i. dias escuros
1
S I R E N A
MEUS PÉS SEMPRE FORAM MAIS SUAVES QUE MINHAS PALAVRAS. Consigo facilmente controlar minha respiração, equilibrar meu peso de maneira a me mover tão silenciosamente quanto possível, e assim ninguém nunca percebe minha presença antes que eu queira aparecer, mas, infelizmente, acho que não compartilho do mesmo talento natural para a comunicação. Ou paciência.
Deve ser por isso que, enquanto boa parte das pessoas está na praça conversando, festejando ou passando tempo com suas famílias, fico no meu quarto tecendo redes de pesca até meus dedos doerem o suficiente para minha mente se desligar da colheita. Hoje está longe de ser um dia comum. Em um dia comum eu estaria na escola, ouvindo sobre a história da nossa civilização ou talvez tendo algumas aulas na academia, esperando que nunca precisasse usar esse conhecimento. Mas as aulas estão suspensas hoje, bem como qualquer outra responsabilidade que as pessoas têm nos dias normais; a nossa única obrigação é comparecer à colheita às duas horas.
Consigo ouvir o movimento de pessoas lá fora, animadas pelo evento. O relógio na parede me diz que já passa das onze, o que significa que preciso me apressar.
Estou quase terminando uma terceira rede quando percebo uma movimentação incomum do lado de fora da janela, tão rápida que preciso olhar uma segunda vez para ter certeza de que não estou imaginando coisas; mas não estou. Estranho à paisagem do lado de fora, o cabelo castanho de Kian é facilmente identificável agora que estou prestando atenção. Meu irmão não é muito bom em se esconder. Eu conseguiria perceber sua presença com facilidade mesmo se não pudesse vê-lo, mas não quero que ele saiba disso. Ele é muito novo para pensar que não pode fazer alguma coisa.
Levo o dobro do tempo necessário para terminar a rede de propósito. Então suspiro e a deixo de lado para sentar no peitoril da janela, olhando para baixo onde meu irmãozinho está agachado e quase imóvel em seu esconderijo. Ele deve ter sentido a minha presença ou, muito provavelmente, visto minha sombra se estendendo, projetada pelo sol do meio-dia, porque seus olhos castanhos se voltam imediatamente para mim.
— Oi — exibo um meio sorriso, o mais convincente que meu rosto tenso consegue formar.
— Oi, Sirena — diz ele, limpando a poeira dos joelhos enquanto se levanta casualmente, como se não estivesse espionando. Se essa for a roupa que ele vai vestir para me acompanhar na colheita, tenho certeza de que minha mãe não vai ficar muito feliz. — O que você está fazendo aqui sozinha? Mamãe e papai estão preocupados.
— Nada — murmuro, mas não tenho certeza se ele ouviu. Seus olhos estão encarando a estrada, por onde as pessoas passam de vez em quando, indo em direção à praça. Esse olhar em seu rosto faz com que ele pareça mais velho do que realmente é. — Eles não precisam se preocupar. Nem você.
— Eu sei. Eu não estou preocupado — as palavras saem tão rápido que sei que está mentindo, mas não digo nada. Talvez nem ele mesmo saiba que é uma mentira.
Kian só tem oito anos; ninguém de oito anos deveria ter que se preocupar com a possibilidade de perder alguém que ama assim. Não consigo me lembrar exatamente como eu me sentia com relação aos Jogos quando tinha essa idade, mas ele é corajoso o suficiente para fingir que não está assustado enquanto eu... Bem, eu teço redes.
As inscrições para os Jogos Vorazes — um massacre anual no qual 24 jovens lutam uns com os outros até que somente um fique vivo — são cumulativas e obrigatórias em todos os 12 distritos de Panem. Isso significa que a cada edição minhas chances de ser chamada aumentam e que não há nada que eu ou qualquer pessoa possa fazer para impedir. Se meu nome for chamado, outra menina pode se voluntariar para ir no meu lugar, é claro, mas ninguém que eu conheça está em posição de fazer isso.
Você se torna elegível para inscrever seu nome pela primeira vez aos doze anos, e pode optar por fazê-lo uma única vez ou, em troca de um suprimento miserável de alimento durante um ano, uma vez mais para cada membro de sua família. Mas a maioria das pessoas no 4 não precisa disso.
Ainda assim, quando você completar treze anos, seu nome vai obrigatoriamente aparecer duas vezes no sorteio e aos quatorze, três vezes, e assim sucessivamente. Não há escapatória. É assim que acontece até você completar dezoito anos — que farei daqui a dois anos — e participar pela última vez.
Este ano, meu nome aparecerá no sorteio cinco vezes. Não é muito — considerando que o distrito 4 tem cerca de 100.000 habitantes — mas também não é o ideal, especialmente porque eu não sei exatamente quantas dessas pessoas são elegíveis para os Jogos. Acho que não dá para evitar ficar tensa com a possibilidade de que seja o meu nome a ser chamado no palco hoje, mesmo que estatisticamente minhas chances não sejam muito grandes.
A cada ano que passa, meu irmão fica mais perto de ser elegível para a Colheita, e eu mais provável de ser colhida, mas nenhum de nós comenta sobre isso, especialmente perto de nossos pais. Acho que depois de todos esses anos, acabou se tornando uma regra não dita que precisamos seguir para evitar perder a esperança que nos resta. Verbalizar só faria parecer ainda pior.
— É melhor irmos — sugiro, me levantando da janela. Eu ainda preciso comer alguma coisa e minha mãe tem que me deixar apresentável antes de irmos para a praça.
Kian assente e eu o ajudo a pular para dentro do quarto sem grande dificuldade. Nossa casa não é muito grande. A cozinha e a sala dividem o espaço de um cômodo, temos um único banheiro e dois quartos, um dos quais Kian e eu compartilhamos, embora eu não passe muito tempo nele. Não estamos nem perto de viver no luxo em que as pessoas da Capital vivem, mas eu sei que somos muito mais sortudos do que os moradores dos distritos mais pobres, como o onze e o doze, onde as pessoas podem estar morrendo de fome. Não que dê para saber muito sobre eles; a Capital também evita quase qualquer interação desnecessária entre nós.
A principal atividade do nosso distrito é a pesca. Meu pai trabalha para o dono de um navio pesqueiro, um homem arrogante chamado Galvan que lhe fornece um salário pelo menos duas vezes menor do que a quantidade justa, e minha mãe tece redes e colhe algas e coisas do gênero para vender. Quando não a estou ajudando, uso meu tempo livre para pescar com minha tia Treena e seus filhos, Thierry e Miles, para que tenhamos uma renda extra. Eles têm um barco pequeno e com certeza não precisam de mim, mas me deixam ficar com alguns peixes de qualquer maneira.
Eu e Kian caminhamos juntos até a sala de jantar em silêncio. Meu pai está sentado em uma das cadeiras de madeira sem fazer nada em particular, mas minha mãe está parada na porta do banheiro e gesticula para que eu entre assim que coloco os pés na sala. Seu cabelo escuro está preso em um coque simples e ela usa um vestido verde claro que ultrapassa seus joelhos. Eu quase nunca a vejo usando um vestido. Ela parece mais jovem usando um.
— Separei um vestido para você também — ouço-a me dizer em uma voz equilibrada e gentil, como se estivesse adivinhando o que estou pensando. Às vezes ela parece mesmo ser capaz de fazer isso. — Está no meu quarto.
— Tudo bem.
Tranco a porta atrás de mim. Tenho permissão para usar a banheira hoje porque pode ser a última vez que faço isso, mas geralmente usamos o chuveiro para tomar banho a fim de economizar a água quente, que é limitada. Na banheira, a água está morna quando entro. Me permito ficar ali um pouco mais do que o necessário antes de sair e me secar.
O vestido separado para mim é vermelho e simples, com botões da cintura à linha da clavícula e feito de um tecido leve que vai me deixar confortável. Roupas de colheita. Quando caminho até o espelho para ver como ficou, percebo que ele me serve quase perfeitamente.
Minha mãe bate na porta antes de entrar, mesmo que este seja seu quarto. Passo as mãos pelo vestido para ajeitá-lo.
— Bonito, não é? — Ela diz. — Era da sua tia Treena. Ela o usou quando tinha a sua idade.
Não sei direito o que ela espera que eu diga, então fico em silêncio enquanto ela penteia meus cabelos úmidos. Ela vê meu sorriso nervoso através do espelho e retribui de um jeito que somente uma mãe conseguiria fazer. Sinto um pequeno nó em meu peito desatar. Só mais um pouco. Aguente só mais um pouco.
Nós nos reunimos em volta da mesa na sala e comemos peixe frito e salada de algas marinhas mais para não sair com o estômago vazio do que por apetite. Ninguém interage durante a refeição a não ser por alguns sorrisos tensos aqui e ali e, quando partimos em direção à praça, o silêncio não muda.
Para ser sincera, parte de mim está dizendo "não há como ser justamente o seu nome a ser chamado hoje!", porque é um pensamento bastante lógico, se você considerar os milhares e milhares de papeizinhos que vão estar entre os meus. Mas outra parte está assustada demais com a simples ideia do inesperado acontecer para pensar logicamente.
A praça onde a colheita deve ser realizada é bastante grande, provavelmente muito maior do que algumas das construídas nos outros distritos, mas a multidão de pessoas faz com que ela pareça pequena e apertada. Ela é rodeada de lojas e, já que fica de frente para as docas, é aqui que as pessoas se reúnem para trocar e vender mantimentos ao final de um longo dia de trabalho, mas hoje a atmosfera está diferente. As câmeras que transmitirão o evento e a grande quantidade de pacificadores substituem as barracas de mercadores e as pessoas que normalmente frequentam esse local, tornando-o quase irreconhecível mesmo para mim, que passo por aqui diariamente.
Preciso me despedir da minha família para ocupar meu lugar na fila de inscrição. Somos divididos de acordo com a idade; os mais velhos, como eu, ficam na frente, e os mais jovens ficam atrás. Minha família se agrupa com os familiares das outras crianças no perímetro, onde há vários telões para assistir à colheita. Eu os perco de vista.
Maelana Gemlil e a prefeita Ravenna Bell sentam-se lado a lado no palco, criando um contraste mais do que incomum. Maelana usa um vestido tão roxo e brilhante que é impossível olhar para ele por mais do que alguns segundos. Ela também está muito maquiada e o sorriso que exibe parece ter sido pintado em seu rosto permanentemente, como uma máscara. Dá para ver que a prefeita está desconfortável ao lado dela, usando um discreto vestido azul escuro até os tornozelos e com o rosto livre de qualquer maquiagem. A única característica que de fato compartilham são os cabelos escuros como ébano.
Mais algumas cadeiras dividem o espaço ao lado delas no canto do palco, ocupadas por nossos gloriosos vencedores das edições passadas. Vejo o mesmo quinteto de rostos conhecidos de todos os anos. E é claro, não vamos nos esquecer seus nomes: Mags Flanagan, Darya Waller, Ron Stafford, Ciana Pozzi...e então há ele.
Finnick Odair.
Foi nosso último vencedor até agora, e todos os olhos de Panem sempre vão estar sobre ele. Dá para perceber por que. Sua pele beijada pelo sol do nosso distrito, os cabelos cor de bronze e o corpo bem esculpido já lhe conferem uma beleza impressionante, mas ele ainda tem os olhos verde-mar para tornar a coisa toda ainda mais injusta. Não há nada desproporcional nele; é quase como se cada traço de seu corpo tivesse sido minuciosamente desenhado para se aproximar ao máximo da perfeição, e sua personalidade também não deixa nada a desejar. Foi assim que ele se tornou a pérola da Capital.
Finnick foi um dos mais jovens a vencer os Jogos, com apenas 14 anos. Olhos brilhantes, astuto, habilidoso, e com uma fila de patrocinadores dispostos a lhe presentear. Ele venceu tão logo alguém lhe colocou um tridente nas mãos.
Mas não é sua beleza extraordinária ou sua inesperada vitória que fazem meus olhos recaírem sobre ele agora, aqui de pé enquanto aguardo o início da colheita.
É o fato que, de certa forma, não somos completos estranhos.
Finnick Odair e eu nos conhecemos durante a minha primeira colheita, quatro anos atrás. Isso mesmo; a colheita. Aquela que fez dele o vencedor da sexagésima quinta edição dos Jogos Vorazes. Era a primeira vez que eu estava inscrevendo meu nome nos Jogos, então é claro que eu estava aterrorizada. Meus pais precisaram me deixar por conta própria. A colheita estava a poucos minutos de começar, e eu ainda estava na ponta dos pés tentando inutilmente encontra-los em meio a multidão. Pensei que vê-los uma última vez me traria a coragem que eu precisava para sobreviver àquilo. Vai ficar tudo bem, meu pai havia dito no caminho para a praça. Eu prometo que não vou deixá-los levar você. Mas ainda que eu quisesse acreditar, eu sabia a verdade. Eu sabia que mesmo ele não teria forças contra o protocolo dos Jogos Vorazes caso eu fosse chamada. Então, quando finalmente desisti de procurar, abaixei a cabeça e tentei ignorar tudo ao meu redor, fechando-me em meu próprio mundo onde ninguém poderia me alcançar.
Ninguém, exceto um menino com uma flor amarela amassada.
Eu nem o ouvi se aproximar; eu não ouvia nada. Sentia como se estivesse dormente. Mas ele colocou aquela flor, com as pétalas já escurecendo nas bordas, bem em frente aos meus olhos, e alguma coisa despertou em mim. Não sei como, não sei por que, mas eu senti alguma coisa. Minha mente estava distante demais para processar o que estava acontecendo, mas minhas mãos de alguma maneira encontraram o caule frágil daquela flor e se agarraram à ela, se agarraram à uma pequena esperança de que eu iria passar por aquela colheita.
Não havia absolutamente nada de especial na flor; na verdade, suas pétalas estavam ligeiramente amassadas e eu sabia que flores como aquela cresciam em abundância em volta da praça. Mas isso não importou. Eu ouvi alguém — um Pacificador — mandar o menino voltar para o seu lugar. Soube que ele não havia se movido porque ainda conseguia ver seus sapatos bem na minha frente, como um lembrete de que eu não estava completamente sozinha. Então, quando ergui o rosto para ver o seu, encontrei o mar em seus olhos.
— Seja corajosa — ele disse, antes que o Pacificador agarrasse seu braço para, muito provavelmente, arrastá-lo de volta ao seu lugar. Abri minha boca para dizer alguma coisa, qualquer coisa, porque parecia errado deixá-lo ir assim, mas simplesmente não conseguia encontrar a minha voz. Em vez disso, senti o gosto salgado de lágrimas que nem sabia que havia chorado, e de todas as coisas, senti raiva. Raiva de mim mesma por ser fraca. Raiva do mundo por ser injusto. E raiva dos Jogos por existirem.
Estúpidos Dias Escuros.
Eu parei de chorar. Minha raiva foi substituída por frustração assim que o tributo masculino foi chamado ao palco. Eu estava apreensiva, pensando que talvez aquele menino teria entrado em problemas por desobedecer um Pacificador, mas no instante em que o vi subir ao palco, imediatamente desejei que ele tivesse sido preso. Qualquer que fosse a punição que lhe dariam por desobediência não poderia se pior do que ser enviado a uma arena para matar 23 crianças.
Eu deveria estar me sentindo aliviada por não ser o tributo feminino, mas naquele dia, fui para casa me sentindo extremamente frustrada porque Finnick Odair era o tributo masculino. Não era para ser ele. De todos os garotos, não podia ser ele. Ele havia me dito para ser corajosa. Havia me dado uma flor. E agora eu precisaria assistir a morte dele pela televisão.
Durante dias, eu esperei. Esperei que tudo desse errado, que ele morresse, que ouvisse o som do canhão. Me preparei para isso. Mas não aconteceu. Pelo contrário; como se para provar um ponto, Finnick foi corajoso o tempo todo, até que comecei a acreditar que ele voltaria para casa. Se ele estava com medo, não demonstrava para as câmeras. Tudo o que nós víamos era um jovem extremamente capaz de sair vencedor passando por algumas dificuldades. Acho que foi isso que os patrocinadores também viram, porque em certo momento, lhe enviaram sua arma favorita: um tridente.
Dádivas na arena custam muito caro, especialmente com o passar do tempo e escassez de tributos. Até as coisas mais banais, como uma simples refeição, são caríssimas, porque mesmo essas pequenas coisas podem salvar sua vida lá dentro. Mas um tridente? Eu só podia imaginar quanto dinheiro eles investiram naquilo.
Agora que estou aqui nesta mesma praça pela quinta vez, vendo aqueles mesmos olhos verdes, sinto como se voltasse a ter doze anos. Finnick não está olhando para mim, é claro. Aquela foi nossa primeira e única interação. Ele não deve nem mesmo se lembrar do que fez, depois de tudo pelo que passou. Mas todos os anos, sempre que sou obrigada a comparecer à colheita, percebo que eu nunca vou esquecer.
Às exatas duas da tarde, a prefeita Ravenna deixa seu assento para ocupar o lugar em frente ao microfone e dar início oficialmente à colheita. Ela começa, como em todos os anos, contando como Panem foi formada — após desastres naturais e guerras violentas, a terra que não foi engolida pelos mares ou destruída pelos homens é o que hoje chamamos Panem. De início, tinha treze distritos que "viviam em paz e prosperidade", mas o povo rebelou-se contra a Capital em um levante que chamamos de "Os Dias Escuros". É claro que todos os distritos foram derrotados pelo poder de fogo da Capital. O treze foi eliminado completamente. E, para evitar a mais remota possibilidade de uma nova revolta, todos os anos os doze distritos restantes são obrigados a ceder um casal de jovens para participar dos Jogos Vorazes.
É. Dane-se os Dias Escuros.
Maelana é a única que de fato parece estar prestando atenção àquela história, apesar de também ouvi-la todos os anos. O restante de nós apenas aguarda o fim do discurso que já sabemos de cor com impaciência. Quando a prefeita começa a ler os nomes de nossos vencedores, eles acenam com a cabeça na direção da multidão conforme são chamados. Nós os aplaudimos, todos eles, mas é claro que os aplausos para Finnick duram mais que os demais.
Fico olhando fixamente para a esfera de vidro à esquerda no palco, onde milhares de tirinhas de papel se misturam àquela única que aguarda para ser colhida. Esta esfera contém os nomes das meninas, o que significa que o meu também está ali em algum lugar. Espero que continue lá dentro.
— Bem vindos à sexagésima nona edição dos Jogos Vorazes! — a voz estridente de Maelana é o que me faz voltar a mirar o centro do palco. Não percebi quando ela foi anunciada, mas a prefeita deve tê-la chamado em algum momento. Sua animação exagerada me irrita, e para ser sincera, tudo o que quero é que ela acabe com isso logo. Aparentemente, ela decide me torturar um pouco mais. — Mal posso esperar para conhecer os nossos tributos sortudos deste ano! Certamente traremos mais uma cadeira para este palco no ano que vem, não é mesmo?
Ela gesticula em direção à parte do palco onde estão os vitoriosos, indiferentes à sua estranha animação, e então continua falando sobre como é uma honra imensurável colher os tributos do distrito quatro, um dos mais promissores e capazes distritos de toda Panem. Quase sinto náuseas, mas me recomponho a tempo de ouvi-la anunciar a única coisa que é capaz de deixar uma nação inteira em silêncio absoluto.
— Bem, é chegada a hora de conhecer nosso primeiro tributo — ela diz, com seu sorriso cheio de dentes anormalmente brancos. Em seguida, caminha até a esfera com os nomes femininos e coloca sua mão delgada lá dentro, tocando as tirinhas com as pontas dos dedos. Sua pele é quase tão branca quanto o papel, mas vejo enquanto ela escolhe tranquilamente, como se não estivesse prestes a decidir qual de nós enviará para uma morte quase certa. Fecho minhas mãos em punhos para impedir que tremam enquanto ela caminha de volta em direção ao microfone, alisando o papelzinho que recolheu.
— E o tributo feminino do distrito quatro é...
Maelana faz uma pausa dramática antes de anunciar o nome e resisto à vontade de gritar para que diga logo, que toda essa espera está me matando, que só quero ir para casa.
Você está sendo idiota. É a quinta vez que está aqui. Não é você. Não pode ser você.
Ela limpa a garganta discretamente e diz cheia de bom-humor:
— Sirena Starke!
Sou eu.
[...]
N/A: Para ser sincera, nem sei como vou manter três fanfics, mas seguro na mão de Deus e vou ksksksks
Dedicando esse capítulo para a Ana (borgony) porque a culpa de eu estar postando isso aqui é dela (e porque eu a amo de todo o coração pelo apoio que ela me dá ♥).
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