🌟DEZOITO🌟
Olhe para si mesma, disse ela em seu último suspiro. Olhe para si e seja tudo aquilo que quiser. Ela olhou-se no espelho, seguiu o conselho, e viu as diversas possibilidades, no fim, escolheu ser guerreira.
🌟POR CEFEIDA 🌟
Enquanto observo minha irmã dando seus poucos suspiros de vida, me apego a concepção de que eu posso nos tirar daqui. Ela jaz no chão com olhos fechados e a respiração fraca, sua pulsação não passa de leves mudanças de pressão e eu vejo o quanto de sangue que ela está perdendo, a poça formada no piso. A menina em mim deseja que estivéssemos em uma situação controvérsia, oposta, pois minha irmã com toda certeza saberia como proceder daqui por diante, mas a mulher que ainda vingará em meu corpo, me obriga a ser forte e dar um jeito em nossa situação. Seco minhas lágrimas, mas é em vão, pois elas insistem em cair. Rasgo parte do meu vestido e enrolo em seu ferimento, para conter o sangramento. Sei que não sou forte o bastante para levá-la nos braços e jamais sairia arrastando minha irmã, noto que a cadeira tem rodeiras e é uma boa forma para sair daqui, na verdade, a melhor escolha que tenho no momento.
— Nós vamos sair daqui, eu prometo.— digo mais para encorajar-me, pois sei que ela não me ouve. Recordo-me do dia que vi minha mãe morrer em minha frente, as lágrimas já caem novamente e respiro fundo, tenho que ter coragem por nós duas. A ponho na cadeira e entrelaço seu corpo ao cinto que está acoplado, observo o corredor e o vejo vazio. Tomo uma dose de perseverança, pego sua arma carregada e saio empurrando a cadeira tomando cuidado para não machucá-la ainda mais. Me perco no caminho, como estava apagada, quando me trouxeram para cá, não sei como chegara aqui e tento seguir os rastros deixados por Jade, os soldados que ela matara no caminho. Não sei por quanto tempo corro com meus braços segurando a cadeira, em todo instante verifico a respiração da Jade e falo, em voz alta, mais palavras de encorajamento para nós duas. As estradas estão vazias, assim como os postos de acesso, agradeço por não ter encontrado ninguém, porém suspeito a situação de qualquer forma.
— Cefeida, o que aconteceu?— paro ao ouvir uma voz conhecida. Derek está na minha frente com dezenas de soldados, sua presença é como navegar por dias e encontrar um porto seguro. Permito-me desabar e chorar em seus braços por poucos segundos, pois logo me desespero ao contar sobre o que aconteceu. O vejo dar ordens para procurar ajuda, ele inicia a verificar a pulsação de Jade, seus olhos me passam um medo que também compartilho, pois estamos assim há horas e ela precisava de socorro imediato.— Cefeida, alguém tire ela daqui e rápido. Ângelo me ajuda, preciso pôr ela na maca.— permaneço estática, observando todos apressados em salvar a minha irmã, eu sou uma humana inútil, sem capacidade nenhuma de sobrevivência ou de ajudar alguém. Sinto braços segurando os meus, tentando me tirar de perto de toda a situação, porém não posso deixá-la, então não deixo que me levem, é meu dever ficar ao seu lado, mesmo com toda a dor que perfura minha alma.
— Mas que droga, quem fez isso com ela! Eu não deveria ter deixado ela ir sozinha. Ela vai ficar bem, me diz! Ela vai ficar bem?— Abbey nos encontra no caminho, ao me ver corre em minha direção e me abraça, sinto seu esforço ao mostrar-se compadecida, ela jamais abraçará uma de nós, até porque odeia o contato com qualquer humano.
— Abbey, minha irmã. Eu deveria estar em seu lugar, eu deveria ter morrido antes que ela chegasse até mim.— meus olhos parecem pertencer a uma cachoeira, imagino a face de papai ao ver sua favorita nesse estado, será que ele me perdoará um dia? Pois sei que ela só está assim, foi por vim atrás de mim sozinha, ela deveria ter me deixado, no entanto sei que não seria ela se o fizesse.
Eu não sou a minha irmã, então faço ideia do que fazer. Eu ouço tudo atentamente, no entanto minhas pernas não me guiam a lugar algum.
Derek fala algo para a Abbey, mas não entendo muito bem do que se trata, minha mente gira e gira. Ângelo volta com o motorista de algum automóvel e a leva para o veículo que nos aguarda na entrada. Essa demora me deixa angustiada, Abeiron demostrava ser pequeno, até que foi preciso ir as pressas para um local que fica no centro do reino. Tentam me tirar de perto dela, mas desde que entrei no automóvel e pus sua cabeça em meu colo, que não deixo que toquem em mim. Tudo ao meu redor é uma imensa bola de pólvora, que será acesa a qualquer instante.
Derek corre para todos os lados em busca de ajuda, Abbey nos orienta os caminhos para levá-la até um ponto de socorro, o projétil ficou alojado pouco abaixo do seu peito esquerdo e não sabemos quais as partes afetadas com a tentativa.
Abeiron encontrava-se vazia quando Derek invadiu o reino com as poucas tropas que trouxera. Lucas e o Rei Dallas já haviam fugido com boa parte de seus soldados. Essa ação feriu os princípios do acordo de paz e agora todos os reinos aliados ao nosso entrará em guerra contra Abeiron. A ordem de caça já fora enviada aos demais reinos e só aguardamos que eles sejam presos antes de toda a necessidade de uma nova batalha, mas espero que paguem pelo que foi feito.
Eu não entendo a falta de caráter de Lucas, como ele pôde chegar a esse nível de crueldade, talvez seja porque sou boa demais, como fazem questão de me lembrar e eu não tenho esses tipos de pensamento. Estava muito desatenta quando tudo aconteceu, observava com orgulho minha irmã seguindo a posição que tanto almejava, ouvi os tiros e me sobressaltei, não notei que abaixo da arquibancada havia uma cratera que dava para um túnel secreto e por isso ninguém conseguiu me achar. Porque o segredo, para atacar o oponente, é armar o plano abaixo dos seus pés, eles sempre olham para frente, com a cabeça erguida e jamais a deixa cair ou mirar o chão. O indivíduo que conseguiu me raptar era desconhecido, por esse motivo não desconfiaram de nada e nem dele, qualquer um o confundiria com um nativo de Ulyere, até mesmo eu que conheço muitas das famílias locais. Tudo que vi foi escuridão após me doparem, quando enfim acordei já estava no quarto branco, com pés e mãos atadas. Abbey tentara me ajudar, entretanto precisou desfazer o seu serviço todas as vezes que os soldados de seu pai se aproximava da sala. Eles queriam saber tudo sobre o reino, se havia abrigos subterrâneos, túneis e segredos. Claro que eu possuía alguma noção de que havia algo, até porque sou filha de interventores e irmã de Jade. Ela sempre sabe de tudo, a aproximação entre ela e papai a fez estar sempre ciente de tudo e todas as questões que seria necessário saber para seguir o mesmo ofício de nossa família. Para todos sempre fui a frágil, a menina mimada que não saia da barra da mãe e em certa parte sempre desejei que fosse assim, que permanecesse assim, até sinto-me mal por isso.
Para toda sorte ainda tenho Ângelo, o amo desde que o conheço e todos sabem disso, muitos duvidaram de seu amor por mim. Jogavam em mim palavras de desafeto no qual gritavam dizendo que ele me abandonaria, porém eu sempre acreditei que ele ficaria do meu lado, tanto que ele segurou a minha mão no momento que mais precisei e me jurou uma vida juntos. É ele quem está ao meu lado nesse momento, me dando apoio e seguindo comigo na tentativa de trazer minha irmã de volta.
Continuo perdida em meus pensamentos, para tentar dissolver a dor que sinto, é mais fácil me apegar a lembranças antigas, do que ver minha irmã nessa escuridão, sem demonstrar resistência contra a morte, isso me faz permanecer em silêncio, clamando a vida que não a retire de mim, pois não posso perdê-la, assim como perdi a mamãe. Não tomo nota do caminho ou quais ruas passamos, suas cores e formatos, apenas seguro a mão de minha joia rara, sem ter um mínimo de resposta.
Quando, enfim, chegamos a um hospital, doutores vieram rapidamente nos socorrer, eu tentava me acalmar a todo custo, mas não deixei em momento algum de segurar a mão de minha irmã, até que o médico me obrigou a fazê-lo. Derek por vezes saia da nossa proximidade e ia para um canto afastado, quando retornava percebia que havia chorado, pois seus olhos encontravam-se vermelhos e inchados, assim como os meus. Eu sinto o seu desespero e sua dor, ele não tem mais a quem se apegar, só há a minha irmã, a única mulher que ele já amara na vida.
Ângelo tem seus braços apoiados em meus ombros, a falta de informação me deixa angustiada, com o coração em um ritmo acelerado e despedaçado, pois temo que o pior aconteça. Não sei se meu pai foi avisado, até desejo que não, pois sei que ele finge ser durão, mas no fundo é pior que eu, principalmente quando se trata da sua menina. Vejo um dos médicos, que atendeu a Jade, vindo em nossa direção, sua face não é das melhores e fungo nos ombros de meu amado.
— E então Doutor?— questiona Derek, secando lágrimas que caem de seus olhos.
— Vossa Majestade, senhorita Haas, tenho notícias da situação da senhorita Jade.
Olá, meus amores!😊 Quero me desculpar por demorar a postar, mas minhas aulas voltaram e me perdi na programação das postagens. Espero que me entendam e que curtam a leitura. 🤗😁❤️
Beijos de luz. 😘😘
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