🌟DEZENOVE 🌟
Quando suas mãos, enfim, estiverem gélidas, os olhos pesados e o corpo sem pulsação, então não há mais esperança.
🌟POR CEFEIDA🌟
Jade completara seus dezoito anos sobre um leito taciturno, onde nenhuma palavra de conforto poderia adentrar à sua consciência, pois, segundo os médicos, ela não podia nos ouvir ou saber o que passava em nosso meio. Em seu sono profundo, ela não via as horas passarem ou a nossa aflição, não sentia nossas lágrimas ou preces.
Ela não pôde assoprar as velinhas ou comer uma fatia de torta de framboesa, enquanto ostentava um sorriso guloso. Ela não correu para receber o presente do papai ou dançar uma valsa com Derek, não fez um pedido às estrelas e não escolheu o que ganhar da rainha Mellory. O casamento foi adiado, a tenção é o único sentimento que ultrapassa o medo, a insegurança e a saudade. Pois, todos nós, enquanto enfrentamos a dor de vê-la nesse estado, nos preparamos para mais uma batalha, já que Derek não deixará ninguém sair impune, nem mesmo o seu irmão. Os dias seguintes ao ocorrido passaram lentamente e com pesar, ninguém possuía alegria para comemorar qualquer outra festividade que houvesse nos reinos vizinhos, ou a união entre Destinadas e Príncipes. Todos que a conhecem, realiza suas preces para quem quer que acredite realizar milagres, em Ewink, a cidade que descobri na volta de Belle a Prylea, foram acendidas velas sobre a relva verde durante todos os dias e noites, nem mesmo o vento tinha forças para apagá-las. Abeiron está em luto, ninguém esperava tal miséria vindo de seu rei e nem de como ele tratava a Abbey, que agora governa o reino com a ajuda do Rei Ulyel.
Quando tudo estava regularizado e os equipamentos postos no reino, os médicos, amigos de Derek, transferiram minha irmã para o reino de Limbell, pois eles já estavam preparados para sua chegada e a par de tudo que o seria necessário para tentar mantê-la com vida. Papai, em meio a isso, chora dia e noite pelo infortúnio de nossa família, como se seu mundo estivesse ruindo aos poucos, arrancando pedaços de seu mais importante órgão: o coração. O seu estado é ainda pior de quando ele perdera mamãe e eu o entendo, ela sempre fora a alegria de nossa a casa, a mente brilhante e preciosa, aquela que sempre fazia de tudo para nos ver bem, mesmo com todas as picuinhas de mamãe para com ela. Eu, agora, tento ser o apoio para todos que estão ao redor, porém, sei que nada que eu faça possa reconfortá-los, porque eu mesma ainda não consigo aceitar que algo tão cruel possa ter acontecido com ela e que sou a culpada por tudo isso.
Em Limbell, nos últimos dias, chegaram todos os amigos e pessoas queridas dela, a tragédia trouxe de volta o exército dos príncipes e promessas, todos em treinamento para voltar ao combate. Eles querem justiça tanto quanto todos nós e Valentin está no comando para deixá-los prontos. Não sabemos ao certo para onde Lucas e o Rei Dallas fugiram, o nosso mundo é pequeno, porém, grande o suficiente para que haja locais intocados e propícios para formação de tropas e planos doentios. Hoje, estamos em completa melancolia, o doutor Castillo não vê uma significativa melhora no quadro de Jade e nos prepara para o que não queremos aceitar. Eu tenho esperança, a única força que nos faz acreditar que tudo pode ser reversível.
— Cefeida!— fala Ângelo, retirando-me da nuvem de pensamentos.
— Sim, o que aconteceu?— questiono cansada, meus olhos pesam pelas noites que não durmo e as lágrimas que caem incessantemente, minha coluna pesa toneladas, minhas pernas falham em alguns instantes e não me recordo da última vez que um alimento adentrou o meu organismo, não recordo do último movimento que não fiz mecanicamente.
— Está na hora, vamos.— ao ouvir suas palavras passo o dorso da mão sobre os olhos que já deságuam ao sentir o peito comprimir. Respiro fundo e vou vagarosamente andando em direção ao quarto em que ela está. No caminho sinto os braços de Ângelo me ampararem e o abraço para chorar toda a dor que sinto. Não é possível que isso esteja acontecendo, não posso suportar perder mais alguém, é como se estivesse presa em um pesadelo em que não me permitem acordar.
Ao adentrar o quarto, vejo Derek chorar ao segurar a sua mão e ao me ver beija a sua tez pálida, não dá adeus, apenas caminha até nós com os ombros caídos e as olheiras aparentes em sua face abatida. Com um aceno retira-se do aposento, entendo que esse momento ele quer permanecer sozinho, como tem feito todos os dias. Ângelo olha para mim e compreendo seu questionamento, faço que sim, para que me deixe a sós com ela. Fecho a porta atrás de mim e sento-me na beirada de seu leito. A face de minha irmã é serena, como se estivesse em um belo lugar, contemplando maravilhosas que são impossíveis aos nossos olhos. Sua respiração é fraca e lenta, por isso sua pele não está tão agradável para as minhas mãos frias. Mellory vem todos os dias e cuida de sua limpeza, não permite que eu venha ajudá-la, pois quer se permitir ser mãe de uma filha que não teve. Hoje sua camisola é de um tom índigo, como o céu visto do vão do aposento, da cor que ela diz amar. Seguro sua mão forte o suficiente para que me sinta, entretanto que não seja doloroso. Penso que demostrar o que sinto não vá fazê-la voltar, porém, palavras é o único instrumento que tenho para conectar-me com ela nesse instante.
— Entendo que talvez esse mundo para você seja apenas um punhado de testes e sacrifícios, que não valem a pena o esforço. Estou ciente que passou por dias difíceis e que a fizeram desanimar, sentir que não havia motivos para lutar e ficar conosco. Talvez esteja com a mamãe e ela a faça ficar ao seu lado, por ela ser tão importante quanto todos nós juntos, no entanto, sou verdadeiro ao dizer que não imagino a vida sem vê-la e sentir seu conforto, seu abraço e até mesmo preocupação. Ainda estamos todos aqui, aguardando que retorne para nós, Jade, lutando para que sejamos um bom motivo para ficar conosco. Não nos abandone, seja forte e viva. Viva para o futuro que lhe aguarda, para continuar a luta que tanto acredita, no bem melhor para todos. Acabe com tudo e todas as regras que considera erradas, não me importo, desde que esteja aqui e viva. Todos nós temos batalhas para enfrentar e você lutou todas as suas com primazia, só resta essa, só essa e eu prometo que não precisará lutar por mais nenhuma, pois será a minha vez de dar a vida por você.— Seco minhas lágrimas e beijo a mão que estou a segurar, enquanto minha pedra preciosa permanece inerte. Retiro do bolso do meu suéter uma carta que encontrei escondida no quarto de mamãe e a guardei para mim, abro e engulo em seco ao ler, mais uma vez, o conteúdo e me preparar para dizê-las em voz alta.— Esses são os ensinamentos de mamãe, até parece que ela já sabia que precisaríamos disso.— digo, soltando um singelo sorriso no final.
— "Seja sempre perseverante, acredite que o amanhã será tão belo quanto o dia presente, molde o seu futuro para que seja próspero e regado das mais maravilhosas bênçãos. Resista para que seja vida, a vida presente em sua alma, a vida que resiste em suas veias, para que sua geração não finde em você e para que sempre exista nos corações de quem te ama. Seja graça, força e perdão; honestidade, amor e fé. Seja o que desejar ser, pois está livre, livre para escolher, para alinhar as estrelas e tornar-se sua própria constelação, mesmo que eu diga não ser o certo.
Minha pequena Jade, vejo em seus miúdos olhos uma força capaz de tudo, até mesmo de burlar a desordem que há em nosso mundo e, ao olhar novamente para você, vejo um maravilhoso novo mundo."
Termino de ler e levanto-me do seu leito, ainda segurando sua mão, sigo para ir embora sem dar o último adeus que todos, menos Derek, fizeram questão de dar, porém, é demais para mim pensar em despedidas. Quando solto os meus dedos dos seus sinto algo os segurar fracamente, me impedindo de prosseguir. Um arrepio transita por meu corpo. Ao voltar, lentamente, meus olhos para ela, vejo que os seus jazem abertos, os seus olhos acinzentados, em um tom frio como mil nevascas, estavam vidrados em mim, me encarando como quando eu era criança e ela ninava enquanto eu deitava no berço, quando eu caia e ela era a única em quem confiava para cuidar dos meus machucados, como no dia que ela deu sua única vida pela minha. Com todo o amor que ela poderia me dar.
Olá, destinadas e príncipes!! Tudo bem com vocês?😘😘
Sei que tem dias que não posto nada, até avisei que estava participando do NaNoWriMo e por isso postaria de maio uma frequência menor (mensagens no perfil, se não me segue: não viu 😌). A questão é que veio TCC e milhares de questões a serem resolvidas em novembro, me atrasei em tudo🤐🤐.
Agora, me comprometo a retomar as postagens e terminar nossa história até janeiro de 2019. Espero que gostem do capítulo e boa leitura.❤️😍
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