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Capítulo 31

No fim das aulas

- Achei você! - Safira pula na minha frente logo após eu sair da sala de aula.

- Me encontrou! - sorri e comecei a andar.

Quando ela me perguntou se eu já pensei em ficar com alguma garota, eu fiquei sem reação, não sabia o que responder. Ela me entendeu e não forçou a barra. Porém, eu decidi me abrir com ela e contei tudo sobre mim e Thomas.

Não ficou um clima estranho entre a gente, pelo contrário, foi como se nos tivesse aproximado mais. Ficamos conversando e rindo até o sinal bater.

- O que vai fazer hoje? - ela começou a andar de costas para poder ficar me encarando.

Pensei em como está minha relação com meus pais. Foram tantos acontecimentos aqui no colégio, que consegui esquecê-los, por um tempo. Além do Jardim, eu estava pensando em dar uma repaginada nele. Então, tive uma ideia.

- Gosta de jardinagem? - levando-a lá pra casa, além d'eu ter uma ajudinha, terei algumas horinhas a mais sem ter que lidar com meus pais. Dois coelhos com uma cajadada só.

- Pode ter certeza que sim. Minha mãe tem uma floricultura. Eu costumava ajudá-la... Enfim. Por quê?

- O que acha de me ajudar a repor o meu jardim? - ela para.

- Já estamos tão sério assim...? - ela ri brincalhona. Levo um tempo para compreender. Acho que ela percebeu - Não, não é isso - dá uma pausa - eu topo - ela sorri, entrelaça os nossos braços e começamos a caminhar. Enquanto eu, tento voltar à minha expressão suave novamente.

- Onde estava? Você sumiu! - me deparo com uma Marlene bem preocupada - Ah, oi. Desculpa - sorri ao reparar em Safira.

- Prazer, Safira - ela sorri amarelo. Mas também, a primeira impressão de Marlene não foi uma das melhores...

- Quem não te conhece? - Marlene retoma com seu tom amigável, esquecendo-se que estava brava comigo - Marlene - Safira melhora o sorriso.

- Odeio atrapalhar esse encontro, mas... Nós já estamos indo. Beijo - rodo meu braço no ombro de Safira e a puxa delicadamente, porém apressada. Não queria conversar com Marlene agora. Ela sacaria tudo. Conto pra ela mais tarde.

- Onde pensa que vai, senhorita? - Marlene me impede de ir embora.

- Pra casa?

- Nos dê licença rapidinho? - vira para a garota ao meu lado.

- Claro - Safira se afasta. Tento, com o olhar, impedi-la. Entretanto, é inútil. Terei que encarar essa.

- O que aconteceu entre você e Guilherme?

- Nada... - sorrio nervosa.

- Nada? Sério? - ela cruza os braços - eu te conheço e conheço ele. Me diz. Pode confiar - ela insiste.

- Amiga, não rolou nada. Agora, se me dá licença. Preciso ir - a abraço rapidamente e caminho para fora do recinto, enquanto que Safira, me avista ao longe e começa a me seguir.

- Está tudo bem? - Safira quebra o silêncio.

- Sim - pauso por um estante - Eu ainda não acredito que você é a mesma da aula de educação física - uso isso para mudar de assunto. Ela sorri e coloca uma mexa de cabelo atrás da orelha.

- Foi mal por aquilo...

- Olá - Cameron diz ao nos aproximarmos - boa tarde, você é a...? - ele encara a minha amiga ao lado.

- Safira. Muito prazer - ela sorri animadamente.

- O prazer é todo meu. Sou Cameron. Motorista de Vitória.

- Você tem um motorista só pra você? Que chique... - ela me encara com os olhos brilhando.

- Digamos que sim..., mas, ele, além de meu motorista, é meu amigo - sorrio para Cameron e ele pisca pra mim - Vamos?

- Senhoritas... - Cameron abre a porta traseira do carro.

- Já falei que não precisa dessas formalidades - digo logo após Safira entrar.

- Desculpe. Princesas - ele ri e eu entro bufando.

Em casa

- Vitória. Precisamos... - minha mãe começa a tagarelar ao me ver entrando, porém, para ao ver Safira.

- Safira, minha mãe, Malala. Mãe, Safira - apresento-as - espero que não se importe - puxo Safira pelo braço para o meu quarto, deixando minha mãe sem reação.

- O que foi aquilo? - Safira pergunta ao se sentar na minha cama.

- Nada que você tenha que se preocupar - me jogo ao seu lado. Ela pausa e muda de assunto.

- Sua casa é imensa! E esse quarto então!? - ela também se joga.

- E olha que você nem viu tudo - rio abafado.

- Depois você me leva para fazer um tour então.

- Pode deixar.

- E quanto a jardinagem? - ela apoia o cotovelo na cama e a cabeça na mão.

- Quero dar um trato em meu jardim abandonado. Deixá-lo do jeito que me lembro - me levanto.

- Jardim abandonado? - ela se senta.

- Longa história... - reviro os olhos - mas vai entender o título quando chegar lá. E quanto a sua roupa... Acho melhor eu te emprestar. Ou vai sujar essa?

- Bem... - ela se levanta.

- Pode escolher - abro meu closet.

- Nossa!

- Fique à vontade.

- Sério? - ela pega um vestido longo, rosa e brilhante.

- Eu tenho um passado - levanto os ombros e ela ri.

- Gente... Que lindo!! - ela pega um par de roupa que eu havia comprado no Canadá.

- Vai ficar perfeito em você - sorrio e me sento na cama.

- Iiiih! Obrigada! - ela se anima e entra no meu banheiro. Eu rio com sua empolgação.

Quando ela sai, fico deslumbrada com a imagem. Safira optou por usar uma calça cargo camuflada de cintura alta e um topper branco.

- Está linda! - vou até o closet - e com isso... - ponho um boné jeans com strass nela - Vai ficar incrível! - a levo pro espelho.

- Amei! - ela sorri - mas vamos fazer jardinagem. Essa roupa está muito chique.

- Não tem problema. Eu te empresto uma outra roupa e... Aí você pode ficar com essa para usar em uma outra ocasião. Encare como um presente – sorrio.

- Não... Não posso aceitar.

- Por que não?

- Fico agradecida, mas...

- Nada disso!

- Então eu pego emprestado. Aí depois eu te devolvo. Pode ser?

- Mas eu estou te dando...

- Não! - penso por um momento.

- Ok... Você que sabe... - vou até o closet novamente – Que tal? - mostro uma roupa para ela usar agora.

- Linda!

- Tome – ela pega e volta para o banheiro. Enquanto eu, troco de roupa no closet mesmo.

- Amei! - nós encaramos nossos reflexos no espelho. Ela estava usando uma blusa branca, com uma jardineira e permaneceu com o boné. Enquanto que eu, estava também com uma blusa branca, um short jeans e uma viseira também jeans.

- Agora vamos? Porque o trabalho é muito – sorrio e me dirijo até a porta e a abro.

- Bora - ela passa e eu a fecho.

Quando descemos as escadas, nos deparamos com a dona Malala lendo uma revista sobre as últimas tendências. Seu semblante era de tristeza e eu sabia o porquê. Mas ela não tocaria no assunto enquanto Safira não fosse embora. Então, a ignorei.

Fomos até o jardim. Tivemos até que fazer força para abrir os portões.

- Bem que você falou... - Safira olha ao redor com uma mistura de encanto e curiosidade no olhar - como uma casa como a sua, tem um jardim como esse?

- Mas com a sua ajuda..., iremos mudar isso.

- Gosto de um bom desafio - gargalhamos.

A tarde passou rapidamente. Me diverti bastante com Safira. Conseguimos conversar e trabalhar ao mesmo tempo. Falei como era minha vida antes da minha mudança, como mudei, um pouco sobre meu pai e como me tornei amiga de Marlene e Guilherme. Não tive receio de esconder nada. Tirando, é claro, sobre Melinda.

E ela, a mesma coisa. Contou sobre sua vida, família, amores, desilusões e tudo mais.

E, quanto ao nosso trabalho, tenho que admitir que levamos jeito pra tal coisa. Cortamos a grama, arrancamos as plantas mortas, plantamos outras e tentamos salvar algumas.

E a janela, a qual quebrei para chegar aqui no dia anterior, estava intacta novamente. Minha mãe deve ter descoberto e ligado para o vidraceiro.

- Por hoje. Acabamos - me levanto e tiro um pouco de terra de meus joelhos.

- Sim. Tenho que voltar pra casa. Já está ficando tarde - ela também se levanta.

- O sol irá se pôr daqui 1 hora ainda.

- Passa rapidinho.

- Toma banho, pelo menos. Você está vencida - sorrio zombeteira.

- Você não está diferente - ela se aproxima e começa a fazer cocegas em mim.

- Para! Você tem quantos anos, hen? - com o ataque de risos, perco o equilíbrio e acabo caindo, levando-a a ficar em cima de mim. Nos encaramos por um tempo, em silêncio - Então vamos. Porque também não quero que saia daqui de estômago vazio - quebro nosso contato visual. 

- Não estou de estômago vazio - minha mãe tinha trago algumas bolachas e limonadas para nos "reabastecer".

- Mas também não está cheio - ela ri.

Subimos e ela entrou no chuveiro. E, enquanto ela tomava banho, desci para pedir alguma coisa pra comer. Quando subi ela já estava vestida com as roupas dela mesma, um short jeans e uma blusa podrinha preta.

- Que rápido. Minha vez - tomo banho e visto uma camiseta preta de estampa misfit rock 'n' roll e um short preto meio rasgado.

- Gata! - ponho o cabelo atrás da orelha - minha mãe me ligou. Preciso ir. Nos falamos amanhã.

- Não vai nem comer?

- Uma próxima.

- Irei cobrar - rimos juntas. Depois, a levei até o portão - não quer que eu peça Cameron pra te levar?

- Meu irmão mais velho está vindo me buscar – sorrio – e... Obrigada.

- Nada...

- Não, você não entendeu. Obrigada por tudo. Me diverti bastante hoje - aumento meu sorriso.

- Também.

- E... - Ela dá uma pausa - não me mata – eu enrugo a testa sem entender, até que, ela me dá um selinho de surpresa, me fazendo corar.

Uma buzina é soada.

- Tchau - ela diz e sai apressada para o carro, provavelmente, do irmão.

De onde eu estava, vi que seu irmão a olhou como se tivesse 7 cabeças. E com tudo que ela me disse sobre sua família, acho que até sei o porquê.

Fique bem. 

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