Capítulo 14
- Quê? - levanto rapidamente. Dando de cara com a minha mãe.
- Você não quer ir? - ela me mostra o ingresso que Fábio me deu.
- M-mas...
- Eu te conheço - ela sorri e vai em direção ao meu guarda-roupa.
- Não tô no pique - desisto de tentar entender.
- Você precisa esquecer dos problemas. Nem que seja por míseros segundos.
- A senhora não está se esquecendo de nada não?
- Ele saiu. E vai voltar BEM mais tarde.
- Mas eu não quero - meus olhos estavam ardendo de tanto chorar, minhas mãos tremiam e eu sentia um aperto no coração. Estava muito cansada, desanimada.
- Sério? - ela me olha e põe a mão na cintura - quando que você vai ter uma outra oportunidade igual a essa?
- Quando eu me mudar? Eu posso esperar - escondo meu rosto no travesseiro.
- Vitória...
- Você acha que eu vou conseguir ir e esquecer o que está acontecendo? Estou no fundo do poço. E para piorar, o poço ainda me agarra e não me deixa sair.
- O bom de estar no fundo do poço. É que a única saída é subir. E você não está sendo impedida de subir. Você está se impedindo de sair.
- O que deu em você hoje? - arqueio uma sobrancelha.
- Só quero te ver feliz - ela sorri e me abraça.
- Tá! - falo entre os cabelos de minha mãe.
- Sério? - ela abre um sorriso de orelha a orelha.
- Sério - revirou os olhos - mas... - ela abre a boca para dizer alguma coisa, porém eu a interrompo - vamos ter que sair pra comprar roupa. Não tenho nada para essa ocasião - dou o meu melhor sorriso.
- É claro! Mas você não pode sair com essa roupa, desse jeito - ela aponta minha roupa toda amassada e molhada, por causa das minhas lágrimas e da água do vaso que quebrei.
- Verdade...
- Veste esse vestidinho rosa. Dá pra aguentar, certo? - ela joga em meu colo.
- Sim... - vou para o banheiro e me troco. Coloco a rasteirinha também rosa, faço um rabo de cavalo e jogo água em meu rosto para tentar espantar a cara de choro.
- Agora vamos - minha mãe sorri e me puxa para fora de meu quarto - Nós vamos com Cameron e aproveitaremos para fazer compras.
- A gente já não ia fazer isso?
- Além da roupa que você vai pro show. Compras e depois salão.
- Não. Só a roupa de hoje para eu não ficar como um peixe fora d'água.
- Vamos, depois você decide se continua ou não com sua decisão - ela pisca pra mim.
- Ok...
- Oi. Estamos prontas - minha mãe cumprimenta Cameron e entra no carro - melhor - ela pega seu celular após eu entrar e me sentar ao seu lado no banco de trás.
- O que?
- Olha - ela me mostrou um perfil no Instagram onde tinha fotos de vários tipos de cabelos. Diversos cortes, cores e penteados - escolha - meus olhos brilharam ao ver uma específica foto.
- Quero essa - apontei a foto.
- Vai combinar muito com você - minha mãe sorri encantadoramente.
- Chegamos – Cameron nos interrompe.
- Obrigada! - saímos do carro e fomos em direção a loja que muito me encanta quando passo por perto - Faça a festa. Temos tempo ainda - ela sorri e me empurra para dentro do estabelecimento.
E foi exatamente o que eu fiz. Comprei tudo o que eu queria. Roupas, bijuterias e calçados. Tudo ao meu agrado.
E quanto a roupa pra hoje. Ela praticamente me chamou. Meus olhos brilharam, foi como se tudo estivesse em preto e branco, menos ela. A peguei imediatamente.
Depois fomos para o salão. A cabeleireira olhou a foto e disse que ia fazer igual, porém, com um detalhe diferente, o que mais realçaria, além de voltar com a minha cor natural.
Fiquei com receio no início. Mas minha mãe me encorajou e eu disse que sim.
Depois de tudo. Voltamos para casa pra eu poder me arrumar.
- Você tem vinte minutos - minha mãe me lembra.
Subo e tomo banho. Eu já tinha me animado, resultando em uma pele mais bela, que não precisa de nada.
O humor te transforma.
Vesti a roupa, calcei o meu calçado, arrumei meu cabelo, coloquei minhas bijuterias e passei o delineador e o batom preto, que deixou a minha boca mais grossa e meus olhos mais encantadores.
Me olhei no espelho e apaixonei.
Eu vestia uma regatinha de algodão na cor preta e a caveira branca com o detalhe de franjas nas costas, um short Jeans preto de cintura alta por cima de uma meia-calça arrastão de movimento trifil, uma bota preta de salto grosso com o zíper lateral e fivela simples.
Meu cabelo estava em um coque despojado, destacando o undercut de uma mandala.
Eu usava uma corrente de bolinha com o pingente de caveira em titânio, um anel prateado em forma de cobra única, brincos pretos de correntes com cruz e um bracelete indiano de metal envelhecido.
Depois de me namorar um pouquinho, eu desço.
- Uau! - minha mãe se levanta do sofá ao me ver descer as escadas - você está incrível! - minhas bochechas coram novamente.
- Graças a você - a abracei apertado.
- Mas agora vamos. Quero que aproveite o máximo - ela me olha com os olhos carregados de lágrimas.
- Vamos - sorrio e ela me puxa para dentro do carro de Cameron novamente.
- Pra esse endereço - minha mãe entrega o ingresso para Cameron.
- Ãaa... Vamos para um show?
- Sim - digo animada.
- Legal - ele dá a partida.
- Tome - minha mãe me devolve o meu celular.
- Como?
- Ele estava bem irritado. Nem reparou – meche os ombros como se não fosse nada demais.
- Você acha que a gente tá fazendo errado? - me bate um pouco de receio de toda a minha transformação.
- Sim. Mas se perguntasse, ele não deixaria. E seu pai precisa ver como isso a deixa feliz - eu sorrio - olha! Ligue pra mim assim que tiver indo em bora. Vamos te buscar.
- Ok.
- Chegamos princesa - reviro os olhos, enquanto ele ri - se divirta.
- Valeu. Tchau mãe. E... obrigada! - beijo sua bochecha e saio do carro.
Agora é só achá-lo. Por que eu não peguei o número dele?
- Vitória? - sinto uma mão em meu ombro. Levo um susto e me viro. Ficando de frente com Fábio. Que a propósito, estava fantástico!
Fábio estava vestido com uma calça preta, justa e rasgada, uma blusa preta com uma caveira pegando fogo, uma bota de mesma cor, possuía um relógio no braço esquerdo, uma corrente prateada e seus dreads estavam em um meio rabo de cavalo.
- Você está incrível! - ele me diz - prefiro você assim - ele sorri e eu sinto que minhas bochechas haviam corado.
- Valeu.
- Pensei que não vinha.
- Era meu plano inicial... Mas eu não podia perder um show da Pitty - ele ri, me contagiando a fazer o mesmo.
- Que bom que veio.
- Eu não tenho seu número - tomei coragem e perguntei de uma vez.
- Eu não tenho celular.
- Como sobrevive? - ele ri.
- Sobrevivendo, ué.
- Tendi... - isso explica porque o humor dele não foi afetado. Ele não tinha visto a foto. Mas eu que não vou mostrar. Pelo menos, não hoje. Não quero acabar com o clima. E se ele achar que fui eu? Vai voltar com as suas atitudes de antes. E eu não quero.
- Então vamos?
- Bora - ele pega em minha mão e me puxa. Me dando um choque no local de seu toque.
- Quer alguma coisa pra beber?
- De agora, apenas uma água.
- Ok - ele sai em busca da bebida.
- Priscilla? Que roupa é essa? - ouço uma voz feminina vindo atrás de mim.
- Quem? - me viro e dou de cara com uma mulher alta, branca, dos olhos cinzas e de cabelo vermelho com o corte moicano e franja longa.
- Desculpa... confundi com minha filha - ela diz com cara de espanto.
- Tudo bem... - sorrio.
- Você morreu...
- Quê? - me espanto com sua frase.
- Tchau - ela some na multidão logo depois de dizer ríspida.
Mulher estranha e doida...
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