meu castigo, eu tremia tanto que não conseguia pensar em nada em que pudesse tentar me defender. Então, recebi o primeiro tapa e os outros foram seguidos com segundos de diferença, no fim ela disse que era só um aquecimento para o que viria depois e eu, jovem tolo, pensei que não poderia ficar pior.
Os pássaros voam em V no céu azul com pequenos pedaços de algodão, observava o bater de asas quando ouvi uma movimentação incomum. Foi estranho a ver novamente, passei a mão sobre os olhos friccionando, imaginando ser uma miragem, entretanto ao abrir os olhos novamente tive a certeza que é ela em carne, ossos e melancolia. Consigo, ainda de longe, ver que perdera peso. Seu vestido é escuro, assim como as olheiras abaixo dos olhos. O que fizeram com minha pedra preciosa? O que eu fiz? Eu não sei se posso me aproximar e tentar confortá-la, então preciso apenas saborear o seu nome em meus lábios novamente.

- Jade.- a minha voz assemelha um sussurro, ela permanece em silêncio, apenas me encarando. Sua pele se tornara pálida e sua íris ainda mais cinza.

- Precisamos colocar os pratos sobre a mesa. Não é meu desejo  estar aqui, no entanto é melhor resolvermos logo tudo isso.- antes que eu possa dizer algo ela põe o dedo próximo de meus lábios para que eu fique em silêncio e a escute. O problema é que ao vê-la, mesmo que totalmente diferente de alguns meses atrás, ainda perco a noção do tempo e da batida descompassada do meu coração. - Estou cansada, esses dias tem sido os piores da minha existência, não é justo comigo ou com você. Vamos acabar logo com isso, não vai haver casamento ou um bom convívio entre nós.- suas palavras doem, mas não são novidades para mim. O problema é que no momento que eu disser que acato sua decisão ela estará livre e eu não poderia tentar reconquistar a sua confiança e quem sabe o seu coração. Percebo a sua apreensão, suas mãos estão suadas e ela ao notar as seca no vestido.

- Sinto muito, queria dizer que está livre para viver a sua vida à sua maneira. Mas não posso, serei egoísta e não lhe darei o que quer. Não posso pedir que me ame, do mesmo modo que não pode me pedir que deixe de ama-la.- por um segundo acredito que ela irá me bater ou me xingar, entretanto o inesperado acontece e ela ajoelha-se aos meus pés.

- Por favor, me deixe ir. Como quer eu viva dessa forma, eu não o amo mais. Eu te odeio Derek, do fundo do meu coração.- lágrimas caem sobre a minha face e me ajoelho para ficar na sua altura, ao menos tentar. Limpo as lágrimas de seus olhos e  a abraço, desistir dela seria como desistir da minha própria vida, pois se ainda respiro é porque ela ainda vive em mim.

Olá meus amores!!💖💖💖

Mais um capítulo para vocês na versão do nosso príncipe. E agora como será o futuro dos dois? Alguém quer fazer uma aposta?🙋‍♀️🙋‍♀️ Deixe seus comentários e estrelas 💕💕

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Vamos abraçar a escritora? 🥰

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